Sou Francês e Preto (Tout Simplement Noir)

11/20/2020 08:09:00 PM |

É engraçado como misturar documentário com uma ficção dramática-cômica acaba resultando em algo simbólico e bem trabalhado, que geralmente funciona bem para alguns temas, porém "Sou Francês e Preto" acaba soando um pouco forçado demais, e mesmo tendo uma causa como trama acaba ficando exagerado na mensagem. Ou seja, diria que é um longa que até diverte e agrada, mas poderiam ter feito algo menos exagerado para que o resultado não soasse apelativo e envolvesse mais.

A sinopse nos apresenta JP, um ator fracassado de 40 anos, que decide organizar a primeira grande marcha de protesto do movimento negro na França. Contudo, seus encontros com personalidades influentes desta comunidade – assim como o apoio e interesse que ele desperta em Fary – fazem com que oscile entre a tentação da fama superficial e um ativismo autenticamente militante.

Não sei bem aonde os diretores John Wax e Jean-Pascal Zadi (no caso o protagonista) queriam chegar, mas ao menos toda a ideia foi passada resultando em algo que até chega a parecer um documentário real, porém como diversas situações acabaram soando bobas e abstratas demais, acabamos não nós conectando tanto, ou seja, o filme não atinge tanto o objetivo, mas funciona como algum tipo de ativismo superficial. Ou seja, se assistir como algo falso até dá para dar algumas risadas e se surpreender com tudo, mas como um documentário em busca de consciência racial acaba não envolvendo como poderia, e o resultado se perde mais do que agrada.

Não conhecia Jean-Pascal Zadi, e não sei se realmente ele faz esses vídeos malucos de militância mostrados durante a trama, porém aqui coube bem a personalidade passada, e resultado funciona como um maluco ativista que quer aparecer bastante, ao ponto que diria que ele tenta ser o Borat negro, e isso incomoda como algo meio estranho de ver. Agora quanto aos demais vale o destaque para o comediante Fary, pois ele fez bem os momentos da trama como parceiro fiel de tudo, mas não vai muito além em nada, então apenas ajudou a dar ritmo e coerência para todos os atos, e aparentemente dá um papel para o protagonista em seu próximo filme que nem parece agradar tanto o jovem, mas ao menos fez algo a mais, e quanto o restante é melhor nem falar, pois acabamos vendo conexões estranhas, brigas absurdas, e até mesmo um Omar Sy dando lição de moral para cima do protagonista, ou seja, não desceu bem, e mesmo Caroline Anglade se fazendo como a esposa do protagonista Camille acaba soando falsa demais.

No contexto geral visual do longa acaba acontecendo várias situações bizarras, vários encontros e desencontros e entre conversas em escritórios, camarins, carros, festas e bares, tudo ficou sendo abstrato demais, parecendo que não tiveram uma preocupação em criar realmente, e divertir com alguma essência, ao ponto que acaba valendo mais as imagens engraçadas nos créditos colocando o protagonista em várias imagens importantes do que tudo o que foi mostrado durante o filme, ou seja, não diria que teve realmente uma equipe de arte envolvida, mas tentaram ao menos.

Enfim, é daqueles filmes que como um protesto de causa, principalmente hoje no dia da consciência negra pode ser até relevado, assistido e discutido, mas como cinema realmente amanhã já nem irei lembrar de ter visto ele, mesmo não sendo algo ruim. Ou seja, é algo bem mediano que até tem momentos bacanas e divertidos, mas é forçado demais, e como já disse outras vezes, se um filme força uma ideia para fazer rir ou causar, ele já começou fazendo algo errado, e sendo assim não o recomendo. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas vou conferir uma das estreias da semana, afinal o próximo do Varilux já conferi na quarta-feira, então abraços e até logo mais.


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