Netflix - Calibre

10/11/2020 07:21:00 PM |

O mais engraçado de alguns filmes do streaming é que eles parecem ser feitos já preparando para um final ruim, pois até entregam boas possibilidades, criam uma história densa, mas raramente conseguem fechar de uma maneira satisfatória ao menos. Digo isso com um pesar até que não muito forte, pois a história do longa da Netflix, "Calibre", até é intrigante, consegue segurar com a situação desesperada do protagonista em cima do que fez, mas não desenrola, as mentiras começam a surgir de todos os lados, e ao invés de sumirem do mapa não, ficam ali rodando para no final rolar algo ainda mais bizarro. Ou seja, qualquer um no lugar deles ou iria para a polícia de vez, ou sumia dali logo, não ficar rodando e errando mais ainda. Claro que isso é uma ideia, mas poderia surgir outras até melhores, mas optaram certamente pela pior, e com um fechamento ainda mais insano, que nem em qualquer pensamento comum sairia, e assim sendo o filme desanda totalmente.

A sinopse nos conta que dois amigos de infância, Vaughn e Marcus decidem curtir o fim de semana e viajam para uma área remota da Escócia. Chegando lá, os dois são surpreendidos por uma situação cuja principal forma de superar é tentar agir normalmente.

O motivo do fechamento ruim pode ser atribuído talvez a inexperiência do diretor e roteirista Matt Palmer, pois aqui estreando em ambas posições (antes apenas tinha feito curtas-metragens), talvez ele não tenha preparado algo mais contundente ao ponto de que todo o ritual da pequena vila encontrasse algo melhor para fazer com os rapazes, ou então algo mais rápido de pensamento para a cabeça deles, pois o filme sim tem a proposta de mostrar que encobrir uma mentira é algo não muito fácil, mas se vai fazer, que a complete, e infelizmente nem os personagens, nem o roteirista acabaram completando ela de maneira imponente suficiente. Ou seja, o filme até tem uma certa atitude, mas não se desenvolve após o conflito de maneira a parecer convincente, ficando rodando sem rumo, até chegar ao bizarro fechamento que nem na história mais impossível do mundo aconteceria.

Sobre as atuações diria que o elenco ficou levemente perdido nos atos, de modo que os protagonistas Jack Lowden e Martin McCann trabalharam seus Vaughn e Marcus com segurança até irem para a floresta atirar, e a partir dali precisariam de uma melhor definição de desespero para que ficasse mais real, pois ambos se desregularam nas atitudes, fizeram caras e bocas, e principalmente não sabiam mais para onde olhar na câmera, ao ponto que o filme parece sofrer o mesmo baque que os personagens e se desliga totalmente, ou seja, vemos um apagão de estilo e de personalidade, de modo que não conseguem mais chamar atenção em nada, até o momento da fuga, aonde novamente se desesperam, e fazem algo mais produtivo ao menos. Tony Curran poderia ter dado um ar mais imponente para seu Logan, sendo meio que o prefeito da cidade, mas ficou com uma personalidade meio vaga, e mesmo nos atos mais fortes do final foi levemente frouxo demais. Já Ian Pirie trabalhou seu Brian como o cachorro louco da cidade, e talvez com mais atitudes dele o filme fluiria para alguns rumos mais fortes, mas não optaram tanto por isso.

Visualmente o longa trabalhou bem com florestas para todos os lados, uma cidadezinha extremamente interiorana que já teve áureos tempos com a caça, mas que hoje vive apenas com os habitantes sem muito rumos, fazendo apenas festas e vivendo bêbados, e com isso a equipe de arte trabalhou poucos elementos cênicos, claro todos próprios dos momentos de ocultação do cadáver, e com isso vemos facas, armas, pás, roupas sujas e símbolos bem jogados na cara do espectador, que os moradores nem veem num primeiro momento, mas mostraram que a equipe ao menos pensou em tudo.

Enfim, é um filme que talvez se melhorado a dinâmica de miolo chamaria até mais atenção, mesmo com o final ruim, mas eles ficaram muito bobos rodando na cidade, e com isso o resultado acaba ficando enrolado demais. Claro que o absurdo maior é o fechamento, que de forma alguma aconteceria em lugar algum, mas como costumo dizer, quando o longa já desanda no miolo, o diretor se for imponente sabe melhorar ou criar algo para chamar a atenção, já os estreantes acabam se perdendo ainda mais, e estragando tudo. Ou seja, é daqueles filmes que você só descobre o motivo de colocar na lista e não ver durante um bom tempo, depois que vê, pois não dá para recomendar de forma alguma. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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