Meu Sangue Ferve Por Você

5/30/2024 07:11:00 PM |

Quem me segue a um bom tempo sabe que uma das minhas maiores reclamações dos longas nacionais era da falta de brincarem com mais estilos sem ser comédia escrachada, comédia romântica, drama novelesco e drama favela, com raras tramas soltas de terror que dificilmente davam muito certo, porém parece que essa nova leva de diretores e produtores resolveram ousar e na mesma semana já surgiu um cyberpunk e agora um musical biográfico, ou seja, podem não serem perfeitos, mas minha felicidade em ver inovação já está a mil. Dito isso, "Meu Sangue Ferve Por Você" entrega um pouco de como Sidney Magal se apaixonou por Magali West quando foi entregar o prêmio de "A Mais Bela da Bahia" em 1979, e todas as artimanhas que seu empresário e a mãe da garota fizeram para tentar não dar certo o casal, mas mais do que isso a trama brinca com as nuances de suas músicas, dos shows icônicos do cantor, suas danças e tudo que coubesse em um musical diferente do usual, e até que funciona bem para quem curte o estilo, e claro, o cantor, sendo bacana de ver, mesmo que um pouco exagerado, mas como Magal sempre foi exagerado, e isso já vimos no documentário que teve no ano passado, a trama agrada.

O longa nos mostra que em 1979, Magal, um dos artistas mais populares e celebrados do país, segue a rotina de shows e compromissos em Salvador. Durante um programa de TV, conhece a deslumbrante Magali e é acometido por uma paixão inédita e avassaladora. Para conquistá-la, precisará vencer a resistência de Jean Pierre, seu empresário passional, além da desconfiança da família, amigos e da própria Magali. Embalado por grandes sucessos, o filme narra os encontros e desencontros dessa explosão de amor que mudará para sempre a vida do casal Magal e Magali.

O diretor e roteirista Paulo Machline é um dos poucos brasileiros que já foram indicados ao Oscar, tendo seu primeiro curta "Uma História de Futebol" chegado lá em 2001, e desde então tem feito boas tramas diferentes e interessantes de se ver, mas acredito que sua maior ousadia até hoje tenha sido acreditar na possibilidade de um musical nacional no cinema homenageando um dos maiores cantores do país, mas foi lá e fez, de tal forma que o longa até tem alguns defeitos, poderia ter trabalhado um pouco mais da vida de Magal e não apenas o ano de 1979, mas quem sabe algum produtor maluco encare uma continuação, e ele arrisque um pouco mais. Ou seja, sei que muitos vão olhar torto para sua ideia, outros não irão conferir por não gostar do estilo musical, mas confesso que a ousadia funcionou, e principalmente a ideia foi além, pois encontraram um ator que incorporasse o personagem Magal e vivesse com voz e dinâmicas tudo na tela.

E já que comecei a falar das atuações, diria que Filipe Bragança fez uma preparação incrível para viver Sidney Magal, de tal maneira que por várias vezes achei que o verdadeiro Magal estivesse dublando ele, e nas canções o jovem apenas tivesse mexendo a boca, mas não, nos créditos vemos que o ator mesmo gravou as novas versões das músicas icônicas e brincou com as facetas e danças sensuais do homenageado, mostrando potencial artístico que vamos ver muito ainda, pois ele é bem novo e mandou bem aqui. Giovana Cordeiro foi escolhida pela própria Magali West para viver ela, e a jovem que anda agradando muitos diretores de novelas conseguiu entregar personalidade e estilo na tela, sendo uma baiana invocada e intensa, além de bem graciosa também na interpretação, o que acabou agradando bastante. Caco Ciocler ficou meio engraçado como o empresário Jean Pierre, pois tendo um sotaque gringo bem forte, precisou forçar trejeitos, mas ainda assim conseguiu sendo um bom ator chamar muitas cenas para si na tela, só achei que faltou ele ficar com a mãe de Magali. E falando dela, Emanuelle Araujo foi bem intensa com sua Graça, trabalhando bem com a filha, fazendo imposições de mães fortes e rigorosas, sendo bacana de ver na tela. Ainda tivemos outros bons personagens, mas a maioria dando apenas conexões para a história, valendo ver Sidney Santiago com seu Renan/Sandra Pink, Tânia Tôko com sua Lurdes, Pablo Morais com seu Claudinho e Sol Menezes com sua Ana Maria, mas sem grandes destaques.

Visualmente a trama mostrou bem o estilão do final dos anos 70, com carros simbólicos, shows em teatros bem produzidos como o cantor sempre fez, e claro figurinos fortes e coloridos para representar as canções e danças, de modo que a equipe soube brincar bastante com cada nuance para funcionar na tela, com faixas e cartazes que sempre representaram bem as fãs malucas do cantor, fazendo com que o filme agradasse bastante.

Enfim, se você curte musicais, gosta das loucuras do cantor Magal e principalmente se quer ver um filme nacional diferente do comum que sempre nos apresentam, recomendo que vá conferir o longa nos cinemas, pois mesmo tendo alguns defeitos de estilo, ao menos é gostosinho de ver, e ajuda para que outros diretores acreditem que arriscar sair do comum pode dar certo, então fica a dica. E é isso meus amigos, eu fico por aqui agora, mas ainda vou aproveitar o feriado para ver mais um longa hoje, então abraços e até logo mais.


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