Adeus, Minha Rainha

5/05/2013 02:58:00 AM |

Como já disse algumas vezes, um bom longa histórico tem de mostrar o acontecimento para o público que desconhece ele bem, e o que temos aqui em "Adeus, Minha Rainha" é um dos fatos que todos já estudamos na escola, mas de forma bem aberta, e se o diretor tivesse explorado um pouco mais acredito que teria sido perfeito o filme, já que é algo que conhecemos, mas muitos nem se lembram do fato. Porém a opção de focar tanto nas amizades da rainha com sua leitora acaba sendo uma forma leve de mostrar o fato e que em suma não agrada tanto o público que vai assistir, tanto que de suas 10 indicações ao Cesar só levou realmente nos quesitos que geralmente épicos levam: Fotografia, Arte e Figurino.

O filme nos situa em Julho de 1789, alvorecer da Revolução Francesa. A vida no Palácio de Versalhes continua imprudente e descontraída, distante do tumulto que reina em Paris. Quando a notícia da tomada da Bastilha chega à Corte, nobres e servos fogem desesperados, abandonando o Rei Luís XVI e Maria Antonieta. Sidonie Laborde, jovem leitora totalmente devotada à Rainha, não acredita no que ouve e permanece perto de sua adorada, confiante de que nada lhes acontecerá.

A história de amizade da rainha com sua serva e também outras nobres é bacana, mas acaba sendo vista de uma forma comum de uma rainha, nada muito fora dos padrões, daí acaba entediando mostrando os corre-corres do palácio ao descobrir a tomada da Bastilha. Acredito que se o longa seguisse mais a partir do que ocorre no final ao invés de ficar tanto nos fuxicos sociais que envolvem o castelo seria muito melhor, mas o diretor Benoît Jacquot preferiu fazer dessa forma, então o que conseguiu foi apenas retratar bem a história em si de Maria Antonieta interligada com suas servas. E isso sim podemos falar que é muito bem mostrado, não deixando faltar nenhum detalhe sórdido que pudesse ter ocorrido e não passado pela rádio-escrava como chamaria a versão das antigas radio-empreguete de hoje.

As atrizes Diane Kruger e Léa Seydoux souberam dominar bem a tela nos momentos em que aparecem. Sendo responsável por cerca de 80% ou até mais das cenas Léa faz bem seu papel, mas não tem uma expressão forte que a marque como alguém a ser bem lembrado, chegando seu auge de interpretação mesmo somente nas últimas cenas, aí já era tarde demais para explodir. Diane tem alguns momentos em que seu personagem tem um realce magnífico, mas acaba sendo sempre apagada por deixar pontas abertas para que outra pessoa em quadro domine a cena, mas nos momentos que resolve soltar sua forma de grandeza real consegue aparecer bem e agrada bastante. Os demais atores e atrizes acabam nem quase aparecendo muito em tela, fazendo apenas poucas cenas, mas sempre junto das duas protagonistas, o que acaba quase não aparecendo para o espectador em si notar, valendo destacar desses apenas Noémie Lvovsky e Michel Robin que conseguem entonar boas cenas roubando até alguns momentos de cena para se marcarem como fortes.

O visual de época de filmes que envolvem reino costumam sempre ser perfeitos, tanto que raramente perdem as disputas que entram, e aqui não seria diferente, pois temos bem representada a época em que se passa o longa tanto com cenografia quanto com elementos cênicos mostrando um bom trabalho da direção de arte. O quesito figurino está na medida do possível correto, mas poderia ser mais bem elaborado que agradaria até um pouco mais, porém mesmo assim acabou levando também um Cesar. A fotografia é um ponto que me chamou bastante a atenção, pois já fiz dois filmes que utilizaram muito do recurso filmar apenas usando velas e aqui está magicamente bem empregada a técnica, tanto que não se nota falha alguma nos visuais noturnos que são maioria e tudo está bem iluminado e o melhor corretamente, não mostrando o uso de nenhuma outra luz errônea que pudesse estragar o filme, e com isso abocanhou também o Cesar.

Enfim, é um filme bacana que poderia ter sido muito mais bem explorado, mas que foi optado ser simples e acabou pagando o preço por isso, já que poderia ter levado muito mais prêmios. Vai agradar até o público que for assistir, já que lembra bastante a forma novelesca que estamos habituados, mas esperava um pouco mais para que fosse um retrato perfeito da bagunça que a tomada da Bastilha causou aos franceses. Por hoje é só pessoal, mas nesse Domingo ainda tenho 4 longas para assistir e comentar com vocês, não garanto que consiga subir todos aqui pro blog, já que na segunda trabalho cedo e não poderei ficar até tão tarde escrevendo tudo que vi. Fico por aqui desejando uma boa noite e bom resto de fim de semana pra todos, abraços e até mais tarde com muitos novos posts.


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