Netflix - Rosa e Momo (La Vita Davanti a Sé) (The Life Ahead)

11/14/2020 06:34:00 PM |

Alguns filmes conseguem passar tão bem a essência de uma amizade improvável que ficamos tão conectados ao ponto de se emocionar com tudo, sabendo encontrar detalhes nas emoções dos personagens, nas sínteses que tentam nos passar, e claro na formatação que acabam dando para as histórias, de forma que é raro esse estilo falhar em algo, pois trabalhando envolvimento e sabendo dosar todos os atos, o resultado surge e sempre agrada. Dito isso, o longa italiano que estreou na Netflix, "Rosa e Momo", tem certas particularidades que podem chamar atenção até dos eleitores italianos para indicar o filme aos prêmios internacionais, e talvez até algo a mais como canção original por exemplo, afinal ele vem com uma história bonita, entrega atos de segregação no miolo, bota claro os traumas de guerra, e ainda conta com uma grande estrela do cinema atuando com 86 anos no longa de seu filho, ou seja, tem tudo para agradar quem gosta do estilo, emocionando muito e envolvendo do começo ao fim, quando entra nos créditos com a música perfeita de Laura Pausini.

A sinopse nos conta que em uma cidade italiana à beira-mar, Madame Rosa, uma sobrevivente do Holocausto, mantém uma creche em sua casa. Um dia, ela acolhe Momo, um menino de rua que a assaltou. Os dois agora formarão uma família pouco convencional.

O diretor Edoardo Ponti, soube dominar cada momento da trama, pois facilmente ele poderia ir para um lado mais forte mexendo com os problemas das drogas e de quem acaba trabalhando para o tráfico, mas optou em deixar esse problema apenas no subconsciente do garoto, trabalhando mais o ato da doença, da solidão pós-morte, e claro da saudade/separações, de modo que ainda incluiu um pouco de traumas e a falta de um carinho junto de um vínculo de amizade muito bonito de ver. Ou seja, usando de base o livro de Romain Gary conseguiram criar um roteiro com pitadas duras que são aliviadas por ótimas atuações, e junto de uma direção precisa souberam fazer os sentimentos virem à tona com simplicidade e beleza, ao ponto que o filme acaba criando um carisma maior do que até era proposto, fazendo com que o filme fluísse bem, e acertasse na medida cada detalhe, mesmo que ainda assim não fosse uma obra prima emocional, pois certamente o diretor poderia ter dado ainda mais socos no estômago do público para o filme fazer lavar realmente tudo.

Sobre as atuações, o diretor teve a honra de ter sua mãe novamente em uma produção sua, e que mesmo já com uma idade bem avançada, Sophia Loren acaba chamando tanta atenção com sua Rosa, sendo imponente em cada um dos atos, trabalhando expressões fortes e emocionando em tudo o que faz, sendo perfeita em tudo. Da mesma maneira, o garotinho Ibrahima Gueye trouxe uma força expressiva bem marcante para seu Momo, dominando a rebeldia sem ficar apelativo, criando atos diretos para seu protagonismo, e acertando muito cada momento sem ficar parecendo um adulto jogado, criando o carisma infantil, mas soando direto no que precisava. Quanto aos demais, foram colocados para dar conexão aos momentos, mas entregaram tão bem que vale destacar Abril Zamora com sua Lola, e claro Babak Karimi com seu Hamil, que trabalharam o lado mais sentimental da trama junto com os protagonistas, e até mesmo Renato Carpentieri soube trazer uma segurança visual bem bacana como Dr. Cohen, ou seja, todos foram bem no que precisavam para que o filme funcionasse e fosse muito bem atuado.

No conceito visual a trama foi muito bem sacada em todos os atos, mostrando desde uma casa simples aonde a protagonista cuida dos filhos das prostitutas para ganhar um dinheiro e ainda ajudar as moças enquanto estão trabalhando, com algo simples e bem encontrado, cai para seu abrigo no subsolo do prédio como uma segurança pós-traumática do Holocausto com uma síntese belíssima de elementos cênicos bem trabalhados, nos mostra também a variedade cultural de outros países com a lojinha de Hamil com seus tapetes simbólicos e livros, até chegar ao submundo das drogas na orla com seus luxos e tudo mais, ou seja, é um filme amplo visualmente que funciona bastante, e ainda agrada com bons simbolismos de cuidado, no caso os atos com a leoa bonita e interessante de ver e sentir.

Tanto no trailer, quanto no fechamento do filme durante os créditos entrou a música original que resume completamente o filme todo pela letra da composição, e que brilhantemente colocada na voz de Laura Pausini resulta num envolvimento incrível que funciona demais para arrematar todas as pontas. Acredito com toda certeza que do jeito que estamos com pouquíssimos filmes para concorrer nessa categoria nas premiações, a Netflix não irá deixar de indicar a canção, então vale a conferida aqui no link, e torcer pela belíssima apresentação que deve fazer para mostrar ela, afinal a cantora gravou a música em 5 idiomas, e mesmo nas versões dubladas do filme acabarão ouvindo sua bela voz.

Enfim, não é um longa perfeito, tendo algumas falhas de determinação, pois certamente poderiam ter feito com que o público chorasse até mais com tudo o que poderiam ter trabalhado, afinal sabemos que quando se envolve drogas, doenças e tudo mais, pode piorar bastante as situações, mas ainda assim é um longa bem bonito, cheio de mensagens, e que vai agradar bastante quem curte o estilo de filme mais leve visualmente, porém forte de essência, pois é exatamente o que irá encontrar durante toda a exibição, e sendo assim, recomendo ele para todos. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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