O Dublê em Imax (The Fall Guy)

5/01/2024 02:50:00 AM |

Confesso que quando vi pela primeira vez o trailer do longa "O Dublê" pensei que seria algo tão idiota que iria mais reclamar do que gostar do que veria, e quando começou a trama e dá a passada temporal de 18 meses, indo para a gravação de um filme de romance com ficção científica entre um cowboy e uma alienígena pensei sinceramente aonde isso vai me levar, mas tudo acaba se desenvolvendo de uma forma tão divertida, tão cheia de nuances, e principalmente tão bem produzida com cenas de ação gigantescas, que acabei entrando tanto no clima que acabei adorando tudo do começo ao fim (inclusive com uma cena pós-créditos e várias durante os créditos mostrando os verdadeiros dublês em ação!). Ou seja, é o famoso blockbuster escondido que ninguém imaginaria ficar tão bom que mesmo contendo um romance no meio não fica açucarado, mas sim gostoso de curtir pelas ideias colocadas, canções e tudo mais que funciona no meio da completa loucura que é tudo na tela.

A história acompanha Colt Seavers, um dublê de Hollywood que precisou abandonar a vida de acrobacias perigosas após sofrer um acidente. Porém, um tempo depois, ele é chamado de volta para trabalhar em um filme dirigido por sua ex, Jody Moreno, realizando as cenas mais intensas de ação de Tom Ryder, protagonista do longa. Mas o convite envolve um grande mistério: Tom está desaparecido e, enquanto grava suas sequências, Colt descobre que pode ter se envolvido em algo muito maior do que um simples trabalho como dublê.

O mais engraçado é que esse filme poderia facilmente ser colocado como uma auto-biografia do diretor David Leich, afinal antes de estourar como um famoso diretor em 2017, antes era apenas diretor de dublês e trabalhou muito pulando de prédios, motos, se tacando fogo e tudo mais que fosse preciso desde 1995, ou seja, conhece como uma luva cada cantinho por onde passa um dublê, sabe o quanto é divertido e perigoso a profissão, e claro também já deve ter dado alguns pegas com algumas diretoras  de fotografia (ou nem tanto já que anteriormente o cinema era bem mais machista e não tinham tantas mulheres assim como é hoje), e aqui ele que gosta de fazer filmes com muitas cenas pegadas de ação, com desenvolturas imponentes e tudo mais, pode brincar com a ideia tanto em segundo plano como em primeiríssimo, já que a trama brinca com o fazer um filme de ação romântico, e essa duplicidade do roteiro junto com todo o envolvimento que ele soube colocar, fez com que seu filme tivesse aquele algo a mais que tanto gostamos de ver na telona, pois é explosão, é risada, é romance, é ficção científica, é policial, tudo misturado e que funciona agradando quem gosta de todos esses estilos, juntos!

Quanto das atuações, Ryan Gosling e seus quatro dublês (Logan Holladay, Justin Eaton, Ben Jenkin e Troy Lindsay Brown) se desafiaram bastante, brincaram com as cenas mais perigosas e claro que o ator sem se arriscar fez todas as boas sacadas que sabe entregar, sendo um Colt astuto e bem encaixado, e que principalmente soube segurar a trama para si, não fazendo com que o filme perdesse o foco nele, agradando bastante e mostrando que sabe escolher bem as produções para se destacar, pois depois de um Ken, ele se jogou para chamar muita atenção e não ficar marcado. Emily Blunt também se divertiu bastante com sua Jody, não recaindo para uma personagem melosa, e principalmente sabendo dar o espaço para que o protagonista brilhasse, sendo claro uma diretora em ação, criando atos envolventes, mas deixando o longa fluir. Aaron Taylor Johnson tem estilo, mas seu Tom Ryder merecia um desenvolvimento melhor, pois ficou apenas como um astro metido e com o ego inflamado demais, que poderia ter ido além, afinal o diretor gosta dele em seus filmes, mas ficou bem em segundo plano. E quem talvez ficasse em segundo plano na trama seria o Dan que Winston Duke entrega na tela, mas como um coordenador de dublês soube entrar em cena exatamente aonde precisariam dele, e acabou agradando bastante. Por fim ainda tivemos cenas demais de Hannah Waddingham com sua Gail, de modo que como uma produtora talvez seria melhor ficar mais em segundo plano na trama, mas como está envolvida na confusão, acabaram usando ela demais, e não convenceu como deveria. Ainda tivemos atos espalhados com Stephanie Hsu, Teresa Palmer, Ben Knight e até uma homenagem ao final com os dois atores da série na qual o longa é baseado, que é "Duro na Queda" de 1981, com Lee Majors e Heather Thomas fazendo uma pontinha no final.

Visualmente o longa tem boas cenas de perseguição na rua, boas lutas dentro de um apartamento bem cheio de detalhes de filmes, um set de gravação beira-mar com muita areia (lembrando até um pouco "Duna" até mesmo na trilha-sonora), aliens estranhos, porém bem colocados em cena, muitos atos com carros capotando, voando, trombando e tudo mais, e claro muitas explosões e pirotecnia no melhor estilo possível que um bom filme de ação deve ter, claro que contando com muitos detalhes cênicos como armas de munição cenográfica, espadas falsas, capacetes, além das armas estranhas do filme que está sendo gravado com boas referências para brincarem com esse mundo.

O filme conta com uma trilha sonora incrível, com canções bem encaixadas nos diversos momentos, mas sem dúvida os destaques ficam para "All Too Well" da Taylor Swift e "Against The Odds" de Phil Collins usadas no ponto máximo que um romance deveria ser usado. Não achei o link oficial, mas esse tem boa parte das canções usadas para curtirem depois. 

Enfim, é um filme que beira a perfeição por conseguir encaixar vários estilos em uma trama só, e isso é algo bem raro de acontecer e dar certo, mas que poderia ser um pouco mais curto, afinal no miolo acabaram enrolando demais em situações desnecessárias, porém é algo que não atrapalha já que o filme tem ritmo. Então com toda certeza recomendo ele para todos, talvez funcione melhor vendo no cinema mesmo pelas muitas cenas de ação (ou seja, em casa alguns não vão ficar tão contentes com o resultado), e eu fico por aqui hoje, então abraços e até logo mais.


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