Creed III em Imax (Creed III)

3/02/2023 10:28:00 PM |

Quem lê meus textos há um bom tempo sabe o quanto eu reclamo de primeiras direções, mas posso dizer que o Michael B. Jordan socou em cheio esse tabu e fez algo tão imponente e bem feito que certamente vai lhe abrir muitas outras portas nessa função, pois "Creed III" não marca o fim de uma trilogia, mas sim algo que pode além de encerrar uma carreira gloriosa de lutas mostrar várias outras facetas e entradas para que o personagem vá além assim como acabou acontecendo com a saga "Rocky". Claro que muitos vão reclamar que teve muita dramatização, muitas coreografia e todo o mimimi tradicional da imprensa em geral, mas posso dizer que dos três longas esse foi o que menos teve enfeites dramáticos e sim muita luta, muito treino e principalmente sem perder história, pois nos é contado do passado de ambos os personagens de uma forma simbólica e bem direta, não precisando enfeitar nada, e muitas cenas que apareceram no trailer e pareciam destoar da trama foram bem cortadas, então o que vemos na tela é realmente um filmão de luta que arrepia, que tem estilo, e que mostra uma visão técnica do novo diretor que certamente aprendeu muito nos filmes que fez, afinal é soco pra todo lado e uma luta de fechamento que acho que nem em sonho tivemos algo tão marcante em presença na tela. Ou seja, confesso que fui com várias pedras para tacar, e voltei com elas bem guardadinhas, pois me impressionou do começo ao fim, sem cansar um segundo, e o melhor sem ser alongado, então se você estava com qualquer medo de ir ver por não ter o Stalone, ser algo novo e tudo mais, vá que vai valer a pena.

A sinopse nos conta que Depois de dominar o mundo do boxe, Adonis Creed vem prosperando tanto na carreira quanto na vida familiar. Quando um amigo de infância e ex-prodígio do boxe, Damian, ressurge depois de cumprir uma longa sentença na prisão, ele está ansioso para provar que merece sua chance no ringue. Damian pede a ajuda de Creed para que ele o ajude a voltar para os campeonatos de luta. Apesar de tudo, dezoito anos na prisão mudam a pessoa e Damian não está nada satisfeito que Creed "tomou seu lugar" no ringue de boxe. Dois velhos amigos então vão lutar para enfrentar seus passados juntos e enfrentar o futuro que os aguarda. Para acertar as contas, Adonis deve colocar seu futuro em risco para lutar contra Damian - um lutador que não tem nada a perder.

Sem dúvida o longa tem alguns pequenos detalhes que nas mãos de um diretor mais experiente não ocorreriam, principalmente nos cortes rápidos demais e no desenvolvimento do passado dos protagonistas, mas Michael B. Jordan conseguiu quebrar dois fatores que reclamo muito, o de uma primeira direção incrivelmente bem feita, e o de dirigir e atuar sem atrapalhar o resultado, e a grande sacada aqui foi não ser bonzinho com o restante do elenco, pois o título do filme é Creed, e o foco então tem de ser nele e no seu adversário, ao ponto que quase esquecemos que temos em cena a bela esposa, uma filha surda, uma mãe doente e vários outros personagens que até aparecem e tem certas importâncias na tela, mas o que vemos a todo momento sob os holofotes são os dois protagonistas, a história é deles, a luta é deles, e o público pagou para isso, então o acerto do diretor e protagonista foi ser realmente egocêntrico e mostrar tudo o que pudesse para engrandecer ainda mais o embate, e o resultado disso ficou com uma produção gigantesca, cenas imponentes, mas com a base aonde realmente importava que é o boxe, então que lutem! Ou seja, certamente Jordan contou com uma equipe muito boa de segundo plano para coreografar as lutas com os dublês, contou com uma edição de peso para retirar excessos, mas o que ficou impresso na tela é algo que mostrou que aprendeu demais com todas as lendas que o dirigiu no passado, e se seguir dessa forma o sucesso na cadeira é iminente e vamos esperar muito dele.

E agora falando da atuação de Michael B. Jordan, posso dizer sem pensar duas vezes que gosto muito do personagem Adonis Creed e toda a história que carrega em si, mas diria que falta uma explosão para ele, uma vontade natural de lutar mesmo, ao ponto que vemos a intensidade bem estampada nos seus atos no ringue no final, e isso é inegável que soube fazer boas caras e movimentos na tela, mas nos atos que precisou dramatizar um pouco mais ele não se entregou como poderia, ficando um pouco frouxo demais, mas nada que atrapalhe, pois como disse antes ele optou por não exagerar em subtramas, e assim o resultado funciona bem. Agora o nome da vez é Jonathan Majors, e se no último filme do Homem-Formiga reclamamos muito do seu personagem ser bem fraco, queria ver se colocassem seu Damian para lutar com o personagem lá no filme de super-heróis, pois não sobraria ninguém na tela, já que diferente do que falei de Jordan, aqui seu adversário coloca tudo e muito mais na tela, lutando para machucar mesmo, sendo bruto, imponente, com um físico invejável parecendo realmente um lutador monstruoso daqueles que qualquer adversário ficaria com medo de entrar no ringue só de olhar, e fora isso o personagem tem dramaticidade, tem estilo e consegue encaixar todas suas cenas com a melhor performance possível. Dos personagens secundários é claro que Tessa Thompson como a esposa do protagonista foi muito bem nas cenas que precisou trabalhar sua Bianca, a garotinha surda de verdade Mila Davis-Kent trabalhou bem a sua Amara com muito carisma e desenvoltura, Phylicia Rashad teve alguns atos emocionais como a mãe do protagonista, o treinador Duke foi muito bem usado por Wood Harris tendo até atos bem engraçados, e tivemos ainda várias participações  bem colocadas dos lutadores Florian Munteanu como Viktor Drako e Jose Benavidez como Felix Chavez, mas sem dúvida quem acaba chamando atenção pela história e como já disse pelo foco nos protagonistas são as versões jovens de ambos muito bem feitas por Thaddeus J. Mixton como Adonis e Spence Moore II como Damian, pois ambos deram um bom tom dramático para as cenas que desencadearam a prisão de Damian e a fuga de Adonis, tudo bem marcado e chamativo.

Outro ponto incrível da trama ficou a cargo do visual, pois o diretor contou com as câmeras Imax para filmar o longa e com isso teve um grande ganho na ambientação, e como já disse outras vezes, em longas esportivos gostamos muito de observar todo o cenário imponente, com uma academia bem detalhada construída, mas sem dúvida as cenas que mais valeram foram as dentro do ringue oficial das duas grandiosas lutas, na primeira dentro de um tradicional estádio aonde tivemos tudo muito bem trabalhado e marcado, porém a segunda foi algo completamente fora de base de qualquer luta no mundo, sendo um estádio de beisebol completamente preparado para um ringue, com fogos, muitos figurantes computacionais (sim, não colocaram uma tonelada de pessoas lá), e ainda com uma cena completamente sem público incrivelmente arrepiante com muita densidade de elementos. Ou seja, temos toda a festa tradicional das lutas, temos muito sangue, dentes perdidos, cortes, e vibração, aonde o impacto cênico ficou perfeito de ser visto, além claro de uma mansão cheia de detalhes com fotos e cinturões, estúdio musical e tudo mais, mas como disse o foco é a luta.

Enfim, é um tremendo filmaço com uma trilha sonora riquíssima de rap e hiphop (o link ainda está meio cru pôr o filme ainda não ter estreado lá nos EUA, mas acredito que liberem todas as canções em breve), que beirou algo bem próximo da perfeição e que diria ser algo no nível dos grandes filmes do Rocky e até melhor que os dois longas anteriores dessa nova franquia, mas que vou dar a mesma nota que dei para ambos, sendo algo raro para uma trilogia ter três notas quase máximas, e assim sendo recomendo o filme com toda certeza para todos. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos nessa semana que está bem recheada de estreias no interior, então abraços e até logo mais.


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