Star+ - O Estrangulador de Boston (Boston Strangler)

3/18/2023 08:09:00 PM |

Costumo dizer que uma história real tem várias formas de ser contada, e também tenho falado muito que ultimamente a maioria dos roteiristas andam extremamente preguiçosos e sem criatividade, usando elos de outros filmes e desenvolvendo histórias que por vezes nem acabariam impactando tanto, mas que conseguem chamar atenção ao menos. Dito isso, a história dos casos de assassinato em Boston nos EUA já geraram diversos filmes, séries e tudo mais que se possa ser falado, e cada vez usavam o vértice de um investigador, do assassino e agora chegaram na formatação para mostrar um pouco da história das duas jornalistas investigativas que praticamente viveram os anos de 62 a 65 em cima de tudo sobre os casos, descobrindo elementos e pistas bem colocadas para suas matérias, que por vezes sem ter toda a burocracia que os policiais precisavam para investigar os crimes, acabaram sabendo muito mais coisas antes mesmo que os investigadores profissionais, ou seja, o longa da Star+, "O Estrangulador de Boston", acabou sendo mais uma homenagem à Loretta McLaughlin e Jean Cole, do que realmente um filme sobre o assassino, mas que o diretor soube desenvolver bem os elementos dramáticos em cima do estilo policial, envolvendo bem e dimensionando tudo para que a trama ficasse bem interessante.

O longa acompanha um misterioso assassino que faz cada vez mais vítimas, e a jornalista Loretta McLaughlin, que se torna uma das primeiras a conectar os assassinatos do estrangulador de Boston. Todavia, quando Loretta tenta seguir sua investigação ao lado de sua colega e confidente Jean Cole, a dupla se vê prejudicada pelo sexismo da época. Mesmo assim, McLaughlin e Cole seguem corajosamente, arriscando suas vidas em uma busca para descobrir a verdade.

Diria que o diretor e roteirista Matt Ruskin até foi bem no clima que construiu em cima da trama, mostrando a densidade cênica bem colocada em cima da protagonista, desenvolvendo bem toda a dinâmica das investigações, e mostrando claro que o meio aonde elas estavam mexendo era algo não muito comum de mulheres estarem envolvidas, mas que não ligaram e foram fortes em busca de respostas, e claro exigindo mais investigações em cima dos casos. Algo que tem de ficar claro sobre a ideia do diretor é o de mostrar a atuação feminina, o meio de pesquisa da época e claro toda a estrutura jornalística em cima de tudo, e não tanto focar nos crimes como outros filmes fizeram, então o longa tem uma abertura mais marcante em cima dessa essência jornalística, mostrando que esse grupo de jornalistas investigativos se arrisca demais para conseguir um furo ou a resolução de algum problema, por vezes esquecendo da sua própria segurança e de sua família, ou seja, merecem as devidas homenagens com toda certeza, pois muitas vezes alguns fazem o trabalho investigativo maior que muitos policiais e detetives, e não por esses não quererem ir além, mas por toda a burocracia que envolve tudo, então só por esse motivo vemos um filme aonde vemos muito de um ar feminista, mas poderia ser qualquer um ali, o caso é que aqui a história foi real, e mereceu ser mostrada assim.

Sobre as atuações, Keira Knightley trabalhou bem sua Loretta, deu um estilo direto de mulher moderna em plenos anos 60, e desenvolveu olhares e atitudes fortes mesmo vendo imagens duras de mulheres mortas por alguém, e claro trabalhou bem seus gestuais para que não soasse forçado a dinâmica que o papel pedia, ou seja, agradou sem exagerar, mostrando seus medos e indo além deles. Já Carrie Coon mostrou alguém realmente do meio, que não tem medos, que é explosiva e que entende muito como é esse meio jornalístico, trabalhando sua Jean bem pautada nas cenas, e ampla de estilo, mostrando força e astúcia para saber aonde pegar cada elemento para sua matéria. Tivemos ainda boas participações de Chris Cooper como o editor do jornal Jack bem direto nas ideias, Alessandro Nivola como o detetive que virou consultor dos filmes sobre o assassino nos anos 60, entre outros bem colocados, mas a base toda do filme focou nas duas mulheres, então apenas se postaram bem e não tiveram grandes destaques.

Visualmente a trama mostrou além de algumas cenas dos crimes, todas com uma densidade noir bem marcante do estilo policial, toda a realidade dentro de redações jornalísticas da época, com muitas máquinas de escrever, a montagem dos jornais com colagens das fotos, das matérias e dos títulos em destaque (hoje o pessoal faz isso de olhos fechados no computador!), vemos as divisões de coberturas com a clara escolha de utensílios domésticos e colunas sociais para as mulheres, e claro vemos também toda a infiltração de jornalistas nos meios para conseguir melhores informações, ou seja, a equipe de arte trabalhou em muitos lugares para realçar todo o ambiente das protagonistas, e conseguiu chamar atenção.

Enfim, é um filme que passa longe de ser algo perfeito, pois em alguns momentos até força a barra, em outros usa e abusa de elos já mostrados em outros filmes, mas que conseguiu passar bem a mensagem e agradar de certa forma, valendo tanto para jovens que desejam seguir uma carreira no jornalismo investigativo ver um pouco mais da profissão, e também para conhecermos as duas jornalistas que deram o máximo de si para tentar desvendar o caso dos assassinatos na época, então fica a recomendação para ver o longa no streaming. E eu fico por aqui hoje, já que o outro longa tem embargo e a crítica vai sair só na terça, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


0 comentários:

Postar um comentário

Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...