A Verdadeira História de Ned Kelly (True History of Kelly Gang)

10/27/2020 12:47:00 AM |

Sempre é interessante conhecer vários pontos de vista de uma história real, ou pelo menos lendária, que já foi contada em diversos livros e filmes por ser um dos fora-da-lei que mais desafiou o sistema policial da época na Austrália, e com uma pegada mais intensa, e até literária, afinal aqui colocaram meio que como se fosse as palavras reais de Ned, o longa "A Verdadeira História de Ned Kelly", consegue ser intenso, com boas atuações, e principalmente com cenas fortes bem trabalhadas, de modo que acabamos nos envolvendo bem com cada momento, e que mesmo ele sendo um fora-da-lei acabamos torcendo por ele. Ou seja, é uma trama que entrega bem os momentos sofridos do jovem na infância e adolescência, tudo de ruim que viveu, e que tenta usar isso como motivo para seu desenrolar criminoso, mas mais do que isso, entrega a personalidade problemática do garoto, e por consequência do homem que se tornou, mostrando um filme intenso que agrada pela formatação, mas que talvez um pouco menos de primeira pessoa agradasse mais.

O longa nos mostra a ascensão e a queda do rebelde australiano Ned Kelly, consagrado como o maior bush ranger da história do país. Durante a década de 1870, incentivado pelo foragido Harry Power e pela prisão de sua mãe, Kelly recrutou um montante de rebeldes para planejar uma rebelião lendária.

O diretor Justin Kurzel costuma entregar um estilo bem dinâmico em seus longas, e sabiamente costuma amplificar suas histórias, de modo que tudo acaba sendo bem trabalhado, e principalmente bem contado, tanto que aqui ele nos faz ficar bem do lado de um fora-da-lei, e acreditar na famosa sina de que os fins justificam os meios, e que toda pessoa problemática sofreu abusos ou viu coisas que não devia durante a infância, usando de influências ruins para se justificar o que virou, e dessa forma ele foi condizente na formatação escolhida, porém ele não atacou tanto como deveria, fazendo o filme ficar levemente duro de estética. Claro que isso não é necessariamente um problema, principalmente pelo diretor usar bem o livro em que foi inspirado o roteiro para um tom mais forte, e imponente, afinal estamos falando de uma época cheia de mortes intensas no lado meio que faroeste da Austrália, ou seja, o filme tem uma boa pegada, e funciona dentro do que se propôs, porém como disse no começo, tanto o livro quanto o filme segue quase como uma narração do próprio Ned, o que no final é mostrado que não foi dessa forma, mas sim por outra pessoa, e essa intensificação resulta numa formatação quase que direcionada para a primeira pessoa, com narrações e intensificações demonstradas de atos, o que acaba cansando um pouco. Ou seja, talvez o diretor pudesse ter trabalhado melhor a ação para que o filme fluísse mais com toda a força que tem em segundo plano, mas ainda assim foi um tremendo de um bom trabalho.

Sobre as atuações, a trama teve um elenco bem pronto para desenvolver todas as situações com expressões perfeitas e bem feitas, ao ponto que acabamos nos envolvendo bastante com cada personagem, e o resultado acaba agradando bastante. E para começar temos de falar do protagonista adulto George McKay, que entregou um Ned completamente insano, mas com certezas das dinâmicas para serem feitas, não saindo desesperado fazendo tudo, de forma que vemos ele trabalhar a personalidade e ir crescendo conforme o filme pedia, e o acerto final é perfeito em tudo, mas também temos de pontuar o garoto Orlando Schwerdt que deu vida ao personagem na infância, e com olhares bem simples, porém marcantes acabou chamando muito a responsabilidade para si em todas as cenas. Essie Davis entregou uma Ellen imponente, com dinâmicas diretas e agradando pela força que passa para a personagem, marcando tanto a vida do garoto como uma mãe envolvente, que mesmo ela fazendo alguns atos duros com ele, ele ainda tem a paixão por ela, ou seja, chama muita atenção. Quanto aos policiais marcantes da trama, tivemos inicialmente um Charlie Hunnam cheio de trejeitos, mas com traquejos tão irritantes com seu Sargento O'Neil que até torcemos pro jovem garoto meter uma bala logo na cabeça dele, e já no segundo ato Nicholas Hoult entregou um mais sociável Fitzpatrick, porém com mesmas jogadas de negociação sexual, ou seja, também um tremendo e imponente personagem. Quanto aos demais, cada um entregou algo para a trama, mas sem dúvida alguma Russel Crowe entregou um Harry incrível e Sean Keenan veio com um Joe tão bem colocado no momento, que vemos tanto os ares fluírem bem e chamarem a atenção junto com os protagonistas sem desregular o foco, ou seja, agradaram demais.

Visualmente o filme trabalhou um pouco de tudo, mostrando desde o ambiente seco da Austrália colonial, com a "cabana" aonde os protagonistas viviam, os bunkers aonde a gangue se escondia para enfrentar o frio e claro a polícia, e várias dinâmicas de roubos e tramas armadas de forma imponente com seus vestidos demonstrando loucura, além claro dos famosos puteiros e casernas aonde alguns atos se desenvolveram para abertura maior, ou seja, um longa que fluiu muito bem em detalhes e agrada bastante em tudo.

Enfim, é um filme bem marcante, cheio de personalidade, e que mostra uma visão diferente da história que já vimos em outros longas mais antigos, que acerta por não ser singelo demais, e que principalmente não força tanto a barra, sendo daqueles que vamos lembrar com certeza, mesmo não sendo o mais bacana sobre o personagem, além de usarem alguns efeitos de luzes piscantes que incomodam demais (e certamente não existia isso na época, sendo algo desnecessário!). Ou seja, recomendo sim o filme para todos, mas tenho certeza que muitos vão achar um pouco lento demais. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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