Delicioso: Da Cozinha Para o Mundo (Délicieux) (Delicious)

11/24/2021 01:12:00 AM |

Apenas uma recomendação: Não vá conferir o filme "Delicioso: Da Cozinha Para o Mundo" com fome, pois a chance de você chegar em casa e comer até o pano de prato é bem alta! Brincadeiras à parte, o nome do filme pode ser usado de sacada para falar sobre ele, pois é um filme bem gostoso, sem grandes reviravoltas, mas que assim como uma boa refeição tem um começo leve bem trabalhado, um miolo com situações acentuadas levemente apimentadas, e um fechamento doce e representativo, ao ponto que não é daqueles filmes que você sairá da sessão apaixonado, que vai querer ter ele na coleção, ou que vai se lembrar eternamente, mas que funciona bem e entrega algo que muitos não sabem como foi fundado o primeiro restaurante francês (a história é apenas uma adaptação que pode não ser 100% fiel), pois antes a gastronomia só era algo que os nobres da corte poderiam degustar, e o filme nos mostra toda a sagacidade e desenvolvimento que tiveram de uma forma simples, mas bem trabalhada para representar como isso foi feito.

A sinopse nos conta que no alvorecer da Revolução Francesa, Pierre Manceron, um cozinheiro ousado, mas orgulhoso, foi demitido por seu mestre, o duque de Chamfort. Quando conhece uma mulher surpreendente, que deseja aprender a arte culinária ao seu lado, dá-lhe autoconfiança e o leva a se libertar de sua condição de servo para empreender sua própria revolução. Juntos, eles vão inventar um lugar de prazer e partilha aberto a todos: o primeiro restaurante. Uma ideia que fará com que eles ganhem clientes… e inimigos.

O diretor e roteirista Éric Besnard foi bem esperto em trabalhar o visual com a essência mais bem colocada, pois facilmente seu longa poderia ter grandes surpresas, poderia ser mais cheio de impacto e até talvez mais romanceado se quisesse, mas ele optou por uma segurança no estilo, foi criterioso no visual de cada elemento, colocou claro dois grandes cozinheiros para não precisar de coisas falsas no set, deu abertura para a equipe de arte ser bem colocada, e criou a desenvoltura clássica de uma boa vingança que claro usando do dito popular, é um prato que se come frio, não precisando explodir ninguém nem ir muito além para fazer cada momento. Ou seja, com muita simplicidade ele fez um filme quase rural, com um traquejo bem linear, e que acabou sendo gostoso de ver, que muitos até podem reclamar de faltar mais história, mas que facilmente diverte e agrada como todo bom filme de comida deve ser.

Sobre as atuações, aí sim ele foi ousado, pois geralmente se colocaria um chefe mais clássico, com uma pegada estética singela e bem desenvolvida dentro dos trejeitos franceses da gastronomia, mas não, optou pelo grandalhão Grégory Gadebois que deu um ar rústico e bem direto com seu Pierre, que até dá bem o ensejo de chefes mais explosivos, e isso acaba chamando a atenção pois ele não chega a ser durão com os pratos, o que deu um charme e trabalhou bons contrapontos na atuação escolhida. Isabelle Carré já teve um pouco mais de história com sua Louise, pois tendo uma motivação extra para trabalhar com o chef acabou criando algumas nuances a mais, mas soube dosar bem seus trejeitos e passar carisma para a personagem soar gostosa de ver na trama, e assim claro representar bem o que achavam de mulheres na cozinha na época. Benjamin Lavernhe fez claro um duque de Chamfort bem exagerado como eram os nobres na época, todo trabalhado na arrogância, e conseguindo ambientar bem tudo o que o papel precisava, mas acabou sendo usado apenas em três cenas, o que é pouco para um "vilão". Agora quem poderia ter ido um pouco mais além foi Lorenzo Lefèbvre com seu Benjamin, pois o jovem antenado em todas as ideias da Revolução Francesa, querendo algo a mais para os pobres e tudo mais, apenas ficou sendo o filho que quer ver os jornais dos viajantes, e faz os anúncios de clientes chegando, mas com todo esse ar secundário poderia ter feito bem mais. Quanto aos demais, tivemos algumas boas cenas com Guillaume de Tonquedéc com seu Hyacinthe sendo um cobrador de impostos do duque, mas também sendo aquele amigo que dá os devidos toques para que o protagonista não saia do eixo, e Christian Bouillette apareceu um pouco com seu Jacob, mas acabou não sendo muito representativo para o longa.

Como já disse, o ganho do filme ficou a cargo de uma direção de arte extremamente precisa nas pesquisas de comidas visualmente atrativas, e conseguindo fazer com que a estalagem aonde o filme passa a maior parte da projeção funcionasse e fosse bacana como um restaurante rústico, e vamos vendo o crescimento de tudo ali, para no final até vermos mais cavalos e carruagens chegando no local quando dão o voo do drone, mas também tivemos bons atos representativos no castelo do duque no começo do filme, mostrando um banquete gigantesco muito bem preparado, e claro as devidas arrogâncias em cima de coisas sendo jogadas por quem se acha demais, e assim sendo tudo foi muito bem ambientado e agrada bastante, dando até fome de ver o tanto de comida bem preparada.

Enfim é um filme muito bem feito, que abriu bem os trabalhos do Festival Varilux de Cinema Francês desse ano, tendo estilo, tendo uma boa paisagem, e claro com uma história legal de ser vista, pois nunca tinha pensado como surgiu o primeiro restaurante, e essa ideia funcionou bem. Ou seja, recomendo ir com a mente aberta para algo simples, não esperando nada nem muito cômico, nem muito dramático, ficando naquele meio do caminho leve e gostoso de ver numa boa sessão, e assim sendo fica a dica. Bem é isso meus amigos, vou voltar ainda com muitos textos do Festival, das estreias da semana, e assim nesses próximos dias não esperem tanto do streaming, mas se sobrar um tempinho encaixarei também dicas deles, então abraços e até logo mais.


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