Medusa

3/05/2023 08:49:00 PM |

Um dos gêneros que os produtores no Brasil andam mais fazendo fora das comédias novelescas é o terror, pois nesse estilo dá para brincar bastante com coisas bizarras que até parecem reais nesse mundo maluco nosso atualmente. E um exemplar que brincou bem com toda essa ideia é "Medusa", que usando e abusando do mito juntamente com as ideias atuais de mulheres do bem, recatadas e do lar, colocando as loucuras das igrejas e suas devotas malucas atuais, acabando resultando num filme até que bem interessante, mas que muitos com certeza vão achar mais estranho tudo do que bacana, pois volto na ideia que anda difícil competir terror ficcional com a realidade que andamos vivendo mundo afora. Ou seja, é um filme que até tem uma boa proposta, que brinca bem e que tem uma qualidade bem pautada, mas que dava para sair ainda mais do real e trabalhar mais com o ficcional, pois a diretora quis meio que colocar algo meio como distópico da realidade, mas ainda assim próximo demais do que vemos, e assim alguns ainda podem se incomodar achando que a indireta é direta para eles.

A sinopse nos conta que a jovem Mariana pertence a um mundo onde deve manter a aparência de ser uma mulher perfeita. Para não cair em tentação, ela e suas amigas se esforçam ao máximo para controlar tudo e todas à sua volta. Ao cair da noite, elas formam uma gangue e, escondidas atrás de máscaras, caçam e punem aquelas que se desviaram do caminho correto. Porém, dentro do grupo, a vontade de gritar fica a cada dia mais forte.

Reclamei bastante do primeiro filme da diretora e roteirista Anita Rocha da Silveira, "Mate-Me Por Favor", mas diria que nesse novo ela foi bem melhor nas dinâmicas e criou algo que conseguimos enxergar dentro da proposta, e o melhor causando sensações diferentes de tudo. Claro que o filme tem uma ideologia que muitos nem irão entender, outros irão ficar aborrecidos por parecer com algo que vê diariamente, mas diria que toda a essência foi bem colocada na trama e o resultado geral impressiona bastante, mostrando uma segurança de estilo, e claro falando alto que seu gênero é esse, então aceitem ou não todo o restante vai ser bem alocado. Ou seja, o que vemos na tela é uma realidade distópica bem trabalhada em cima de algo bem realista, que encaixando ainda a proposta do mito da beleza de Medusa ficou bem direto e marcante, e assim embora não seja um filme perfeito, o resultado geral acaba chamando muita atenção dentro do estilo terror.

Sobre as atuações, diria que as protagonistas foram bem conectadas dentro da trama e representaram bem os papeis que tinham para colocar, de modo que vemos algumas leves derrapadas para forçar o estilo, mas que não incomodam, sendo diretas e expressivas. Mari Oliveira foi bem sagaz nas cenas de sua Mariana, criando possibilidades e trejeitos fortes para sua personagem, chamando a responsabilidade cênica para si, e ousando por não seguir uma linha tradicional de espanto nem terror falseado, e assim o resultado acaba sendo até que bem interessante de ver na tela. Da mesma forma chega a ser assustador o que Lara Tremouroux faz com sua Michele, e não por ser atos assustadores de violência, mas por passar a mensagem de perfeição maior que tudo, e a atriz quando se solta muda completamente os ares e chama muita atenção com a reviravolta completa, sendo marcante e agradando bastante. Quanto aos demais, a maioria fez apenas conexões, tendo leves destaques para alguns atos de Felipe Frazão com seu Lucas, Thiago Fragoso como Pastor Guilherme e apenas uma leve participação de Bruna Linzmeyer como Melissa, mas a montagem completa funciona para todos.

Visualmente diria que o longa é ainda mais estranho do que parece, pois trabalhando ruas escuras com apagões e mulheres belíssimas num coral estanho dentro de uma igreja com luzes neon em rosa e azul com seus vestidinhos perfeitos, quando saem dali colocam máscaras e viram uma gangue que chuta quem acha ser pecaminosa, tendo um hospital aparentemente abandonado com pessoas em coma todos juntos em catarse, fora o que ocorre nos apagões com os personagens lá, uma rave no meio da floresta maluca com pessoas com máscaras de animais, ou seja, tudo muito simbólico para marcar e chamar atenção, sendo representativo dentro do contexto da trama, que dá para conectar com tudo e entender bem a ideia da diretora.

Enfim, está longe de ser um filme perfeito como as mulheres ali se julgam, mas é um terror interessante que alguns vão adorar toda a ideia e outros vão sair xingando completamente, porém vale a mensagem e diria que é um bom filme de certo modo, então fica a recomendação para quem gosta de um terror diferenciado conferir a partir do dia 16/03 que é quando ele entra em cartaz nos cinemas. E é isso meus amigos, eu fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos.


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