No Portal da Eternidade (At Eternity's Gate)

2/08/2019 01:15:00 AM |

Confesso que hoje minha vontade era escrever: "Chato." e nada mais, mas como costumo dizer, preciso justificar o que me incomodou demais nessa versão biográfica de Vincent Van Gogh, que poderia ser incrível para mostrar suas loucuras, de onde vieram suas inspirações para as pinturas, motivos fortes para cortar fora sua orelha, e tudo mais, mas o diretor tentou fazer de seu "No Portal da Eternidade" algo extremamente artístico, com uma trilha enfadonha e cansativa, com repetições de frases sem parar para dar ecos de loucura, que somente a ótima interpretação de Willem Dafoe consegue salvar algo na trama, e isso bem próximo ao fim quando já temos algo mais consistente no longa, pois exageraram tanto na forma conceitual, que me esforcei por demais para não dormir durante a exibição.

O longa nos situa em 1888, aonde após sofrer com o ostracismo e a rejeição de suas pinturas em galerias de arte, Vincent Van Gogh decide ouvir o conselho de seu mentor, Paul Gauguin, e se mudar para Arles, no sul da França. Lá, lutando contra os avanços da loucura, da depressão e as pressões sociais, o pintor holandês adentra uma das fases mais conturbadas e prolíficas de sua curta, porém meteórica trajetória.

O diretor Julian Schnabel tentou trazer para a trama um viés artístico demais para que o lado da pintura encontrasse a beleza da natureza, e junto com os traços frenéticos do pintor, o público recaísse o entendimento de sua loucura, brincando demais com vértices imaginários, vozes e deixando que o ator construísse algo mais sólido dentro da maluquice que foi essa época na vida do pintor. Porém costumo falar que deixar nas mãos de um tremendo ator é um risco, pois o ator pode se destacar (o que aconteceu muito aqui), e a obra desabar (o que também ocorreu), e acabamos não vendo em momento algum qualquer destaque por parte do diretor, que sabiamente até escolheu boas locações, moldou bem a vida do protagonista nos hospitais que frequentou, e rapidamente mostrou seu encerramento, o que acabou diferindo demais do outro longa da vida do pintor, "Com Amor, Van Gogh", que brilhantemente através de pinturas retratou de uma maneira bem mais simbólica e gostosa de acompanhar a vida dele. Ou seja, o filme aqui até teve uma proposta ousada e interessante, de trabalhar a loucura como ponto da arte, fazendo com que a cenografia e as pinturas valorizassem o roteiro fraco, mas milagres assim são raros.

Sem dúvida alguma, o melhor do filme fica a cargos das ótimas atuações, e bem por isso Willem Dafoe está sendo indicado à diversos prêmios, e até levando alguns, pela maravilhosa interpretação que deu para Vincent Van Gogh, pintando com precisão, entregando ótimos trejeitos, e sendo sutil nas cenas que mais precisava sem jogar o cansaço da trama para o personagem, ou seja, deu show. Outro que caiu muito bem no papel de Paul Gauguin foi Oscar Isaac, que só é uma pena ter poucas cenas dele no longa, pois certamente como já vimos em outros filmes, Gauguin foi bem polêmico, e certamente com esse estilo forte de Isaac, resultaria em algo impactante. Rupert Friend deu alguns bons tons como o irmão Theo do protagonista, mostrando sinceridade nas suas cenas mais próximas, e envolvendo nas mais dinâmicas, mas como também ficou bem de lado na trama, seu resultado nem chamou tanta atenção. Dentre os demais, a maioria aparece bem pouco, e quem teve um leve destaque foi Mads Mikkelsen como um padre numa ótima discussão com o protagonista sobre religião, e que certamente é uma das melhores cenas do filme no conceito dos diálogos, e sendo assim, ele ao menos se sobrepôs.

Outro ponto bem bonito do filme foi ver que a equipe artística foi bem coerente em arrumar pintores bem próximos do estilo de Van Gogh, para deixar as obras mais próximas dos fechamentos, e claro, treinarem Dafoe para dar os últimos acabamentos, além de diversos momentos com dublês de pintura, de modo que a parte artística é bem desenhada pelo estilo chamativo das obras do pintor, bem como tendo sua cor predileta, o amarelo, espalhado por todos os ângulos, dando tons para a fotografia, e junto de ótimas escolhas de ambientes e locações, fazendo com que a trama tivesse elementos chamativos para retratar bem a vida do pintor.

Enfim, muitos podem até ir por uma outra ideia e se apaixonar pelo longa, mas confesso que o ritmo ficou absurdamente lento, com uma trilha sonora de um piano amaldiçoado de chato batendo o tempo inteiro na mesma toada, me fez por pouco não pensar em levantar para sair da sala, ou ao menos ficar passeando na sala até o final da sessão, mas como hoje tinham muitos espectadores na sala, nem deu para fazer isso. Diria que o longa poderia ter sido moldado com mais nuances sobre a vida do pintor, e não focar tanto nas suas paranoias e medos, de modo que teríamos uma biografia mais diretiva do que introspectiva como acabou acontecendo, ou seja, em resumo, deixando o filme menos chato do que foi. Sendo assim, não tenho como recomendar o longa para ninguém, mas sei que por ter a indicação de Dafoe ao Oscar irá ter uma bilheteria até que considerável de curiosos, mas quem quiser pular, fica a dica. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais um texto, então abraços e até logo mais.

Leia Mais

Netflix - Velvet Buzzsaw

2/07/2019 12:13:00 AM |

Intrigante e fora dos padrões, essa deve ser a melhor definição para "Velvet Buzzsaw", principalmente por misturar crítica artística com terror, trabalhando bem os momentos, mas talvez falhando um pouco na entidade em si, que se fosse melhor desenvolvida seria daquelas para vibrarmos e tremermos com tudo o que ocorre, porém tirando esse detalhe, todo o suspense em cima, todas as mortes, e a forma de condução em cima dos trejeitos do meio artístico, faz a trama ficar bem interessante e boa de acompanhar. Porém, quem não for muito ligado ao meio artístico, talvez ache o longa um pouco maçante e cansativo, mas ainda assim vale a conferida pelo ótimo trabalho do elenco, e claro pelos efeitos bem feitos.

O longa nos mostra que quando o mercado da arte colide diretamente com o mercado do comércio, artistas e investidores milionários encontram-se em um duro embate financeiro que pode sacrificar muito mais do que suas carreiras, mostrando o que ocorre quando um temido crítico, uma fria galerista e uma ambiciosa assistente roubam as pinturas de um artista recém-falecido - com graves consequências.

É engraçado como alguns diretores possuem estilos tão moldados que quando vamos ver um filme seu, acabamos enxergando muitos momentos semelhantes ao outro, e aqui em diversas cenas nos remetemos ao seu "O Abutre" para comparar com essa nova obra de Dan Gilroy, e isso não é algo ruim de se falar, pois lá em sua estreia como diretor, ele já havia conseguido tirar grandes cenas do protagonista que agora volta a trabalhar, de tal maneira que tudo aqui soa como algo mais reflexivo, e em diversos momentos até trabalhando uma certa imposição para mostrar o conflito entre arte abstrata e comercial, brincando com olhares críticos e tudo mais, mas se tem algo que poderia ter entrado nesse nicho, e o diretor pecou um pouco foi no jeito de criar o terror, pois ao invés de ousar para o lado psicológico, ele já foi mais para um estilo mais forte, com mortes pesadas, e situações bem ousadas. Não digo que isso tenha sido uma escolha ruim, mas pelo estilo do longa, mereciam ter feito algo mais experimental que resultaria em algo melhor exibido.

Sobre as interpretações, temos de pontuar que o senso crítico de todos os atores foi colocado em um nível fora dos padrões para que interpretassem seus personagens nesse longa, de modo que todos estão com trejeitos abstratos, olhares céticos, e principalmente sentidos preparados para traquejos cheios de desenvoltura, fazendo com que alguns até entreguem uma personalidade completamente diferente de tudo que já vimos eles fazerem, e isso é muito bom de ver. Jake Gyllenhaal nos entrega um Morf cheio de tino, com muita classe (e também alfinetadas) conseguiu mostrar bem o estilo de diversos críticos (e não só os de arte), dando opiniões favoráveis compradas, em outros casos não entendendo mais o que está vendo, mas certamente seus melhores momentos ficaram para o final, quando passa a ficar bem maluco com tudo o que está acontecendo, e como o ator tem ótimos trejeitos, o resultado foi perfeito. Rene Russo é uma tremenda atriz, e sabemos bem disso, mas anda aparecendo tão pouco que chega a ser até surpreendente quando entrega algo mais centrado como sua Rhodora, de modo que ela vai com tudo para cada cena, envolvendo, atacando, e principalmente chamando a responsabilidade cênica para si, o que é um luxo de ver. Zawe Ashton foi bem expressiva com sua Josephina, servindo bem de entremeio para os diversos momentos, mas talvez alguns trejeitos menos forçados agradariam mais, pois em determinados atos parece que está desesperada até para mostrar o que está sentindo. Talvez a Gretchen de Toni Collete nem seja uma personagem que a atriz seja lembrada mais para frente, mas certamente quem conferir o longa saberá quem é ela, pois a atriz pegou uma personagem bem ruim, e conseguiu dar personalidade e moldá-la para empolgar nos melhores atos possíveis, principalmente no seu fechamento. Até poderia falar de outros grandes nomes como John Malkovich, Tom Sturridge, Billy Magnussen, pois todos tiveram rápidos, mas bons personagens na trama, mas me alongaria demais, valendo apenas dar o seguinte conselho, se você precisar de uma assistente, não contrate Natalia Dyer, pois quem assistir ao longa entenderá que ô mulherzinha pé na cova, a sua Coco!

No conceito cênico, a trama entregou obras de arte bem elaboradas (outras estranhas apenas) com um trabalho de pesquisa bem desenvolvido para trabalhar tanto a forma que críticos analisam as artes de museus, como que os comerciantes lidam com isso, e claro como os colecionadores também trabalham, fazendo com que o filme tivesse elementos luxuosos e bem ornamentados dentro de instalações bem ousadas, cheias de envolvimento e tudo mais, não tendo espaço para falhar nem nos apartamentos, casas, estúdios e tudo mais aonde os protagonistas passassem, sempre colocando as obras do artista morto nas paredes, ou outras obras conceituais bem moldadas, de tal maneira que onde quer que olhássemos víssemos arte espalhada, e além disso, arrumaram algumas casas e apartamentos bem luxuosos para dar valor ao longa, ao exemplo da casa nas montanhas de Rhodora, que é praticamente uma pintura vista do alto, ou seja, a equipe de arte teve certamente muito trabalho para fazer tudo, e principalmente precisou pesquisar muito para que o filme não ficasse falho. Os efeitos especiais nas cenas das mortes, e claro, nas dos movimentos dos quadros ficaram bem trabalhados, criando perspectivas fortes, dinâmicas e bem colocadas, de tal maneira que alguns até nos assustam, mas que certamente poderiam ter ido além.

Enfim, é um longa bem maluco, cheio de boas virtudes, que até consegue ser empolgante e interessante em diversos momentos, porém o estilo escolhido para a trama pedia uma coisa, e o filme foi num vértice completamente diferente, fazendo com que o terror seja forçado, mas a tensão fique tênue demais, o que acaba um matando o outro. Não digo que seja um longa ruim, muito pelo contrário, pois ele consegue prender o espectador na tela, mas talvez um pouco mais de tensão e/ou terror psicológico em cima da trama, traria toda a maluquice que ele já causa, com paranoias e tudo mais, fazendo com o filme ficasse algo de arrepiar o público também, e não apenas os personagens. Ou seja, mesmo com leves defeitos, é um longa que dá para passar um bom tempo, e agrada quem gosta do estilo, que até recomendo para quem estiver com tempo livre pela Netflix. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, agora das estreias dos cinemas, então abraços e até logo mais.

Leia Mais

Ultraje

2/05/2019 12:55:00 AM |

Sempre costumo dizer que o feitio de um documentário pode ser interessante para alguns, mas não encaixar em nada para outros, e ultimamente um estilo que tem me agradado bastante são os que contam um pouco da história de bandas, as quais conhecia algumas canções, mas sequer lembrava da bagunça que fizeram no passado, afinal era muito novo na época do estouro. E com "Ultraje", a pegada do diretor foi tão bem desenvolvida, entrevistando praticamente todos os vários integrantes que já tocaram junto com Roger, os empresários, donos de gravadoras, produtores, mostrando como a ousadia e irreverência da banda foi metódica para criar o momento do rock nos 80, estourando em vendas de discos, programas de TV, rádios, e principalmente lotando shows por onde passassem. Ou seja, conseguiram contar em 92 minutos toda uma história completa de anos, trabalhando bem os medos e motivos pelos quais cada um saiu sem brigas, nem discussões, apenas por achar que seu momento ali acabara, e assim, o resultado da trama foi um longa gostoso de curtir, com bons depoimentos, e claro com muito material de arquivo que impressiona não só pela existência, mas sim por ver como as pessoas eram malucas e faziam loucuras em shows.

A sinopse nos conta que uma das bandas mais reconhecidas do cenário musical brasileiro das últimas décadas, o Ultraje a Rigor invadiu os rádios e TVs na década de 1980. No fim da Ditadura Militar a banda estava por toda parte no dia a dia dos brasileiros. É assim que começa a trajetória do grupo, que tem sua carreira e a vida de seus membros, especialmente o líder, Roger, expostas nesse documentário.

Nem tenho muito o que falar do trabalho que o diretor Marc Dourdin fez em seu documentário, somente parabenizar a quantidade de material que arrumou para montar, pois é bizarro ver imagens ruins (bem ruins mesmo), mostrando a banda divulgando sua música na praia de sunga num show bizarro do Raul Gil, ver pessoas dançando malucas em clubes fechados aonde pareciam possuídos pelo demônio com movimentos bizarros, ver os diversos shows de grande porte como do Rock 'n Rio, e claro todos os diversos depoimentos, tudo numa montagem bem trabalhada, sequencial, com uma pegada jovem cheia de grafismos (no melhor estilo que a banda fez no começo para ser reconhecida, como é dito no começo do longa), ou seja, um documentário completo, que mostrou pontos positivos e negativos da personalidade do líder, não se omitiu de acusações que teve, e assim criando um resultado bem moldado.

Claro, que mesmo sendo um ótimo exemplar, tenho de pontuar um único detalhe que me fez tirar um pouco da nota do longa, o miolo, pois embora o filme comece bem agitado, cheio de muita dinâmica nas apresentações, com depoimentos rápidos e tudo mais, ao passar da metade o filme toma uma trajetória para mostrar uma certa decadência na banda, e desanima também o ritmo da trama, cansando um pouco, para retomar depois o fechamento escolhido com o programa do Danilo. Tudo bem que esse molde seja até bem inteligente para realçar o que aconteceu mesmo com a banda, mas como costumo falar, no cinema, cansar o público, faz com que acabem debandando a atenção para outros rumos, e o resultado não soa como o esperado.

Porém, mesmo com esse leve desgaste no final, certamente recomendo o longa pelo bom desenvolvimento, pelas ótimas e divertidas canções (várias que eu nem conhecia), e claro pelo estilo irreverente do documentário acompanhando a ideologia da banda, e assim, quem estiver disposto vale a pena uma conferida. Bem, é isso pessoal, fico por aqui hoje, encerrando as estreias do cinema, mas volto em breve com algumas estreias do streaming, então abraços e até logo mais.

Leia Mais

Uma Nova Chance (Second Act)

2/04/2019 01:04:00 AM |

Chega a ser até engraçado falar isso, mas se você já viu um filme da Jennifer Lopez, praticamente já viu todos, pois sempre se embasam nos mesmos moldes, mesmos clichês, e até formatos da trama, mudando somente um ou outro detalhe que acaba criando a novidade. Embora isso possa ser visto como um defeito, sabemos ao menos que não iremos nos desapontar com o que é sempre proposto numa comédia romântica, que é rir em muitos momentos e se emocionar em outros, e é exatamente o que "Uma Nova Chance" acaba entregando, mostrando em linhas subliminares o famoso ditado que um diploma pode sobrepor a experiência de anos numa contratação, mas quem souber contratar uma boa pessoa com anos de experiência pode ter um grande sucesso na empresa. Não digo que isso seja o mote principal da trama, pois funciona apenas no começo, virando para o lado tradicional das comédias românticas que é o fato da pessoa mentir sobre algo, e essa mentira virar uma bola de neve imensa, e aqui basicamente essa é a ideia, porém como é de costume, acontecem tantas conexões na trama, que podemos dizer que a vida é uma caixa de coincidências se formos olhar a fundo, mas que ao menos no final conseguiram dar algumas conexões mais moldadas para tudo, embora ainda seja bem impossível de metade dessas coisas acontecerem numa vida real. Ou seja, o longa é cheio de virtudes, mas que assim como a trama é baseada em mostrar que contar mentiras estraga todo tipo de relacionamentos, e se dar uma nova chance só depende de você, poderiam ter mostrado que isso também é uma grande mentira na vida real, mas aí não teríamos um filme.

O longa nos mostra que Maya trabalha numa loja de departamento badalada de Nova York, e está insatisfeita com sua vida profissional. Porém, tudo muda com uma pequena alteração em seu currículo e suas redes sociais. Com sua experiência das ruas, habilidades excepcionais e a ajuda de seus amigos, ela se reinventa e se torna uma executiva de sucesso.

Assim como a protagonista, o diretor Peter Segal não dirigia um longa desde 2015, e aqui ele que é bem conhecido por entregar longas simples bem feitos, conseguiu novamente usar de sua criatividade para que a trama envolvendo uma situação bem casual como uma entrevista de emprego mudasse de rumos através de ajustes nas redes sociais, e usando rapidamente desse mote, a trama muda de ares com um desenvolvimento rumando para família, abandono de crianças, e claro, por usar de uma empresa de cosméticos, a fabricação de cremes 100% naturais, ou seja, uma tremenda salada de temas em um único filme, que basicamente ainda complementa com diversos trejeitos e clichês bem tradicionais do gênero, de modo que a cada ato que ocorre, já sabemos o desenrolar dele bem antes de tudo, e isso é ruim por um lado, mas completamente casual em filmes estilo sessão da tarde, e assim sendo, não digo que o diretor tenha errado na condução escolhida, apenas não quis ousar para chamar a atenção, e entregou algo simples bem feitinho ao menos.

Sobre as interpretações, basicamente Jennifer Lopez entrega sua mulher empoderada tradicional que já vimos em diversos longas seus, aonde começa bem pobre buscando sucesso, e que ao conseguir revela como fez isso de forma não muito usual, ou seja, sua Maya é o retrato de suas outras diversas personagens, mas aqui a faceta de empreendedora/consultora de cosméticos lhe caiu bem, pois como bem sabemos seu nome é usado por diversos produtos, ou seja, ela fez boas caras e bocas tradicionais conseguindo chamar atenção, tendo emoção bem pontuada em diversos atos, entregando algo que já vimos muito, mas que como foi bem trabalhado, acabamos aceitando e gostando. E se a protagonista e o diretor não apareciam em filmes desde 2015, só nessa semana vimos Vanessa Hudgens aparecer duas vezes, a primeira foi na Netflix no começo da semana, mais recatada, e agora sua Zoe veio toda cheia de glamour, com olhares densos e competitivos, mas que soube emocionar também quando precisou, agradando e mostrando que ainda vai conseguir um papel mais chamativo para explodir, pois ainda seu passado de High School Musical permanece. Dentre os demais, cada um teve suas participações bem colocadas, respeitando o protagonismo das personagens e indicando para o rumo mais encaixado, e Leah Remini com sua Joan trabalhou bem os conselhos e demonstrou muita amizade verdadeira para com a protagonista, Treat Williams entregou o empresário bem sucedido, que ama a família, mas que gosta de arrumar confusão também com seu Anderson, Milo Ventimiglia se colocou como par romântico com seu Trey, mas soou bobinho demais, Freddie Stroma tentou ser um vilãozinho barato com seu Rob, mas acabou virando enfeite demais com o fechamento escolhido, e claro tivemos as ótimas comicidades em cima de Charlyne Yi e Alan Aisenberg com seus Ariana e Chase.

No conceito cênico, a trama trabalhou bem diversos elos comerciais, mostrando a grande variedade de produtos de beleza que existem no mercado, mostrou alguns destaques corporativos, ousou brincar com produções químicas, e claro entregou grandes diferenças de mundo entre os grandes executivos e as pessoas comuns, mesmo que essas queiram crescer na vida, tudo acaba sendo limitado, ou seja, tivemos alguns moldes razoavelmente preconceituosos, mas que na realidade acabam acontecendo mesmo, e a equipe artística foi bem coerente ao tentar mostrar tudo isso.

Enfim, é um filme que não vamos sair falando aos quatro cantos que é uma obra prima, que todos precisam sair correndo para conferir, mas que conseguiu trabalhar bem mostrando corporativismo, aonde muitas empresas preferem pessoas mal preparadas, mas que possuam diplomas enfeitados, mostrou também que mentir não é algo bom em lugar algum, mas que em relacionamentos é afundar com toda certeza, e principalmente divertiu o público com boas cenas, ou seja, mesmo abarrotado de clichês, e entregando um filme completamente feito para se ver na Sessão da Tarde, o resultado vai agradar quem for preparado para ver isso, ou seja, se você gosta desse estilo, com certeza sairá bem feliz da sessão, mas caso contrário, fuja, pois a chance de reclamar de tudo é bem alta. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com a última estreia da semana nos cinemas, então abraços e até logo mais.

Leia Mais

O Menino Que Queria Ser Rei (The Kid Who Would Be King)

2/03/2019 02:23:00 AM |

Costumo dizer que sempre temos de conferir um filme com quase nenhuma expectativa para que possamos ser surpreendidos com o resultado entregue, e geralmente quando vou preparado para ver um longa que acredito ter um enredo fraco, e que com certeza irei apedrejar, sou agraciado com obras bem desenvolvidas que costuma me agradar bastante, como acabou ocorrendo hoje com "O Menino Que Queria Ser Rei". Digo isso com muita felicidade, pois o longa aparentava ser algo bem bobinho e que não teria muitos vértices para serem explorados, mas pelo contrário, a trama conseguiu colocar em síntese a lenda de Excalibur, sendo desenvolvida para crianças, mas sem necessitar ficar infantil demais, ousando trabalhar boas batalhas, bons sentidos de amizade e outros lemas morais, e ainda encontrar uma boa desenvoltura entre personagens e efeitos computacionais, o que acabou resultando em um filme leve, com uma boa proposta, mas que pode não encantar o público num primeiro momento, pois a falta de atores conhecidos e um trailer levemente fraco, acabou deixando o filme com cara de algo extremamente feito para crianças bem pequenas, o que não é uma verdade. Ou seja, o filme está longe de ser uma obra de arte, é bem corrido para desenvolver tudo, mas que de certa maneira empolga e agrada com uma sentença bem simples, e isso é o que importa.

A trama nos conta que Alex é um garoto que enfrenta problemas no colégio, por sempre defender o amigo Bedders dos valentões Lance e Kaye. Um dia, ao fugir da dupla, ele se esconde em um canteiro de obras abandonado. Lá encontra uma espada encravada em uma pedra, da qual retira com grande facilidade. O que Alex não sabia era que a espada era a lendária Excalibur e que, como seu novo portador, precisa agora enfrentar a meia-irmã do rei Arthur, Morgana, que está prestes a retomar seu poder. Para tanto, ele conta com a ajuda do mago Merlin, transformado em uma versão bem mais jovem.

Depois de dirigir alguns episódios de séries e um filme mais simples em 2011, o diretor Joe Cornish, que é mais conhecido como roteirista de grandes filmes como "Homem Formiga" e "As Aventuras de Tintim", finalmente consegue um longa de grande orçamento para desenvolver como seu, afinal aqui o roteiro também é dele, e com isso ele foi bem cauteloso para que os efeitos não ficassem tão falsos, e que com o conteúdo de sua história ele conseguisse trabalhar bem todos os atos para que nada ficasse falso demais, ou bobo ao ponto do público desejar nunca ter visto o filme. E dessa maneira, ele conseguiu criar um estilo de filme daqueles que comumente vemos em exibição na TV em qualquer horário, pois tanto os mais jovens, quanto os mais velhos irão se divertir com a forma conduzida para mostrar algo que já vimos de diversas formas, mas que sempre procuram mostrar os atos da mesma maneira, e aqui ao jogar para um vértice mais infantil, com crianças conduzindo a espada, diversos alunos lutando para salvar o mundo (ou no caso a Bretanha como é dito no longa), com cavaleiros de fogo lutando com muito impacto (contra o que seria comum de personagens mais bobinhos brigando com as crianças), e assim o resultado que conseguiu trabalhar ficou até mais considerável que algumas outras refilmagens que a história já teve, ou seja, mesmo vindo com uma história nada original, essa versão soou ligeiramente mais bem colocada dentro da proposta, e conseguiu empolgar bastante com um grupo levemente fraco de expressões, mas bem determinado a entregar um longa divertido ao menos.

Talvez um dos maiores problemas do longa fique a cargo do elenco jovem e inexperiente demais, pois todos aparentaram estar perdidos em cena, e sem muita expressividade em diversos momentos, principalmente nas cenas em que dialogam entre si, porém nas cenas que estiveram com as computações gráficas souberam encaixar bem os olhares para não falharem como a maioria costuma falhar, ou seja, poderiam ter trabalhado mais eles, ou escolhido atores de maior renome para que o filme pudesse vender melhor, mas aí certamente o orçamento incharia demais, e essa não era a meta do longa. O filho do grande mestre da captura de movimentos Andy Serkis, Louis Ashbourne Serkis conseguiu empunhar bem a espada, e também seus diálogos, de modo que seu Alex foi ao menos bem determinado na maioria das cenas, criando situações, correndo bastante, e tentando ser expressivo, porém ainda é novo demais, e não conseguiu entregar diferentes estilos de trejeitos, parecendo estar apavorado durante todo o longa. Dean Chaumot foi bem companheiro com seu Bedders, entregando momentos até graciosos e emotivos demais para com o protagonista, agradando por ser divertido e bem dinâmico na maioria das cenas, mas como secundário se perdeu um pouco. Tom Taylor e Rhianna Dorris foram determinados a serem os famosos antagonistas do longa, fazendo diversos carões e sendo imponentes nas desenvolturas de seus Lance e Kaye, porém quando mudam de lado ficaram jogados demais, o que pareceu não ser bem explicado para os jovens, e isso acabou soando como uma leve falha, mas nada que atrapalhasse felizmente o resultado final. Acostumamos tanto a ver Patrick Stewart careca, que aqui com seu Merlim cabeludo ficamos até olhando bem para saber que é ele, ainda mais por aparecer bem pouco na trama com sua versão, afinal na maior parte do longa temos a sua versão jovem, muito bem interpretada por Augus Imrie cheio de trejeitos, movimentos com as mãos, e soando divertido, mas sem ser bobo demais, trabalhando muito bem com eloquência. A vilã da trama, Morgana, foi bem conduzida por uma Rebecca Ferguson completamente irreconhecível por trás de tanta maquiagem, e a atriz tentou ser impactante nos seus diálogos para sobrepor o bicho estranho que acaba virando, entregando algo até bem interessante.

A direção de arte foi bem efetiva tanto no desenvolvimento da escola quanto nos momentos alegóricos aonde os personagens vão em busca de respostas, criando muitos momentos cheios de personagens computacionais, mas que foram tão bem desenvolvidos ao redor do mundo moderno, que passamos a olhar cada elemento com detalhe, então desde os cavaleiros mortos com suas espadas de fogo, os ambientes cheios de precisão ao anoitecer, e claro as espadas, principalmente Excalibur com sensor de presença inimiga (rsss foi modernizada também!), além claro da ideia bem interessante de que quando a noite desce, quem não foi tocado pela espada some, fez da trama algo bem preciso e resultou em uma arte incrível de ser vista. Como boa parte das cenas ocorrem a noite, a equipe teve de trabalhar bem as sombras dos personagens, com as iluminações de fogo dos cavaleiros, mas sempre dosando bem o tom ao redor, criando algo simples, porém bem feito.

Enfim, é um filme simples, leve, bem recheado de lições morais, mas que consegue envolver tanto os pequenos quanto os adultos, mostrando que adaptar tramas fortes com uma pegada infantil pode ser um novo mote no cinema americano, pois funciona, e como disse no começo, por ter ido sem expectativa alguma para a trama, o longa acabou me surpreendendo bem positivamente. Dessa forma recomendo o filme para todos, pois com certeza irão rir, se divertir e emocionar, claro que com devidas proporções, pois temos muitos exageros e cenas desconexas, mas qual filme não tem, não é mesmo? Bem é isso, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais um texto, então abraços e até logo mais.

Leia Mais

A Favorita (The Favourite)

2/02/2019 08:32:00 PM |

Quando falamos sobre estilos clássicos de cinema, o principal que nos vem a mente são os de monarquia, aonde o desenrolar de reis, rainhas, ministros, lordes, criados e afins nos envolvem com tanta beleza cênica, aonde os riquíssimos palácios são trabalhados com minúcias, os figurinos são moldados para que o público se envolva, e claro, geralmente grandiosos artistas acabam entregando personalidades fora dos limites para que conheçamos o momento entregado, e tudo ao redor do conteúdo. E usando desse artifício, e jogando no ar muitas intrigas entre um trio magistralmente dirigido, o resultado do filme "A Favorita" vai muito além das questões palacianas, e encontra didática suficiente para abordar assuntos polêmicos, rixas bem armadas, e situações cheias de interesses fortes, o que deu para a trama diversas indicações aos prêmios da temporada, mostrando que esse estilo, que andava levemente desaparecido, voltou com muita classe, elegância, e claro rasteiras para todos os lados para criar perspectivas fortes e interessantes de serem conferidas.

O longa nos situa no início do século XVIII. A Inglaterra está em guerra com os franceses. No entanto, corridas de pato e degustação de abacaxi estão prosperando. Uma frágil rainha Anne ocupa o trono e sua amiga Lady Sarah governa o país em seu lugar enquanto cuida da saúde precária de Anne e seu humor impiedoso. Quando uma nova serva Abigail chega, seu charme a leva a Sarah. Sarah leva Abigail sob sua asa e a serva vê uma chance de retornar às suas raízes aristocráticas. Como a política de guerra passa a ocupar muito tempo de Sarah, Abigail entra na brecha para preencher o espaço como companheira da rainha. Sua crescente amizade dá a ela uma chance de cumprir suas ambições e ela não deixa mulher, homem, política ou coelho ficar em seu caminho.

O trabalho que o diretor grego Yorgos Lanthimos conseguiu fazer com sua trama é algo que mostra bem seu estilo que já vimos em outras obras suas, que é principalmente mostrar que se der mole para alguém, esse alguém irá passar por cima de você a qualquer custo, e aqui ele trabalhou bem a época aonde muitas intrigas rolavam nos palácios, criadas eram atacadas, e qualquer coisa era motivo para se aumentar os impostos (se bem que isso não foi só naquela época), e com um cunho bem trabalhado, o diretor conseguiu ir criando situações bem abertas para discussões, construindo a trama sem se limitar a nada de fora, mas principalmente focando somente aonde devia, que no caso é no trio principal, e dessa forma ele foi muito certeiro, pois recair no exército, ou até mesmo no parlamento que estava bem próximo, ou em qualquer outra coisa, traria um viés fora de estilo para a trama, e resultaria em algo não tão genial assistir. Outro ponto bem positivo foi o formato escolhido pela edição para criar quase que um livro bem montado, aonde vamos lendo capítulo a capítulo, entendendo o que é importante ali por mensagens ditas, e como cada abertura teve seu nome determinado aos atos que seriam desenvolvidos, o resultado foi uma leitura dinâmica do capítulo, mas sem deixar que nada fora do eixo acontecesse, ou seja, um trabalho bem dinâmico e cheio de desenvoltura para que tudo fosse entendido e ajustado.

Sobre as interpretações basicamente só temos uma palavra para definir: show! Pois esse é um dos estilos de filmes aonde raramente os personagens conseguem se sobrepor ao cenário e a essência da trama, mas o que o trio principal fez foi algo aonde elas conseguiram entregar com muita personalidade, olhares fuzilantes, e principalmente entonações fortes um resultado inteligente, e cheio de símbolos, ou seja, não é a toa que as três estão sendo indicadas à todos os prêmios. Olivia Colman inicialmente pareceu ser mero símbolo com sua Anne, tanto que já estava até pensando que tinham feito a famosa jogada de indicar ela como principal e as demais como coadjuvante para que as premiações fossem mais fáceis, mas foi crescendo conforme o longa ia crescendo também, que ficamos impressionados com seus atos expressivos, dando ótimas e fortes cenas com uma personalidade bem própria e colocada. Rachel Weisz veio tão imponente com sua Sarah que chega a dar muito medo de tudo o que faz, impondo o ritmo da trama, as jogadas sujas e tudo com um charme clássico ainda por cima, chamando para si a responsabilidade em muitos momentos, o que mostra a atitude coerente que precisava para envolver. Emma Stone também começou bem no cantinho com sua Abigail, mas vai se mostrando uma cobra sorrateira de primeira linha, incorporando trejeitos fortes, mostrando muita dramaticidade falsa, e ao chegar no clímax do filme já estava no ponto mais alto seu também, e aí foi só fechar com chave de ouro. Quanto aos demais personagens, tivemos poucos que chamaram a atenção, valendo destacar apenas James Smith como o primeiro ministro Godolphin, Joe Alwyn como Mashan, mas principalmente o show de trejeitos vindo de Nicholas Hoult como o sorrateiro Harley.

O que falar de uma cenografia palaciana? Nada né, pois a perfeição é nítida em todos os atos, aparecendo elementos cenográficos incríveis em cada ato, detalhes mínimos nos ambientes principais, como o quarto da rainha, os túneis interligando os quartos, as corridas de patos, as cozinhas e festas regadas a muita comida e vinho, e claro um figurino incrível cheio de detalhes que estamos acostumados a ver em longas de monarquia, mas com um luxo ainda maior pela época escolhida para viver a trama, de modo que conseguiram chamar atenção até nas cenas de um puteiro. A fotografia embora seja simples, está muito linda quase toda iluminada por velas, dando tons alaranjados incríveis de ver, que conseguiram trabalhar as sombras e nuances com muito primor técnico.

Enfim, um longa com estilo clássico, cheio de bons momentos, interpretações incríveis, e uma direção precisa recheada de reviravoltas envolventes, o que fez com que o longa caísse nas graças dos críticos, e que certamente irá fazer até quem não gosta desse estilo mais calmo de filmes, se empolgar com os atos dos personagens, e acompanhar torcendo para cada personagem, quase virando algo comum de vermos em novelas. Só não diria que é um longa perfeito, por um outro ato mais jogado com excessos por parte da edição, que poderia não ter quebrado tanto, mas de resto é incrível cada momento. Ou seja, um filme bem completo, que agrada e envolve, que consegue desenvolver cada momento como algo único, e que vale muito a recomendação para todos, desde quem gosta do estilo, até quem prefere longas mais agitados que conseguirá se atrair pelas intrigas que rolam por parte de todas as personagens. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

Leia Mais

A Sereia - Lago dos Mortos (Rusalka: Ozero myortvykh) (Mermaid: The Lake of the Dead)

2/02/2019 01:38:00 AM |

Confesso que fui conferir o longa de hoje com muito medo de uma nova tragédia na telona dos cinemas, pois conferir "A Noiva" que é do mesmo diretor foi algo completamente traumatizante por ser um longa ruim, e pela dublagem em inglês dentro de uma cabine horrenda, mas como vejo tudo o que surge por aqui, cá foi o Coelho na sessão legendada de "A Sereia - Lago dos Mortos", e por incrível que pareça, o diretor aprendeu a fazer uma história mais conexa (usando inclusive dos mesmos argumentos do longa anterior!!), mas a equipe de distribuição não aprendeu, e mandou novamente um longa russo dublado em inglês e legendado em português, porém foi melhor feito dessa vez e tirando as bocas que se mexiam mais do que o que ouvíamos realmente, o resultado ficou levemente melhor. Diria que o longa teve dois problemas no resultado que poderia realmente causar, o primeiro pela falta de ação dos protagonistas, pois todos parecem estar passeando pelo longa, sem quase nenhuma reação, e o segundo por trabalhar tão rapidamente a essência da sereia, que nem parece ser algo que encantasse realmente as pessoas para se matarem, ficando algo meio bobo demais, e principalmente a forma de destruição da entidade ser algo extremamente bizarro falado no começo da trama, mas que ninguém sequer dá atenção por ser algo muito ridículo, ou seja, poderiam ter elaborado algo melhor. Mas longe de ser uma bomba completa, ao menos ficou uma bomba aceitável de assistir, e até arrepiar em alguns momentos pelos gritos da entidade.

A sinopse nos conta que uma sereia malvada se apaixona por Roman, noivo de Marina, e tenta mantê-lo longe dela em seu Reino submerso. Marina terá apenas alguns dias para superar o medo de nadar, lutar com monstros e se manter viva e na forma humana.

É até engraçado ver um longa com sereias demoníacas, mas de modo que o filme não fique mostrando elas nadando com seus rabos de peixe, e isso acaba dando um ar meio que estranho de ver, que resulta em coisas mais bizarras do que o comumente esperado, e a outra situação cômica ficou a cargo de que o diretor Svyatoslav Podgaevskiy entregou praticamente o mesmo mote de seu longa anterior aqui, criando a ideia de um casamento frustrado, aonde alguém passa a surtar e fazer coisas malucas em cima dos homens da aldeia, ou seja, nada muito criativo por sua parte, porém resultando em algo um pouco mais assustador, mas nada que você saia morrendo de medo do que verá na telona. De modo que o diretor poderia ter ousado um pouco mais, e/ou trabalhado um pouco mais da vida da garota que virou sereia amaldiçoada, pois a situação geral ficou muito em cima dos jovens competidores de natação, e isso não importa em praticamente nada na trama, ou seja, o diretor focou demais em coisas desnecessárias, e entregou o que devia de uma forma simples demais.

A atriz Viktoriya Agalakova deve ser daquelas que o diretor ama assombrar, e se antes era uma noiva maluca que desejava enterrar sua personagem, agora uma sereia quer pegar seu noivo, e por consequência matar sua Marina, ou seja, a jovem novamente precisa fazer cara de espanto, e o que ela faz, nada, literalmente, pois, para sobreviver precisa aprender a nadar, e a jovem falha feio nas suas tentativas tanto de nadar, quanto de ser expressiva. Efim Petrunim entregou um Roman meio abobado demais, de maneira que o jovem cai como um peixe fácil na rede da sereia, e com olhares vagos até foi razoável no que fez. Sofia Shidlovskaya até entregou momentos bem montados com sua sereia, mas foram mais interessantes suas cenas com efeitos computacionais do que sendo Lisa, e isso mostra que a atriz não empolgou como poderia, pois falhou sendo ela de cara limpa. Agora falar de inexpressividade é olhar para Nikita Elenev com seu Ilya, de modo que torcemos para que morra logo de tão ruim que o ator é, fora que não serviu para cena alguma, ou seja, um peso morto na produção. E finalizando sobre as atuações, tivemos ainda dois que tentaram fazer um pouco mais em cena, mas não obtiveram muito sucesso, de modo que tanto Sesil Pleze com sua Olga, como Igor Khripunov como o pai dos jovens tiveram ligações com as cenas tensas, mas foram simples demais para algo que necessitava chamar a responsabilidade, ou seja, no conceito interpretativo chegamos a conclusão que a Rússia só tem bons atores que saíram de lá, e vieram para Hollywood, pois os que sobraram são lastimáveis.

No conceito artístico, as locações até foram bem interessantes, com tensões cênicas bem moldadas para o estilo de terror, com uma cabana abandonada, cenas com muita água para criar vértices floreando toda a síntese da trama, mas chega a ser engraçado demais, um rapaz em sua despedida de solteiro resolver nadar a noite num lago completamente estranho no meio do nada, e isso já é algo para se pensar muito, mas tirando esse detalhe, usaram bons elementos cênicos nas casas, trabalharam bem o ritual, e com uma boa conexão, tivemos boas cenas tensas de serem mostradas. A fotografia entregou muitas sombras, ares escuros para trabalhar bem os tons ao redor, e conseguiram um esverdeado tão interessante para o lago, e que rola em diversos momentos nas banheiras também, que até ficamos pensando qual tipo de corante a equipe jogou para conseguir aquele tom.

Enfim, não posso falar que o diretor não melhorou sua técnica de um longa para o outro, pois entregou um resultado anos-luz melhor, mas como a bomba lá foi tamanha, ele ainda tem de aprender muito para chegar perto de entregar algo que assuste realmente, que cause estranheza sem usar do bizarro, e que certamente agrade como terror, pois embora não tenha sido algo completamente ruim, o resultado passa bem longe de passar do mediano, ou seja, quem for conferir não sairá tão decepcionado, mas certamente não sairá completamente feliz com o que acabará de ver. Sendo assim, minha recomendação é de assistir ele somente se não tiver nada mais, o que não é o caso dessa semana, então fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.

Leia Mais

Vice

2/01/2019 01:25:00 AM |

Olha, o trailer de "Vice" já prometia algo surpreendente dentro dos fatos da História que não nos foi contada, e meus amigos, lhes digo com muita sinceridade que é bomba em cima de bomba, daquelas de arregalar os olhos e falar: "como puderam fazer tudo isso sem que ninguém visse claramente!", e está lá tudo bem explicadinho, e o melhor, de forma completamente literária, usando elementos da cultura tradicional para explicar o politiquês, mostrando que o diretor Adam McKay se preocupa (e muito!) com o grande público, pois se em seu longa anterior mostrou diversas fraudes na Bolsa explicando com grandes sacadas como tudo funcionava por trás de grandiosas jogadas, aqui ele pegou os bastidores de uma das épocas mais conturbadas do governo americano, e jogou a merda literalmente no ventilador, mostrando coisas que muitos acreditavam ter acontecido, o que estava por trás da Guerra do Iraque, entre muitas outras situações, sem papas na língua, e em uma loucura completa de edição, que muitas vezes até acaba nos deixando perdidos, mas que no resultado final só queremos soltar um "nóóóóhhhh", pois foram muito coesos na montagem para entregar cada detalhe de maneira sorrateira e bem precisa, encontrando nos pontos mais simples uma forma melhor que a outra para contar tudo. Ou seja, um longa completo, que até diria meio bagunçado, mas que consegue empolgar, divertir, dramatizar, e ainda ter uma história incrível, sem precisar apelar para pontos jogados, sendo praticamente perfeito em tudo.

O longa conta a história de Dick Cheney, que silenciosamente se tornou o vice-presidente mais poderoso do mundo, durante o governo de George W. Bush. Suas políticas mudaram o país e impactaram no mundo inteiro, com reformulações que até hoje são sentidas no governo americano.

O diretor Adam Mckay conseguiu com muita ironia e uma proposta bem ousada, entregar em 2016 o longa "Grande Aposta" surpreendendo o público ao mostrar como o mercado financeiro é um terror monstruoso que se bem usado pode fazer com que muitos se saiam bem na fita, mas também pode virar um caos incrível, e aqui ele brincou novamente usando das mesmas técnicas para entregar algo completamente insano que no caso é algo que novamente anda muito na moda, política e guerras, e que com muita sabedoria conseguiu criar um roteiro maluco baseando-se em fatos reais, mas que ele acabou trabalhando, ou seja, não temos nenhuma biografia envolvida, e com tudo o que colocou em cena, certamente os advogados de Cheney, Bush e afins do governo irão dar uma leve cobrada no diretor. Ou seja, se você tem medo de filmes políticos por serem chatos e cansativos, pode esquecer disso ao conferir esse novo longa, pois com muita dinâmica acabamos nem piscando durante toda a exibição, e vamos nos envolvendo tanto com cada situação, que mesmo sabendo muito sobre o que rolou naqueles anos, jamais esperaríamos ver tudo tão escancarado de forma icônica na telona, e isso acaba surpreendendo demais.

É engraçado a confiança que Christian Bale passa para o diretor, pois novamente a parceria deu muito certo, e por fotos é até engraçado você descobrir qual é o Dick Cheney verdadeiro, tamanho o trabalho da equipe de maquiagem, juntamente com a mudança corporal que o ator entregou, de modo que acabamos vendo uma incorporação cênica cheia de detalhes, desenvolturas corporais, trejeitos, um modo de falar calmo, porém completamente preciso do que desejava mostrar, de modo que ficamos reféns do personagem durante todo o longa, que por bem pouco nem ficamos sabendo quem era o presidente na suas épocas tamanho o destaque do personagem, e claro do feitio do ator, ou seja, perfeito. Steve Carell é daqueles atores tão versáteis que ficamos pasmos com a forma que costuma entregar personalidades para seus personagens, de modo que seu Rumsfeld foi retratado como aqueles políticos de carreira forte, que praticamente agem em tudo o que está acontecendo, e o ator incorporou entregando tanto um lado mais emocional, como sabendo claro seus trejeitos cômicos para que o personagem se destacasse mais do que ele, e conseguiu isso brilhantemente. Amy Adams inicialmente como Lynne Cheney entrega muita personalidade e dá um show de carisma, mas num segundo momento sua personagem quase some da trama, e isso certamente fez com que perdesse diversos votos das premiações, pois a atriz fez bem o que podia, chamou a responsabilidade quando precisou, mas no segundo ato quase nem vemos mais ela, e isso é algo bem falho para alguém que teve um grande destaque na vida do marido no lado real da história. Além do trio, o longa ainda teve grandes personagens bem importantes que mereceriam que fossem destacados no texto, mas iria me alongar demais, então darei preferência claro para o presidente Bush, aqui interpretado por Sam Rockwell com precisão cirúrgica para trejeitos, momentos bem colocados para mostrar a inexperiência do político, mas como o longa é de seu vice, nem brincaram com tudo o que poderia do personagem que tantos odeiam, e outros amam nos EUA, e sendo assim, valeu mostrar que Sam foi incrivelmente dinâmico no que fez.

No conceito cênico, a trama nos mostrou algo que praticamente já conhecemos bem, que são os bastidores da Casa Branca, pois com tantos filmes rolando por lá, já acostumamos a ver os gabinetes, o salão oval, e tudo mais por ali, além claro de termos algumas cenas em fazendas de pesca, e claro na casa dos Cheney, e o longa também ousou utilizar muitas imagens do que ocorreu no mundo logo após o fatídico 11/09/2001, trabalhando claro com material de arquivo muito bem recuperado, com declarações e tudo mais, então você deve se perguntar, qual o motivo de tanta falação em cima da direção de arte do longa? E a resposta vem no conceito de figurino, cabelo e maquiagem que a equipe teve não um, mas praticamente um gigantesco trabalho com todos os atores, pois a maioria aparece tanto no começo da carreira de Cheney, novos e bem colocados, como nos momentos finais de sua carreira, já bem velhos, gordos, de cabelos brancos, outros sem, com rugas, e tudo mais, de maneira que precisaram envelhecer uma equipe inteira em diversas cenas, ou seja, um trabalho muito árduo, e completamente bem feito, que consegue chamar muita atenção, seja pela disposição dos atores em engordar, ou claro, na paciência em ficar horas colocando máscaras faciais, e tudo mais que pudesse para entregar semelhanças incríveis com os personagens reais que vimos em diversos jornais na época, ou seja, o prêmio é do longa sem dúvida nessa categoria. A fotografia ficou levemente turva para tentar dar um ar de envelhecimento para o filme, usando cenas escuras, outras mais densas para criar tensão e conflito, outras mais alegres, mas sempre brincando muito com o público, o que resultou em tons completamente ousados para cada momento do filme, o que é estranho de ver, mas que acabou resultando em algo muito bem feito.

Enfim, é um longa que poderia ser moldado de inúmeras formas, que traria de cada forma uma surpresa diferente, pois por mais que tudo seja bem chocante se pararmos para analisar friamente como essa mente trabalhou em seu próprio bem, pensando bem pouco claro em ideologias patrióticas e tudo mais conforme sempre vemos em outros longas, veríamos o resultado ocorrendo da mesma maneira, mas talvez com outros olhares, enquanto que aqui pela desenvoltura frenética que o diretor quis passar, usando muito seu estilo pop cômico com uma pegada mais comum para o público comum realmente entender, diria que foi algo impactante e interessante demais de ser conferido, mesmo que para isso, a velocidade acabe comendo alguns fatos e personagens, o que acabou tirando um pouco do brilho, e da nota também que poderia ser dada se o filme fosse mais coeso nas situações. Ou seja, recomendo demais que todos vejam, e se surpreendam com algumas histórias ousadas dos EUA na época de guerra mais atual que vimos e acompanhamos, e detalhe, fiquem após os primeiros créditos, pois tem uma ceninha muito boa, completamente irônica com o momento atual dos EUA. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais um texto, então abraços e até logo mais.

Leia Mais

Netflix - Polar

1/30/2019 11:56:00 PM |

Fazia tempo que não via um longa de HQ bem violento que trabalhasse bem o estilo de assassinos perseguindo outros assassinos, com pegadas bem estilosas, trabalhando o clássico com o moderno, e claro brincando com diversos outros longas que já vimos por aí, e "Polar" me fez lembrar de vários, entre eles "John Wick", "Machete" e até um pouco de "Kill Bill", aonde claro cada um com sua devida particularidade e elementos bem colocados agradaram por algo, seja pela violência, pelo jeito estiloso, ou até mesmo pelo formato mais desenhado de quadrinhos que tanto gostamos, e embora o longa entregue muita coisa falsa de se acreditar (já falei isso outras vezes, mas não me canso - se vai matar, mata logo, vai ficar enfeitando o doce, indo na faquinha, etc... põe logo pra dormir meu!!) o resultado geral acaba sendo bem forte e intenso, o que acaba agradando bastante, principalmente se você curtir longas com torturas, sexo, violência e tudo mais. Ou seja, é uma trama interessante, bem montada, que até possui muitos clichês e coisas que já vimos em outros longas, e que certamente poderiam ser relevados, mas que de um modo geral consegue soar bem feita. Agora é ver se terá fôlego para uma continuação, pois a deixa final largou essa possibilidade.

O longa nos mostra que o maior assassino do mundo, Duncan Vizla, o Black Kaiser, quer se aposentar. O problema é que seu ex-chefe acha que ele vai atrapalhar os negócios. Contra a vontade, ele terá agora que enfrentar um implacável exército de assassinos mais jovens, mais rápidos e decididos a silenciá-lo a qualquer custo.

O diretor sueco Jonas Åkerlund é bem mais conhecido pelos milhares de clipes de diversos artistas famosos como Beyoncé, Madonna, Coldplay, entre outros, e aqui ele trabalhou bastante esse estilo mais dinâmico de videoclipes entregando uma sintonia determinada com bons tinos para resultar no que desejava, e com um roteiro bem moldado em cima da segunda HQ de Victor Santos (de um total de 5, o que nos faz pensar em continuações), ele conseguiu trabalhar os personagens com suas devidas apresentações, entregou cenas bem violentas e fortes como deveria, mas deixou o personagem muito simplório em cima de uma história tão tensa, de modo que talvez não termos a primeira HQ entregue tenha ficado faltando algo a mais, pois o ator até tentou ser significativo, mas não conseguiu empolgar muito. Ou seja, temos uma história forte, uma condução bem desenvolvida, e até certos estilos moldados prontos, mas faltou aquela explosão para que os vilões não ficassem tão caricatos, e o resultado fosse além do que foi feito. Mas longe de ser algo ruim, o resultado final chama a atenção, agora é esperar para ver se vão continuar, ou morrer de vez.

O longa em si poderia até ser melhor moldado para que cada personagem tivesse suas cenas de destaque, mas optaram por apresentações bem rápidas, e deixaram que o filme fluísse sozinho, o que é um pequeno problema para o estilo de HQs, mas tirando esse detalhe, o protagonismo de Mads Mikkelsen conseguiu dar um ar bem introspectivo forte para seu Duncan, criando uma química estranha, mas bem colocada com a jovem (que só lá para o final vamos entender!), e mostrou bem o estilo de aposentadoria de um matador, não fazendo pulos exagerados, mas sabendo ir direto ao ponto quando precisou, o que chamou bastante atenção ao menos. Confesso que fiquei um bom tempo pensando de que filme já tinha visto a protagonista Camille, interpretada por Vanessa Hudgens, e agora após pesquisar um pouco conectei ela com "High School Musical", entre outros, e aqui ela demonstrou muito medo em diversas cenas, o que chega a ser até um pouco traumático de ver, mas foi coesa em outras situações, e chegou ao fim com uma ideia bem colocada, mas poderia ter trabalhado melhor os olhares nas cenas de miolo, não ficando tão morta. Matt Lucas soube brincar bem como o vilão Sr. Blut, e trabalhou suas cenas de tortura com muita minúcia, porém pareceu mais um vilão de animação (aonde todos são bobões demais), do que um vilão de um filme de assassinos, pois talvez um estilo mais doentio agradasse mais. Dentre os capangas, vale destaque apenas para as garotas, com Katheryn Winnick entregando muita personalidade para sua Vivian, aparentando conhecer muito bem o protagonista, e o vilão não indo na sua, e Ruby O. Fee pela sensualidade de sua Sindy nas cenas bem quentes do longa, agora quanto aos demais, foram apenas enfeites com expressões marcantes.

No conceito visual, a trama escolheu muito bem as locações para entregar muita criatividade nas diversas casas do protagonista, aonde moravam grupos completamente malucos e diferenciados, e que os vilões usam de muita violência explosiva com tiros, sangue, e tudo mais para encaixar algo forte e bem crível de assassinos sem limites, numa ambientação cheia de elementos cênicos precisos, depois nas cenas de tortura tivemos muitos detalhes fortes e conexões cheias de precisão, mas principalmente a grande sacada ficou para as cenas no retiro do protagonista, em meio a uma paisagem gélida, simples e efetiva para memórias, trabalhando bem cada momento com a dinâmica bem precisa em cima do que o diretor desejava. A fotografia do longa brincou muito como é de costume em longas baseados em HQs, trabalhando muitas cores para cada personagem, tendo figurinos excêntricos para o vilão principal se destacar em cena, com a luz toda em cima dele numa sala completamente escura, e claro muitos closes nos sangues espalhados em cima de cenas escuras, o que acaba incorporando um ar de tensão em diversos momentos, ou seja, um trabalho interessante de se ver.

Enfim, é um longa que chama a atenção para o público que gosta de HQs, de longas violentos de assassinatos, máfias, e tudo nesse estilo, que possui grandes elementos de ação, mas que poderia ter sido melhor trabalhado (ou talvez até ter um filme anterior, aonde conheceríamos mais o protagonista e seus diversos problemas), pois embora tudo seja bem forte e interessante, acabamos o filme parecendo que faltou algo para ser mostrado, mas mesmo assim vale a conferida. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas amanhã já volto para o cinema com as diversas estreias que virão para a cidade, então abraços e até logo mais.

Leia Mais

Netflix - O Aviso (El Aviso) (The Warning)

1/29/2019 11:26:00 PM |

Sempre gostei de longas envolvendo premonições, analogias de possíveis coisas com números, e claro se tudo isso for moldado em um bom suspense, com certeza o resultado acaba empolgando. Dito isso, ao ler a sinopse de "O Aviso", acabei que fiquei interessado no que poderia rolar, e cá que hoje coincidiu da plataforma me indicar o longa. Pois bem, digo que o filme começa meio morto e após alguns acontecimentos já me vi atento a tela para tudo o que vinha rolando, e como um bom matemático que sou, já fui fazendo algumas contas no mesmo estilo do que ocorre com o protagonista da trama, mas chegar exatamente na conclusão maluca que ele nos entrega é algo para poucas cabeças. Não digo que todos que forem conferir o longa irão se encher de contas na cabeça, mas certamente o pensamento irá florear algumas ideologias, pois já vimos diversos outros longas aonde acontecimentos em sequência acabam ocorrendo, e geralmente algum personagem tenta salvar outros. A sacada aqui, embora exagerada demais, se dá pela montagem um pouco bagunçada que rola em duas épocas 2008 e 2018, mas que acaba forçando demais a barra em cima da ideia total, que ao final até podemos concordar com o protagonista, porém poderiam ter trabalhado mais o método para que tudo funcionasse de forma segura, e o resultado empolgasse mais do que a simplicidade do enredo.

O longa nos conta que Jon é um gênio incompreendido da matemática, cujo futuro promissor foi solapado por um diagnóstico de esquizofrenia. Quando ele presencia um assalto no qual seu amigo, David, é baleado, a antiga paixão pela ciência é reacesa. Comovido pela eminente morte de David, o jovem passa a investigar a ligação entre diversos roubos anteriores e descobre um padrão matemático entre eles. Segundo seus cálculos, a próxima vítima será Nico, um garoto inocente de 10 anos.

Diria que faltou mais atitude para o diretor Daniel Calparsoro moldar a trama que é baseada no livro de Paul Pen, pois a ideia em si é bem segura e certamente numa mão mais ousada entregaria uma trama menos engessada (na terceira ou quarta cena do posto já começamos a nem querer mais ver os protagonistas passando por ali, imagina numas 8 a 10 que o filme tem!!), que trabalharia mais os outros assassinatos que ocorreram no terreno (e não apenas leves flashbacks), que aí sim o longa prenderia (mais do que já faz), transtornaria e com muito envolvimento em cima do suspense causaria para que o público ficasse com o queixo no chão dependendo da situação. Ou seja, não digo que a falha recaia completamente em cima do diretor, mas a falta de algo mais forte por sua parte certamente fez com que o final ficasse levemente brochante.

Sobre as atuações, Raúl Arévalo conseguiu mostrar muita loucura, ao mesmo tempo que entrega uma personalidade formada pelo desespero de tentar entender tudo o que está rolando com seu Jon, e claro ao seu redor, mas deixou tudo muito superficial na sua tese, mostrando que poderia ter ousado um pouco mais para que seu personagem empolgasse em alguns momentos, porém o filme só não ficou ruim por sua causa, pois quanto aos demais foi algo bem difícil de falta de expressividade. Outro que deu alguns bons trejeitos, principalmente na forma de medo, foi Hugo Arbues com seu Nico, mostrando que o garotinho tem até um certo futuro se souber segurar alguma trama melhor, mas mostrou-se bem seguro nos olhares, e falho nos diálogos, o que pode ser um problema por parte do roteiro, ou seja, foi bem no que se propôs ao menos. Quanto das moças, diria que tanto Belén Cuesta quanto Aura Garrido, com suas Andrea e Lucia respectivamente, foram bem coesas em seus momentos, mas como seus personagens foram apenas de apoio, o resultado delas acabou pecando um pouco.

A cenografia do longa tinha tanta coisa para ficar mais interessante, mas que foi deixada incrivelmente de lado ficando apenas como ambientação, pois poderiam ter trabalhado as diversas análises que o protagonista faz em sua casa, suas paranoias visuais, e tudo mais, mas focaram tanto no posto, tanto no hospital, que o resultado visual acaba ficando simples demais de ser visto, e nas cenas que trabalharam com efeitos especiais acabaram soando bobos demais (como por exemplo na cena das mariposas voando para todo lado em cima do protagonista, ele se chacoalha todo e nem piscar pisca com os bichos batendo em sua cara!!), ou seja, fraco demais de conseguir emocionar pelo ar passado.

Enfim, é um longa que tinha uma tremenda proposta, mas que resultou em algo simples demais para empolgar como poderia. Ou seja, até dá para perder 93 minutos conferindo o longa, em alguns atos a tensão soa suficiente, mas certamente muitos irão chegar ao fim e falar: "mas só isso!", e assim sendo não dá para recomendar ele, pois ficou mediano demais. Bem fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

Leia Mais

Eu Sou Mais Eu

1/27/2019 09:29:00 PM |

Que atire a primeira pedra quem nunca teve o sonho de voltar no passado para corrigir alguma cagada que fez, e quem sabe se tornar algo melhor do que é hoje, mas e quando você acha que já está bem melhor e é obrigado a voltar para alguma época que deseja esquecer que passou? Pois bem, esse é o grande lance do filme "Eu Sou Mais Eu", aonde até temos uma dinâmica interessante por entregar o estilo tradicional dos filmes jovens que víamos na saudosa Sessão da Tarde original, mas que peca um pouco na força que poderia ter, ao deixar que o longa recaísse para o estilo de uma "Malhação" mostrando briguinhas de colégio. Não digo que a trama é ruim, muito pelo contrário, ela tem uma boa função, atuações bem desenvolvidas, e boas situações que poderiam até ser mais divertidas caso quisessem, ou quiçá jogar de vez a bola para a relação da amizade, que foi um grandioso desfecho, mas no miolo o resultado enrola tanto com alguns momentos desnecessários, que por pouco o diretor não se perdeu em achar um caminho que funcionasse e divertisse. Ou seja, temos bons atos, mas nem tudo chega a ser as mil maravilhas para salvar o longa de falhar, de modo que acabamos nos divertindo por lembrar que 2004 já passou faz tanto tempo, mas que se pararmos para pensar, nossa vida mudou tanto nesse tempo que talvez uma ajeitada por lá poderia até melhorar o dia de hoje. Diria que é um filme bem feito, mas que passa bem longe de ser uma obra digna de ser lembrada.

A sinopse nos conta que Camila Mendes é uma popstar arrogante, que busca o sucesso a todo custo. Prestes a lançar uma nova música, ela é surpreendida em casa pela visita de sua fã número 1, que insiste em tirar uma selfie com ela. O que Camila não esperava era que tal situação a levasse de volta à adolescência, quando sofria bullying de praticamente todos no colégio. Seu único amigo é Cabeça, que tenta ajudá-la a encontrar seu verdadeiro eu, já que só assim conseguirá voltar à sua realidade.

O interessante é vermos que o diretor Pedro Amorim quis entregar algo mais jovial, meio que adolescente mesmo na trama, e deixou que tudo fluísse para esse lado, pois mesmo a trama se passando praticamente toda em um colégio, e no período em que a protagonista mais sofreu bullying, o longa poderia ter trabalhado os rumos para algo mais formatado ao invés do que foi entregue, porém sairia desse estilo clássico, e talvez viraria algo mais dramatizado. Não digo que foi errado essa escolha, apenas não pareceu ser o estilo que o diretor costuma ter, que vimos em longas como "Divórcio" e "Superpai", mas como bem sabemos roteiros caem nas mãos dos diretores, e esses procuram se adequar, e foi o que fez aqui, requebrando um pouco para não deixar a trama cair no gracejo, mas também tentando trabalhar vértices mais condicionados para que o filme ficasse divertido, principalmente ao mostrar algumas da "super-invenções" da época. Diria que se o longa talvez tivesse brincado mais com esses elementos, com as sacadas entre passado e futuro, o longa teria uma dinâmica bem mais coesa do que a entregue e certamente seria incrível, mas como não tem jeito de mudar o que já aconteceu, o resultado foi ao menos satisfatório e não cansou como outros longas do estilo costumam cansar.

Sobre as interpretações, felizmente Kéfera Buchmann já começa a tomar um molde bem mais simpático nas suas atuações, e trabalhando bem trejeitos e traquejos acaba saindo do usual com sua Camila em cena, de tal forma que nos diverte bastante, e juntamente com a equipe artística conseguiu entregar duas pessoas completamente diferentes (aliás, faltou algo no miolo para mostrar como a bullynada virou popstar, pois um desastre de apresentação não explodiria ninguém para o estrelato!), que conseguiram extrair ao menos duas boas personalidades para a jovem atriz mostrar bastante serviço e agradar. Sabemos que João Côrtes costuma sempre entregar personagens atrapalhados, cheios de traquejos visuais, e até acertar pelo estilo que faz, mas aqui ele abusou um pouco demais da loucura, fazendo coisas exageradas demais e até algumas bizarrices com seu Cabeça, mas ao menos soou divertido e foi bem colocado no personagem, talvez pudesse ficar mais espantado com alguns outros momentos para aí sim ficar completo suas cenas. Estrela Straus apareceu praticamente 4 vezes como a fã bruxa que joga a personagem de volta para o passado, e cheia de cores faltou um pouco com expressividade para chamar mais a atenção e encaixar melhor a ideia toda. Assim como aconteceu com a protagonista, Giovanna Lancelotti conseguiu entregar bem menos anos do que possuem, caindo muito bem como adolescentes na produção, e além disso, a atriz soube dosar bem sua Drica nos três atos para entregar algo quase de uma "vilã", e mostrar algo que realmente vemos nesse estilo de garotas em filmes adolescentes, ou seja, foi um bom acerto expressivo que agradou pela forma que fez, mas como seu papel não pedia que fosse muito além, ela também não foi. Quanto aos demais, a maioria foi encaixe, desde o "par romântico" popular, passando pelo avô malucão bem interpretado por Arthur Kohl, e até a mãe bem trabalhada por Flávia Garrafa, mas nenhum tendo nada que destacasse para chamar a atenção.

Dentro do conceito artístico, a equipe de arte brincou com o começo dos anos 2000, entregando alguns objetos icônicos como mixadores de música, tocadores portáteis de CD, máquinas clássicas, computadores imensos e até as tradicionais visitas à videolocadoras com garotos catalogando os DVDs, e além disso ousou brincar com os figurinos bizarros que alguns "nerds" usavam na época, ou seja, até que foi feita uma boa pesquisa para entregar algo bem trabalhado, mas que foi usado tão pouco que ficamos triste de não ver mais elementos. A fotografia foi básica, tendo apenas a cena no ginásio aonde a bruxa some como algo mais elaborado de tons e tensões, mas isso não é ruim, pois conseguiram segurar bem de forma a criar duas épocas bem diferentes.

Enfim, volto ao começo do texto dizendo que a trama tinha vértices bem coesos para serem trabalhados (que pelo trailer transpareciam ser até mais engraçados), mas que foram pelo lado básico e acabaram entregando um longa até bacana de acompanhar, mas que não quiseram ousar nem trabalhar mais tudo o que poderiam, e com isso o resultado passa bem longe de ser algo que iremos lembrar, e ficar indicando para todos, mas que nem chega perto de ser algo ruim para esquecermos, e sendo assim, aqueles fãs da protagonista que forem conferir e levar seus pais ou amigos, certamente terão ao menos um filme bacana de ser conferido, e sendo assim não irão rasgar o ingresso pago. Bem é isso pessoal, encerro aqui essa semana cinematográfica, mas volto em breve com mais textos de filmes online também, então abraços e até logo mais.

Leia Mais

Creed 2 (Creed II)

1/27/2019 01:30:00 AM |

Sempre ficamos com um pé atrás quando vamos conferir a continuação de algum filme que foi muito bom, pois geralmente costumam enrolar, encher de falhas, e aparecer muitas arestas que não foram desenvolvidas e que os diretores/roteiristas acham que precisam mostrar para evidenciar algo, e com isso acabam destruindo tudo o que vimos de bom, fazendo quase uma bomba relógio de duas horas na telona. Pois bem, felizmente "Creed 2" vai completamente contra essa ideologia, e entrega algo ainda melhor que seu original, pois ao invés de aparar arestas, o novo diretor da produção trabalhou bem o passado com a rixa vingativa pela morte do pai, incorporou o presente colocando uma luta (ou melhor duas) cheias de grandes embates fortíssimos e muito treino, mas principalmente priorizou o futuro de Adonis sem depender de Rocky, trabalhando a essência do lutador com as boas dicas de vivência do experiente lutador, criando algo a mais para poder ser trabalhado, com a família, os amigos e tudo mais. Ou seja, temos realmente um longa daqueles que nos vemos torcendo dentro da sala, se emocionando com diversas situações, e que claramente nos vemos vibrando com o resultado final mesmo após a luta acabar, pois a trama mostra muito mais do que apenas isso, e sendo assim, o resultado impressiona e agrada demais, mostrando que uma continuação pode e deve superar o original.

O longa nos mostra que a vida de Adonis Creed está tumultuada. Dividido entre as obrigações da vida pessoal e o treino para sua próxima grande luta, ele encara o maior desafio de sua vida. Enfrentar um adversário com laços no passado de sua família somente intensifica a próxima batalha no ringue. Rocky Balboa está a seu lado para o que der e vier e, juntos, Rocky e Adonis vão confrontar o legado que os dois compartilham, questionar pelo que vale a pena lutar e descobrir que nada é mais importante do que a família. Creed II é basicamente sobre voltar ao fundamental para redescobrir o que fez de você um campeão e lembrar-se que, não importa onde for, não é possível fugir do passado.

Posso dizer com certeza que o diretor Steven Caple Jr. certamente será bem tietado por outros produtores após o que fez aqui, pois ele conseguiu trabalhar a personalidade forte do protagonista, apresentar praticamente um personagem novo, e juntamente com tudo isso ainda desenvolver as lembranças das lutas do passado sem precisar ficar brincando com flashbacks, sem precisar ficar remetendo detalhes das lutas anteriores, e ainda soube entregar toda uma vitalidade para a produção, lembrando demais os longas do "Rocky" que estávamos acostumados a ver, com uma boa pegada dramática, boas lutas, e sempre bons motes de lições, de tal maneira que a empolgação vai fluindo e agradando com muito impacto, ou seja, o diretor conseguiu moldar sua trama sem pensar muito em como fazer com que o protagonista se destacasse, deixando isso para o próprio ator, e por incrível que pareça, Michael B. Jordan tem uma luz própria da mesma forma que Sylvester Stallone tinha na época, remetendo força e carisma, chamando muita responsabilidade e criando suas lutas de forma ímpar e bem críveis de acompanhar, como se realmente tivéssemos vendo uma super luta de boxe na telona, torcendo e vibrando para que aquele homem saísse vivo dali para lutar pela família depois. Ou seja, o trabalho do diretor foi coeso na forma, soube encaixar o que o público desejava de um grandioso embate, e principalmente fez algo maior do que o que esperado dentro da carga dramática, o que é um grande acerto se colocado com longas desse porte/estilo, e principalmente o jovem diretor não ficou com medo de assumir a bronca depois de tudo que Ryan Coogler criou no primeiro filme.

Já falei um pouco das interpretações acima, mas é de arrepiar o trabalho que Michael B. Jordan fez aqui, e vem fazendo em sua carreira, de tal maneira que entrega com tanta personalidade olhares, sofrimentos, encaixando trejeitos, além claro de se dispor para uma malhação de nível de esportista mundial, ganhando forma e tudo mais para impressionar na tela como Adonis Creed, além de ir para um rumo inesperado, e acabar envolvendo tanto que nem dá para descrever, ou seja, vamos ver ele ainda ter muito destaque na carreira com certeza, e quem sabe uma continuação, agora que seu personagem já está demarcado. Sylvester Stallone apareceu bem menos dessa vez com seu Rocky, mas foi sincero nos olhares, nas dicas, e por ser simples nos atos, conseguiu demonstrar ainda todo o carisma que seu personagem possui sem precisar fazer muito esforço, agradando bastante também. Tessa Thompson foi grande demais nos seus atos, entregando uma personificação incrível para sua Bianca, encontrando olhares claros para se entregar para o protagonista, e ainda por cima botando o gogó para jogo, mandando muito bem cantando, ou seja, foi muito bem. Florian Munteanu não é russo, e sim romeno, mas entregou muita força e interpretação nos atos de seu Viktor Drago, mandando ver na luta, socando o protagonista sem dó (inclusive de forma real em algumas cenas!), mas seu personagem poderia ter sido um pouco mais trabalhado no longa, de modo que descobrimos praticamente tudo, de seu abandono pela mãe, dos desgastes da vida e tudo mais, somente pelas falas do pai, e dos olhares, não tendo praticamente espaço nenhum para um desenvolvimento. É claro que não colocariam outro para interpretar o mito Ivan Drago, e com isso Dolph Lundgren veio com seus trejeitos fortes imponentes bem colocado para mostrar desprezo em cima dos atos de Rocky e agora seu pupilo Adonis, de modo que o ator está um pouco engessado, mas fez bem seu papel. Também deram uma volta com apenas duas cenas para Brigitte Nielsen que em 1985 fazia sua estreia no cinema como Ludmilla Drago, e aqui foi apenas mote de ligação para os momentos dos protagonistas. Além dos protagonistas, temos de dar rápidos destaques para Phylicia Rashid como a serana mãe do Creed, Wood Harris como o treinador de Creed, filho do treinador do pai de Creed, e claro um agenciador de lutas, no melhor estilo dos agenciadores pilantras que vemos hoje, aqui vivido por Russel Hornsby como Buddy.

A equipe de arte também deu um show, entregando ginásios imensos, preparados para duas grandiosas lutas, trabalhos os ambientes de treino com muito impacto, as casas dos protagonistas cheias de detalhes, e ainda por cima tiveram a audácia de criar um centro de preparo no meio do deserto com detalhes dignos de prisões, criando um ambiente forte, inóspito e incrível de ver para dar muita gana de luta, ou seja, a equipe foi minuciosa para impactar e agradar do começo ao fim. A fotografia deu um tom bem escuro para a maioria das cenas, criando muita tensão, mas trabalhando as lutas com uma iluminação forte, foram coesos para mostrar que o diretor não quis brincar com dublês, ousando mostrar os protagonistas com muita força e garra, ou seja, um filmão mesmo.

Além das canções interpretadas por Tessa Thompson, o longa contou com ótimas e inspiradoras canções de combate, entregando um ritmo frenético do começo ao fim, fazendo com que o filme ficasse bem trabalhado e envolvesse a todos, e claro que deixo aqui o link para quem quiser ouvir.

Enfim, é algo raro de acontecer, mas conseguiram fazer uma continuação melhor que o original, todo cheio de virtudes, símbolos e claro boas lutas, de modo que vai agradar quem não é fã de lutas pela boa dramaticidade e emoção passada pelos protagonistas, como quem for esperando muita força e brigas também irá ficar bem feliz. Só não darei nota máxima para a trama pelo motivo que falei de que achei bem pouco desenvolvido o antagonista Drago, ficando apenas como um adversário do qual sabemos ser filho do homem que matou o pai do protagonista, e nada mais, sua vida sendo quase que um enfeite jogado na tela, ou seja, poderiam ter trabalhado bem mais, mas tirando esse detalhe é um filmaço que vale muito a pena conferir na melhor sala possível, pois é impacto sonoro para todos os lados. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

Leia Mais

Green Book - O Guia (Green Book)

1/26/2019 02:36:00 AM |

Olha, já tivemos muitos filmes envolvendo questões de preconceito, racismo e tudo mais de ruim que esse mundão real costuma ser desenhado nas ficções cinematográficas, mas ultimamente a formatação que andam nos entregando anda tão real, que a fantasia acaba nos tocando de uma forma que cria tanta indignação, que nos bate uma tristeza tão grande ver alguns momentos que não tem como não se emocionar, ou pelo menos sentir algo pelas tramas entregues. Digo isso baseando tanto no longa que conferi ontem, quanto no de hoje, mas a diferença entre eles é gritante, pois enquanto um prezou por algo mais cru, o outro trabalhou um ar mais fantasioso, na forma como um homem preconceituoso mudou suas ideias ao vivenciar muita discriminação em cima de seu patrão por oito semanas viajando pelo sul dos EUA em plena época da segregação racial do país usando de base um livro feito para mostrar hotéis que aceitavam pessoas de cor no país, o longa "Green Book - O Guia" conseguiu trabalhar envolvimento, carisma e muita personalidade em cima da história real do pai do roteirista que vivenciou tudo o que o longa nos entrega. Diria que o filme toca, emociona, e se desenvolve de uma forma tão crível e forte que acabamos sentindo na pele tudo pelo que os protagonistas sofrem, mesmo nunca tendo sofrido qualquer tipo de racismo e/ou preconceito, e isso faz dele um filme incrível de ser assistido, que não força a barra, e acaba mesmo duro com tudo o que passa, soando gostoso pela amizade criada, e pela mudança na vida do protagonista.

A sinopse nos conta que quando Tony Lip, um segurança ítalo-americano, é contratado como motorista do Dr. Don Shirley, um pianista negro de classe alta, durante uma turnê pelo sul dos Estados Unidos, eles devem seguir o `O Guia´ para leva-los aos poucos estabelecimentos que eram seguros para os afro-americanos. Confrontados com o racismo, o perigo – assim como pela humanidade e o humor inesperados - eles são forçados a deixar de lado as diferenças para sobreviver e prosperar nessa jornada.

Chega a ser irônico vermos uma trama com um tema forte tão bem desenvolvida de uma maneira harmônica e bem humorada, mas se olharmos o currículo do diretor Peter Farrelly, vemos que basicamente ele só fez comédias bem escrachadas, e aqui é sua tentativa de algo mais dramatizado, e que deu muito certo principalmente por ter uma história muito boa por trás, afinal um dos roteiristas é filho do verdadeiro Tony Vallelonga, e Nick inclusive aparece no filme como o mafioso Augie, ou seja, tivemos algo bem moldado para que o diretor trabalhasse a essência, e encontrasse meios sutis e gostosos de passar olhares, sentimentos e claro muito ódio preconceituoso em cima da trama para que seu filme fluísse corretamente e passasse o que tanto desejava que víssemos, que era a possibilidade de alguém completamente preconceituoso, que não é um americano nato, mudasse seus conceitos pela vivência, ou seja, um filme forte, porém entregue com doçura e sinceridade, que acaba envolvendo o público, e claro fazendo com que todos se emocionem com a entrega dos atores para que o diretor pudesse brilhar também.

Sobre as atuações, se em 2017 continuo considerando bem injusta a premiação de Mahershala Ali em "Moonlight", aqui o ator demonstrou uma segurança tão forte na condução de seu Don Shirley, com uma postura precisa, olhares e trejeitos bem colocados, dinâmicas corporais fortes sem precisar de se impor, que ficamos grudados em seus atos, simpatizando com cada momento, e até torcendo para ele em tudo o que faça, ou seja, agora sim é o seu momento de vitória, e iremos torcer com unhas e dentes por muitos prêmios, pois ele foi incrível. Da mesma forma, Viggo Mortensen conseguiu colocar para seu Tony algo tão bem posicionado, cheio de virtudes, com trejeitos até razoavelmente caricatos, mas que com muita desenvoltura acaba entregando uma personalidade marcante de muita amizade que nos faz irmos na sua mesma onda, agradando demais em tudo o que faz em cena. Dentre os demais até temos bons momentos com Dimiter Marinov com seu Oleg, que nos fazem olhar um pouco de forma cética para seu papel, mas certamente o destaque secundário fica para Linda Cardellini com sua Dolores, cheia de paixão, mas principalmente de coração, que consegue emocionar a todos com seu olhar doce e esperançoso em todas as cenas.

No conceito visual, o longa é muito bem exposto dentro de um road-movie pelo sul ultra-racista dos EUA, mostrando diversas lojas, restaurantes, bares, e claro até mesmo as festas de elite aonde o grande pianista entra para tocar, mas tem de viver momentos vexaminosos de uma maneira tão horrenda que chega a dar vontade de bater nas pessoas, como o protagonista faz em diversos momentos, e dessa forma trabalhando bem com coerência com a época, entregando boas locações e momentos bem desenvolvidos, a equipe de arte consegue encontrar detalhes para que cada ato fosse bem montado, e principalmente passasse a ideia que o longa pedia sem precisar partir para algo mais cru, ou seja, foram dinâmicos e coesos, envolvendo cada ato como se fosse único. A fotografia também se deixou levar pela dinâmica, trabalhando sempre tons bem leves ao redor dos protagonistas nos momentos mais descontraídos, e puxando toda a densidade para tons escuros em cada ato que parecia rumar para o conflito, de modo que o resultado até acaba brincando com a ideia, e assim funcionando bem.

Enfim, um longa com uma temática bem forte, que foi desenvolvido com eximia precisão para não ser cansativo nem chato como muitos desse estilo costumam acontecer, o que faz com que um público mais abrangente confira o longa e se divirta, emocione, reflita, e tudo mais que a ideia completa pode passar, ou seja, mesmo com leves momentos talvez fora de eixo, que poderiam até ser eliminados, recomendo demais a trama para todos, pois é algo que vale muito a conferida, e certamente me vi com os olhos bem marejados ao final por toda a essência e beleza passada no conceito da amizade que o filme conseguiu se verter. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

Leia Mais