Eu Receberia as Piores Notícias dos Seus Lindos Lábios

8/14/2012 11:24:00 PM |

Que os filmes brasileiros vem melhorando sua qualidade é iminente, mas alguns dramas conseguem entrar em origens tão estranhas da cultura que acabam ficando duvidosos de serem bons ou ruins. O filme "Eu Receberia as Piores Notícias dos Seus Lindos Lábios", é um mix de fotografia tanto cinematográfica quanto still maravilhoso com fades exagerados em cada mudança de cena, porém se deplora ao colocar questões ecológicas e religiosas no meio de um filme. Acredito estarem presentes essas ideologias no livro, mas acho que se filtrasse ou fosse menos explícito cairia melhor.

O filme nos apresenta Cauby que tem 40 anos, trabalha como fotógrafo de uma revista semanal e resolveu trocar São Paulo pelo interior do Pará. Cético em relação ao amor e devotado à beleza, ele encontra num lindo cenário amazônico a bela e instável Lavínia, mulher do pastor Ernani, homem que acredita ser possível consertar as contradições humanas.

O roteiro em si é bem denso e vai crescendo com a continuidade do filme, e minhas rezas andam boas, pois o filme tem final, já que na sua metade não acreditava que não teria um. A consciência ambiental é interessante, mas ela acaba sendo colocada como foco em alguns momentos do filme que seriam desnecessários na entonação usada, tanto que em alguns momentos você fica se perguntando se aquilo faz parte mesmo do contexto do filme ou foi colocado ali apenas para rechear tamanho. As cenas de sexo são bem quentes e os atores estão muito bem dirigidos, mostrando um ponto forte do diretor que mesmo nas cenas cheia de populares faz com que todos pareçam estar num filme.

Como falei acima, os atores estão muito bem dirigidos, e sem dúvida Camila Pitanga mereceu o prêmio de melhor atriz no Festival do Rio, seu gestual e interpretação estão a níveis que mesmo vendo boas interpretações dela em novelas jamais imaginei vê-la fazendo em cena. Ela passa por 3 momentos no filme de completa interpretação diferenciada que nem parecem serem feitos pela mesma atriz. Zé Carlos Machado e Gustavo Machado também fazem bem seus papéis, mas o filme é da atriz sem dúvida. Outro destaque interessante do filme é o papel de Gero Camilo, um jornalista que fala sempre declamando poemas de uma forma carnal introspectiva, mas bem interessante.

Um dos pontos fortes do filme está na fotografia, que sempre pegando rastros de luz sob cenas escuras puxadas para o tom avermelhado do fogo da paixão proibida, consegue enfocar imagens viscerais dos personagens e em diversos momentos elas vão tão fundo que ao serem quebradas pelos fades(que na minha opinião só serviram para estragar o filme quebrando ele a todo momento) nos deixam com gostinho de quero mais. O outro ponto interessante está na caracterização de figurino e cabelos dos personagens que por passarem por diversos momentos sempre estão diferentes de tal forma a dar uma boa passada de cena. E claro os elementos cênicos embora poucos, são muito bem utilizados para dar foco em tudo que o diretor queira mostrar em cada momento.

Enfim, é um filme no mínimo interessante, poderia ser melhor, mas faz valer o ingresso. Com toda certeza vai haver diversos tipos de opiniões sobre ele, tanto dos que gostaram mais quanto daqueles que irão odiar muito, mas como o diretor Beto Brant é um diretor da escola que faz filmes de autor, ele nem está ligando para a opinião do público. Fico por aqui, mas ainda tenho mais um filme essa semana para assistir e compartilhar com vocês, então abraços e até breve pessoal.


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