Diria que o diretor e roteirista Florian Zeller soube conduzir muito bem sua trama, e mesmo sendo proveniente de uma peça teatral o longa tem uma personalidade bem colocada, tem estilo, e principalmente consegue envolver, porém o que ele fez no final do longa, ele deveria ter feito no filme inteiro, que é uma reviravolta plausível e marcante, pois soou aberto demais com o tema, e ao invés de focar nas dinâmicas e interações que levassem tudo para um patamar mais denso da discussão sobre depressão e transtornos mentais, ele optou por florear o relacionamento de um pai, da culpa ou não pela separação, e até da forma de representação de um passado como filho virando um pai omisso da mesma forma, e não era o momento ali, o que é uma pena, pois a trama tinha a pegada, e principalmente tinha um elenco que faria o filme incrivelmente marcante, mas faltou um pouco de tudo, e tirando o final surpreendente (mas que já era esperado com o desenrolar da trama), o restante ficou morno demais.
E quando falo que o elenco tinha tudo para surpreender é só parar e olhar Hugh Jackman com seu estilo clássico de drama, que transparece envolvimento em cada cena de seu Peter, que se vê desesperado para tentar não passar o mesmo que sofreu com seu pai no passado para seu filho, e sem usar de trejeitos caricatos do gênero soube se expressar demais com tudo. Do outro lado tivemos uma Laura Dern muito mal aproveitada, sendo usada em uma ou outra cena com sua Kate, mas quando entra em cena pega tudo para si e envolve bastante, soando simples, mas enfática nos atos. Vanessa Kirby também puxou muitos atos marcantes para sua Beth, mas em nenhum ato trabalhou a densidade do ambiente para si, ficando muito em segundo plano o que era algo ruim para esse estilo. E claro tivemos Zen McGrath que trouxe para si todo o envolvimento dramático de seu Nicholas, pesando olhares e trejeitos, e soando claramente em cena os problemas de seu personagem, mas sem ir além durante quase todo o filme, acabou meio que jogado demais no estilo, não explodindo como deveria. Ainda tivemos uma participação rápida de Anthony Hopkins, mas assim como os demais o diretor deixou tudo muito em segundo plano com ele, tendo a cena uma discussão interessante em si, mas sem grandes floreios para pegar como deveria.
Como já disse a trama é baseada numa peça do próprio diretor, então adaptar visualmente uma peça para um filme é algo que sempre dá para ir muito além da simplicidade cênica, e aqui o longa se passa quase que inteiro no apartamento do protagonista, tendo algumas cenas no seu escritório ou em reuniões na capital, vemos a casa de seu pai, e também a de sua ex-esposa, tendo algumas alegorias como facas, armas e outros elos que acabam soando importantes, mas certamente dava para brincar mais com as cenas da escola e do hospital, que foram meros enfeites jogados na tela.
Enfim, é um drama até que bem construído, que tem um bom envolvimento e cenas marcantes, mas que você olha para cada ato e fica esperando ele ser desconstruído realmente, fica esperando passar a mensagem que está explícita na tela, mas nada vai para frente, ficando apenas ares reflexivos durante quase toda a projeção para ter realmente a explosão nos dois atos finais, e isso é volto a dizer, uma tremenda de uma pena, pois tinha tudo para dar muito certo, porém ainda assim recomendo ele para quem gosta de dramas alongados, pois o contexto em si passa bem a mensagem, então fica a dica. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto logo mais com outros textos, então abraços e até breve.
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