Netflix - Remédio Amargo (El Practicante) (TheParamedic)

9/17/2020 10:49:00 PM |

Já anda ficando até chato o tanto que ando elogiando o cinema espanhol que a Netflix tem comprado, pois tem sido difícil ver filmes fracos, ou que não envolvessem suficientemente vindos do país, e assim ficamos sempre felizes com bons resultados. Dito isso, o longa "Remédio Amargo" é daqueles que você inicialmente não dá nada para ele, mas que vai mudando tudo de uma maneira tão intensa, aonde o protagonista vira alguém que você sequer pensava, e o resultado então chega a ser chocante com tudo o que rola. Claro que a trama tem diversos defeitos, principalmente em alguns exageros nos atos finais, porém tudo funciona tão bem, e de uma maneira tão maluca, que acabamos nem ligando tanto para isso, apenas curtindo cada momento, e claro surtando com tudo. Ou seja, é daqueles filmes que a ideia em si é simples, mas que no final ficamos com muito medo da mente insana do roteirista para escrever algo do tipo, pois é muita psicopatia para um filme só.

A sinopse é bem simples e nos conta que Angel trabalha em uma ambulância. Após um trágico acidente, sua vida pessoal começa a se deteriorar à medida que ele começa a suspeitar cada vez mais de sua parceira, Vane.

Filmes que envolvem psicopatias geralmente são tensos logo no começo, e acabam fluindo rapidamente no estilo, ao ponto que vemos tudo acontecer com o personagem e vemos olhares e tudo mais, porém alguns vão mais além adentrando tanto na história como na forma desenvolvida pelo diretor, e aqui Carles Torras fez algo com sua trama tão moldada que acabamos não acreditando em muitas cenas, pensando (e até falando com a TV!) ser impossível toda a loucura vingativa que o protagonista acaba fazendo. Ou seja, o diretor foi preciso no desenvolvimento da trama ao ponto de que vemos um longa abusivo por parte das características do protagonista, mas que flui de maneira tão fácil, que mesmo apelando para algumas cenas forçadas no final, o resultado acaba sendo interessante demais e agradando bastante ao ponto de torcermos para o personagem se ferrar de alguma forma, e isso é o que ocorre quando um personagem funciona dentro do que a trama foi proposta, e assim o acerto é algo que veio tanto por parte do diretor quanto do protagonista.

Já que falei do protagonista, o nome que continua mandando nos longas espanhóis da Netflix é Mario Casas, e o jovem ator já se mostrou preciso em tantos longas e a cada dia que pesquisamos mais longas na plataforma vemos mais exemplares dele que ainda não vimos, e como sempre o ator tem um domínio de câmera preciso, sabendo exatamente onde vai trabalhar seu lado afetivo, seu lado vingativo, e claro seu lado psicopata, ao ponto que seu Angel é daqueles que não tem nada de angelical, fluindo em um nível de rancor imenso após o acidente, e piorando após a separação, ao ponto que vemos seu crescimento gradativo na produção não pelo filme necessitar, mas sim pelo ator ir se entregando, e o acerto é fantástico de ver, tanto pelos olhares, quanto pela movimentação corporal (e vê-lo sem poder usar as pernas foi algo incrível). Déborah François caiu muito bem na personalidade que Vane precisava ter, não sendo daquelas que chamam tanto a atenção pelas atitudes, mas sendo sútil nos momentos certos, se entregando também na movimentação corporal, e trabalhando bem os trejeitos de desespero nos atos finais acabou agradando bastante também. Os demais atores só fizeram conexões, fazendo alguns trejeitos marcados, chamando pouco as atenções, ao ponto que nem vale muito destacar muito eles, tendo Guillermo Pfening dando alguns ares mais forçados com seu Ricardo, e Maria Rodríguez Soto até parecia que seria importante como a terapeuta Sandra, mas nada demais rolou ali, o que é uma pena, já o velhinho Celso Bugallo e seu cachorro acabaram sofrendo demais nas mãos do maluco, o que é uma pena de ver.

Visualmente a trama mostrou bem que malucos psicopatas usam de tudo para conseguir atingir seus objetivos, então se você conhece algum fique de olho bem aberto, e a equipe artística foi bem coesa e direta, usando praticamente só o apartamento do protagonista com muitos elementos para serem usados, alguns momentos na frente do trabalho da moça, e algumas cenas no centro de reabilitação, além claro das cenas iniciais na ambulância e em alguns apartamentos mostrando os furtos do protagonista, e suas negociações com traficantes, ou seja, lá no começo já víamos que a índole do rapaz não era das melhores, e assim sendo acabamos vendo um pouco de tudo, como chaves de fenda sendo bem usadas, garrafas, vitrolas, muitas drogas e tudo de uso fácil bem colocado.

Enfim, é uma produção simples, com uma história bem trabalhada, que acaba chamando atenção pelo bom desenvolvimento, e que acaba resultando em uma sequência de loucuras incríveis por parte do personagem principal, e que volto a frisar que exageraram bem nas cenas finais com elementos cênicos sumindo e aparecendo, e até uma sobrevivência meio que forçada demais, mas que no resultado final acabou sendo bem interessante o fechamento. Ou seja, é um filme que recomendo para quem gosta do estilo, mas que não é também uma obra daquelas que vamos ficar enaltecendo, sendo um bom exemplar de loucura, que vale a conferida. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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