Netflix - Honra ao Mérito (Thank You For Your Service)

9/27/2020 12:18:00 AM |

Alguns filmes possuem tanta força para dizer algo que acabam se perdendo um pouco e não chegando a lugar algum, de forma que já vimos tantos filmes de estresse traumático pós-guerra, que sempre acabamos esperando um algo a mais para que o filme tenha seu valor, e geralmente não entregam, pois focam sempre na mesma coisa. Dito isso, o longa que estreou esses dias na Netflix, mas já é um pouco antigo, "Honra ao Mérito" tem toda a pegada clássica de jovens que retornam para suas casas destroçados por tiros, bombas e tudo mais, mas mais que faltando uma perna ou um braço ou até um pedaço da cabeça, o principal que acaba acontecendo é voltar sem um pedaço da sua consciência por ter vivido algo muito cruel e intenso, de forma que acabam se matando por pequenas fagulhas, se envolvendo com drogas, brigando com a família e muito mais, ao ponto que acabam nem se reconhecendo mais, e para piorar, quando vão procurar apoio do governo, se não ficaram inúteis, acabam passando por filas e mais filas até conseguir algo. Ou seja, o longa nos mostra que aqueles que vão dar sua vida na loucura que os governantes se metem, quando voltam recebem um belíssimo tratamento, e acabam sofrendo muito. Sendo assim, esse até se diferencia um pouco dos demais por ser uma trama de acusação governamental, mas que acabou não indo a fundo nisso (e daria um belo longa só nesse sentido), mostrando mais do mesmo.

O filme acompanha a vida de vários soldados norte-americanos que retornaram das guerras do Iraque e do Afeganistão sofrendo de transtorno de estresse pós-traumático (PTSD, na sigla em inglês) e de outros traumas. Tais condições interferem nas suas rotinas e abala a vida de várias famílias.

Depois de atuar no filme "Sniper Americano" certamente a curiosidade de Jason Hall sobre como era a vida de ex-combatentes foi muito além, ao ponto que acabou pesquisando bastante e chegou a conclusão que deveria estrear na direção de um longa contando como o governo "ajuda" seus veteranos, e dessa forma eis que junto de David Finkel acabaram criando uma história até que envolvente, aonde vamos fluindo junto com os personagens, mas que rapidamente chegaram aos mesmos trâmites que outros filmes do gênero já entregaram, largando meio que de lado os processos burocráticos do governo. Ou seja, a ideia até era bem boa, criaria algo politicamente direto de estrutura, porém faltou atitude para o diretor estreante ir além, e assim sendo o filme tem seus bons momentos dramáticos, mas se segura demais, ao ponto que não vemos nenhuma das histórias nos comover ou fazer sentir algo a mais. Claro que afirmo não ser algo ruim, pois vemos bem a dinâmica dos quatro personagens principais, vemos alguns bons atos de tensão, mas um diretor mais experiente certamente saberia aonde ir para chamar mais atenção para seu filme.

Sobre as atuações, temos que pontuar que Miles Teller está cada vez melhor em trejeitos, e aqui embora ele seja novo demais para seu Adam, o resultado de suas cenas são bem interessantes e consegue agradar, chamando atenção para tudo o que faz, com bons olhares, boa entonação nos atos ao ponto de envolver bastante. Haley Bennett também foi muito bem com sua Saskia, passando bem a personalidade da mulher que tenta ajudar o marido com seus traumas, mas não tem o retorno, ou seja, a atriz fez olhares vagos, mas bem encaixado no que o longa pedia. Beulah Koale entregou muito envolvimento para seu Tausolo Aieti, trabalhando tanto a perca da memória como o desespero por conseguir algo, e o ator foi dinâmico, simples e direto nos atos, mostrando personalidade e agradando bastante. Joe Cole trabalhou intensamente seu Billy, de forma que seus atos são os mais dramáticos com tudo o que acabou acontecendo, e o ator foi muito bem em tudo o que fez, chamando muita atenção, mesmo que pouco. Scott Haze apareceu pouco com seu Emory, aliás até surpreendeu sua aparição, pois de cara imaginamos outra coisa, mas o jovem voltou bem e agradou também. Quanto os demais foram mais conexões, mas não decepcionaram com o que fizeram, embora todos pudessem ir além.

Visualmente o longa teve boas cenas representando os momentos de guerra, com carros preparados, armas, figurinos e tudo mais, teve cenas bem trabalhadas em centros médicos bem montados com soldados de todos os tipos, com incontinência urinária, com implantes, sem braços, pernas e tudo mais, montaram cenas trabalhando o visual da casa da família bonita que a família deseja voltar a morar, e claro a que mora mais simples onde moram atualmente, mostrou casas mais simples de madeira em outras cidades, trabalhou com o mundo das drogas e crimes como rinha de cachorros, e claro a doença em estágios diferentes, sendo bem representado por tudo, com símbolos bem colocados.

Enfim, é um filme simples, com uma boa premissa, que até agrada com o que é mostrado, porém saiu do elo da proposta que era discutir um pouco o tratamento do governo com seus "heróis" de guerra, mas que serve bastante para quem gosta de ver um longa que mostra bem o estresse pós-guerra. Não diria que seja um longa que recomendo totalmente, mas que como não é algo ruim, vale o tempo assistindo. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos.


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