Jovens Bruxas - Nova Irmandade (The Craft: Legacy)

11/06/2020 01:02:00 AM |

Já faz algum tempo que os roteiristas andam sem muitas ideias originais e andam aproveitando para requentar longas de sucesso dos anos 80/90, colocando como continuações ou refilmagens para tentar chamar a atenção dos fãs da época ou até apresentar algo para quem nunca viu e vai procurar os antigos para se conectar, e embora muitos reclamem disso, temos de relevar e encarar como algo novo e ir conferir sem muitas expectativas para criar nossa visão do que é mostrado ali, ou seja, como se nem dependesse de nada dos antigos. Dito isso, diria que o filme "Jovens Bruxas - Nova Irmandade" é bem bacana, tem uma proposta simples de longa adolescente, com bem menos feitiços que o original, muita discussão sobre os temas da atualidade, mas principalmente consegue passar a essência de irmandade, de rituais com regras, e claro, conectar o filme com o original dos anos 90. Claro que não é nenhuma daquelas obras que você vai ficar impressionado, irá querer ver umas duzentas vezes, nem vai torcer para virar uma saga com vários filmes, mas é algo que dá para curtir e funciona dentro do que se propõe, ao ponto que quem gosta de um filme leve de bruxaria vai gostar do que verá, e nada mais.

O longa acompanha um quarteto eclético de bruxas aprendizes e adolescentes que acabam recebendo muito mais do que conseguem lidar enquanto tentavam entender sobre seus novos poderes e seu vínculo.

A diretora e roteirista Zoe Lister-Jones certamente foi apaixonada pelo longa original dos anos 90, e ao se tornar atriz nos anos 2000 provavelmente ficou com muita vontade de estrelar uma continuação do filme, porém como não conseguiu a tempo, resolveu fazer seu segundo filme como diretora algo que mistura continuação com refilmagem, mas sem precisar se ater aos detalhes do original, dando sua própria versão de jovens bruxas, com seu aprendizado pela magia, pelas regras, pela culpa e tudo mais, unindo a isso propostas como machismo, homossexualismo, bullying e tudo mais, ao ponto que o filme acabou carregando uma carga mais dramática do que de bruxaria/misticismo, mas isso foi algo até que bom de ver, pois como ela escolheu um ar bem mais adolescente do que o original (diria que lá as moças já estavam nos finais do ensino médio, enquanto aqui é algo mais próximo do comecinho), o resultado de muita magia aqui recairia para algo exageradamente bobo, ou seja, iria irritar bem mais. Ou seja, foi algo bem longe de um acerto incrível, mas o resultado final flui pelo menos, e acaba sendo gracioso de conferir, agradando bem quem não for com tantas expectativas, e não sendo exagerado de coisas absurdas (o que nos deixou bem feliz de ver!).

Sobre as atuações, diria que a jovem Cailee Spaeny tem estilo e domínio completo de sua expressividade, ao ponto que sua Lily consegue o feitio de chamar atenção em todas as suas cenas, e isso é algo que poucos protagonistas conseguem fazer, claro que acabou apagando completamente tudo do grupo inteiro, ao ponto que nem conseguimos ver as demais fazendo quase nada, mas acredito que essa era a opção da diretora, e o resultado foi que felizmente a jovem deu bastante conta do recado, e agradou bastante no que fez. David Duchovny ficou anos demais fazendo só séries, ao ponto que aqui seu Adam aparece e faz acontecer tudo tão rápido que chega a parecer que até já conhecíamos ele de algum outro lugar, sem explorar um desenvolvimento maior nem nada, ou seja, ele até faz bons trejeitos em diversas cenas, mas ou você induz um pouco de tudo e assume bem suas atitudes, ou você vai acabar vendo ele como um personagem até jogado demais, o que não é o caso, pois suas cenas finais são bem interessantes de expressões fortes (embora o fechamento total soe um pouco tosco demais!). Nicholas Galitzine foi bem expressivo com seu Timmy, tendo cenas fortes bem colocadas, e conseguindo soar diferente de algo usual, embora seu personagem seja usado para polemizar algo, mas o jovem soube dosar olhares e cadenciou bem seus momentos ao menos. Quanto as demais garotas, Zoey Luna, Gideon Adlon e Lovie Simone, garanto que nem lembraremos delas no filme, pois até fizeram seus papeis de uma forma dinâmica, mas nada que surpreendesse e assim sendo, sumiram atrás da protagonista. E quanto dos demais garotos e da mãe da protagonista, conseguiram ser ainda inferiores às demais garotas, ou seja, é melhor nem citar.

Visualmente o longa também não teve grandes marcas, pois temos cenas em uma escola e na casa que a protagonista vai morar, além de uma mata, a casa de uma das colegas e a festa na casa de um garoto, tendo alguns momentos mais coloridos com a preparação de feitiços, e outros mais densos, mas de certa forma o filme nem chega a recair para algo mais de terror, e assim tudo é bem ambientado, cheio de objetos cênicos para trabalhar, e até objetos de terror como tabuleiros ouija e animais peçonhentos acabam sendo usados sem muitos sustos, ou seja, poderiam ter criado um tom menos adolescente para chamar mais para algo forte.

O longa tem boas canções, misturando músicas atuais com clássicos dos anos do filme original, ao ponto que acaba sendo algo bem bacana de curtir, e claro que deixo o link para todos ouvirem, pois funcionou bem dando a fluidez que o longa necessitava, e um bom ritmo também.

Enfim, é um filme que fui conferir sem esperar nada e acabei gostando do que me foi entregue, mas como disse acima tem muitos altos e baixos, com uma direção de arte que não foi muito além, e personagens demais que acabaram nem servindo para muita coisa, de modo que o resultado agrada, diverte, mas não será lembrado muito daqui algum tempo, e sendo assim recomendo ele com algumas ressalvas. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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