Mais Que Especiais (Hors Normes) (The Specials)

11/24/2020 08:39:00 PM |

Não sei o nome do filme se refere às crianças ou aos cuidadores, pois ambos são muito "Mais Que Especiais", afinal ter paciência é um dom que poucos tem, e ainda passar todo o amor e cuidado para alguém que precisa disso, e muitas vezes nem tem como é algo que temos só que aplaudir, para dizer o mínimo, pois tudo que conseguiram mostrar no longa é tão impactante, tão coerente e necessário, que acaba resultando em algo tão bonito de ver que chego a nem ter palavras para descrever, sendo um filme forte e ao mesmo tempo sensível de propostas, mostrando a dificuldade de associações que cuidam de jovens autistas severos, e que além de cuidar, tratar e dar carinho, instruem jovens que não teriam um futuro emprego e nem uma certificação para fazer o mesmo, ou seja, algo incrível e belo, que ainda por cima tem de ouvir de órgãos governamentais que não possuem as devidas licenças. Ou seja, além de um belo filme, serve de crítica ao sistema, e agrada demais em tudo, valendo cada momento da trama.

A sinopse nos conta que há 20 anos, Bruno e Malik vivem num mundo à parte, aquele habitado pelas crianças e adolescentes autistas. Trabalhando cada um em uma instituição diferente, eles se dedicam à formação de jovens vindos de bairros problemáticos para tentar lidar com esses casos considerados “super-complexos”. Uma aliança pouco usual para personalidades fora do comum.

Os diretores e roteiristas Éric Toledando e Olivier Nakache mais uma vez acertaram em cheio no desenvolvimento de algo tão preciso, tão direto e tão belo de conferir que ao final você acaba não sabendo se aplaude, se chora ou se vibra com o que viu, pois só a proposta em si já é daquelas que valeriam diversas premiações pela entrega em si, afinal sabemos o tanto de organizações que existem dessa forma precisando de apoio, dinheiro e até licenças, porém mais do que isso, os diretores souberam trabalhar de uma forma tão limpa e funcional, que acabam nos envolvendo de tamanha forma a querer mais de tudo, querer opinar, querer participar e é um sentimento tão bem feito que mesmo estando numa ficção, a realidade transparece e agrada na medida certa. Ou seja, fizeram um daqueles filmes para lembrar, indicar e até ver outras vezes para sentir o sorriso no rosto de quem está sendo ajudado. Ou seja, mesmo tendo alguns problemas de técnica, e alguns atos bagunçados, a trama soa perfeita demais.

Sobre as atuações, mais uma vez Vincent Cassel se entrega com tamanha personalidade, com um vigor incrível, e principalmente com um carisma fora do comum para com seu Bruno, ao ponto que certamente todos cuidadores se verão no que ele entrega, e isso é lindo de ver, pois mostra tanto a pesquisa do ator, quanto de sua pessoa em si, e o resultado é nítido de tão incrível. Reda Kateb também foi muito bem com seu Malik, transparecendo olhares e sentimentos precisos, com uma desenvoltura própria bem colocada ao ponto de acertar até nos detalhes. Benjamin Lesieur teve bons momentos com seu Joseph, mostrando um bom carisma e acertando demais na inclusão. E claro Bryan Mialoundama foi tímido, porém preciso nós atos de seu Dylan, emocionando e envolvendo na medida certa. Quanto aos demais diria que todos foram muito bem, e valeria muito falar de cada um, porém estenderia demais o texto, então falo apenas uma coisa: perfeitos para tudo o que tinham de fazer e para com cada momento, pois precisaram demais se envolver, trabalhar com pessoas diferentes, e o resultado foi lindo de ver, tendo claro um leve destaque para os olhares bem emocionados de Catherine Mouchet com sua Dra. Ronssin.

Visualmente a trama é cheia de detalhes, desde mostrar a associação aonde tudo é improvisado desde quartos a escritórios por todos os cantos, aonde os jovens podem brincar e são cuidados da melhor forma possível dentro das limitações, e claro com o pouco dinheiro que conseguem, com a comida que ganham de amigos donos de restaurantes, inclusive mostrando esses restaurantes com os jovens que auxiliam comendo por lá em suas festas, vemos atividades com cavalos, com patinações, passeios, vemos jovens tentando trabalhar, confusões no metrô, muitas cenas nos hospitais, e claro a cena mais tensa numa movimentada rodovia, ou seja, a equipe de arte precisou de muitas autorizações, e acertou muito em diversos momentos.

Enfim, é daqueles filmes envolventes demais, que emocionam ao ponto de vir lágrimas aos olhos em diversos atos, e claro que funciona bem tanto como um bom longa para todos conhecerem o trabalho de cuidadores e associações de cuidado aos jovens autistas, quanto uma homenagem também a tudo o que fazem, e assim sendo vale demais a conferida, que mesmo tendo leves errinhos técnicos acaba sendo mais uma grande obra dos diretores de "Intocáveis" e "Samba", que já nos fizeram chorar em outros anos, e aqui foram incríveis novamente. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas volto em breve com mais um texto do Varilux, então abraços e até logo mais.


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