O longa nos conta que Narvel Roth é o meticuloso horticultor dos Jardins Gracewood. Ele é tão dedicado em cuidar dos terrenos desta bela e histórica propriedade quanto em agradar sua empregadora, a rica viúva Sra. Haverhill. No entanto, o caos invade a existência espartana de Narvel quando a Sra. Haverhill exige que ele aceite sua problemática e conturbada sobrinha-neta Maya como nova aprendiz, desvendando segredos sombrios de um passado violento enterrado que ameaçam a todos eles.
O mais engraçado de ver na trama do diretor e roteirista Paul Schrader é que ele não se fecha em momento algum para a densidade que deseja entregar na tela, de tal forma que seu filme acaba sendo fluido e denso na mesma proporção, conseguindo brincar por vezes com coisas sutis e interessantes de ver, como na mesma cena entra em cheque algo tenso e marcante para refletir sobre a sociedade em si, heranças, culturas e até mesmo sobre o mundo atual aonde vemos a ressocialização de presos como algo difícil de se aceitar. Ou seja, ele sabe permear bem entre fases de sua trama, e principalmente segurar o espectador criando ambientações simples, mas com muitas mensagens subliminares na condução, e isso é uma arte que poucos dominam. Claro que fazer isso no filme inteiro acaba sendo chato de ver, mas no contexto completo acaba funcionando o resultado proposto, mesmo que pudesse ser cortado alguns momentos enfeitados demais.
Quanto das atuações diria que a escolha de Joel Edgerton para o papel principal foi algo muito bem pensado, pois é um ator que consegue ao mesmo tempo entregar alguém "bonzinho", apaixonado por flores e plantas, mas que também entrega uma densidade violenta bem guardada no olhar, e sua entrega acaba fluindo fácil na tela, mostrando um Narvel cheio de camadas, que se você for tirando as peles vai enxergar tudo e verá um ator perfeito para cada ato. Sei que Sigourney Weaver não é mais a mocinha que vimos anos atrás, mas aqui envelheceram tanto ela para fazer uma Sra. Haverhill cheia de desejos e desenvolturas que acaba sendo até estranho de ver, com um ar meio que rabugento, meio que de pessoas que se acham demais, e a atriz soube segurar cada elo de uma forma marcante na tela também. A jovem Quintessa Swindell também soube ser sutil com sua Maya, não criando muitos atos explosivos, mas também não deixando que sua personagem ficasse secundária no meio de duas estrelas, ao ponto que vai ganhando a tela e consegue seduzir bem o protagonista, fazendo atos secos, porém amplos de significado, o que acaba chamando atenção na tela. Quanto aos demais, a maioria apenas teve conexões com os três, então não diria que dá para dar qualquer destaque.
Visualmente a trama tem elos bem bonitos com os jardins, tem uma cena incrivelmente cheia de detalhes quando os personagens atingem seu ápice, e também vemos atos de destruição bem fortes e representativos, com uma boa separação da riqueza e da diferença de classes, vemos alguns momentos em lanchonetes de apresentação criminal bem comum de presos que cumprem sentenças livres, e vários momentos em motéis de estrada, aonde a equipe de arte conseguiu desenvolver bem cada momento do roteiro para que a história tivesse uma vida interessante de se ver, além dos objetos predominantes em quase todas as cenas que foram a tesoura de poda do protagonista e seu diário.
Enfim, é um filme que muitos talvez não se conectem como o longa pede, mas que se analisar bem a fundo todas as ideias e metáforas presentes conseguirá ver um filme intenso cheio de camadas que dá para se pensar bastante, então fica a dica para a conferida nos cinemas à partir do dia 30/05. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje agradecendo claro o pessoal da Pandora Filmes e da Sinny pela cabine, e volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.
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