Ferrugem e Osso

5/06/2013 12:49:00 AM |

Alguns filmes conseguem nos fazer pensar em muitas coisas de nossa vida, sobre superar obstáculos mesmo quando sofremos grandes baques e o que "Ferrugem e Osso" consegue colocar é algo tão forte que é impossível não se ver limpando mesmo que seja apenas algumas lágrimas escorridas, pois quando você imaginar que a parte forte é no início, aguarde que o soco no estômago vem bem mais pra frente num filme que consegue mexer com os espectadores, tendo todo tipo de elementos que agradem mesmo sendo extremamente forte. É um filme para se pensar muito sobre o que é sofrer e como tudo pode ser contornado. Excelente e comovente seriam duas palavras que poderia definir bastante ele.

O filme nos mostra que Alain está desempregado e vive com o filho, de apenas cinco anos. Ele parte para a casa da irmã em busca de ajuda e logo consegue um emprego como segurança de boate. Um dia, ao apartar uma confusão, ele conhece Stéphanie, uma bela treinadora de orcas. Alain a leva em casa e deixa seu cartão com ela, caso precise de algum serviço. O que eles não esperavam era que, pouco tempo depois, Stéphanie sofreria um grave acidente que mudaria sua vida para sempre.

A história como disse no primeiro parágrafo é um soco no estômago para nós que reclamamos de tudo em nossa vida, não a toa ganhou o Cesar de melhor adaptação, visto que é perfeita a construção que conseguiram fazer para o filme colocando a história mais acima de tudo. Não é algo que foi feito para agradar, mas consegue tocar tão forte que as palavras estão até sumindo de minha cabeça para falar muito sobre ele. No acidente que envolve a protagonista, como já havia lido a sinopse achei embora fosse algo duro, não fiquei tão impactado, mas com o andar da história com tudo que vai ocorrendo, com a superação da protagonista, estava começando a achar que seria simples de escrever, mas ao final assim como acontece nas grandes lutas que vemos no UFC, o soco forte ainda estava por vir e veio marcando muito e colocando o longa acima de tudo e todos como um grandioso nome que mereceu todas as 9 indicações possíveis ao Cesar e 2 ao Globo de Ouro. A direção de Jacques Audiard é precisa e contundente, ele não se preocupa em amenizar nada, deixando a história forte na medida de conseguir ser assistida e inteligente para não precisar explica praticamente nada. Simplesmente perfeito é o que posso falar apenas sem dar mais spoilers.

As atuações são todas perfeitas, bem colocadas e mostram que os atores sabem mais do que interpretar, sabem ser fortes e bem colocados quando estão atuando. Marion Cotillard quase me convenceu possuir a deficiência que acaba sofrendo, mas como lembrei outros filmes que fez e inclusive já levou um Oscar, vi que apenas sendo bem simplista o que ela fez foi dar um mega-show de interpretação que lhe garantiu pelo menos a indicação ao Globo de Ouro e ao Cesar, uma pena não ter ganhado nenhum por esse filme, pois merecia, está esplêndida. Matthias Schoenaerts mereceu ganhar o prêmio de melhor ator promissor no Cesar, pois o que faz chega a ser perfeito principalmente no ultimo ato, possui algumas falhas, mas agrada bastante no geral. Armand Verdure tem alguns momentos chatos como qualquer criança, mas faz muito bem seu papel quando precisa. Corinne Masiero é outra atriz que vale a pena ressaltar, pois consegue mesmo que em poucas cenas quase tirar o foco do protagonista estando junto com ele, e isso poucos atores coadjuvantes conseguem fazer.

O visual do filme é interessante com uma direção de arte que impressiona bastante com diversos elementos cênicos prontos para demonstrar cada ato, cada sentimento, além de cenários bem retratados que forçam bem o sentimento dos protagonistas em cada momento que passam. A fotografia desfocada para passar alguns sentimentos é bacana e perfeita para ilustrar as mudanças ocorridas com os personagens, só não digo que é excelente porque como não entendo praticamente nada de francês, a legenda some com o esbranquecimento da tela, então dificultou muito ler algumas coisas.

A trilha sonora premiada e ótima de Alexandre Desplat não poderia estar mais bem colocada tanto nas composições próprias quanto nas escolhas musicais cantadas que ilustram bem tudo que está ocorrendo no filme, dessas cantadas o destaque fica para "Firework" de Katy Perry que encaixou mais que perfeitamente na cena que a protagonista ilustra seus movimentos na varanda.

Bem, é um filme forte, bem feito, com atuações impressionantes, mas que vale muito ser assistido, principalmente para pararmos de reclamar de qualquer dificuldade que temos no nosso dia a dia, pois o longa mostra que mesmo mudanças ruins devem ser superadas e levadas para frente sempre. Recomendo a todos que assistam mesmo, seja no Festival Varilux que está sendo exibido ou seja em um cinema próximo de você já que a Sony Pictures estreou ele nessa sexta-feira(03/05) em diversas cidades. Fico por aqui, mas daqui a pouco tem mais filmes do Festival aqui no blog, então abraços e até já.


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