Como falei no começo do texto, a diretora e roteirista Alice Winocour trabalhou bem sua pesquisa sobre astronautas femininas, pois o longa tem todo esse envolvimento maternal, mostra bem os desafios de uma profissão quase que totalmente masculina, e envolve bem toda a síntese da despedida, afinal tudo pode acontecer numa profissão que não depende totalmente de você, aliás ser astronauta é depender muito mais dos outros do que de si mesmo, e essa preparação para os riscos, o lado emocional e toda as dinâmicas são colocadas em cheque no treinamento da personagem. Ou seja, a diretora soube criar o envolvimento materno meio como se ela estivesse se despedindo da filha e passando a ser não mais a fornecedora de afeto, mas sim quem vai precisar se conectar à outro cordão umbilical, no caso à equipe de voo, e esse sentimentalismo é bem passado, traz desenvolturas fortes, e mais do que isso chegamos a nos conectar tanto com a protagonista, que nos seus últimos atos quase queremos bater nela, e isso é algo que mostra que a diretora foi muito bem, afinal sentimos a força da trama e de tudo o que desejava passar, sendo um grande acerto.
Sobre as atuações, Eva Green mostrou não apenas a sua qualidade expressiva para que sua Sarah fosse intensa, como trabalhou bem em diversos idiomas, mandando ver em francês, inglês, alemão e russo, e muito além de poliglota, a atriz soube dimensionar seus atos com um carisma próprio bem duplo, estando feliz por conquistar seu sonho, mas sofrendo tanto pelo forte treinamento e pela distância da filha, oscilando bastante nos olhares, nas emoções e fazendo dessas suas forças internas mais performáticas, de modo que o filme até tem vários outros personagens, mas a trama é sua, o sentimento é seu, e o desenvolvimento funciona todo ao seu favor, ou seja, deu show. Outra que foi muito bem em cena foi a garotinha Zélie Boulant que deu um tom muito amplo para sua Stella, trabalhou o envolvimento com a mãe ali em cena como algo bem de cobranças mesmo, e conseguiu chamar atenção nos atos que precisou, não soando artificial como ocorre em muitos casos, e isso agradou demais. Quanto aos demais, tivemos bons atos intensos com os companheiros de viagem da protagonista vividos por Matt Dillon e Aleksey Fateev, alguns atos bem colocados de Sandra Hüller como a psicóloga que acompanhava a garotinha nas viagens para ver a mãe, e claro toda a conexão familiar com Lars Eidinger como o ex-marido da protagonista, mas todos apenas dando as devidas conexões, já que o filme foca quase que em tempo integral nas duas personagens.
Visualmente a equipe filmou bastante em Star City na Rússia, conseguindo bastante envolvimento com o tema, vivendo todo o treinamento que a maioria dos astronautas do país são colocados, além de bons atos em hotéis com as devidas reflexões, chamadas de vídeo e tudo mais, além claro de muitos elementos cênicos bem representativos para evidenciar a conexão entre as personagens, ou seja, um filme aonde a equipe desenvolveu bem tudo para ser bem simbólico, afinal a saudade é algo que não é muito fácil de se representar, mas conseguiram através de muitos elos.
Enfim, é um filme bem marcante e chamativo, aonde os sentimentos das protagonistas praticamente saem da tela, sendo daqueles que quem for conferir esperando algo mais científico, como a viagem para fora do planeta e/ou algo mais intenso como o treinamento para a viagem, se decepcione um pouco, afinal o longa é sobre a despedida em si e o sentimento materno da separação, e com isso quem for pronto para essa síntese mesmo vai se emocionar e gostar bastante de tudo o que é apresentado na tela, então fica a recomendação. E é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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