Giovanni Improtta

5/19/2013 11:00:00 PM |

Uma coisa que o cinema brasileiro precisa parar fazer é pegar histórias requentadas e tentar botar no micro-ondas para ver se dá algum resultado. Tudo bem que o personagem já é antigo de um livro de Aguinaldo Silva, mas fez sucesso na novela, ok, parabéns, encerrou, agora fazer um filme do personagem "Giovanni Improtta", teoricamente classificado como comédia e a sala lotada não soltar uma risada que seja mesmo irônica é demais para que eu possa considerar algo sobre ele. Um ponto positivo que consigo observar apenas é que José Wilker conseguiu fazer algo sem ter a cara de novela, pois aí estaria muito mais revoltado.

O filme nos mostra que Giovanni Improtta é um contraventor que sonha com a ascensão social. Ao saber que a lei dos cassinos está sendo negociada nos bastidores, ele resolve entrar para o ramo. Para limpar sua imagem recorre ao vereador evangélico Franklin, seu velho amigo, que lhe consegue o título de cidadão honorário do Rio de Janeiro. Apesar de ser casado com Marilene, Giovanni mantém um caso tórrido com Patrícia, filha de um figurão. Como o pai dela não gosta do romance, Giovanni decide agradá-lo comprando um rim, já que sofre de problemas renais. Porém, o que ele não esperava era ser acusado de tráfico de órgãos e, para piorar, que o promotor do caso fosse assassinado. Giovanni logo se torna o suspeito número um do crime e agora precisa encontrar um meio de provar sua inocência.

A sinopse sozinha já revela o filme todo, quem quiser ler apenas o parágrafo acima e ficar em casa já economizou um bom dinheiro e garanto que não irá perder nada, pois a história é bem simples, e não tem nada que agrade o espectador. Wilker em sua estreia na direção de longas cai bem, e faz a história, mesmo que simples, ser bem montada e não ficar com o ar novelesco que tramas desse estilo costumam ficar, e por isso ganhou até uns pontos com uma produção bem colocada em diversos cenários e figurinos, mas só, pois esqueceu de pedir que sua filha, a responsável pelo roteiro, colocasse mais humor na trama, para que o longa não ficasse somente nos bordões do personagem para tentar tirar alguma graça dele, e com isso o resultado final ficou bem abaixo da média.

As atuações estão no geral não tão ruins, mas nenhuma me fez pelo menos divertir. José Wilker conhece o personagem como se fosse já ele próprio, pois o interpretou por quase 1 ano na novela "Senhora do Destino", e o que faz no filme é perfeito, usando todos os bordões conhecidos além de criar outros novos, com um português felomenal de ruim, a única coisa que valeu mesmo foi a tirada dele para o promotor parar de falar tantas expressões em inglês, no geral acredito que se ele tivesse apenas atuado talvez tivesse desempenhado um melhor papel, além do que fez. Andrea Beltrão está exagerada, fazendo trejeitos e gritando além do que poderia fazer, sua cena final não convenceu de forma alguma. Othon Bastos, Hugo Carvana e Milton Gonçalves mesmo aparecendo pouco conseguiram fazer grandes micos, onde você olha e fala que inacreditavelmente eles já foram os melhores atores do Brasil, e estão aqui sendo meras caricaturas animalescas. André Mattos já vem fazendo o mesmo papel desde "Tropa de Elite" e já vi que não tem jeito, vai sempre fazer as mesmas gracinhas e bobagens, até faz rir com algumas besteiras em cena, mas não convence nunca. Gregório Duvivier faz uma pequena aparição que é uma pena, pois o rapaz que só vem crescendo no cinema nacional poderia ter feito melhor do que apenas duas cenas. Thelmo Fernandes poderia fazer muito bem um pastor no antigo "Casseta e Planeta", pois cairia melhor a ideia e não seria tão pejorativo quanto faz no filme. Acho que já viram

Como disse a salvação do filme é que foi muito bem produzido, com cenários bem construídos e escolhidos para dar um ar colorido para a trama, de forma que o trabalho da direção de arte pode ser considerado impecável e de um bom gosto exemplar para filmes brasileiros. A fotografia também soube trabalhar bem, utilizando filtros para dar vida a alguns ambientes. O destaque nesse quesito está tanto na mansão de Giovanni quanto da cela que fizeram para o protagonista.

Enfim, é algo que não recomendo de forma alguma para ninguém, estando no cinema outras opções bem melhores para todos que quiserem ter pelo menos uma noite de diversão na sala escura. Poderia ter tido outra pegada bem mais interessante que agradaria mais, o duro é que ainda esse ano vem mais um requentamento de marmita novelesca, esperemos por algo melhor. Fico por aqui hoje, mas ainda temos mais uma estreia para conferir nessa semana, então abraços e até breve pessoal.


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