Globoplay - Blue Bayou

7/19/2022 12:54:00 AM |

São raros os filmes de drama que me tiram do sério, mas hoje me vi jogando a almofada de cabeça longe na cena que ocorre junto da audiência e na seguinte quando o jovem bate na porta da casa de sua sogra no filme "Blue Bayou", pois é uma trama que nos conecta tanto com os personagens principais, que passa tanto sentimento, que ali o meu chão caiu de tal forma que comecei a ficar irritado, com raiva e confesso que me deu vontade de xingar tudo. Ou seja, diria que o longa é lindíssimo, tem uma essência emocional fortíssima de mostrar a aceitação das origens, de passar a verdade para a família, e claro das leis de deportação americanas que pegaram muitos adultos que foram adotados quando criança e agora não possuem mais direitos, de tal maneira que vamos acompanhando o protagonista, vemos uma cena ridícula de um policial que se mete na vida alheia, e que o diretor conseguiu com tanta maestria transformar algo até que simples numa trama dramática tão interessante que tudo acaba indo muito além, trazendo reflexões e virtudes emotivas perfeitas para uma noite, mas que como vocês viram, vai deixar muitos revoltados com o que ocorre. Sendo assim, é uma trama diferente do usual, com uma proposta perfeita de estilo, e que nem sei se daria para ir além, mostrando que o jovem diretor tem muito potencial, e soube criar algo duro e bonito na mesma proporção.

O longa mostra que Antonio é um cidadão coreano-americano criado na Louisiana Bayou que trabalha arduamente para fazer uma vida para sua família, porém deverá enfrentar os fantasmas de seu passado enquanto descobre que pode ser deportado do único país que ele já chamou de lar.

Diria facilmente que o diretor e roteirista Justin Chon usou boas referências de amigos ou parentes que sofreram com a deportação, e claro o reconhecer natural de pertencer a um lugar, de ter sentido para uma família, de culturas e tudo mais, ao ponto que ele soube ser sutil em determinados momentos, mas também veio com uma foice no pescoço para representar tudo o que desejava nos atos finais, de maneira que não tem como passar a sessão sem sentir algo, pois ele vai nos capturando aos poucos com toda a síntese do personagem, faz com que seu carisma seja entregue, depois nos adoça, depois faz com que ficássemos bravo ao voltar para o crime, mas sem dúvida alguma quem não se revoltar com o policial já pode mandar enterrar o coração, pois é algo totalmente desumano e irritante de nível máximo. Então juntando todas essas sensações, posso falar que sem dúvida o diretor tem um estilo muito forte que se seguir sempre essa linhagem, e essa mão de carisma, quebra e revolta vai detonar futuramente em todos os projetos que fizer.

Agora falando da atuação de Justin Chon, o ator mostrou muita personalidade para seu Antonio, trabalhando bem os trejeitos emotivos, desenvolvendo algumas nuances fortes, mas o que mais chama a atenção é que ele não forçou sentimentalismo em suas cenas, coisa que comumente aconteceria com muitos outros atores, e além disso superou a tradicional falha de atuar e dirigir sem atrapalhar algum dos dois elos, ou seja, deu show no que fez. Estou tão acostumado a ver Alicia Vikander mais imponente, cheia de atitudes, com personagens fortes e intensos, que aqui sua Kathy até parece ser outra pessoa, pois a jovem mãe não transparece tanto suas emoções, mas cria dinâmicas e cenas bem boas com o protagonista, chamando muita atenção em tudo. Linh-Dan Pham deu um tom mais emotivo para sua Parker, afinal sabemos bem que as pessoas nos últimos dias desejam passar algo, e seus atos acabaram sendo marcantes tanto pelo que transparece quanto pelos olhares dos demais, o senhorzinho que fez o pai foi incrível também. A garotinha Sydney Kowalske caiu muito bem no papel, sabendo dosar estilo e foi brilhantemente dirigida por Chon, que conseguiu extrair uma química leve e sutil junto dela, não ficando forçado, e assim dando as devidas conexões de pai mesmo com ela, ao ponto que sua cena final é daquelas de arrepiar. Agora se fosse no Brasil o filme, certamente o ator Emory Cohen não poderia sair na rua como acontece com a maioria dos vilões de novela por aqui, pois os atos de seu Denny são daqueles de criar uma revolta interior tão forte, que foi perfeito no que fez, e isso é duríssimo de ver na tela, ou seja, a raiva vem pelo que faz, mas o personagem ganha destaque exatamente por isso. Quanto aos demais, diria que todos foram usados dentro da proposta, sem grandes nuances ou atos chamativos, tendo um leve destaque para Mark O'Brien com seu Ace, mas nada que fosse muito expressivo.

Visualmente a equipe de arte trabalhou bem com os planos reais e com o do sonho/lembrança/imaginário do protagonista de como foi seu abandono pela mãe verdadeira, tendo a casa dele como algo simples e bem trabalhado, o estúdio de tatuagem ligeiramente bagunçado como é a maioria, um hospital aonde acontecem o ultrassom e o parto, a casa da família vietnamita muito bem trabalhada numa festa cultural marcante, e claro a oficina de motos e o assalto bem retratado, além das cenas fortes dentro do supermercado, na mata e no aeroporto, mas também tenho de dar um grande destaque para as cenas no pântano que o jovem vê de uma forma mágica bem simbólica e diferente em sua mente, mas que transmite uma certa paz também para ele.

Enfim, é um filme bem simples, mas com um envolvimento gigantesco que consegue trazer diversos sentimentos com seus atos, e assim vale demais a conferida, seja no Telecine/Globoplay dentro do Festival do Rio, ou alugando nas diversas plataformas de aluguel online, pois certamente vai comover muitos e até fazer refletir sobre o pertencimento às suas origens, e assim dialogar mais com tudo. Vale também o destaque de Alicia cantando "Blue Bayou", então fica a dica, e eu fico por aqui hoje, então abraços e até logo mais.


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Netflix - Passado Violento (Clean)

7/18/2022 12:35:00 AM |

Até gosto de ver de vez em quando um longa de pancadaria e tiros gratuitos sem muita história, mas que ao menos tenha algum sentido de vingança e imponência pelo menos, para lavar a tela de sangue e dar para curtir com o resultado, porém o filme da Netflix, "Passado Violento", entregou algo meio que jogado, aonde o protagonista passa quase que o filme inteiro narrando sua memória de crimes, e sua fixação por uma garotinha no bairro que lembra sua filha, e claro quando a vê em perigo sai quebrando tudo e todos. Ou seja, tem a base do processo, tem cenas bem violentas, mas ficou parecendo levar nada a lugar algum, o que é muito ruim em qualquer estilo de longa, ao ponto que vemos um tremendo ator sendo mal aproveitado, fazendo algumas caras e bocas sentando a chave inglesa em quem esteja na sua frente, e ninguém com um revólver ali para acertar ele. Não posso dizer que seja ruim, pois quem gosta desse estilo de filmes só quer ver o máximo de sangue voando, e o longa entrega isso, porém até tudo rolar realmente a vontade que dá é desistir dele, pois demora demais.

O longa nos conta que Clean é um lixeiro, tentando uma vida tranquila de redenção, como reformar as casas em ruínas de sua comunidade. Ele está preocupado com um passado violento e a perda de sua filha. Quando um acidente o torna alvo de um chefe do crime, Clean é forçado a aceitar seu passado, pois a violência de sua vida anterior está lentamente o alcançando.

O diretor Paul Solet até tentou brincar um pouco com o roteiro do ator Adrien Brody e criar algo a mais que para que seu filme tivesse alguma explosão, mas a base toda é em cima de narrações e pensamentos, que junto de algumas cenas violentas acaba tendo uma certa intensidade no estilo, porém ficou parecendo faltar um pouco de tudo no resultado completo da trama, já que não vemos realmente o tipo de missão que o protagonista estava executando antes de voltar para sua casa e ver a filha morta, apenas sendo dito em determinado momento que ele era o "ceifador", não enxergamos muito a relação integral dele com a garotinha da casa, sendo apenas pela feição de parecer a sua filha, entre muitas outras situações, parecendo até que o longa fosse uma continuação de algo, o que não é, e assim vemos que o ator em seu primeiro grande roteiro apenas colocou ideias e entregou para um diretor que só filmou também as ideias, faltando alguém para dar o talento e desenvolver a história como um todo. Ou seja, acabamos vendo um filme que não fecha nada, e nem amplifica o desenvolvimento de tudo, parecendo bacana apenas para ver umas pancadas bem intensas, e nada mais.

Sobre as atuações, Adrien Brody até trabalha alguns semblantes emotivos, com algumas sensações e desenvolturas para seu Clean, diferenciando bem os momentos mais secos enquanto está com o caminhão de lixo, mais amistoso nas trocas na loja de penhores e puxando até para o lado amável nas conversas com a garotinha, mas ganha melhores vértices na hora da pancadaria para valer, mostrando trejeitos e intensões de ódio bem colocadas, e que claro seu dublê trabalhou bastante nas movimentações para ficar tudo bem intenso, ou seja, fez o que precisava para ganhar a tela, mas facilmente o filme não tem muito sua cara, e isso pesou um pouco, pois talvez um ator mais durão chamaria mais a atenção. Chandler DuPont deu um ar interessante para a garotinha Dianda, mas exageradamente séria ao ponto de incomodar em alguns atos, não parecendo estar bem nas cenas que foi colocada, mas ao menos teve uma boa química com o protagonista, e isso faz valer a pena. O chefão vivido por Glenn Fleshler ficou meio estranho, com ares por vezes de brucutu, mas também parecendo bobo e irreal, algo que não cabe a um traficando líder, e assim poderiam ter trabalhado mais cenas violentas suas para compensar. Quanto aos demais, somos apresentados e já na sequência mal utilizados, e isso é algo ruim em um filme desse estilo.

Visualmente a trama é simples, mas até que bem moldada, tendo os atos do protagonista dirigindo os caminhões de lixo e separando alguns elementos que pode reformar e vender na loja de penhores, temos um bairro gentrificado aonde o protagonista pinta as casas a noite para ficar mais apresentável e talvez melhorar as coisas por ali, temos a peixaria do chefão do tráfico aonde os animais vem recheados de droga, por vezes sendo roubados pelos vendedores com alguns pacotinhos faltantes, temos o encontro dentro da Igreja mostrando os ricos deixando notas grandes e os demais apenas dialogando seus problemas, e claro temos todos os momentos com muita violência, sendo usados armas de todos os estilos para quebrar quem vier para cima do protagonista, o que mostra uma boa construção de elementos cênicos.

Enfim, é um filme fraco tanto como longa de violência gratuita, quanto de história, ficando perdido entre os dois estilos, e não fluindo bem em nenhum deles, ao ponto que quem curte o estilo talvez nem ligue torcendo apenas pela matança, mas diria que tem outros bem melhores espalhados. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Globoplay - O Salão de Huda (صالون هدى) (Huda's Salon)

7/17/2022 04:33:00 PM |

O que mais curto em festivais é a possibilidade de conferir filmes selecionados de países que costumeiramente vejo bem pouco, e tramas boas de espionagem hoje viraram mais filmes de ação do que realmente algo cheio de tensão e desenvolturas em cima de culpa e acusações. Então se você também é desses que gosta de algo bem intrigante, e claro, baseado em histórias reais a dica é o longa egípcio "O Salão de Huda", que mostra algo bem complexo de um salão aonde a dona após ser pega pelo serviço secreto da Palestina passou a criar fotos vergonhosas de mulheres para que elas também passassem a servir contra os resistentes e rebeldes. Ou seja, é um filme bem denso, cheio de envolvimento, aonde sentimos o desespero da mulher em ser revelada para a família, em ser capturada, e tudo mais, numa dinâmica de conversas fortes e interpretações marcantes, que talvez poderia ter sido ainda mais forte com poucas mudanças, mas ainda assim vale bem todo o processo pela forma que foi entregue.

A sinopse nos conta que Reem, uma jovem mãe casada com um homem ciumento, vai ao salão de Huda em Belém, para um corte de cabelo e botar as fofocas em dia. Mas essa visita comum azeda quando Huda, depois de ter colocado Reem em uma situação vergonhosa, a chantageia para que ela trabalhe para o serviço secreto. Enquanto Reem escapa do salão, na mesma noite, Huda é preso por Hasan. Eles encontram fotos sem nome de todas as mulheres que Huda recrutou, incluindo a de Reem. Huda sabe que será executada assim que revelar os nomes. Ela tenta esperar o máximo de tempo possível.

O diretor e roteirista Hany Abu-Assad é bem famoso por saber segurar suas tramas com conflitos até bem próximo do final, não dando abertura para subtramas nem muitos respiros, e aqui ele colocou uma situação dramática que vemos muito em diversos lugares, não apenas no mundo islâmico, de mulheres sendo usadas para pegar rebeldes, armas e tudo mais, colocando em dúvida sempre seus atos de vergonha, e claro que num ambiente extremamente machista como é os países árabes, cair uma foto como a que fazem com a jovem é algo que facilmente muitas se matariam, ficariam na dúvida de pedir ajuda e acabariam tendo seu mundo desabado, e o diretor soube controlar muito bem na edição o lado da dona do salão sendo interrogada sem querer dar os nomes, sabendo que ali acabaria sua vida, tentando enrolar com uma boa lábia, e do outro lado a jovem sem poder nem respirar, aflita, com tudo explodindo sabendo também que ao contar para o marido perderia tudo, ou seja, a amplitude dos dois lados é bem igual, e dificilmente sairia diferente disso, e contando com boas tensões, o resultado acaba funcionando demais.

Sobre as atuações, é fato que o filme fecha bem no trio de personagens protagonistas, tendo uma ou outra abertura para os demais tentarem chamar atenção, mas não o foco do diretor foi mesmo em cima dos três, e isso que faz funcionar tanto o filme. Dito isso Maisa Abd Elhadi trouxe para sua Reem um desespero de nível máximo após o ato inicial, sendo daqueles envolvimentos tão fortes que sua feição é praticamente congelada depois que sai do salão até seu último ato no telefone, que se fosse uma daquelas brincadeiras de quem pisca primeiro, certamente a jovem ganharia por quase nem respirar com a entrega que faz, e assim seus atos acabam soando marcantes, cheios de estilo e completamente dentro da proposta, ou seja, foi muito bem no que fez. Da mesma forma Manal Awad trabalhou sua Huda com uma desenvoltura bem própria e chamativa, trabalhando seu diálogo de maneira calma e direta, não sendo forçada nem recaindo a trejeitos casuais, de forma que ficamos esperando até mesmo o líder que está conversando com ela ser enganado pela sua lábia, mas sabemos que isso era querer demais, e assim ela foi forte e bem marcante. Falando do líder, Ali Suliman tem um estilo bem trabalhado com seu Hasan, sendo determinante na forma de persuadir a protagonista a falar os nomes nas fotos, criando mentiras e sendo explosivo com sutilezas, não sendo daqueles que saem na mão no primeiro ato, mas sim que faz conduzir a pessoa no seu mais profundo âmago, e o ator tem essa personalidade, e chama muita atenção no seu gestual calmo e direto. Quanto aos demais, vale um leve destaque para alguns atos do marido Yousef vivido por Jalal Masarwa, mas nada que chamasse de uma grande expressividade, apenas entregando a base e conseguindo com isso representar bem o que qualquer marido do país faria ao ouvir o que a esposa diz, mas foi bem também em trejeitos, e assim vale o que fez.

Visualmente o longa tem a base de poucos ambientes, mas bem representativos, como o salão tradicional, mas com uma porta de vidro aonde a protagonista faz as fotos, de uma maneira bem direta e sem sobreposições, mostrando uma grande intensidade cênica, depois temos a casa simples da protagonista, com tudo bem arrumado como uma casa com um jovem bebê, e temos a gruta/esconderijo do grupo rebelde aonde temos o interrogatório, uma cena forte de queimada, e tudo muito meticuloso para não ficar soando forçado em nada, além claro de um aparelho de rastreio de telefone com alguns homens andando usando o carro, mas nada que saísse do plano simples que o diretor quis para que seu filme tivesse um teor mais prático e menos aventuresco.

Enfim, é um bom filme do gênero de espionagem com um ar dramático bem denso e interessante de ser conferido, que muitos vão gostar de tudo, mas que certamente uma pesada maior na mão levaria o longa a outros patamares, mas que impacta e faz pensar, isso faz, então vale a dica para a conferida na Globoplay/Telecine no Festival do Rio, ou quando surgir nos streamings da vida. Então é isso pessoal, abraços e até logo mais.


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Globoplay - A Última Noite (Silent Night)

7/16/2022 06:56:00 PM |

O que você faria se soubesse que uma nuvem venenosa irá acabar com o mundo todo, fazendo com que você morresse lentamente agonizando, e o governo liberasse uma pílula que não sentiria nada e morreria dormindo? Tomaria de cara ou iria contradizer os cientistas que provaram que todos irão morrer com a nuvem? Essa base é a temática de discussões do longa "A Última Noite", aonde amigos que se reúnem todo Natal, se juntam em uma última festividade como um pacto para morrerem juntos após a ceia e tomarem a pílula juntos, mas é claro que temos todo o processo de convencimento das crianças, e principalmente um jovem garotinho que contesta toda a ideia do processo de quererem matar ele ao invés de morrer segurando as mãos de alguém que foi envenenado, e tudo piora quando mais alguém diz que não quer tomar. Ou seja, o caos poderia ter sido muito melhor instaurado na trama, poderia ter muito mais discussões e brigas, afinal são colegas de colégio que tiveram algumas desavenças, mas faltou atitude para irem além, e assim sendo o longa apenas propõe a discussão, mas finaliza inclusive com uma opinião, e sem grandes explosões, o que é uma pena, pois faltou um pouco de tudo, e a temática era incrível para ir muito além.

A sinopse é bem simples e nos conta que Nell, Simon e o seu filho Art estão prontos a acolher amigos e familiares para o que promete ser uma reunião de Natal perfeita. Perfeito exceto por uma coisa: todos vão morrer!

Como de praxe lá vou eu reclamar de ser a primeira direção de Camille Griffin em um longa metragem, e como costumo falar, o gênero de suspense é um dos mais complexos de trabalhar, ainda mais com elos de dramédia trabalhados no miolo, de tal forma que sua história não é ruim, muito pelo contrário, sendo daquelas que vemos um tema intenso, cheio de abrangência, e que claro põe em cheque em quem confiar, se as informações de uma doença ou tragédia realmente chegam de forma limpa para sua população, se devemos seguir o que quem confiamos fala ou se argumentar e talvez ir por outro caminho não seja a melhor ideia, e assim o resultado da discussão toda é perfeita, e valeria muito mais o conflitivo diálogo entre todos os personagens, do que apenas algumas danças, algumas pontadas de coisas do passado, xingamentos exagerados e apertos marcados de tudo em cima das pessoas, que a diretora optou por trabalhar. E assim seu filme é daqueles que certamente deva cair nas mãos de um grande diretor no futuro que fará algo muito mais imponente, pois é bem escrito.

Sobre as atuações, todos entregaram cenas bem tradicionais das festas de final de ano, aquela alegria maquiada e a falsidade comendo solta, aonde os protagonistas demonstraram carisma e envolvimento com seus personagens, tendo os três filhos da diretora aparecendo bastante, com Hardy e Gilby sendo apenas elementos clássicos de gêmeos que comparam tudo, mas fazendo bem básico e claro Roman Griffin Davis dando seu show tradicional, mostrando que não foi apenas mero acaso o que entregou em "Jojo Rabitt", mas sim um ator jovem que tem estilo, sabe conduzir olhares e dinâmicas, e aqui seu Art foi daqueles jovens que sabem entregar atos marcantes, tendo praticamente todos os seus algo que vale a conversa. Keyra Knightley foi uma boa hospedeira para com seus convidados, fazendo boas sínteses desde o começo com sua Nell, e trabalhando a expressividade com os olhares e atitudes, pois sabendo o que vai rolar já joga as roupas escondidas apenas para não atrapalharem o caminho, coloca os raminhos de decoração e tudo como se fosse ser o melhor Natal da vida de todos, e assim acaba agradando. Tivemos ainda bons atos marcantes com os homens da festa, cada um transbordando suas ânsias de forma diferente, desde Matthew Goode como o dono da casa apenas impositivo e desesperado com o que vai rolar, passando por Rufus Jones como um pai de menina mimada e casado com uma mulher meio doida, já aceitando tudo, até chegarmos em Sope Dirisu que como médico oncologista poderia ter umas vertentes maiores em cima do tema, mas que apenas ficou em segundo plano com tudo de seu James. Dentre as demais mulheres, tivemos claro a perua desvairada que quer aparecer vivida por Annabelle Wallis com sua Sandra, tivemos Lucy Punch e Kirby Howell-Baptiste como um casal bem diferente, com a primeira mais secona e a segunda mais puxada para atos irônicos bem colocados, e claro tivemos Lily-Rose Depp meio que em segundo plano faz bem suas controvérsias de tudo e acaba chamando um pouco a atenção para si nos atos principais.

Visualmente o longa é bem fechado, com a mansão bem preparada para a festa, com uma mesa enorme bem decorada, uma despensa com somente o necessário para a noite com muita bebida e pouca comida já que os mercados estavam sem muita coisa, poderiam ter mostrado a cena dos homens assaltando o mercado para conseguir o pudim da garotinha, mas claramente os atos mais importantes foram na floresta no final, e embora os efeitos visuais sejam péssimos, o resultado acaba sendo bem marcante como um todo.

Enfim, é um bom filme que até envolve, mas que faltou muito para causar a reflexão que pedia, e que causaria com algo mais caótico. Mas ainda assim vale a conferida, então quem tiver Telecine em casa ou Globoplay pode conferir na programação do Festival do Rio, mas quem não conseguir hoje, deve aparecer muito brevemente por lá, já que estreou em alguns lugares no final do ano. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos.


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O Telefone Preto (The Black Phone)

7/16/2022 02:18:00 AM |

Costumo dizer que tem suspenses que causam muito mais tensão que muito filme de terror por aí, claro que a maioria acaba levando a classificação dupla, mas a intensidade do medo em cima de não saber o que vai acontecer, do mistério, e do envolvimento com algo forte é sempre mais complexo de conferir. Comecei falando dessa forma do longa "O Telefone Preto", pois alguns críticos que viram o longa já há bastante tempo em alguns festivais americanos acabaram classificando ele como o melhor terror que já tinham visto, e talvez isso tenha até me influenciado um pouco em ir conferir ele com uma expectativa a mais para toda a entrega, e o filme é bem forte, tem uma intensidade bem bacana, um contexto de época marcante que sabemos bem como um trauma atinge pessoas, e como sequestros são coisas fortíssimas, mas diria que mesmo o filme me impactando e causando uma tensão imensa, fiquei esperando um algo a mais tradicional de longas americanos, de explicar motivos, de colocar símbolos e tudo mais, e não ocorre, sendo algo mais puxado para o estilo britânico de é assim e pronto, aceite! E isso é bom, então vá sem esperar nada, tome alguns sustos, e se envolva demais com cada um dos personagens, pois todos são muito bem trabalhados e claro simbólicos, valendo toda a sessão e a reflexão talvez em cima de tudo.

O longa nos mostra que em 1978, uma série de sequestros estão acontecendo na cidade de Denver por "Grabbler", um serial killer que tem seu alvo crianças do bairro. Finney Shaw, um garoto de 13 anos, é sequestrado. o garoto acorda em um porão, onde há apenas uma cama e um telefone preto em uma das paredes. Quando o aparelho toca, o garoto consegue ouvir a voz das vítimas anteriores do assassino, e elas tentam evitar que o Finney sofra o mesmo destino. Enquanto isso, sua irmã Gwen tem sonhos que indicam o lugar onde ele pode estar e corre contra o tempo para tentar ajudar os detetives Wright e Miller a ajudar o irmão, apenas para que isso seja em vão. Finney continua a fazer tentativas para escapar que apenas falham, até que uma das vítimas do serial killler fala sobre um plano que finalmente poderia levar Finney à liberdade.

Chega até ser engraçado a oscilação de estilos do diretor e roteirista Scott Derrickson, pois vai desde o terror considerado o mais assustador ("A Entidade") até blockbuster de herói ("Doutor Estranho"), e o mais incrível disso é que ele consegue em ambos os casos imprimir seu estilo em tudo o que faz, sendo daqueles que vamos conferir o longa já esperando uma ou outra sacada pontual e chamativa, ou algum personagem exagerado, e ele tem essa pegada bem trabalhada, que conseguiu transformar um curta de Joe Hill em algo que tem o tempo exato, não sobrando nem faltando, de forma que vamos conhecendo mais dos garotos desaparecidos no porão, vamos conhecendo um pouco da loucura do protagonista ali, e deixando no ar tudo o que possa ter feito com os garotos antes de matar, deixando no ar o motivo dele ser daquele jeito, e muito menos expressando o motivo de usar uma máscara, ao ponto que tudo é muito subjetivo, tudo fica naquela pegada de pensarmos várias possibilidades, e isso acaba sendo genial, mas que vai incomodar muitos que não entrarem no clima facilmente, pois vai ficar parecendo que faltou algo, e essa é justamente a ideia da tensão ali proposta, você não saber exatamente nada, e ficar com medo de tudo. E assim sendo são tantas possibilidades, tantos envolvimentos, e claro que o diretor brinca com o que ele é bom também: sustos gratuitos com aparições do nada, e tem pelo menos umas quatro cenas assim, que num primeiro momento xingamos, mas depois funciona demais. Ou seja, é um filme que faz a volta do diretor para suas origens, e mostra que ainda domina bem a arte de causar tensão, então é ver como deslancha daqui para frente, pois já disse no passado que seu potencial é gigante, e veremos isso acontecer com muita fé, do mesmo jeito que a garotinha protagonista briga com Deus em suas rezas.

Sobre as atuações, esse é o primeiro longa de Mason Thames, e o garoto mostrou muita personalidade, uma boa desenvoltura como protagonista dominando os ambientes com trejeitos sinceros e bem amplos, soube segurar o ar tenso nos telefonemas e nas atitudes, ou seja, fez de seu Finney um personagem carismático e complexo, com um bom ar de síntese que facilmente agrada com o que faz, e agora é ver como vai administrar a carreira, pois potencial tem. Agora quem não precisa mostrar que tem potencial, pois já sabemos o quão bom são suas atuações é Ethan Hawke, e aqui ele entregou um serial com tanta personalidade, com um estilo próprio de trejeitos, já que as máscaras tampam quase sempre seu rosto por inteiro, colocando intenções artísticas em cada nuance, e principalmente sendo perfeito na forma não tão explosiva na maioria dos atos, o que acaba dando um requinte e muita formatação para a trama toda, o que é belo de ver. A garotinha Madeleine McGraw também segurou muito em sua performance, trabalhando olhares, sendo doce e divertida nas conversas com Deus em suas rezas, mas também trabalhando ares tensos em seus sonhos e buscas, dando uma certa leveza nos atos de sua Gwen, e assim agradando demais. Quanto aos demais, tivemos bons atos com praticamente todos os garotos mortos, cada um da sua forma conversando com o protagonista, mas é claro que o jeito e a técnica de luta de Miguel Cazares Mora é o grande destaque com seu Robin, e claro vale também falar sobre o estilo do personagem de Jeremy Davies como pai dos protagonistas, pois teve cenas bem duras e marcantes, chamando muita atenção no que faz.

Visualmente o longa foi muito incrível no que fez tanto com os figurinos dos personagens para dar o ar dos anos 70, brincou com os sonhos utilizando toda a ambientação de bares e jogos, de elementos figurativos, e claro com um porão muito bem detalhado, aonde parecia não ter nada, mas que cada criança morta ali deixou algo importante para o próximo tentar escapar, com maquiagens bem intensas e fortes, com um ambiente podre de certa forma, e dando ainda a possibilidade de técnicas para os diretores de arte e fotografia brincarem com tudo, tendo uso de gramaturas diferentes nos sonhos, com texturas e ranhuras clássicas de como se fossem filmes caseiros, toda a simbologia de trejeitos na máscara do vilão, e claro as referências de abusos em tudo que é mostrado. Ou seja, é um filme que aparentemente não entrega tanto, mas que no fundo tem tudo muito forte e simbólico com cada elemento usado.

Enfim, é um tremendo filmaço do gênero, que tem muito o que ser visto na tela, tem muito que dá para se discutir, e que facilmente muitos irão odiar, e outros amar, sendo amplo para todos os lados, e como já disse dando para recomendar até mesmo para quem não é fã do gênero, pois acaba sendo quase uma aventura dramática dentro de um suspense/terror, e assim o resultado surpreende, e deixo a dica de irem sem esperar muita coisa, pois aí a certeza de entrar melhor no clima, conversar com os personagens como um senhor atrás de mim estava, ficar bravo com algumas burrices clássicas que fazem em cena, e  tudo mais, sendo o pacote completo. Então fica a dica, e eu fico por aqui hoje, então abraços e até logo mais.


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Elvis

7/14/2022 01:36:00 AM |

Pelos trailers que vi já imaginava que "Elvis" seria um tremendo filmaço, mas como não conhecia praticamente nada de suas origens e de como foi a relação com seu agente fui conferir esperando me envolver com uma boa história bem trabalhada, porém não imaginava que fosse ainda melhor do que esperava, com uma trama envolvente, uma montagem completamente maluca, e claro muita música boa do começo ao fim, criando toda uma dinâmica precisa e diferenciada que só Baz Luhrmann sabe fazer, e que soube criar algo que convencesse demais do começo ao fim, que servisse tanto para os fãs do cantor quanto para quem apenas gosta de um bom longa biográfico, e mais do que isso, tivesse todo o luxo que o Rei do Rock pede, sendo uma homenagem muito bem representada pelo ótimo trabalho da direção, e principalmente da atuação que não desaponta de forma alguma, de tal maneira que antes mesmo dos créditos subirem eu já estava com vontade de aplaudir, mas ao que começou os créditos e todos da sala aplaudiram, apenas continuei, pois foi algo perfeito de ver, e que certamente vale ser visto até mais do que uma vez.

O longa acompanha décadas da vida do artista (Austin Butler) e sua ascensão à fama, a partir do relacionamento do cantor com seu controlador empresário "Colonel" Tom Parker (Tom Hanks). A história mergulha na dinâmica entre o cantor e seu empresário por mais de 20 anos em parceria, usando a paisagem dos EUA em constante evolução e a perda da inocência de Elvis ao longo dos anos como cantor. No meio de sua jornada e carreira, Elvis encontrará Priscilla Presley (Olivia DeJonge), fonte de sua inspiração e uma das pessoas mais importantes de sua vida.

É engraçado que o diretor e roteirista Baz Luhrmann não segue a mesma linha da maioria dos diretores de ter vários filmes em sua carreira, demorando bastante nas entregas e se atendo a tantos detalhes que diria ser um dos mais perfeccionistas diretores dos últimos anos, afinal preza por qualidade, por um cinema diferenciado, e principalmente por muita técnica e interpretações minuciosas de seus artistas, ao ponto que todos seus filmes acabaram virando clássicos e referências de estudos e tudo mais, o que não foi diferente aqui, pois vemos uma fotografia ímpar de cores, vemos imagens em vários ângulos com recortes de tela (algo que praticamente mais ninguém usa, e funcionou muito bem na trama), vemos um ator que estudou por mais de dois anos para conseguir trejeitos e tons vocais igual ao homenageado, e claro vemos um filme que muitos podem até reclamar de ter quase três horas de projeção, mas que não cansa, e mais do que isso envolve tanto que ficamos esperando até muito mais, já que ficou perfeito em todos os quesitos, e assim quem sabe levará muitos prêmios daqui para frente (montagem com toda certeza já podem começar a gravar o nome no prêmio).

Sobre as atuações, Austin Butler só tinha feito papeis secundários sem grandes chamarizes, mas a partir do que fez aqui com seu Elvis, o seu agente já pode preparar para os telefonemas brotarem, pois o jovem entregou tudo e muito mais, cantando todas as canções com uma voz imponentíssima, fazendo trejeitos perfeitos, dançando demais, e principalmente representando perfeitamente um ícone mundial que foi o cantor, com uma responsabilidade imensa de ser julgado tanto pela aparência quanto pelo gestual pelos fãs, e isso foi muito bem trabalhado com muito estudo e personalidade do ator, conseguindo quase incorporar o espírito do cantor para entregar tudo e muito mais na telona. Tom Hanks dispensa qualquer apresentação, e fez de seu Tom Parker um verdadeiro agente mal caráter, daqueles que prende o artista ao máximo, não dando brechas para fugir de contratos, e mais do que isso tendo um convencimento absurdo para influenciar o protagonista, trabalhando trejeitos fortes, sínteses bem expressivas, e principalmente dinâmicas que amarraram tanto o protagonista, quanto os espectadores com sua arte, e assim sendo não vemos nenhum personagem já conhecido do ator, mas sim algo novo e marcante. Olivia DeJonge trabalhou bem sua Priscilla sendo bem expressiva e representativa, que não foi tão usada no conceito dos diálogos e dinâmicas com o protagonista, pois aqui vemos mais o relacionamento dele com o empresário do que com a família realmente, mas sempre que aparecia em cena tinha uma luz bem chamativa para ela, e isso mostrou presença cênica ao menos. Kelvin Harrison Jr. trabalhou muito bem seu B.B.King, soando marcante para o personagem principal, e doando boas dinâmicas com o protagonista, tendo uma química até que bem interessante, mas volto a frisar que o filme focou muito mais em Butler e Hanks, então todos os demais ficaram quase que apagados. E dessa forma, todos os demais apareceram bem, mas não foram além, tendo claro leves destaques para Helen Thomsom como Gladys, a mãe de Elvis bem chamativa e direta com o filho, Richard Roxburgh como Vernon, pai do protagonista, sempre aparecendo por trás como gerente da carreira dele, mas que não fez muito pelo filho, e até mesmo David Wenham chamou um pouco de atenção como o primeiro grande artista de Parker, Hank Snow, mas nada que fosse chamativo demais.

Visualmente o longa está incrível, com muitas apresentações musicais, toda a imponência do Hotel International que tiveram os maiores shows do cantor, e praticamente sendo sua casa durante várias semanas de vários anos, todo o trabalho das atuações, a ida para a Alemanha servir o exército, a grandiosa mansão em Graceland aonde viveu com a família e amigos, os showmícios, e claro toda a representação de uma Memphis bem dividida, assim como o país em negros e brancos, e a tentativa de músicas para ambos os públicos, ou seja, uma simbologia imensa, mas muito representativa de detalhes, de figurinos, de maquiagens em ambos os protagonistas para ficarem bem semelhantes aos verdadeiros, e muita dinâmica de cores fortes e chamativas por parte da equipe de arte e fotografia, fazendo com que o filme ficasse riquíssimo e muito chamativo.

Como estamos falando de um filme de um dos maiores cantores de rock que já existiu, é claro que a trilha sonora escolhida para os devidos momentos foi muito bem pensada, tanto para as canções que o jovem ator iria entregar e cantar realmente, quanto para as que iria dublar, além claro de muitas remixagens em outras vozes de artistas famosos, e também de apenas trechos tocados de forma emotiva, ou seja, um trabalho ímpar que envolve demais e funciona muito, que felizmente divulgaram o álbum completo para ser ouvido aqui, então faça bom proveito.

Enfim, até poderia achar defeitos no que vi, reclamar de alguns atos e talvez de faltar algo mais desenvolvido para conhecermos mais do personagem, mas o foco aqui foi o comércio/interação de negócio dos protagonistas, e isso foi maravilhosamente representado de tal maneira que rimos, nos emocionamos, nos envolvemos, e claro que se eu que nunca fui um fã gigantesco de Elvis saí muito feliz da sessão, quem for fã então vai sair maravilhado, e assim sendo recomendo demais o longa para todos, e como ando um Coelho muito bonzinho, vou dar mais uma nota máxima nesse ano, então pegue a pipoca e vá para o cinema, pois acredito que em casa por ser um filme longo, muitos não irão aproveitar a trama como se deve. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Globoplay - A Liga de Monstros (Rumble)

7/13/2022 01:01:00 AM |

Já falei isso essa semana mesmo, afinal começou as férias e vai lotar de animações nos cinemas e nos streamings, então volto a frisar que o gênero aceita muitas coisas e estilos, então porque não colocar uma trama de lutas no estilo wrestling com monstros gigantes, seguindo a linhagem de "Godzila vs Kong", pois já que ali pode rolar uma luta, então vamos legalizar, com treinadores, torcida, estádio e porque não música? Se eu pensei tudo isso, imagino a efervescência que foi na mente do diretor de "A Liga de Monstros", que pode ser conferido na Globoplay/Telecine, e que diverte bastante no enredo e na interação, tendo boas texturas, monstros feiosos porém simpáticos, boas dinâmicas, e claro uma trama bobinha que vai trazer uma moral simples para dentro de um mundo bem violento que é o de luta. Ou seja, alguns pais podem ficar meio receosos em dar o play para a criançada parecendo estar incentivando lutas, mas a sacada entregue foi mais se divertir fazendo um esporte, em defender o legado da família, e também mostrar que a base de uma boa luta são os movimentos dos pés, então ligar a luta com a dança tem tudo a ver, e funciona demais toda a interação entregue. Só pontuaria negativamente o exagero no final, mas já que tudo é uma loucura, a sorte de principiante segue valendo, e vai agradar bem quem conferir.

A sinopse nos conta que em um mundo onde monstros gigantes e humanos colidem, os monstros são atletas superstars e competem em um popular esporte global de luta livre profissional chamado Monster Wrestling. Uma jovem chamada Winnie procura seguir os passos de seu pai como treinadora, treinando um adorável monstro inexperiente chamado Steve.

Em seu primeiro longa como diretor, Hamish Grieve, levou todo o conhecimento de anos em outros departamentos de arte e de animação de grandes filmes para sua trama, pois é notável o quão preocupado esteve com texturas, com formatos dos personagens, e até mesmo com dimensões (algo que muitos não costumam levar tão a sério, e aqui necessitava já que misturaram monstros de mais de 20 toneladas com humanos de 80 kilos), mas não bastando apenas esse cuidado, junto com uma equipe da WWE desenvolveram técnicas de golpes para os monstros pensando nos tamanhos e nos membros diferentes de cada um para que tudo ficasse funcional, e isso deu um toque a mais para a personificação dos monstrões. Mas tudo isso seria apenas jogado na tela se não tivesse uma boa história de superação, aquela velha injeção de elos morais e tudo mais que sabemos que uma boa animação tem de ter, e o filme embora bobinho tem toda uma boa pegada nesse sentido de preservar o legado da família, do sonho de uma cidade/país, e assim colocando esses vários elos acabamos nos envolvendo com os personagens, e claro torcendo para o protagonista.

E já que comecei a falar dos protagonistas, hoje fiz algo meio que diferente, assistindo um pouco legendado com as vozes originais de Will Arnett, Geraldine Viswanathan e Terry Crews, mas me rendi ao dublado muito divertido de Marcos Veras, Carla Diaz e David Junior fazendo Steve/Rayburn Jr, Winnie e Tentacular respectivamente, então fica a dica para a escolha das vozes, pois o elenco nacional bateu um bolão nas adaptações. O jovem monstrão Steve/Rayburn Jr. é o famoso garoto que o pai foi muito destacado na mídia, que venceu tudo e que passam a comparar esperando muito dele, e com isso vemos toda a responsabilidade na mente dele, de sua fuga da cidade, de desejar ser um bom perdedor, mas também vemos que com elogios, com superações e tudo mais começa a gostar de ganhar, e isso é bacana de mostrar para a criançada. A garotinha Winnie tem toda a persistência, a motivação da juventude, a garra de querer ir além, e também manter vivo o nome da família que tanto foi famosa, e isso funciona bem na proposta da trama. Já o antagonista é o famoso que explode, e esquece o passado, aonde conquistou tudo, mas também tem um grande sentido em mostrar que não tem como ser algo a mais num lugar que tantos nomes já ficaram marcados, mas como costumamos dizer, a soberba é algo muito fácil de ser derrubada, e o longa mostra isso. Quantos aos demais lutadores, cada um com suas características foram bem trabalhados e divertem bem conforme vão aparecendo no caminho do protagonista, ligando e dando boas nuances.

Visualmente como já disse temos muitas texturas, cidades bem diferentes, personagens com qualidades diferenciadas e claro destaques para os estádios, para as narrações das lutas por um comentarista humano e um monstro, todas as devidas proporções, toda uma sacada de estilos de dança, e uma preparação de treinamento bem detalhista com as qualidades do outro lutador, ou seja, a equipe de arte não economizou nos detalhes e foi bem acertado em tudo. Para o pessoal que curte 3D, na época do lançamento nos cinemas viria com a tecnologia, mas na Globoplay/Telecine que é onde foi lançado agora não tem como, mas aparentemente tem bons elementos sendo usados com a técnica, então fica a dica.

No contexto musical acabaram escolhendo boas canções e claros ritmos bem marcantes para que o monstrão mostrasse seus dotes de dançarino, e isso foi extremamente divertido e gostoso de ver, então fica a dica para as conexões, e claro ouvir todas elas.

Enfim, é uma animação que vai agradar bastante a todos, que certamente gostaria de ter visto ele nos cinemas, afinal filmes de luta sempre ganham contornos melhores com o ambiente de caixas de som dos cinemas, mas sabemos bem que esses dois últimos anos as coisas foram meio complicadas, então agora que surgiu na Globoplay/Telecine fica a dica para a diversão da garotada. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Netflix - Bastardoz (Malnazidos) (Valley Of The Dead)

7/12/2022 01:06:00 AM |

Após conferir o novo longa espanhol da Netflix, "BastardoZ", me veio uma coisa na mente se realmente os nazistas não tentaram fabricar zumbis e alguém viu tudo acontecer, porém não colocou nos livros de História, pois são tantos filmes usando essa ideologia que dá para acreditar em algo do estilo. Claro que é muita loucura para imaginar, e esse novo filme também não é nada surpreendente de nível máximo para criarmos simbologias e possibilidades, mas o resultado é bacana pela essência principal que quando um inimigo comum vem para cima, você se alia até com seu pior inimigo, como aqui é o caso dos dois lados da Guerra Civil Espanhola, mouros e freiras, ou seja, está vindo te comer, acerta a cabeça e seja feliz independente do que você acredite. Ou seja, é o tradicional filme de zumbis, que são usados como arma, afinal não olham uniformes e apenas saem comendo, e que tem situações divertidas e interessantes, mas que raramente vemos algo a mais sendo dito ou entregue, e assim vamos acabar esquecendo logo mais de sua existência, sendo apenas mais um do estilo que serve como um bom passatempo.

A sinopse nos conta que durante a Guerra Civil Espanhola, Jan Lozano, capitão da Quinta Brigada, caiu prisioneiro de um pelotão adversário junto com um jovem motorista, enquanto cumpria uma missão que lhe foi confiada. A possibilidade de morrer executado logo será superada quando um novo inimigo desconhecido surgir. Ambos os lados rivais devem se unir e deixar de lado seu ódio mútuo para sobreviver.

Diria que faltou um pouco mais de atitude para os diretores Alberto De Toro e Javier Ruiz Caldera para colocarem o texto do livro "Noche de Difuntos del 38" de Manoel Martin em um patamar maior, pois visualmente o filme é recheadíssimo de elementos cênicos, de ambientes propícios para uma história imensa, mas eles fizeram o básico "bem feito" de filmes de zumbis, ao ponto que tudo é entregue com dinâmicas corridas e tiros, mas sem grandes atos cômicos, sem atos que empolgassem com muita desenvoltura, e principalmente sem atos extremamente chamativos como é o caso da maioria dos longas do estilo, parecendo que apenas gastaram o orçamento para as cenas finais, lotando de figurantes correndo maquiados e o resultado acabou soando simples demais, o que não é ruim, mas também acaba não sendo bom. Ou seja, volto a frisar que talvez amanhã nem lembre mais de ter visto o filme pela história em si, mas certamente vou lembrar da essência de inimigos unidos por um inimigo maior juntos, e claro pelos ambientes, o que mostra que a equipe de arte sobressaiu a de história.

Sobre as atuações, posso dizer que o protagonista Miki Esparbé soube trazer para si a responsabilidade completa da maioria das cenas com seu Jan, ao ponto que entramos na trama com ele exageradamente cômico, vemos ele interagir praticamente com todos os demais e ir se tornando um líder mais preparado e bem dosado, de forma que até mereceria um algo a mais no final, mas que não quiseram colocar para que o fechamento fosse mais realista. Luis Callejo foi o líder do outro lado, com cenas mais trabalhadas e envolvimentos mais diretos com seu Sargento, e conseguiu criar as devidas nuances junto do protagonista, ser explosivo e impositivo nos atos necessários e sem ir muito além acabou agradando com o que fez. Aura Garrido entregou uma personagem mais fechada com sua Matacuras, não sendo nem sensual nem dura, com uma personalidade marcante, mas ficando muito em segundo plano na trama, ao ponto que só deslanchou mesmo nas últimas cenas junto do protagonista, e isso acabou pesando um pouco para que ela não despontasse, o que é uma pena, pois é uma boa atriz. Quanto aos demais, diria que cada um foi bem colocado em cena, mas sem grandes nuances chamativas, desde a freira explosiva vivida por María Botto, o jovem soldado medroso vivido por Manuel Llunell, o ex-piloto agora sniper bem colocado por Álvaro Cervantes, e claro o mouro bem marcante que Mouad Ghazouan se colocou em cena, entre outros.

Como já disse, o melhor do filme ficou a cargo da equipe de arte, que entregou cenas gigantescas, com muitos elementos cênicos, vilas, florestas com zumbis vindo de todos os lados, cada um em um estilo bem propício para o ambiente, armas e explosões bem colocadas, e claro uma instalação de trens no final muito bem trabalhada que deu um envolvimento a mais para detalhar tudo. Claro que temos alguns problemas técnicos nesse sentido, pois o sangue explodindo dos tiros nos zumbis pareceu fumaça, mas foi talvez uma opção alegórica para o que o diretor desejava da trama, porém tirando esse detalhe temos boas maquiagens, figurinos e todo uma cenografia bem detalhada de elementos e ambientes, que chama muita atenção.

Enfim, é um filme até que bem feito, que de cara vemos que possui uma história maior que merecia uma melhor adaptação, mas que funciona dentro do que foi proposto, e assim o resultado acaba funcionando como um bom passatempo, mas que como já disse no começo é bem capaz que amanhã nem lembre mais de ter visto ele, pois não tem nada muito marcante, e isso é uma pena, pois o texto aparenta ter muito mais para ser entregue. E assim sendo recomendo ele com todas essas ressalvas, e fico por aqui hoje, então abraços e até logo mais.


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Netflix - A Fera do Mar (The Sea Beast)

7/11/2022 12:31:00 AM |

Costumo dizer que as animações podem variar tanto de estilos que já deveriam ter mais classificações como ocorrem com os longas de ficção, pois é erradíssimo julgar em um festival uma animação cômica bonitinha que diverte a criançada com bobeiras e outra que trabalha um mote mais dramático e emocional como é o caso do longa da Netflix, "A Fera do Mar", pois acabam até colocando alguns traquejos bobinhos e cores para tentar cativar a garotada, mas a base mesmo é a formação de uma família, de como surgiu uma guerra que ninguém sabe o motivo real, e tudo isso bem dramatizado por uma garotinha, ou seja, são as pequenas cabeças pensantes mais jovens agindo para passar mensagens para os mais velhos que muitas vezes nem entendem o que estão fazendo, apenas indo matar um monstro porque isso já é conivente do passado, de outros que já faziam, e ninguém pensou na possibilidade de criar uma amizade, ou então não ir mais aonde é a casa desses bichos, e por aí vai. Ou seja, acabamos vendo um filme forte e imponente, que certamente poderia ser ainda mais dramatizado, mas que não pode, senão acaba não atingindo algo que também é cultural, de uma animação ter de ser feita pensando nas crianças que vão assistir. Claro que isso é uma reflexão desse Coelho maluco que vos digita, mas o filme é tão bem moldado que agradará a todos, só não explodirá como recomendação para todos por ser mais seco de emoções, mas vale bem o envolvimento todo, e acredito que todos gostarão do resultado final.

A sinopse nos conta que quando feras aterrorizantes ainda vagavam pelos mares, os caçadores de monstros eram considerados heróis — e o maior de todos eles era o valente Jacob Holland. Agora, o famoso aventureiro encontrará em Maisie, uma garota que embarcou como clandestina em seu navio, uma aliada inesperada numa jornada épica por águas desconhecidas.

O diretor e roteirista Chris Williams dispensa apresentações, pois foi o responsável por dois ótimos longas com muitas lições de moral que empolgaram os cinemas mundo afora, no caso "Moana - Um Mar de Aventuras" e "Operação Big Hero", então aqui podemos dizer que ele amadureceu suas ideias e trabalhou com uma desenvoltura mais própria, pois se nos dois que citei precisou dividir os méritos com muitos outros grandes nomes, aqui ele assinou sozinho, mostrando um ar com uma formatação menos leve que seus antecessores, deixando o público sentir mais os personagens, afinal são caçadores de monstros/feras marinhas, violentos, que estão dispostos a tudo e sobreviveram no mar após duras batalhas, e serem amaciados por uma garotinha é algo que não é fácil de acontecer. Ou seja, o diretor soube criar uma boa aventura, com uma pegada um pouco mais forte, mas com boa interação entre os personagens, e agradando claro com cores e boas sacadas, ao ponto que o filme ficou fácil de encarar e interessante para toda a família, e que como falei até poderia ter ido para algo mais forte, mas sairia do gênero animação como é tradicionalmente entregue.
 
Sobre os personagens, num primeiro momento quando a jovem estava contando a história para as demais crianças no orfanato eu achei até que o protagonista era o tal Capitão Corvo, mas em questão de minutos depois ficamos mais próximos é claro do galã Jacob e o Capitão acaba virando meio que o vilão/antagonista da história toda com suas atitudes, e assim muitos vão enxergar detalhes em cada um, vão se conectar de formas bem diferentes, e claro que a garotinha é a mais sagaz de todas, trabalhando entonações e muitas desenvolturas do começo ao fim. Assisti ao longa legendado e gostei bastante das vozes de Karl Urban como Jacob, Zaris-Angel Hator como Masie e Jared Harris como Corvo, mas conferi também um pouco dublado e gostei do que vi com Nina Medeiros, Thiago Longo e Marcelo Pissardi, então é gosto pessoal e diferenças de trejeitos, pois todos foram muito bem no que fizeram. E claro que o destaque de personagens são as feras Vermelha e Azul, mas isso é indiscutível pelo carisma e entrega deles sem nem precisarem falar nada.

Visualmente o longa tem um colorido bem bacana, as feras são imponentes, mas também conseguem se encaixar bem nos devidos atos, tendo até briga entre elas, a sacada de mostrar eles dentro do bicho vai vir com muitas dúvidas deles dentro do nariz e não entrando água (e isso se deve à forma dos animais marinhos respirarem!), as batalhas nos navios foram bem fortes, com pedaços quebrando, tombando para os lados, muitos tiros e destruições, sendo um estilo até bem realista de ver, e claro que todos os protagonistas tem boas marcas e cicatrizes para representar que lutas há sangue, ou seja, o filme até pesa um pouco a mão no estilo, mas ao mesmo tempo entrega carisma e fofura, com muita beleza na cidade com o castelo bem grandioso, e o resultado acaba sendo bem funcional para todos.

Enfim, não é uma trama perfeita daquelas memoráveis que vamos lembrar por algum detalhe a mais, sendo uma animação com uma pegada um pouco diferenciada, que talvez os menorzinhos não curtam tanto, mas que as crianças maiores e os adultos que curtem o estilo certamente entrarão bem no clima e vão gostar do resultado final, valendo a indicação de conferida. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Amazon Prime Video - Tudo Pela Arte (The Burnt Orange Heresy)

7/08/2022 12:57:00 AM |

O bom de um filme de suspense é que quando você já viu vários, você começa a opinar e tentar acertar o que irá acontecer usando claro as referências passadas, e a grande sacada aqui em "Tudo Pela Arte" é que o protagonista é daqueles críticos de arte que inventam tantas histórias para se dar bem que ele mesmo passa a acreditar na ideia que tem em sua mente, nos seus sonhos, e como o próprio nome diz, vai acabar fazendo de tudo para conseguir o que deseja. Ou seja, é um filme que se analisado friamente é bem simples, sem grandes expressividades ou situações, mas que é bem atuado, tem uma montagem dinâmica bem inteligente, e o resultado final é ainda mais impactante se pensarmos por completo na obra, sendo um filme que muitos podem até achar sem nada de impacto para chamar atenção, mas se parar para pensar em tudo, o resultado acaba indo além e faz valer demais toda a síntese entregue.

O longa nos conta que o charmoso e ambicioso crítico de arte James Figueras um dia já teve tudo o que poderia querer. Hoje, ele passa seus dias dando aulas de arte para turistas em Milão. Sua única chance de uma vida mais interessante é a enigmática americana Berenice Hollis. Uma oportunidade aparece quando ele é contratado pelo colecionador de arte Joseph Cassidy que o chama a sua vila no Lago Como e lhe pede que roube o quadro do lendário artista Jerome Debney. Logo a ganância e insegurança de James o farão cair em uma rede de intrigas e sair de controle.

Sendo baseado no livro de Charles Willeford, posso dizer que o diretor Giuseppe Capotondi seguiu bem a risca todas as dinâmicas e desenvolvimentos, pois é uma trama que quase dá para folhear e colocar em capítulos, com momentos efetivamente acontecendo e amarrando tudo para um devido desfecho, só que ele foi feliz em não fazer de forma capitular sua trama, pois cansaria e ficaria estranho de ver como algo mais funcional. Ou seja, é um filme que funciona bem dentro do estilo e conseguimos fluir nele, analisando cada momento, conversando de certo modo com a mente dos protagonistas, e conforme vamos nos interessando por toda a dinâmica, o resultado acaba aparecendo bem, e assim agrada, surpreende pelas atitudes, e fecha de maneira bem honesta e chamativa, mas que talvez a jovem sendo o que pensamos iria dar uma quebra extra para tudo. 

Sobre as atuações temos Claes Bang com uma personalidade incrível para seu James, mostrando todo um ar cínico e influente para convencer desde uma plateia até uma garota com técnicas precisas de enrolação do melhor nível possível, e com olhares bem expressivos, com nuances marcantes, e principalmente com estilo consegue acertar em todas as cenas, o que é raro em filmes de suspense, e talvez tenha exagerado um pouco nas cenas finais, mas foi muito bem no que fez. Elizabeth Debicki conseguiu trabalhar sua Berenice com um ar bem sereno e interessante de acompanhar, ao ponto que logo de cara imaginamos que a jovem está ali para seguir o protagonista, e até ele mesmo encara essa ideia de frente nos atos finais, e sendo imponente e simples na mesma intensidade acaba funcionando até mais do que parece, agradando bastante no longa todo. Donald Sutherland chegou de mansinho com seu Debney, entregou um artista com um carisma leve e interessante, e surpreendeu demais com suas criações, tanto para o público, mas muito mais com toda a ideia para cima do protagonista, e assim sendo chamou muita atenção como sempre faz, e até valeria mais tempo de tela, mas aí mudaria o foco. Esse é o primeiro filme que vejo Mick Jagger atuando, sim aquele polêmico cantor azarado, e seu Cassidy é até interessante, faz claro muitas caras e bocas, mas caiu até que bem no personagem, ou seja, funcionou dentro da proposta mesmo não sendo muito imponente.

Visualmente a trama é completamente inserida no mundo da arte, com um início bem explicativo sobre a influência de um crítico de arte, sobre como ele pode mudar a história de um quadro que ninguém daria nada para ele e depois se mataria para pagar o preço máximo, depois temos várias cenas bem quentes no apartamento do protagonista bem bagunçado, aí vamos para a mansão do colecionador com muitas obras de arte espalhadas por todos os cantos, que são abertas somente quando ele está na casa, tendo assim que sai todos os funcionários tampando com panos e guardando tudo bem envelopado, conhecemos a casinha e ateliê simples do artista também bem bagunçado, vemos as nuances de um passeio de barco com uma paisagem estranha, mas com um bom sentido, e claro temos todo o processo acontecendo após o jantar, para finalizar com uma exposição. Além disso tivemos toda a explicação das moscas que chega até ser aflitivo, resultando num trabalho completo bem feito da equipe de arte.

Enfim, é um filme rápido e bem interessante, que flui com muitos envolvimentos, e que até poderia ter um pouco mais dos atos finais no miolo para causar ainda mais suspense nos atos, mas aí talvez o filme soaria menos realista, mas como toda obra de arte tem seus vários lados, o filme também tem muito disso, então fica a dica para quem gosta de longas que podem ser vistos e já de cara ver tudo o que rola, mas também dá para filosofar muito sobre as nuances apresentadas, então fica o convite. E é isso meus amigos, pode não ser um longa que muitos achem interessante, mas vale o play, e eu fico por aqui hoje, então abraços e até logo mais.


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Thor - Amor e Trovão (Thor: Love And Thunder)

7/07/2022 01:59:00 AM |

Tenho o costume de não ler as críticas dos colegas antes de ver um filme, mas se você fica conectado à qualquer rede social não tem como fugir de chamadas pelo menos de títulos fortes, e a grande maioria estava queimando o longa "Thor - Amor e Trovão" como um dos piores filmes da Marvel, e dessa forma fui hoje conferir ele totalmente sem expectativas, justamente esperando pelo pior filme de heróis da companhia e olha que bater "Homem-Formiga e Vespa" é algo que precisa de ser muito ruim, e eis que veio a frase que tanto falo aqui, que a melhor forma de conferir um blockbuster é ir esperando muito pouco ou nada, e dito e feito, ri demais com várias boas sacadas, me diverti com toda a trama, e basicamente é a mesma fórmula de todos os demais filmes do deus asgardiano, exagerado, cheio de piadas jogadas até em atos que não precisariam ter piadas, mas que é colorido ao máximo (e em preto e branco também em algumas cenas bem bacanas no final) e cheio de personagens que parecem ser esquetes jogadas, mas que funcionam. Então se você gosta do personagem e desse estilo de filme, esqueça o que estão falando de mal e vá se divertir, pois é básico e muito bem feito, com boas lutas e piadas perfeitas, mas do contrário fuja, senão vai reclamar até das músicas do Guns & Roses, e aí é crime máximo inafiançável.

A sinopse nos conta que após os acontecimentos de Ultimato, Thor ansiando por um propósito, retorna a Nova Asgard e sua aposentadoria é interrompida por um assassino galáctico conhecido como Gorr, o Carniceiro de Deus, que busca a extinção dos deuses. Para combater a ameaça, Thor pede a ajuda da Rainha Valquíria, Korg e Jane Foster, sua ex-namorada, que - para surpresa de Thor - inexplicavelmente consegue empunhar seu martelo mágico, Mjolnir, o que imbuiu Jane com o poder de Thor. Juntos, eles embarcam em uma aventura cósmica para descobrir o mistério da vingança do Carniceiro e detê-lo antes que seja tarde demais.

O diretor Taika Waititi entregou em seu segundo filme do deus asgardiano (o quarto solo do personagem) algo que já tinha explorado muito em "Thor: Ragnarok", que é deixar a fluidez completamente livre para que tudo aconteça sem grandes imposições, e com isso seu filme é engraçado, é leve, e ainda assim tem a pegada tradicional da saga do herói e do vilão, pois vemos claramente as motivações de Corr, como alguém que pede algo para seu Deus, não é atendido, e ainda por cima é feito de chacota por ele, e isso é algo que muitos por aí que rezam e clamam para suas entidades, e acabam ficando bravos com os não atendimentos, mas é claro que no filme surge uma voz do mal e aí tudo desanda (Seria a espada uma espécie de Diabo? Aonde ele faz um pacto e desanda?). Porém não bastando apenas a saga do vilão, temos todo o desenvolvimento da Poderosa Thor, ou Jane Foster ganhando poderes ao empunhar o martelo de Thor, e ainda mais doente, ou seja, algo que vem desde os quadrinhos e que é muito bem contado na trama, aliás, tudo é muito bem contado e narrado pelo próprio diretor, encarnado é claro no seu brucutu rochoso Korg, e sendo assim o filme tem quase sua voz na maior parte, e por incrível que pareça funciona bem (e quem está falando é alguém que odeia narrações em filmes!). Ou seja, é o melhor filme de super-heróis que você vai ver? Não! Mas é uma trama gostosa, divertida, que agradará quem for fã desse estilão de filmes, mas não espere conexões com outras produções da companhia (aliás os Guardiões da Galáxia só aparecem no começo do filme para dar o seguimento de "Vingadores: Ultimato" e tchau em seguida, sem uso algum na trama), mas sim com a deixa de continuações para os filmes do deus do trovão, afinal é apresentado um possível novo vilão na primeira cena pós-crédito, e na última um desfecho interessante para um personagem encontrando outro que já teve um bom desfecho, e assim vamos esperar o que virá para frente.

Sobre as atuações, Chris Hemsworth continua icônico com seu Thor, já falou que não quer sair do personagem e se fizerem mais vários filmes estará presente, e claro que encaixa voz, gestuais e toda intensidade necessária tanto para divertir, quanto para fazer o filme fluir, com olhares, trejeitos e tudo mais da forma que já ficou marcado, e sendo um deus, não precisarão pensar em envelhecer ele, ou seja, tomem mais 20 filmes do personagem até ele não aguentar mais lutar. Christian Bale deveria entregar para os pobres mortais sua receita de emagrecimento, e sem ter o fígado destruído, pois é tanto engorda e emagrece para seus personagens que o efeito sanfona já explodiu nele, e aqui ele está irreconhecível com seu Gorr, tanto que quem não souber que é ele ali vai ver o filme todo e se perguntar quem é o tremendo ator que está por trás da maquiagem, e como sempre foi bem, teve uma motivação forte, e acabou agradando bastante. Natalie Portman voltou para sua Jane Foster de uma forma bem interessante, e com uma história bem desenvolvida se olharmos a fundo, e trabalhou olhares doentes, trabalhou força e fez cenas bem intensas e marcantes, ao ponto de comover e agradar, só exageraram um pouquinho nos seus braços, pois sabemos bem que eram enchimentos e ficou um pouco estranho de ver, mas a personagem tem química demais com o protagonista, e isso acaba agradando. Tessa Thompson até foi bem usada com sua Valquíria, mas pareceu sempre estar em segundo plano, o que não é legal para uma atriz do porte dela, porém não desapontou nos seus atos e caiu bem nas sacadas colocadas, o que acabou agradando. Quanto aos demais, tivemos tantas participações que chega a ser difícil destacar todas, mas vamos lá Russell Crowe como Zeus ficou icônico e merecia mais tempo de tela, Matt Damon e Luke Hemsworth foram marcantes e incríveis como atores de um teatro na Nova Asgard, e claro o diretor Taika Waititi foi o que mais "apareceu" e teve falas com seu Korg, então acabou chamando mais atenção que todos.

Visualmente a trama tem um colorido bem bacana, tem as cenas em preto e branco das lutas com aberturas de cores para os olhos e para efeitos (que acabou ficando bem interessante de ver), vemos uma Nova Asgard cheia de elementos interessantes para os moradores de Asgard e de outros mundos que passeiam por ali, destaque claro para o teatro contando o filme do Ragnarok, temos a cidade da Onipotência bem interessante com todo o visual dourado e vários deuses estranhos, e claro temos de falar dos ótimos monstros das sombras que acompanham o vilão, sendo bem intenso e ao mesmo tempo estranho de ver, mas que funcionaram bem nas lutas, além claro das cabras berrantes e chatas, mas isso é algo a parte. No quesito dos efeitos temos muitos raios para todos os lados que acabam chamando a atenção nas lutas. Não conferi o longa em 3D pelo horário melhor ser 2D legendado, mas sinceramente não vi muitos elementos ou profundidades que possam ter usado da tecnologia, talvez nos voos das cabras e no céu do lado do navio, mas de resto deve ser enfeite.

Agora geralmente os produtores gastam muito dinheiro com as trilhas sonoras, pagando direitos pelas canções, mas aqui certamente Axl Rose pagou para os produtores, pois são três canções da banda Guns & Roses, além do nome do filho de Heindall usar o mesmo nome do vocalista da banda, ou seja, referências mil para eles, mas como gostamos demais das três canções ("Sweet Child O'Mine", "Welcome to The Jungle" e "November Rain") ficaram bem encaixadas nos devidos momentos, e nem vamos reclamar.

Enfim, é um filme que não é perfeito, sendo o famoso blockbuster que quem gosta vai assistir, se divertir e facilmente depois quando passar inúmeras vezes na TV irá rever, então fica a dica, mas se não faz seu estilo, não será esse que irá mudar seu pensamento, então não vá e economize tanto em dinheiro, quanto em críticas negativas para o longa. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, agora do streaming já que esse é a única estreia da semana nos cinemas, então abraços e até logo mais.


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Peter Von Kant

7/05/2022 01:19:00 AM |

Sempre que vou assistir um filme de François Ozon já vou preparado para qualquer coisa, pois o diretor é daqueles que nos entrega obras completamente malucas e ao mesmo tempo incríveis de ver, mas hoje ao ver "Peter Von Kant" senti que o filme faltava mais da assinatura de Ozon, e só depois quando cheguei em casa que vi que se tratava de uma homenagem ao diretor Rainer Werner Fassbinder, através de uma livre adaptação de "As Lágrimas Amargas de Petra Von Kant", e claro referências à diversos outros filmes e personagens do diretor alemão, ou seja, acabamos vendo uma obra clássica reinventada que não chega a impressionar, parecendo ser até mais uma peça teatral fraca, cansativa e com uma síntese bem básica, que quem for fã de ambos os diretores até pode ficar feliz, pegar as referências e querer rever os longas dos anos 60/70, mas os demais vão apenas assistir e cansar, então não posso dizer que meu último filme do Varilux desse ano foi algo gostoso de ver, pois até ri de algumas situações, mas mais cansei do que me envolvi com tudo.

A sinopse nos conta que Peter von Kant é um diretor de cinema de sucesso e mora com seu assistente Karl, a quem gosta de maltratar e humilhar. Sidonie, uma grande atriz que foi sua musa por muitos anos, o apresenta a Amir, um belo e modesto jovem. Peter se apaixona por Amir e se oferece para dividir seu apartamento com ele e ajudá-lo a entrar na indústria cinematográfica. O plano funciona, mas assim que ganha fama, Amir termina com Peter, deixando-o sozinho para enfrentar seus demônios.

Só por ser um filme do diretor e roteirista François Ozon já sabemos que vamos ver algo que muitos vão odiar, outros não vão entender nada, e poucos vão amar, mas isso faz parte de um preparo maior que já até acostumei, pois quando vi pela primeira vez um longa dele em um dos Varilux fiquei sem entender nada e saí até bravo, mas depois fui me acostumando com os demais e pegando o jeito de interpretar melhor suas ideias, porém aqui volto no que falei no começo, é uma homenagem e uma reinvenção de um filme clássico (o qual o original nunca vi, então não vou fazer comparações), mas que não se pode mudar muita coisa, e dessa forma não vemos um filme tradicional de Ozon, pois tem comicidade demais, tem ironias e humor negro demais, tem abusos sem noção alguma, e assim sendo o filme chega a incomodar em alguns atos ao mesmo tempo que diverte, e da mesma forma que faz rir, também cansa bastante. Ou seja, saímos da sessão sem ter gostado muito do resultado, e tirando alguns que vi que eram realmente fãs do diretor alemão e sabiam até que cena era de qual filme, os demais da sala não curtiram muito o resultado, sendo então algo que não foi apenas eu que não gostei do que vi, mesmo não sendo uma bomba completa por ter algumas cenas engraçadas de certa forma.

Sobre as atuações, diria que Denis Ménochet foi bem imponente com a entrega que deu para seu Peter von Kant, sendo o clássico diretor que revela atores após levá-los para cama ou vice-versa, se apaixonando tão rápido quanto odiando a pessoa, e fez olhares bem marcantes, fez expressões forçadas que encaixaram plenamente para o papel, e acabou sendo interessante de certa forma, embora não seja daqueles personagens que nos conectamos facilmente, mas ao menos teve atos bem divertidos e que funcionaram dentro do contexto da trama. Isabelle Adjani fez a tradicional "amiga" com sua Sidonie, daquelas que vem fofocar a troco de conseguir algo também, que está sempre atrás de uma vaguinha em algum filme do diretor, que dá mas recebe na mesma forma, e trabalhou com muita classe e estilo, chamando a responsabilidade cênica para si em alguns atos, mas também não indo muito além, agradando da forma que era possível. Khalil Ben Gharbia fez um Amir meio que duplo, chamando a atenção para seu estilo de olhares, fazendo nuances bem diretas para o que desejava do protagonista, e fazendo muito charme também, o que acaba sendo um personagem que num filme mais elaborado chamaria muita atenção, mas aqui mais irritou do que fez algo chamativo. Quanto aos demais, é claro que tenho de dar todo o destaque máximo para Stefan Crepon com seu Karl, que não falou uma palavra sequer, mas entregou olhares tão expressivos que falaram quase um roteiro de diversas páginas, sendo extremamente maltratado pelo protagonista, mas dando show em todas as execuções, e claro na finalização, já a filha e a mãe do protagonista só serviram para dar um fechamento e uma tentativa de mudança de ares, mas não foram muito além.

Visualmente o longa é uma peça, com o apartamento dividido em uma sala e um quarto, com alguns degraus separando os ambientes, e o mordomo sumindo algumas vezes para uma cozinha que não é mostrada, então qualquer bom diretor conseguiria adaptar perfeitamente a obra para os palcos, mas claro que rechearam de elementos cênicos como muitas garrafas de bebida, copos, carreiras de droga, cigarros, peles para cobrir os corpos nus, uma máquina de escrever, e um projetor numa sala a parte, que poderia ser facilmente usado na sala mesmo, junto com uma câmera para filmar seus atores, diversos prêmios e livros nas prateleiras, muitas fotos do seus musos e musas, e claro tudo sendo usado depois para quebradeira, ou seja, a equipe de arte encheu com tudo o que fosse possível para ser bem representativo e funcionou.

Enfim, é um filme que não tenho como recomendar, pois mesmo rindo em alguns atos, acabei cansando bastante durante a exibição e com apenas 85 minutos de projeção olhei no relógio três vezes, ou seja, demorou uma eternidade para que o filme acabasse, e assim sendo se você não for extremamente fã do diretor alemão homenageado, e gostar do estilo do diretor francês fuja, do contrário provavelmente você nem lerá o meu texto e estará revendo todos os filmes do diretor alemão. E é isso meus amigos, encerro aqui os filmes do Festival Varilux de Cinema Francês 2022, mas quem curte séries a partir do próximo dia 14 estará no site do Festival e na plataforma do Looke, 4 das séries exibidas no RJ e em SP por completo, e gratuitamente, ou seja, fica a dica para todos. Fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Um Pequeno Grande Plano (La Croisade) (The Crusade)

7/03/2022 11:59:00 PM |

Diria que a ideia de Louis Garrel até foi bem grandiosa de mostrar o ensejo da criançada em tentar salvar o planeta, vendendo todas as coisas paradas das famílias para arrecadar muito dinheiro e criar novos mares e florestas nos desertos, até aí tudo bem, perfeita síntese de "Um Pequeno Grande Plano", porém ele realmente se ateve ao nome e fez um filme pequeno demais, com apenas 66 minutos, o que é considerado por muitos do meio cinematográfico como um média metragem, ou seja, é uma tremenda história, com ideias e ideais incríveis para serem discutidos, com um garotinho perfeito de trejeitos e de sacadas, e o diretor me vai e acelera o filme para um final completamente aberto, com uma sacada simples e só, o que acaba ficando extremamente triste, pois não digo de forma alguma que o resultado final é de um filme ruim, muito pelo contrário, a história é incrível, com boas sacadas e muito mais, que valem horas de discussão sobre essa nova garotada que anda fazendo coisas bem imponentes para tentar salvar o mundo para eles, mas 66 minutos não dá nem pra dizer um oi direito, e ainda colocou todo o processo de "adultização" nas crianças, comendo tempo da história toda. Ou seja, mais 30 minutos pelo menos teríamos um filme perfeito, da forma apresentada apenas ficou bom.

A sinopse nos conta que Abel e Marianne descobrem que seu filho de 13 anos, Joseph, está vendendo seus bens mais valiosos para financiar um projeto ecológico na África. Eles rapidamente entendem que Joseph não é o único, existem centenas de crianças ao redor do mundo em uma missão para salvar o planeta.

Gosto do estilo do diretor e roteirista Louis Garrel, mas ainda prefiro ele atuando do que dirigindo, sendo esse seu terceiro longa, e todos com alguma falta crítica para não termos nuances suficientes, mas temos uma grandiosa evolução, afinal aqui volto a frisar que a história é incrível e valeria pelo menos uma boa discussão sobre o tema, facilmente veríamos os garotos indo a convenções, o processo todo acontecendo, todo um conflito maior e por aí vai, mas acredito eu que ele não acreditou no potencial do seu longa, ou uma hipótese bem grande, veio a pandemia e não gravaram mais tantas coisas ficando o longa perdido de momentos e resolveram fazer todos os devidos cortes para que funcionasse pelo menos, o que pode até ser mais provável, mas só saberemos se vermos suas entrevistas, o que não tive a oportunidade ainda, se alguém souber de algo fica os comentários abertos para colocar. Mas tirando esse defeito leve, o resultado é uma trama leve, com um tema até que forte, que diverte com sutilezas e até agrada de certa forma, valendo a indicação para conferida.

Sobre as atuações, antes mesmo de falar dos pais tenho de falar que o garotinho favorito de Louis Garrel deu show novamente, pois já tinha elogiado a atuação dele em "Um Homem Fiel", e aqui novamente Joseph Engel brilhou do começo ao fim com seu Joseph (aliás, o diretor não gosta de inventar nomes para ele, já que lá também foi chamado de Joseph), e conseguiu chamar muita a atenção com sacadas precisas, dinâmicas imponentes e diretas em seus diálogos, e até mesmo seus ares adultos foram bem curtidos e chamativos, ao ponto de quase passar a mensagem que o garoto já está pronto para tudo, ou seja, deu show. Outra que chamou muita atenção foi a mãe do garoto, Marianne, vivida por Laetitia Casta, que num primeiro momento pareceu meio descrente de tudo, mas depois se entregou bem ao papel e mostrou que sabia bem do que rola no mundo, claro sendo bem convencida pelo filho, e se entregou na jornada proposta com boas sacadas. O diretor Louis Garrel, que gosta sempre de atuar em seus filmes, conseguiu dar boas dinâmicas para seu Abel, se mostrar inicialmente bravo, depois meio perdido com todas as informações e situações, sair andando pensando na vida, e entregar momentos bem marcados, que acabaram agradando e chamando atenção, mas que facilmente poderia ter ido além. Quanto aos demais, diria que todos fizeram bons atos, mas não marcantes ao ponto de chamar tanta atenção, valendo destacar somente Julia Boème com sua Lucile, pela paixonite dela pelo protagonista, mas soou meio exagerado tudo o que rolou ali, então não vou entrar tanto nesse conceito.

Visualmente o longa tem momentos bem interessantes, como a gigantesca maquete no meio de um bosque, que valeria muito mais tempo de tela, temos todo o conflito na casa dos protagonistas, com atos complexos da busca pelas peças vendidas pelo garoto, polêmicos por ter crianças fumando cigarro eletrônico e icônicos por mostrar os jovens bem descontraídos enquanto o pai está andando pela cidade vazia após alerta de isolamento, ou seja, várias construções cênicas simples, porém bem representativas, e para finalizar a mãe andando pelo deserto e vendo o mar surgindo que o guia indica ser uma miragem. Ou seja, não é um filme cheio de cenários, mas que funciona bem e chama a atenção.

Enfim, é um média-metragem interessante, com uma história bacana que valeria um longa-metragem maior, pois as ideias são bem chamativas, e quem sabe a garotada vendo tudo numa amplitude maior fariam o mesmo nas suas casas (só não saiam vendendo tudo dos pais sem avisar senão vai dar conflito, pais brasileiros não são tão calmos e compreensivos como os pais franceses!), e quem sabe também fica a dica para o pessoal pensar num mundo melhor para os seus filhos, cuidando da natureza agora e não esperando o futuro. Então essas foram as principais morais passadas rapidamente pelo filme, e é isso meus amigos, diria que recomendo com a ressalva de saber que não é algo explosivo e chamativo como poderia ser, mas que vale a conferida, e eu fico por aqui hoje, então abraços e até logo mais.


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