A Possessão do Mal (The Possession of Michael King)

10/06/2015 01:24:00 AM |

É interessante ver que as opiniões sobre filmes de terror raramente batem, pois depois de ouvir os amigos críticos falarem tão mal de "A Possessão do Mal" acabei deixando o longa para ser visto somente hoje, ao invés de correr para conferir no começo do fim de semana, e posso dizer com toda certeza que mesmo contando com algumas coisas toscas e divertidas, o resultado do longa chega a ser bem pavoroso e aterrorizador com a situação que o protagonista acaba se envolvendo, pois ao trabalhar com situações comuns de se ver em outros filmes do gênero, mas atacando sempre para a descrença o longa nos leva a patamares que qualquer maluco por aí poderia fazer, claro que não chegar tão longe, mas o filme dá para pensar em coisas ruins e aqueles mais sensíveis até ficar com medo de algumas coisas.

O filme nos mostra que Michael King não acredita em religião, espiritismo ou fatos paranormais. Enfrentando a morte da esposa, ele decide fazer seu próximo filme ligado à busca da existência de forças sobrenaturais. Michael permite que vários praticantes de artes ocultas testem os rituais mais pesados nele na intenção de provar que tudo é um mito. Porém, algo acontece.

Nem dá para falar muito do filme, afinal o diretor e roteirista estreante David Jung foi sábio em ser simples com toda a situação, e mesmo não tendo tanta técnica nas filmagens (sim há cenas em que a câmera está completamente com foco ruim, e diversas quebras de eixo) que qualquer diretor mataria ele para que não errasse tanto, mas sua maior expertise foi a de trabalhar o roteiro na ideia mais palpável desses rituais, que é mostrar que com muita droga na cabeça, você começa a ver de tudo, e ao abusar das drogas, o resultado pode ficar sinistro e não acabar bem. Claro que a ideologia vai toda ser jogada para demônios e afins, mas se pararmos para ligar os pontinhos, podemos ver toda essa crítica social das drogas e seus efeitos frente ao terror que acabam se tornando os usuários das mais fortes. Portanto, caso o diretor quisesse fugir do eixo terror found-footage e apelos comuns do gênero, ele conseguiria fazer um longa dramático com tom aterrorizante do melhor nível possível, usando todas as imagens que fez no filme, claro que corrigindo as erradas, e teríamos um filmaço para qualquer crítico aplaudir de pé, mas como não foi bem essa a proposta, serão poucos os críticos que irão gostar do que verão, e alguns fãs do terror também irão reclamar.

O ator de séries Shane Johnson, digo isso pois seu IMDB tirando sua estreia em "O Resgate do Soldado Ryan", só possui mil séries, fez muito bem o papel tanto do documentarista Michael King quanto incorporou o personagem endemoniado e possuído, de modo que no final da trama está irreconhecível quando entra imagens suas de quando fala que irá documentar a vida da família novamente, e isso mostra o quanto se entregou para o papel, o que é ótimo de ver, pois muitos atores que entram no gênero terror acabam não se entregando tanto, e falham em trejeitos falsos, o que aqui não ocorreu de forma alguma, e quem sabe agora possa ser chamado mais vezes para o cinema. Já em contraponto, Julie McNiven fazendo sua irmã Beth, mereceu ficar bem em segundo plano aparecendo em três ou quatro cenas rápidas, pois nem parecia querer atuar, do tipo que pegaram alguém da equipe ao acaso para suprir o papel, ou seja, fuja do cinema moça. A garotinha Ella Anderson foi bem fofa no papel de Ellie, sendo pontual em poucas cenas, mas agrada bastante no que faz e novamente entro na discussão de como crianças filmam terror e depois conseguem dormir? Os personagens de apoio para diversas cenas foram no mínimo bizarros e esquisitos, de modo que não vamos lembrar muito de suas atuações, portanto é melhor pensarmos neles apenas como figurantes com diálogos mais alongados e assim o resultado sai melhor.

Sobre o conceito visual da trama, não podemos dizer que foi simples, afinal tivemos algumas cenas bem tensas, com muitos elementos nojentos, e claro que isso incomoda bastante, mas funcionou para a proposta do filme, então se pensarmos bem no que o diretor queria fazer, e com o orçamento baixo que tinha em mãos, podemos dizer que ao trabalhar com muitas câmeras diferenciadas, e usar desses elementos fortes para chamar atenção, o resultado foi chamativo. Claro que há diversos momentos abusivos de filmes trash de classe B, C, D pra baixo que poderiam ser eliminados para o longa ficar com mais classe, mas como o diretor desejava impacto, certamente essa foi a proposta que a equipe artística conseguiu lhe dar com a grana que tinham em mãos. Como todos sabem, o estilo found-footage trabalha com diversos tipos de câmeras instalados em vários lugares para captar ângulos próprios que não seriam comuns em outros estilos de filmes, e dessa maneira a iluminação de cada câmera é diferente, o que no cinema é algo totalmente inaceitável, e principalmente se ficarem inventando moda de colorir as imagens com tons verdes para parecer uma câmera com visão noturna endemoniada, ou seja, a equipe de fotografia tentou inventar moda, e o resultado ficou diríamos que uma bagunça completa, mas divertida de ver e até funcionando em alguns momentos, mas convenhamos que de técnica não tem nada.

No quesito sonoro, o clichê máximo é mantido, de fazer barulhos estranhos, jogar o volume no máximo para pegar o público desprevenido, junto com mudanças de câmera, chiados e tudo mais que possa funcionar para assustar. Mas além disso, trabalharam apenas com duas canções na trilha do longa, e com um rock bem bacana fizeram o fechamento dos créditos, de modo a parecer que haveria mais algo após (o que não acontece), mas vale perder mais alguns minutos ouvindo a canção, pois tem qualidade.

Enfim, o filme está longe de ser tecnicamente um filme que valha a pena ser mostrado em festivais mundo afora, mas como disse acima, possui uma ideologia muito boa, e principalmente funciona para assustar e botar pilha com a situação passada, e desse modo, como costumo dizer fez o seu trabalho, e agradou esse Coelho que gosta de longas de terror diferenciados. Portanto recomendo para quem gosta de um terror mais feio, e fico feliz que por sorte a sessão estava lotada da galerinha cômica que costuma tirar sarro de tudo, pois se fosse uma sessão como a de "Voo 7500", que assisti sozinho, não sei se assistiria o longa até o fim não! Então é isso pessoal, fico por aqui hoje encerrando essa semana cinematográfica, mas volto na quinta com novas estreias. Abraços e até breve.

PS: Daria para dar até uma nota melhor para o filme, mas os erros técnicos são gravíssimos, então vou preferir dar uma reduzida do que virem falar que sou louco.

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A Travessia em Imax 3D (The Walk)

10/04/2015 03:05:00 PM |

Se você já ficou com vertigem só de olhar para o cartaz, prepare-se para suar frio durante mais da metade da exibição do longa "A Travessia", pois o diretor não economizou recursos para deixar a história que já foi premiada com um Oscar de melhor documentário em 2009, em uma ficção simples e envolvente, mas com toda a precisão tecnológica para colocar o espectador quase que em primeira pessoa atravessando os prédios pelo cabo de aço como se fosse o ator, e isso nas telas gigantes é algo realmente assustador de ver e que empolga muito.

O longa mostra a história real do equilibrista Philippe Petit, famoso por atravessar as Torres Gêmeas usando apenas um cabo. Mesmo sem ter autorização legal para a arriscada aventura, ele reuniu um grupo de assistentes internacionais e contou com a ajuda de um mentor para bolar o plano, que sofreu diversos obstáculos para poder ser finalmente executado. A travessia ocorreu na ilegalidade em 7 de agosto de 1974 e ganhou destaque no mundo inteiro.

Claro que como a história em si é bem simples, usaram em demasia o recurso da narração, já que o roteiro do filme foi adaptado do livro do equilibrista aonde ele narra a sua versão da história, nada melhor que fosse no filme também tudo narrado, mas em alguns momentos essa interação com o público acaba cansativa, e poderiam ter trabalhado mais de forma subjetiva para não necessitar tanto disso, mas é apenas um detalhe que muitos nem vão ligar, e não chega a ser algo tão absurdo como já vimos em outros longas, mas que poderia ser melhor, certamente poderia. Dessa forma, podemos dizer que o diretor e roteirista Robert Zemeckis, que já ganhou o Oscar por "Forrest Gump" e foi indicado por "De Volta Para o Futuro", apenas citando alguns, já que a cada dois a três anos nos entrega ótimos filmes, vem com um gás a mais para poder aproveitar mais o recurso tecnológico em si, do que se prender à história que o personagem quis passar, pois vemos apenas um sonho que para ser alcançado arruma alguns cúmplices (já que não dá para fazer tudo sozinho), e a história em si deslancha de forma curta e objetiva. Não temos nem um clímax forte, nenhum ponto de virada impactante, nem ao menos algum problema senão a forma vertiginosa que tentaram e conseguiram transmitir para o espectador, então muito mais do que um filme para ser premiado pelo conteúdo, certamente eles devem ganhar mais pelo bom uso das câmeras 3D para dar um realismo como poucas vezes vimos nos cinemas, e só por isso já vale bem mais do que apenas uma recomendação para todos assistirem (mesmo os que possuem muito medo de altura). E assim sendo, tenho de falar que a escolha dos ângulos foi algo que beirou o espetacular e mal posso esperar o que pode vir mais para frente, agora que perceberam como o 3D pode funcionar em algumas histórias.

É interessante observar o quanto Joseph Gordon-Levitt tem crescido na sua desenvoltura artística desde "500 Dias Com Ela", ficando cada vez mais expressivo e criativo frente às câmeras, e aqui como seu Philippe funciona como um showman em dois lugares diferentes, tanto o apresentador/narrador quanto o personagem em si conseguem conduzir a história de maneira bem bacana de acompanhar; claro que ele não atravessou realmente as torres, afinal os prédios já foram pro chão há mais de 14 anos, mas certamente o jovem treinou e muito para as cenas mais baixas em árvores e postes para que conseguisse impressionar e fez muito bem as caminhadas na corda, então o resultado de sua performance diante do fundo verde ficou tão boa que passamos a acreditar e suar junto com ele de tão bem que conseguiu passar a sensação. Charlotte Le Bon deu o tom exato que a personagem Annie necessitava, sendo singela, doce, carismática e ao mesmo tempo servindo de inspiração para o personagem principal, mas como disse, faltou ampliar a história do personagem principal ao invés de dar tanto foco na tecnologia, e dessa maneira, a atriz acaba quase que sumindo do longa. Agora se existe um ator que sabe como ser preciso e que não erra nunca na expressão impactante que quer causar é Ben Kingsley, e por menor que seja sua participação em qualquer filme, ele consegue entregar algo que sempre impressiona, e aqui com seu Papa Rudy não foi diferente, pois trabalhou sensibilidade mesmo que com uma leve pitada de amargor que caiu como uma luva no personagem e comoveu com os ensinamentos que passou, ou seja, sempre será um ator perfeito para qualquer papel. É engraçado que mesmo sendo uma produção americana, pelos personagens serem franceses, é claro que colocaram na trama bons atores franceses da nova safra e que se não despontaram nos últimos anos, estão beirando aparecer mais para agradar, e dessa forma tenho de citar Clément Sibony que deu um charme artístico para o fotógrafo anarquista Jean-Louis e para César Domboy que ao trabalhar tão bem o matemático com medo de altura, foi o ponto chave para os momentos cômicos da trama. Os demais atores apareceram bem pouco, mas foram bem interessantes cada um no seu momento e forma para agradar, e dessa forma ajudaram no resultado final ficar interessante.

Agora sem dúvida alguma o trabalho da equipe artística foi bem preciso para representar o ar dos anos 70 tanto no figurino dos personagens e figurantes quanto para caracterizar os ambientes, afinal como boa parte do longa teve de ser recriado, já que não existem mais as torres, foram precisos ao criar os ambientes e principalmente nos momentos digitais agradaram ao recriar a perspectiva da época e dar todo um contexto bem empregado para a situação. Quanto da fotografia, ela foi toda preparada para se juntar à tecnologia tridimensional e dar uma visão incrível para o espectador e se não bastasse isso, na abertura do filme toda em preto e branco dando detalhamento colorido somente aos objetos que queriam mostrar no melhor estilo "Sin City" de ser, foi um show maravilhoso para começar a trama, ou seja, um trabalho ímpar na questão artística para que certamente seja lembrada nos festivais que em breve devem começar a premiar. Quanto do 3D, posso garantir que a profundidade cênica que conseguiram atingir é algo de dar medo e impressionar, pois realmente somos transportados para a pele do personagem principal, e só enxergamos o precipício à nossa frente, fazendo com que mesmo quem não tenha medo de altura, sinta um certo pavor com o efeito causado, ou seja, um acerto e tanto, e para aqueles que gostam de coisas saindo da tela, até temos 2 momentos com algumas peças soltando, mas nada que chegue a impressionar tanto quanto a profundidade de campo.

Enfim, é um excelente filme que vale muito a pena ser visto tanto pela tecnologia quanto pela forma que a história é passada, só poderia ser mais forte e trabalhado ao contar sobre a vida do rapaz, pois é passado tudo bem de leve, e dessa forma acaba sendo simples demais no conceito dramático da história, mas volto a ser enfático, quanto à perspectiva de entrarmos na pele do personagem e observarmos a altura que faz suas acrobacias, o filme deu uma aula de como usar o 3D gravado com as câmeras Imax da maneira mais correta e plena de funcionar. Portanto, dito isso, mais do que recomendo o filme para todos, até para os que possuem medo de altura para testar seus limites, afinal você não está lá no lugar, mas sim sentado na sua poltrona e não irá cair no precipício. O longa estreia oficialmente na próxima quinta, mas nesse Domingo ainda haverá algumas sessões de pré-estreia para quem quiser conferir o longa. Fico por aqui hoje, mas ainda falta uma estreia da semana para conferir, então abraços e até breve meus amigos.


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Perdido em Marte em 3D (The Martian)

10/02/2015 01:59:00 AM |

É interessante como alguém sozinho em algum lugar faz com que torçamos para que a pessoa se saia bem! Claro que para isso, todo um contexto é necessário para envolver o público e quando ele convém de uma forma bem carismática, cheia de pitadas nerds, e uma comicidade feita na medida para entreter o público, o resultado é algo que foge de qualquer padrão. E dessa maneira, "Perdido em Marte" conseguiu comover tanto esse Coelho que vos digita sempre, que mais do que um "Resgate do Soldado Ryan do Espaço", o filme faz com que vibrássemos a cada conquista do astronauta, e mais do que isso, em certos momentos nos vemos precisando enxugar o óculos com a emoção que a união: carisma do ator interpretando muito bem o texto + boa direção que soube dosar cada plano como único + trilha empolgante para comover mesmo, conseguiu fazer. Ou seja, um filme que até vai receber certamente críticas negativas pelo mundo afora também, mas não será o caso desse site, pois aqui reveria facilmente e com muita empolgação cada ato do longa.

A sinopse do filme nos conta que o astronauta Mark Watney é uma das primeiras pessoas a caminhar em Marte. Entretanto, devido a complicações causadas por uma tempestade de poeira, Mark é deixado para trás por sua tripulação e pode se tornar a primeira pessoa a morrer no planeta. Com apenas poucos suprimentos, Mark conta com sua criatividade e inteligência, e embora as possibilidades e probabilidades estejam todas contra ele, Mark luta para sobreviver.

Que o diretor Ridley Scott estava devendo um filme perfeito, isso está mais que claro há tempos, pois mesmo pegando grandes projetos, ultimamente vinha numa levada estranha, cometendo alguns erros bobos e até atrapalhando com suas loucuras projetos que poderiam realmente dar certo com outros diretores, e aqui, quando começaram a cantar a bola de que seria a redenção do diretor, que era a sua volta gloriosa ao velho jeito de dirigir, já começou a levantar suspeita de que viria uma nova bomba, afinal já disse aqui diversas vezes que criar expectativa demais acaba atrapalhando tudo o que o filme pode propor. Pois bem, optei por não criar tanto desespero pelo filme, e fui conferir quase nulo de ideias do que poderia ser mostrado e tendo visto o trailer apenas em algumas sessões, e o que posso fazer é aumentar o coro de que realmente ele voltou a mostrar a excelente mão que tanto agradou em diversas outras grandes produções, como "Gladiador", "Falcão Negro em Perigo" e até "Blade Runner", utilizando do grande feitio de jogar nas mãos de um bom ator o projeto e elevar o carisma\ dele ao máximo para que o domínio do personagem, encaixando todas as situações e planos precisos, resultassem em símbolos para que todos se conectassem com a história, e assim sair festejando o acerto a cada cena bem feita que eximia emoções e refletia também muita ciência estudada para que o longa não ficasse tão falso, mesmo que ainda ninguém tenha ido para Marte. O roteiro de Drew Goddard, que iria dirigir também se não fosse o compromisso com outra produção que em breve começaremos a ouvir muito assunto, usou de base o livro de Andy Weir para representar bem a situação toda e foi assertivo em diversos pontos para que o público se colocasse no lugar do personagem principal, e com o fechamento que teve depois nas falas de Matt Damon, o filme diz em alto e bom som que veremos mais pessoas se arriscando lá no espaço, e que desistir não é o remédio. Claro que contaram com muito apoio da NASA para que tudo funcionasse e ficasse o mais próximo de uma realidade, e isso é algo que poucos filmes se preocupam em estudar, e o resultado, vejam com seus próprios olhos, pois se eu falar mais aqui, daqui a pouco loto o texto de spoilers.

Volto a repetir, quando um bom ator veste a roupa de seu personagem e assume a responsabilidade de entregar carisma, e encontra o tom correto para que a interpretação flua sem precedentes, não tem como dar errado, e se existe um nome em Hollywood que gosta de pegar papéis desse estilo é Matt Damon, pois são raros os filmes que o cara não domina e faz bem, e aqui com seu Mark, cada cena é única, cheia de comicidade na medida certa para não destoar nem o nível científico da trama e nem cansar o público que quer algo mais ficcional mesmo, e dessa maneira a empolgação e a conexão ocorre, agradando sem limites, comovendo, emocionando e encaixando bem demais para a proposta que tanto desejavam para o personagem. Outra que agrada sempre no que faz é Jessica Chastain com sua Comandante Lewis, que ao trabalhar uma expressão deprimida em diversos momentos, quando bota a empolgação que precisa para chamar atenção, acaba sendo muito dinâmica e agradável de ver, ou seja, arrasando como sempre. Da turma do espaço, tenho de dar destaque também para os outros nomes, pois mesmo que em poucas cenas, mostraram que quando tiverem oportunidade vão apresentar cada vez mais e são nomes fortes para o futuro, um exemplo claro é Michael Peña com seu Martinez, abandonando o latino tradicional que só faz papeis bobos e tomando as rédeas de bons trejeitos expressivos, Kate Mara ficou tão bem em sua Johanssen que até esquecemos as besteiras que fez no novo "Quarteto Fantástico" e embora aqui seu papel seja pequeno, ainda chamou a atenção no meio de tantos números computacionais. Já na Terra, os destaques ficam para Jeff Daniels, que raspou a trave de virar um daqueles vilões (sem ser realmente um vilão) de filmes que acabamos odiando e querendo bater com seu Teddy, e isso só mostra o quanto o ator é bom e sabe fazer bem um papel quando quer, pois ultimamente vinha bem apagado de outras produções e aqui soube dominar as cenas e ser o cérebro que em momento algum botou o coração sobre a mesa para com suas ações, usando expressão forte para todos os momentos e agradando muito com isso. Outro que vale a pena acompanhar é Chiwetel Ejiofor que depois de quase ganhar o Oscar com "12 Anos de Escravidão", volta a pegar um papel duro e que mesmo não sendo compreendido por seus superiores, ainda tenta ajudar para que tudo aconteça bem com seu Vincent Kapoor, e dessa maneira empolga a cada cena que consegue algo bacana. Embora tenha poucas cenas, Donald Glover foi "O" mito com a cena de seu Rich Purnell junto dos chefões, e confesso que todos estagiários ou funcionários de menor escalão irão vibrar com a cena, pois foi muito bem interpretada pelo ator e caiu como uma luva para algo que se explicado de forma científica normal seria um tédio total. Vários outros atores também saíram bem nas devidas proporções, mas o texto ficaria imenso se falasse mais de cada um separadamente, mas um último destaque mesmo que pequeno ficou para Sean Bean por mostrar que ainda pode ser durão na frente de qualquer grande diretor, e dessa forma seu Mitch chamou a responsabilidade e fez bem.

Falar da cenografia é algo que sempre me comove, e falaria horas a fio de cada detalhe técnico, mas vou apenas ressaltar novamente o trabalho minucioso da produção de arte junto da equipe da NASA para que cada detalhe cênico fosse o mais real possível, passando desde os trajes que os astronautas que irão para Marte usarão, criando fazendas de batatas no set para que tudo ficasse bem real, criando pequenas peças para que as naves ficassem minuciosas e cheias de elementos cênicos para impressionar, e claro escolhendo locações incríveis para que tudo parecesse real, desde o deserto de Wadi Rum na Jordânia que possui a areia vermelha e assim dar mais vivacidade, gravar num dos maiores estúdios de Budapeste para ter um pé direito incrível e assim criar altas perspectivas de cada cena e por aí vai, de modo que a direção de arte não economizou um dólar que fosse para que a produção ficasse incrível e o resultado fosse único. E claro que a direção de fotografia não ficaria para trás, usando todos esses elementos que citei, ainda procuraram estourar a iluminação ao máximo para que as cores ficassem mais vivas ainda, e em diversas cenas, usaram muito de sombras para criar dinâmicas com o passar de tempo do filme, dando literalmente um sol forte para o personagem principal, e nas cenas noturnas no meio das tempestades foram impactantes e usaram de todos os efeitos possíveis para sujar as imagens e granular o filme no máximo que podiam, criando muito simbolismo para as cenas. Embora o longa tenha sido filmado em 3D, usaram muito pouco o recurso tanto de profundidade quanto de elementos saindo da tela, o que acabou ficando bem estranho, tanto que em diversos momentos até temos uma perspectiva interessante de ver, mas logo em seguida já parece não ter mais nada, e além disso, diversas cenas você consegue praticamente remover o óculos e não ver diferença alguma, ou seja, acabou sendo um recurso bem dispensável e mostra que os longas filmados com a tecnologia também erram nesse sentido, mas ainda assim, felizmente não atrapalhou em nada o resultado geral da trama, o que é de bom grado.

Bom, é quase dispensável falar de uma das melhores trilhas sonoras de filmes da atualidade, pois ao pegar gostos "estranhos" da seleção musical que cada um dos astronautas levou para passar os seus dias no espaço, temos muitas canções que acabaram sendo incorporadas como parte diegética do próprio filme, funcionando para os momentos exatos da trama como uma luva, e isso é algo que divertiu e auxiliou no ritmo da trama que possui quase 150 minutos de duração e junto dos trailers vai amarrar o espectador quase 3 horas dentro de um cinema, ou seja, um trabalho bem impactado de escolhas, que junto das composições sonoras originais ainda deram toda a vivência que o diretor desejava para o seu longa.

Enfim, é um filme que cumpriu demais com a missão de divertir e empolgar em cada minuto de sua longa duração, pois repito, se ficasse centrado completamente na missão científica, ao invés de jogar todas as fichas na forma de resgate e na comicidade do protagonista, certamente teríamos um longa cansativo e chato, o que aqui passa bem longe de ser. Portanto se você gosta de uma boa ficção, bem desenvolvida e agradável de assistir, se emocionar e acabar torcendo para que tudo dê certo, esse é o filme que você deve comprar o ingresso e ir conferir nesse final de semana, pois recomendo ele com a maior certeza que tenho de um longa desse ano. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas ainda tenho mais uma estreia e uma pré-estreia para conferir nesse final de semana, então abraços e até breve.


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Roger Waters - The Wall

9/30/2015 01:02:00 AM |

Hoje vou falar pouco sobre "Roger Waters - The Wall", principalmente pelo fato de que comentar um show é algo que não agrada ninguém, pois o que as pessoas mais querem é curtir as músicas e o espetáculo em si, não analisar o que ocorre ao redor. Mas como o longa não se concentra apenas no show musical, sendo criado uma ficção documental para que a viagem de Waters até os túmulos de guerra de seus antepassados, temos de pontuar certos detalhes sobre como a trama foi feita e muito bem encaixada no espetáculo musical como um todo. E para não passar vontade, tenho de escrever ESPETÁCULO com letras maiúsculas mesmo, afinal a produção de palco do show, tanto cenograficamente, quanto em questões de iluminação é de deixar qualquer um babando com tudo o que foi feito, e com toda certeza dá para ficar com uma enorme inveja de quem presenciou e delirou vendo ao vivo toda a concepção acontecendo.

A turnê Roger Waters The Wall, que rodou o mundo entre os anos de 2010 e 2013, filmada detalhadamente em três cidades. A megaestrutura, que inclui um cenário faraônico que relembra os clássicos dos anos 1970, provoca as mais diversas sensações nos fãs. Paralelamente, o próprio Roger Waters embarca em uma viagem pessoal ao visitar os túmulos do pai e do avô, mortos na Segunda e na Primeira Guerra Mundial, respectivamente.

Antes de mais nada, vamos a um pequeno detalhe, este filme foi hoje lançado mundialmente em diversas cidades, portanto não confunda com "The Wall" lançado em 1982, pois embora tenham o mesmo roteirista são coisas completamente diferentes. Dito isto, temos que considerar a literalmente falando viagem que o diretor/roteirista/ator/cantor/guitarrista/baixista Roger Waters criou na proposta de ir visitar os túmulos de seu pai e seu avô mortos nas guerras, imaginando conversas sobre como foram as batalhas, como foram suas viagens com amigos, levando os filhos para conhecer os túmulos também, e principalmente ligando tudo às diversas músicas do álbum "The Wall" do Pink Floyd, o que já beira algo bem interessante de ver, e só essa ideologia seria capaz de criar um filme inteiro sem a necessidade de um show por trás, mas já que ele é músico, não poderia ser apenas um ator de sua própria criação e claro que um show bem elaborado sempre irá cair nas graças. Então junto com Sean Evans, parceiro tanto de roteiro quanto de direção, fizeram uma montagem incrível que acabamos viajando junto das canções fortes, conectando cada detalhe para um resultado final comovente.

Ainda sobre a parte ficcional, temos de parabenizar monstruosamente toda a equipe artística que juntamente de uma direção de fotografia impecável escolheu as melhores locações possíveis, para junto de ângulos precisos dar um simbolismo monstruoso e ao mesmo tempo vertiginoso aonde acabamos nos envolvendo junto do protagonista em um misto de sentimentos de tristeza, agonia e até raiva de tudo o que ocorreu nas guerras. Ou seja, garanto que muitos longas ficcionais não conseguiriam captar a essência passada por símbolos tão bem colocados numa única trama.

Agora, ao falar do show, temos de pontuar um ponto positivo monstruoso que é a concepção de palco junto de um telão imenso, que é construído e destruído praticamente peça a peça durante todo o show, unindo imagens referenciando tudo o que as canções diziam e com iluminações densas, figurinos fortes e impactantes, além de aparições dos cantores e instrumentistas em lugares completamente inusitados, fazendo uma performance incrível de ver, sentir, emocionar, cantar e vibrar junto com tudo o que ocorria no palco no mesmo estilo da plateia que conferiu o show no chão. Mas também temos de pesar o ponto negativo do show, que mesmo que quisessem "fingir" que era um show ao vivo ocorrendo (o que costuma acontecer em muitas produções do gênero que andam passando nos cinemas), mas não era o caso aqui, omitiram de colocar legendagem nas canções, e como disse acima, elas fazem todo o contexto completo do filme em si, simbolizando o estar cantando atrás do muro, referenciando o separatismo, dando medicamento para o pobre louco e por aí vai, e se colocassem as letras para o público acompanhar, certamente todos teriam um aproveitamento maior. Claro que posso dizer que 90% das salas (sim, aqui em Ribeirão Preto, interior do interior, acabaram lotando 3 salas para conferir o filme, então imagino como foi no restante do país e no mundo) foram ocupadas por fãs que conhecem quase todas as músicas de trás pra frente, e assim sendo todo o significado de cada uma delas, mas no momento agradaria mais até mesmo quem entende bem inglês. Mas da mesma forma que falei no outro documentário musical que acompanhei essa semana, isso não atrapalha em nada, apenas seria um ganho a mais para a produção que já foi excepcional. E além disso temos de tirar o chapéu para os solos de guitarra de Snowy White e Dave Kilminster, e para o vocal preciso e incrível de Robbie Wyckoff que foi bem em todas as músicas, mas em "Confortably Numb" humilhou e muito.

E claro para finalizar, logo após os créditos que mostram diversos mortos injustiçados, inclusive alguns brasileiros como Jean Charles (que o músico dedica o show) e Chico Mendes, vem o momento cômico da trama em um bate papo descontraído entre Roger Waters e Nick Mason (para quem não sabe, baterista original do Pink Floyd), respondendo diversas perguntas sobre a banda, separação, brigas, tudo de uma forma muito gostosa e divertida de acompanhar para fechar o filme com chave de ouro realmente, ou seja, um deslumbre só.

Portanto, por tudo que falei (até demais, pois ia ser mais breve) recomendo demais que todos assistam assim que possível e lançado em mídias, e claro que como sempre digo que ver nos cinemas é algo muito melhor, para quem perdeu o lançamento mundial hoje 29/09, no sábado(03/10) e domingo(04/10) haverá reprises em diversos cinemas, ou seja, quem puder ir vá que é garantia de uma ótima sessão. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto na quinta com mais estreias, então abraços e até lá.

PS: Iria remover um coelho da nota e dar 9 para o filme, por não terem colocado legendagem no show, mas como produtor não consigo dar nota menor que 10 para a maravilhosa produção cênica envolvendo iluminação, figurino e o próprio palco sendo montado do show, além da fotografia primorosa da ficção, então vou me deixar levar pela empolgação e manter a nota máxima para tudo.


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Amy

9/27/2015 02:58:00 AM |

Se existe uma coisa que me assusta monstruosamente é o tanto de material que uma equipe consegue juntar para documentar a vida de alguém logo após a pessoa morrer, pois fica parecendo que grudavam um câmera na cola da pessoa 24 horas por dia, sem que a pessoa pudesse sequer ir ao banheiro em paz. Mas claro que sem todo esse material não teríamos um documentário tão preciso da vida dessa cantora de uma voz fantástica que não desejava ser famosa, mas acabou compondo hits icônicos e que aí tudo acabou deslanchando, e felizmente, mesmo mostrando as coisas ruins que aconteceram em sua vida, o documentário "Amy" prezou por ser o mais imparcial possível e também não foi feito para funcionar como uma homenagem póstuma, ou seja, tivemos um filme realmente bem trabalhado tanto para quem conhecia tudo dela se deliciar com o trabalho, quanto aqueles que só conheciam "Rehab" pudessem ver algo a mais de uma diva do Jazz.

O filme nos mostra que ainda adolescente, Amy Winehouse já demonstrava para a família o talento vocal que possuía. Aos 18 anos ela já fazia shows na Inglaterra e, com o tempo, passou a ganhar fama. O sucesso do álbum "Back to Black" a tornou uma celebridade mundial, mas também fez com que seus problemas com álcool e drogas aumentassem exponencialmente.

Além de revelar imagens e canções inéditas, o diretor Asif Kapadia, que foi bem premiado com o documentário sobre Senna, trabalhou muito bem com todo o material para que o público conseguisse desenvolver toda a história da vida da cantora e não ficasse nem com pena de tudo o que aconteceu, muito menos perdesse o apreço de fã pelo trabalho dela, e isso é algo que poucos conseguem fazer sem que o filme ficasse monótono, pois mesmo tendo uma duração bem alongada, devido a quantidade de material coletado, de 128 minutos, tudo se passa de uma maneira gostosa de acompanhar de modo que acabou não se transformando naqueles programetes de fofoca aonde a vida de determinado artista acaba sendo explorada inescrupulosamente. Outra grande sacada do diretor foi queimar lateralmente os personagens, transformando tanto o marido quanto o pai da cantora em vilões de tudo o que aconteceu com ela, mesmo que de forma bem subliminar, e isso acabou funcionando de uma maneira bem parcial, o que para muitos documentaristas acabaria sendo algo até ruim de ver, mas como disse acima, o prezo do diretor foi manter a imparcialidade sobre a figura da cantora, e nesse ponto ele soube apimentar o longa sem que ficasse forçado e nem chamativo demais.

Agora um defeito do longa, ou melhor da distribuição e legendagem, é que sabemos e nos é dito a todo momento no filme, que todas suas composições são reflexos do que aconteceu com a cantora em sua vida, e mesmo sendo bonito aparecer a letra das músicas em caracteres enfeitados, passando por toda a tela dando uma simbologia completa, quem não souber inglês vai ficar apenas escutando as canções sem entender nada o motivo das letras aparecerem ali, ou seja, merecia gastar uns trocados a mais e legendar as canções também, ao menos as que as letras aparecem escritas em inglês na tela, e aí sim, muitos veriam o simbolismo que tanto enfatizaram e os demais entrevistados falaram durante toda a exibição.

Quanto das entrevistas, certamente a escolha de usar apenas vozes da maioria foi algo muito certeiro, pois ao mesmo tempo que não expôs as emoções dos amigos, empresários, funcionários de gravadoras e da própria cantora, bem como não mostrar expressões de desgosto por estar falando bem ou mal da cantora, o que costuma atrapalhar muito em diversos documentários póstumos. E sendo assim, vemos todos falando com clareza e apenas tiramos nossas próprias conclusões se as pessoas estão falando sua verdade ou apenas sendo imparciais com o que dizem, para que o filme ficasse bonito de ver e ouvir, e se aparecesse por exemplo o pai da cantora falando, somente com expressões, pegaríamos o que o diretor acabou sendo acusado de colocar inverdades sobre ele, como acabou reclamando após o lançamento do filme.

Enfim, é um longa que vale realmente a pena ver, pois foi bem feito, e claro que mesmo conhecendo muito pouco da cantora, acabei me conectando com a proposta passada, e assim sendo, quem for fã vai acabar se ligando mais ainda. Há defeitos técnicos, que por terem usado material de todo tipo de filmagem, acabam ficando granulados e estranhos de ver, mas não teria outra forma de mostrar tudo se não fosse dessa maneira, então temos de relevar. Portanto acabo recomendando com certeza o longa, que estará passando em poucos lugares e com poucas sessões, então não percam a oportunidade. Fico por aqui hoje, mas volto na terça, com outro documentário musical, agora acompanhado de um show, e certamente vai ser bem bacana conferir, então abraços e até breve pessoal.

PS: A nota não será máxima pelo motivo da duração alongada demais, pela falta da legendagem nas canções, e por faltar uma conexão mais impactante de alguns depoimentos, pois do restante é um excelente filme que valeria uma nota maior.

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Vai Que Cola - O Filme

9/26/2015 01:30:00 AM |

Transformar séries de sucesso da TV em filmes é algo que já existe há tempos e geralmente costuma funcionar, mas a simples ideia de transformar um programa de esquetes cômicas em filme foi algo abusivo que infelizmente não funcionou para "Vai Que Cola", pois todos os atores pareceram perdidos em cena, fazendo seus personagens que na TV divertem bastante, mas que no filme, soltos de uma trama mais condizente, acabaram destoando e ficando apenas uma bagunça sem precedentes e lotada de gritaria, ou seja, muito longe de qualquer classificação como cinema mesmo. Claro que em alguns momentos o longa até recai para boas piadas, mas a sensação geral é de que ninguém sabe para que rumos o filme quer tomar e tudo vai rolando e enrolando tanto que ao final até temos um encerramento, mas se não fosse mais palavras ditas durante o crédito iríamos sair da sala pensando o motivo de termos pago para ver o filme.

O filme inicia nos mostrando que Valdomiro perde todo seu dinheiro ao ser envolver em um golpe na empresa da qual era sócio. Para fugir da polícia, Valdo se muda para a pensão da Dona Jô, no subúrbio do Rio de Janeiro, onde passa os dias reclamando da nova realidade e sonhando com sua antiga vida de luxo. Um dia, quando um ex-sócio aparece com um plano para recuperar sua cobertura de frente para o mar, Valdo acha suas preces foram atendidas, mas ele não esperava ter que leva toda a turma do subúrbio com ele.

Em suma não posso dizer que o roteiro é ruim, apenas devo dizer que ele é quase inexistente, pois volto a repetir, todos parecem estar fazendo o que estão com vontade de fazer na frente da tela, interpretando sua própria esquete e esquecendo do conteúdo geral da trama, a qual podemos ver pela sinopse, e que até em alguns momentos parece que vai acontecer realmente, mas dois segundos se passam, e novamente alguma bagunça está ocorrendo para que algo seja "engraçado" com a situação de algum personagem da trama. Ou seja, continuo afirmando que o resultado não é um filme, mas talvez um episódio mais alongado da série que ao colocar mais do que a quantidade de esquetes comuns do programa, não caberia para ser passada na telinha, e assim resolveram colocar nos cinemas, principalmente por ser uma das séries nacionais mais assistidas da TV paga. O diretor Cesar Rodrigues teve uma grande ideia ao se juntar com os roteiristas Leandro Soares (que escreveu diversos episódios da série) e Luiz Noronha (em sua estreia como roteirista, após produzir diversos grandes filmes): vamos fazer o longa como se fosse um filme do Woody Allen, aonde o protagonista quebra a quarta parede e fica "conversando" com os espectadores, meio que contando o que está achando do "seu" filme, e infelizmente isso que poderia ser um charme a mais para a trama se tivesse funcionado, acaba ficando falso na segunda tentativa e daí pra frente é só incômodo, ou seja, poderiam ter economizado nesse estilo e pensado em fazer com que o filme virasse cinema realmente, e a trama principal acontecesse sem necessidade de diversas esquetes, e aí sim teríamos uma comédia divertida realmente que valesse a sessão.

Quanto dos atores, até que mesmo na bagunça completa que foi o longa, a maioria caiu bem para seus papeis e até que ficaram interessantes. Claro que sempre vamos esperar muito do humorista Paulo Gustavo, afinal ele é um dos melhores no quesito diversão no país, mas o seu Valdomiro funcionou pouco na maior parte do longa, cansando demais ao ficar repetindo todo momento seus trejeitos e tentando conversar com o público, o que acabou deixando bem de lado as boas piadas que poderia colocar e pontuar como fez em diversas cenas, aonde o público acaba rindo, ou seja, mal aproveitado demais. Samantha Schmütz é outra grande comediante que merecia mais cenas no filme, pois sua Jéssica em todas as cenas que aparecia, roubava a tela só para ela com muita diversão e claro abusando do estilo sensual estranho que faz, e isso para o filme funcionou muito bem, de modo que de todos é a que mais funcionou. Embora o personagem de Marcus Majella, Ferdinando, seja bem estereotipado e divertido, ele grita demais, e isso acaba incomodando tanto, que quando faz sutilezas diverte e agrada bem mais, ou seja, poderiam ter mantido o estilo menos afetado que o sucesso seria bem maior. Cacau Protásio já mostrou em novelas e séries que sabe fazer seu serviço de interpretação muito bem, mas aqui com sua Terezinha, tudo acabou ficando tão grotesco que chega a assustar mais do que divertir, e certamente se fosse algo mais sútil, ela chamaria a atenção e divertiria ainda com a mesma pegada. Catarina Abdala teve até que um certo trabalho no longa, afinal está presente na grande maioria das cenas com sua personagem Dona Jô, e possui bons trejeitos, tentou usar uma comicidade mais tradicional, mas o filme não pedia isso infelizmente, e logo era apagada por alguma barbaridade, ou seja, mesmo estando em 90% do filme, muitos daqui a alguns dias nem vai lembrar que ela fez o filme, o que é bem triste. Fiorella Mattheis com sua Velna só temos que dizer que assim como na sua cena na praia que já está no trailer para o trânsito, nas cenas restantes em que aparece sempre de biquini, só serve para parar o filme com os olhos voltados para ela, mas ainda estou procurando saber se ela falou alguma coisa. Werner Schünemann ainda deve estar contando o dinheiro que ganhou de cachê para fazer o filme, pois não é sua praia a comédia, e com toda certeza era claro no filme que estava perdido sem saber para onde atacar, e como seu estilo sempre foi de grandes interpretações, o seu Quaresma, até que ficou bem encaixado, mas imóvel frente a bagunça que foi jogado. Oscar Magrini até se soltou mais com seu Brito, mas nada que ficasse muito chamativo e em diversos momentos apenas funcionou como enfeite cênico, o que é nada agradável de ver. Falei até que muito dos atores, e praticamente citei todos que apareceram no filme, portanto é melhor deixar de lado Emiliano D'Avila e Fernando Caruso, pois esses foram mais enfeites que o Magrini.

Sobre a cenografia, basicamente só temos duas locações, a periferia colorida do Meier e o luxo cinzento do Leblon, e a equipe artística foi bem clara em montar os ambientes e pesar a mão no figurino dos personagens para representar isso, não que alguém necessite reparar, afinal o protagonista faz questão de falar em alto e bom som isso, mas no geral, a direção de arte e de fotografia, foram os que mais prezaram a ideologia de cinema e agradaram bem no que fizeram, inclusive colocando muitos atores conhecidos como objetos cênicos também, e trabalhando a iluminação com toda classe possível para realçar cada detalhe, ou seja, prezaram pelo menos nas questões técnicas para que parecesse um filme realmente.

Enfim, é algo que até conseguimos rir e se divertir em alguns momentos, mas está totalmente longe de ser algo que podemos chamar de filme, e isso é algo que infelizmente tenho de pesar a mão tanto na nota, como na recomendação para quem quiser ir ver nos cinemas, pois repito que é algo mais próximo da série com uma pegada mais alongada e explicativa de diversos momentos, e que por manter o estilão bagunçado, acabaram esquecendo de desenvolver melhor a trama e aí sim divertir com boas piadas e até inserindo as esquetes cômicas boas do programa. Portanto, só vá ao cinema se tiver muita certeza de que deseja ver isso que falei, senão a chance de rir somente em alguns momentos e sair decepcionado com o que verá é bem alta. Fico por aqui hoje, mas ainda nessa semana cinematográfica tenho dois documentários musicais para conferir, então abraços e até breve pessoal.

PS: Pelos momentos divertidos e pela boa concepção artística a nota será 5 coelhos, mas facilmente daria para dar bem menos pelo resultado geral.

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Hotel Transilvânia 2 em 3D (Hotel Transylvania)

9/25/2015 12:07:00 AM |

Acho que não existe um gênero mais gostoso de acompanhar e divertir senão o de animação, e por ser também um dos que mais dão trabalho para fazer, sempre qualquer história mais simples, acaba virando uma grande produção e os produtores que não são bobos sempre encontram jeito de ganhar dinheiro com tudo, após o filme. E daí quando já venderam todo tipo de objeto após o lançamento do primeiro filme altamente rentável, vem a questão: vamos fazer um segundo? Os olhos em formas de cifra brilham, e claro que se com um orçamento modesto fizeram cinco vezes mais de bilheteria, não iriam entregar um "Hotel Transilvânia 2" com moldes muito diferenciados do original, o que é bem bacana, pois perder a fidelidade de uma história acaba gerando irritação, daí adicionaram fofura para com os personagens infantis e pronto, temos novamente algo divertido de ver, mas que traz pouco conteúdo novo na tela, o que pode incomodar a muitos, ou não, pois vai certamente divertir bastante a garotada (e com algumas piadas fazer os pais rirem muito também), e isso é o que vale em uma animação. Claro que além de uma história bacana, o filme também conta com uma modelagem bem mais planejada, e que funcionou demais nos voos e cenas mais rápidas, mostrando que a tecnologia de controle de câmera em desenhos está cada dia melhor.

O filme nos mostra que a vampira Mavis e o humano Jonathan se casaram e continuaram morando no Hotel Transilvânia, já que Drac ofereceu um emprego ao genro. Ele na verdade quer que sua filha permaneça ao seu lado, especialmente quando ela revela estar grávida. Eufórico com a notícia, Drac torce para que seu neto seja um vampiro de verdade e busca, a todo instante, indícios de que isto acontecerá. Entretanto, o pequeno Dennis está prestes a completar cinco anos e, ao menos por enquanto, tudo indica que ele é um humano normal.

A frase do pôster diz que: "A única coisa mais assustadora que ser um monstro é tomar conta de um", mas colocaria facilmente outra frase como sendo a coisa mais assustadora do filme e que poucos sabem, que tanto o roteiro do primeiro, quanto do segundo foi escrito por Adam Sandler, ou seja, você pode ir ao cinema esperando ver aquelas piadas que acabamos nos perguntando aonde alguém acharia graça naquilo. Mas felizmente ele não está sozinho nessa empreitada, e somente a base da história é sua, então dá para relaxar mais. Digo isso mais para provocar os amigos que sei que odeiam o ator, mas como disse no parágrafo inicial, não mexeram em praticamente nada do que já foi sucesso no primeiro filme, e assim sendo, o resultado é bem agradável de ver na telona. Além disso, mantiveram também o diretor Genndy Tartakovsky, que mostrou no primeiro longa que tinha uma pegada bem interessante para os ângulos, deixando a animação bem viva e agradável de ver, e agora usou de recursos quase que impossíveis de imaginar numa animação, para que a modelagem tridimensional ficasse incrível e muito bonita de ver, aparentando ter colocado um drone (se fosse um filme live-action) perseguindo os personagens em diversas cenas para que quase num stop-motion tudo tivesse forma definida, e num misto de técnicas, isso ficou bem diferenciado do que estamos acostumados a ver.

O bacana de ver o que fizeram nos personagens é que ao manterem a mesma linha de carisma presente no longa original, e adicionarem fofura para com os personagens novos, tivemos um resultado gostoso de acompanhar, e claro rir das diversas situações que ocorrem, mas ainda poderiam ter desenvolvido um pouco mais de história para alguns, como acabou acontecendo no primeiro filme, pois agora praticamente todos são apenas jogados na trama e não possuem nenhum desenvolvimento de personagem, tirando o jovem Dennis e Drac, por estar sempre grudado na criança. Não que isso venha a atrapalhar o filme e muito menos as piadas inseridas para cada um dos monstros, ainda continuamos as melhores com o homem invisível, mas certamente dando mais tempo de tela para cada um iríamos ficar mais ligados com cada um. Novamente a dublagem caiu perfeita para aproximar o longa das piadas e trejeitos nacionais, e isso é um fator muito bacana que sempre acaba dando certo (e se alguma distribuidora reclama que não consegue lançar o filme na mesma data aqui por causa de legendagem ou dublagem, vejam que este está sendo lançado igualmente e ainda contando com alguns detalhes desenhados em português, ou seja, arrumem outra desculpa).

No conceito visual, é incrível ver a quantidade de cores que trabalharam no filme, deixando cada personagem quase que único na tela, e em diversos momentos temos muitos "figurantes" em tela e cada um consegue se destacar no meio da multidão, e até mesmo os lobinhos foram modelados para possuírem características únicas, mesmo sendo uma ninhada imensa. Além disso, volto a repetir os ângulos escolhidos valorizaram demais o ambiente da história, e cada detalhe é preciso nas cenas, desde os diversos elementos nos quartos do hotel até mesmo nas cenas em ambientes mais abertos foram trabalhados para divertir e agradar harmonizando tudo, ou seja, perfeição nata que mostra que a cada dia as equipes artísticas das animações estão prezando mais por detalhes para chamar atenção e junto das iluminações incríveis da fotografia, o resultado é realmente muito bonito de ver. Já fico esperando para quando trabalharem mais texturas, pois ainda temos um longa mais chapado, longe do que a Pixar/Disney/Dreamworks faz, e só isso para o patamar virar outro, afinal aqui o prezo pela diversão é algo muito bem feito. Quanto do 3D, temos muitas cenas com voos, e isso funciona bem na profundidade de campo, além de como disse pelos ângulos, tudo parece ser palpável como se fosse feito em massinha, mas é computacional, e não exploraram tanto coisas sendo jogadas para fora da tela, o que as crianças gostam de ver em filmes tridimensionais, portanto muitos irão reclamar de não ter nada, mas visualmente o resultado com o óculos é interessante.

Enfim, é uma animação que funciona dentro da proposta que escolheram, divertir sem ter de criar um contexto monstruoso para envolver o público, e assim sendo, quem for mais exigente talvez reclame de faltar mais conteúdo, mas quem for disposto a se divertir apenas com os monstrengos mais uma vez como rolou em 2012, pode ter certeza que vai sair contente com o que verá na sessão. Portanto, como gosto de ver também longas apenas pela diversão, acabo recomendando com certeza o longa para todos, e certamente os pequeninos que forem conferir vão sair felizes correndo para o McDonalds mais próximo para pegar um colecionável do filme. Bem fico por aqui hoje, mas volto em breve com os outros longas que irei conferir no final de semana, então abraços e até breve pessoal.

PS: Como temos praticamente o mesmo filme de 2012, vou repetir também a minha nota da época sem pesar a mão nos pequenos deslizes.

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Um Senhor Estagiário (The Intern)

9/23/2015 01:29:00 AM |

É interessante quando algo ou alguém nos fala como o mundo anda girando em diversos quesitos de família, empregos e até mesmo no cotidiano comum, e não nos surpreendemos mesmo tendo nossas ideologias presas à moldes antigos que hoje muitos até viram a cara, e outros ainda perguntam como é viver no estilo tradicional e não na vibe do século XXI, e quando observamos todos esses contrapontos em uma dramédia bem leve, divertida e com todas as nuances bem trabalhadas acabamos pensando em tudo e ficamos felizes por tudo se encaixar e ainda passar boas lições que nos envolva e ainda funcione como filme. No longa "Um Senhor Estagiário", tudo isso nos é entregue com uma calma (até exagerada demais) sem que fosse preciso símbolos para maquiar, pois ao colocar os personagens na melhor forma de exemplificar tudo, acabamos nos conectando com toda a situação e com o andar da trama tudo flui muito bem, de modo que ao mesmo tempo que acabamos vendo um filme totalmente Sessão da Tarde aonde tudo é muito gostosinho, também podemos tirar proveito no modo de pensar sobre as situações que são passadas, e com isso desenvolver nossa percepção sobre o mundo atual, ou seja, mesmo estando um pouquinho cedo, o longa tem uma carinha de que pode aparecer nas premiações de comédia por aí.

A sinopse é bem simples e nos mostra que um viúvo de 70 anos descobre que a aposentadoria não é bem como imaginava. Buscando uma oportunidade de voltar à ativa, ele se torna estagiário sênior de um site de moda criado e administrado por Jules Ostin.

Se me perguntarem um defeito do filme, logo de cara posso falar do ritmo da trama, pois o filme de 121 minutos aparenta ter uma duração muito maior, mas felizmente não acabamos cansados com o que vemos na tela, pois tudo tem seu mérito, cada situação envolvida nos remete à bons ensinamentos e claro que tanto o roteiro quanto a direção de Nancy Meyers("Simplesmente Complicado", "Alguém Tem Que Ceder", entre outros) são postos à prova a cada tomada de câmera que nos deixa presos à tela de uma maneira incrível, pois um filme tão longo faria com que o público ficasse olhando o tempo já passado no relógio, acabaria envolvendo discussões durante a exibição, mas não, o que acabamos fazendo é curtindo tudo o que ocorre. E muitos podem até falar que a síntese da trama é bem simples, mas o que é passado consegue segurar com tanto sentimento e bons exemplos, que acaba divertindo de uma maneira tão gostosa sem precisar ser bobo e nem filosofar exageradamente, ou seja, um filme limpo que mostra bem aonde quer chegar e agrada muito no sentido da história que passa. Claro que particularmente para o gosto desse Coelho que vos digita, gostaria de ver um clímax e um ponto de virada mais impactante, já que o que ocorre é algo tão comum que nem nos choca atualmente, mas só de trabalhar completamente com o conceito invertido do que outros longas impactam no modo de ver o feminismo/machismo, o acerto acaba sendo muito interessante de parabenizar a idealizadora.

O longa nos entrega diversos bons personagens além dos protagonistas, mas certamente nossos olhos e comentários estarão sempre que conversarmos sobre o filme em cima dos dois maravilhosos atores, que sempre agradam no que fazem, e aqui não foi diferente. Anne Hathaway é daquelas atrizes que não consegue entregar apenas o que lhe é pedido, colocando expressão nas cenas mais dramáticas, pontuando sua alegria de modo comedido e bem inteligente e trabalhando cada trejeito como se o filme lhe pedisse um envolvimento tão grande como um drama mais pesado, e assim sua Jules acaba nos remetendo à tantos momentos em nossa vida que criamos uma afinidade única com ela, querendo conhecer mais e assim como o personagem de De Niro diz no trailer, ela acaba nos inspirando muito, ou seja, uma delícia de ver em todos os sentidos. Quando achamos que Robert De Niro já fez de tudo no cinema, ele consegue voltar em plena forma de atuação e nos entregar um carismático Ben que não tem como não gostar, a cada pitada cômica que imprimia, jogava no ar uma fofura tenra de ser sentida tão agradável que a cada ato ia melhorando para um final ainda mais gostoso de ver. Outra fofura em pessoa foi Jojo Kushner que estreando nas telonas com sua Paige, mostrou um trabalho muito bacana para uma garotinha, e certamente vai chamar a atenção de outros produtores para diversos filmes, pois mandou muito bem. Anders Holm até agrada nas cenas de seu Matt, mas como o vértice do filme não recai tanto para o seu momento, mesmo o ponto de virada recair completamente sobre seus atos, acaba sendo um pouco fraco demais e poderia ser mais chamativo, mas de certo modo fez bem tudo o que lhe foi pedido, porém o personagem precisaria ser maior para agradar. Todos os demais tiveram bons momentos de conexão para com os protagonistas, tendo destaque Rene Russo com sua Fiona, pelas cenas românticas mais bonitinhas, Adam DeVine pela comicidade e envolvimento entregue para com seu Jason ao aprender lições amorosas do protagonista, e até mesmo Christina Scherer com sua Becky por toda a loucura daqueles que tanto se esforçam e não são reconhecidos pelo chefe. Ou seja, todos mesmo com poucas cenas se esforçaram para chamar atenção e acabaram saindo bem.

No conceito cênico, o filme trabalhou bem ao mostrar o novo estilo tanto das empresas, aonde muitos donos de empresas passam a trabalhar mais próximo dos empregados e com isso criam um "clima" mais envolvente, e isso é algo muito bem trabalhado na forma do cenário que escolheram ambientar, além claro da excelente descrição da antiga fábrica pelo protagonista. Nas casas, tudo foi pensado para mostrar a vida dos protagonistas com elementos bem simples, como a organização de Ben, ou a vida agitada de Jules, e isso ficou bem marcado no estilo. Além claro, das ótimas críticas de vestuário que foram pontuadas, ou seja, a equipe de arte não fez nada de monstruoso para que ganhasse milhares de prêmios, mas também não inventou moda para estragar o simples bem feito que optaram. A fotografia trabalhou muito bem ângulos, luzes e cores para dar o tom cômico quando era preciso, dramatizar de forma bem clara nas cenas mais de impacto, e principalmente dar leveza em todas as cenas, não deixando a trama nem pesada demais para que o drama recaísse e nem festiva demais para que virasse uma comédia pastelão, e assim o resultado acabou muito bem sútil.

Enfim, mais uma vez fui surpreendido com um trailer que parecia entregar já algo bonitinho, mas o longa trabalhou tão bem com a simplicidade e pontuando cada lição de maneira clara e gostosa de ver, que a diversão foi melhor do que poderia esperar, e com muita leveza a trama acaba envolvendo. Claro que há defeitos, como citei no texto, mas ainda assim é um filme que assistiria novamente e continuaria curtindo, ou seja, já dá para aguardar passar na TV e curtir com certeza. Dessa maneira, acabo recomendando o filme tanto para quem gosta de uma boa comédia dramática, quanto para aqueles que querem aprender um pouco mais de como anda o mundo atual que não dita mais tanto as regras de antigamente no conceito de família, chefes e tudo mais. Bem é isso pessoal, novamente agradeço ao pessoal do Shopping Iguatemi por conseguir trazer o evento de pré-estreia para Ribeirão Preto, e junto da equipe do Cinépolis fazer tudo bem organizado para sempre agradar todos os convidados. Fico por aqui hoje, mas volto na quinta com mais estreias da semana, então abraços e até breve.

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Maze Runner: Prova de Fogo em 3D (Maze Runner: Scorch Trials)

9/18/2015 02:20:00 AM |

Se em Setembro do ano passado, a certeza de que "Maze Runner: Correr ou Morrer" era tão grande que nem terminaram o lançamento para começar a gravar o segundo filme, esse ano com "Prova de Fogo" foram mais cautelosos, afinal ainda faltam 2 livros para a história acabar e embora muito mais produzido, o segundo filme não é tão fácil quanto o primeiro, que tinha todo o mistério e a ação em si não dominava a história, enquanto agora temos muita história para tentar ser desenvolvida, e ainda assim a correria desenfreada é no nível máximo. Ou seja, vá ao cinema bem calmo, pois a chance do aceleramento dos fatos, misturado com a aparição de um novo personagem "importante" a cada virada de câmera, e inúmeras histórias que servem para dar todo um sentido no que virá pela frente, pode certamente fazer com que o público se assuste e não empolgue tanto como o que acabou acontecendo com o primeiro filme, além claro de que como são quatro livros (alguns dizem ser uma trilogia, pois o quarto livro teoricamente é antes do primeiro, então pode ser que misturem as explicações nos três ou quatro ou cinco filmes que fizerem), ao final desse é que chegamos ao clímax da história, portanto, até agora foi quase que uma apresentação completa em dois capítulos, e que felizmente mantiveram a mesma equipe para que os rumos não se perdessem e agradasse bastante. O jeito agora é esperar 2017 para ficar ainda com mais raiva de esperar outro que nem data ainda tem, para que finalmente tudo se complete. Mas repito, esse novo está bem mais produzido e interessante de ver, mesmo que não tão fácil como o primeiro filme.

A campanha do longa nos mostra que o Labirinto foi só o começo... o pior está por vir. Depois de superar muitos desafios, Thomas e seus amigos pensam que estão a salvo em uma nova realidade. Mas eles são surpreendidos pelos Cranks, criaturas que querem devorá-los vivos. Agora, para sobreviver nesse mundo hostil, os amigos terão de fazer uma travessia repleta de provas cruéis e desafiadoras em um mundo devastado, sem água, comida ou abrigo.

Acabamos conhecendo o diretor Wes Ball no primeiro filme da série, e se sua ideia no primeiro filme foi amarrar o escritor dos livros James Dashner dentro do set para que a história ficasse o mais próxima do livro, aqui novamente é aparente essa técnica, afinal pelo tanto de histórias colocadas na trama, mesmo que de forma pincelada, pareceu que o diretor quis mostrar tudo o que o livro conta de forma resumida, afinal são 131 minutos contra 368 páginas e isso é algo completamente impossível de caber em detalhes. Porém esse desafio de tentar colocar o máximo de detalhes, acabou transformando o longa em algo que somente quem for muito conectado com o livro, ou talvez assistir mais que uma vez o filme, consiga relacionar tudo o que desejavam, e isso, ao menos na ideologia desse que vos escreve, é um grandioso erro, pois acaba que o filme não fica completo, e muitos personagens parecem aparecer apenas por aparecer, não tendo uma conexão mais plausível ou bem feita para com a trama que está sendo desenvolvida, mas se eliminassem alguns personagens, também os fãs do livro iriam reclamar deles não terem aparecido, ou seja, voltamos na velha discussão do que vale ou não em uma adaptação literária, e poderíamos prolongar o texto infinitamente, o que não vai acontecer hoje, afinal já está bem tarde. Dito isso, posso falar de uma maneira bem simples, que o roteirista T.S.Nowlin até trabalhou bem resumindo o que dava para incluir personagens e que mesmo sendo apenas fagulhas no meio de uma fogueira inteiriça, o resultado de quem prestar muita atenção em tudo, acabará agradando a gregos e troianos. E claro que o diretor já mostrou logo de cara que quanto mais dinheiro colocarem no seu filme, mais efeitos entrarão e o resultado será mais incrível ainda, ou seja, a expectativa dos próximos (que aparentemente já está em pré-produção e o diretor já está quase garantido) é que teremos algo bem impactante, quiçá ainda mais bem produzido e quem sabe com uma história mais centrada por não precisar apresentar mais ninguém, somente conectar os pontinhos e desenvolver tudo.

Quanto das atuações, vou me conter ao máximo para não criar um texto de 100 páginas para falar de cada um, pois repito, surgiram muitos novos personagens na trama, mas antes vamos falar dos principais. Dylan O' Brien está começando a ficar "velho" no quesito de sua fisionomia, e diferente de Harry Potter que cada ano era um novo ano escolar, aqui teoricamente o longa se passa em dias, no máximo meses, então vão precisar correr para que seu Thomas não fique estranho como um adolescente de quase 30 anos no último filme, pois ele é um bom ator, mas somente fazendo a série "Teen Wolf" e aqui nos longas de "Maze Runner", está ficando marcado demais e com expressões de menos para desenvolver, e isso vai pesar mais para frente certamente para o ator. Kaya Scodelario também trabalha bem, e sua Teresa continua bem intrigante, embora falhe no estilo mistério logo que sai do galpão dos cientistas, e isso é algo de errado não por sua culpa, mas falha do ângulo que o diretor escolheu para trabalhar, pois certamente daria para manter o tom misterioso até bem mais para frente, e a atriz ainda sairia bem na fita, mas ainda assim fez boas expressões e agrada de certa forma. Os demais antigos tiveram bem menos importância nesse novo longa, e embora sempre estejam juntos nas correrias e fazendo boas caras Thomas Brodie-Sangster com seu Newt, Dexter Darden com seu Caçarola, Alexander Flores com seu Wiston e Ki Hong Lee ainda dando seu máximo para com seu Minho, ficam sempre em segundo plano frente os demais, e isso acaba não sendo legal, afinal como no primeiro todos tiveram uma boa quantia de importância, esperávamos mais deles nos outros longas, quem sabe no próximo deem mais a cara para bater. Dos novos, temos de dar destaque para Aidan Gillen que trouxe uma seriedade bem assombrosa para o seu Jansen e que quase conseguiu se tornar um vilão que ficaríamos com certa raiva, mas por aparecer bem pouco acaba ficando sutil. Também temos de falar das duas cenas de Patricia Clarkson que ao trabalhar uma nuance séria e rancorosa junto de sua Ava Paige, vai fazer com que muitos queiram exatamente o mesmo que o protagonista declara, afinal o mulher ruim que sua personagem conseguiu passar. E temos de dar uma certa relevância para Giancarlo Esposito, afinal seu Jorge tem bons trejeitos, chama a atenção e deve agradar ainda mais nos próximos filmes, além de ter conseguido uma boa química para com a Brenda de Rosa Salazar, que chama a atenção pela feição mais dura e sofrida, que certamente no livro condiz mais ao detalhar tudo o que passou. Destaques negativos não para a atriz Lili Taylor, mas sim para a rapidez das cenas de sua Mary, não tendo tempo nem para um desenvolvimento mais interessante, e isso é algo ruim de ver. Quanto à Jacob Lofland e seu Aris, ainda prefiro ficar junto de Minho, e não confiar muito no rapaz, pois nem o ator se esforçou para expressar mais carisma, nem o personagem chamou atenção, então veremos o que aguarda. E finalizando essa parte Barry Pepper foi chamativo com seu Vince, mas também foi rápido demais suas cenas, e vai acabar sendo mais importante no próximo filme, ou seja, mais um que foi apenas apresentado aqui, mas que só falou quase 10 palavras.

Se no primeiro filme tínhamos apenas uma cenografia simples, afinal era uma clareira e um labirinto com detalhes e bichões estranhos, agora temos diversos cenários, personagens funcionando como elementos cênicos, e com um trabalho bem minucioso da direção de arte, cada cena nova foi pensada para detalhar ao máximo cada ponto do livro. Portanto é notável a preocupação do diretor em dar closes em objetos junto das cercas, fios, armas, espelhinhos com fotos, cenários destruídos e quando ele explora a abertura máxima da lente, vemos paisagens muito bem trabalhadas para retratar toda a destruição que ocorreu, claro que muito computacional, afinal não conseguiriam construir tudo aquilo para o filme de forma alguma, além de ficar caro demais dentro do orçamento, e dito isso, voltamos no velho ponto de fazer com que atores corram em fundos verdes e se desenvolvam com coisas que não estão presentes junto deles, pois na cena em que Thomas e Brenda estão subindo em uma torre destruída fugindo de um Crank, a câmera se mexe tanto para não aparecer os erros digitais, que acaba incomodando um pouco, mas o resultado final é bem interessante de ver com a profundidade que o 3D convertido funcionou somente nessa cena. Quanto do figurino e maquiagem, posso dizer que os Cranks ficaram medonhos e bem interessantes de ver, certamente "Walking Dead" deu boas inspirações para os artistas e agradaram bastante mesmo nas cenas mais proximais com detalhes fortes. Na questão fotográfica foram bem trabalhados os tons amarelados, que em filmes de ação costumam dar uma certa vertigem, e como a correria é grande, foram bem espertos para que o filme tivesse belas paisagens de fundo para que o olhar não ficasse tão impactado e ainda assim agradasse bastante, além disso o grande trunfo do longa está nas cenas noturnas ou em lugares fechados, com as lanternas dando um show de visual e revelando os lugares somente como se fossem a única fonte de luz em cena, o que agrada bastante. Como falei acima, o 3D foi convertido, e isso já faz do longa algo errado, já que as cenas não foram pensadas para ter uma profundidade interessante ou elementos saindo da tela, então ficou bem falso e são pouquíssimas cenas que funcionam como deveria, ou seja, quem não quiser pagar mais caro, pode ir ver normal que não vai perder nada.

Enfim, tivemos apresentações demais para dois filmes e mesmo que a ação não pare um segundo dos 131 minutos de duração da trama, poderiam ter economizado alguns personagens e desenvolvido mais outros que agradaria bem mais. O resultado em geral é interessante, mas ficamos com a sensação de não saber se gostamos do que vimos, ou vamos precisar de outro para realmente confirmar se vamos vibrar com o fechamento, e isso é algo que de certa maneira me incomoda demais, mas como gosto de longas de ação, o filme me divertiu, e com certeza recomendo ele para quem gosta do estilo, mas deixando a ressalva de que quem se incomoda com longas que precisam de complementos se prepare para reclamar, afinal ainda teremos no mínimo mais um para que tudo desenrole e agrade com algo mais próximo do que já deveriam ter feito nesse filme. Bem, é isso pessoal, fico por aqui hoje, começando e já encerrando essa semana cinematográfica curtíssima, mas felizmente terei uma pré-estreia para conferir, então volto na terça com mais um texto para vocês. Por enquanto deixo meus abraços e venho sempre conferir os comentários, então aguardo suas opiniões também.

PS: Embora merecesse uma nota menor que a do primeiro filme, por cometer esse erro de muitos personagens novos sem desenvolvimento apropriado, a produção e direção de arte compensaram demais, então vou repetir a nota que dei para o primeiro longa.

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Você Acredita?

9/12/2015 07:05:00 PM |

Já disse uma vez que assim como o filão de longas espíritas, se existe um outro nicho que sempre vai levar público para as salas de cinema é o cristão, pois mesmo que seja feito por essa ou aquela igreja, os produtores são sempre espertos em não acusar nenhuma crença, deixando o ponto único na trama como Deus e Jesus, que é universal para praticamente todas, e assim sendo, os filmes andam conseguindo comover muita gente em suas exibições, e claro dando lucro, que é o que todos almejam. Após o resultado bem expressivo de "Deus Não Está Morto", os produtores já embarcaram numa nova produção maior e mais bem trabalhada que usando dos mesmos moldes de pessoas que não acreditam em Deus, e acabam tendo algum problema grave e com a fé passam a crer. Esse pode ser bem um resumo de "Você Acredita?", mas o longa vai além disso, ao trabalhar a dinâmica dos personagens, as expressões de um elenco bem interessante, e até mesmo sendo simples a cenografia geral da trama agrada bastante também, dando um ar de grandeza para toda a dramaticidade envolvida no longa, que claro que muitos que não forem religiosos irão reclamar do que verão, afinal ainda é algo 100% voltado para a religiosidade, mas se olharmos a fundo, todo o cuidado que andam tendo já é um passo bem grande dessa nova indústria que está se formando, e certamente vai ainda entregar grandes filmes.

A sinopse do longa é bem simples, e nos mostra que doze pessoas, seguindo caminhos diferentes, têm suas vidas interceptadas de forma inesperada. Cada uma delas está prestes a descobrir o poder que há na cruz de Cristo, ainda que muitos deles não acreditem nisso. Uma crença verdadeira sempre requer ação e nessa trajetória, todos serão impactados de maneira que só Deus pode orquestrar.

O diretor Jon Gunn trabalhou bem o roteiro de Chuck Konzelman e Cary Solomon, ambos responsáveis pelo roteiro de "Deus Não Está Morto", de modo a colocar vivência nas situações, pois logo na narração inicial, mesmo quem não leu a sinopse já irá saber que todos (ou a maioria) irão se encontrar em determinado momento da trama para provar sua fé, e usando do carisma de cada ator, junto de suas boas expressões, e de planos até ousados, saindo do tradicional foco e desfoque que vimos em muitos longas religiosos, ele conseguiu encontrar um ritmo próprio e até criou uma cena bem trabalhada que certamente custou um bom dinheiro para ser feita. Não que isso dê algum grande crédito para o estilo novelesco de muitos personagens com histórias que o roteiro acabou criando, mas de uma maneira mais condizente, o diretor soube priorizar, ao menos na montagem, os que certamente criariam um maior carisma com o público, e sendo assim, o acerto foi bem bacana de ver.

Falar de cada personagem e o que cada ator fez aqui, daria um texto grande demais, e por isso, vou fazer assim como o diretor, priorizando os que chamaram mais atenção. Para começar Ted McGinley até entrega uma boa personalidade para o pastor Matthew, mas seu jeito calmo frente à algumas das situações incomoda demais, e mesmo os mais fiéis certamente irão pensar da mesma forma nas duas cenas envolvendo o dinheiro, e na parte final, pois são dois momentos fortes e que qualquer um se desesperaria, ficando falso demais sua expressão. Mira Sorvino, ao contrário de McGinley já foi cética e desconfiada demais em todas as situações, claro que mães são extremamente preocupadas com ajuda de estranhos para com seus filhos, mas cada um que oferecia algo para ela, parecia que os olhos de sua Samantha iriam sair da face, e sabemos que a atriz é melhor do que o que fez no filme, claro que sua filhinha no longa, Makenzie Moss, chamou muito mais a atenção pela ótima dinâmica com os demais personagens, mas cabia a ela também agradar mais. Brian Bosworth trabalhou de maneira interessante seu Joe, mas mesmo nem o mais religioso do planeta iria acreditar em sua cena final, claro que é bonito e tudo mais, mas não rola, felizmente o ator durante todo o filme saiu muito bem nas expressões, senão seria motivo de piada facilmente. Sean Astin, que mais conhecemos como o gordinho Sam de "O Senhor dos Anéis", aqui faz um médico meio estranho e cético demais de qualquer fé, claro que isso para o filme é algo ruim, mas seu estilo arrogante poderia ser menos jogado na trama que agradaria mais. E fechando a lista tenho de falar de Liam Matthews, não tanto pelo seu personagem Bobby que até agrada bastante na forma de fazer as coisas, mas sim por ter colocado quase que no currículo a profissão de ator de filmes cristãos, já que esse é seu sétimo longa religioso, e claro que ele não faz mal senão já teriam queimado ele.

Diferente de outros longas religiosos que colocam efeitos demais nas cenas, a equipe aqui optou por fazer algo mais simples cenograficamente, acertando a mão assim como fizeram no longa anterior, ou seja, trabalhando com detalhes bem emblemáticos nos elementos cênicos, como as pequenas cruzes, ou trabalhando com casas menos robustas de enfeites e até mesmo na cena mais emblemática, foram impactantes com os acontecimentos e procuraram não ousar muito, claro que ficou bem feito nos efeitos especiais usados, mas nada que chamasse a atenção somente para aquilo. O trabalho do diretor de fotografia, infelizmente foi o que mais falhou, por termos muitas cenas noturnas, as luzes sempre estavam fora de foco, e os personagens nos planos e contra-planos estavam iluminados de forma diferente, o que caracteriza um erro que vemos muito em novelas, mas não atrapalhou tanto o longa por não ter tantos efeitos em jogo, pois senão seria um desastre completo.

No quesito musical, tivemos boas canções inseridas para dar contexto ao filme, e não abusaram tanto da temática para colocar coros e afins, muito menos o famoso pianinho que tanto me incomoda nos longas espíritas. Mas poderiam ter colocado mais ritmo na trama, inserindo mais trilhas nas cenas principais, pois o filme de 120 minutos, certamente parece ter uma duração bem maior, o que não é legal. Um ponto positivo ficou para o clipe da canção de fechamento, que na versão nacional é cantada por Leonardo Gonçalves, e conseguiram encaixar bem o cantor em locações parecidas com o do filme, mesclando com cenas do longa e agrada bastante logo após os primeiros créditos.

Enfim, ainda não é o melhor longa dramático religioso que já vi, mas volto a repetir, o pessoal anda numa boa levada e em breve vão acertar a mão de maneira que não só os fiéis das igrejas vão se emocionar com o resultado e quem sabe até puxar alguns prêmios por fora. Por enquanto, devido o excesso de pequenas falhas, recomendo ele mais para os religiosos que não vão notar tanto esses errinhos, do que para os cinéfilos que gostam de ver tudo o que aparece, pois esses certamente vão reclamar de tudo. Mas como disse, é um filme gostoso e bem feito, então quem for e não ligar para esses detalhes que citei acima, é capaz que curta a sessão. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, encerrando já a semana cinematográfica com esse longa que até veio na data certa semana passada, mas junto com tantos filmes, acabei deixando para encerrar essa nova, então abraços e até quinta que vem com mais estreias.


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Evereste em Imax 3D (Everest)

9/12/2015 02:43:00 AM |

Sempre digo que frio é psicológico quando o povo com 20° já está enrolado nas cobertas e colocando duas blusas de frio, fico imaginando então essas pessoas na situação do filme, afinal a sensação de congelamento certamente é algo que não deve ser muito legal de sentir, e o psicológico com toda a certeza fica bem abalado nesses momentos. Digo isso, pois fazia tempo que um filme não me deixava tão triste como "Evereste" conseguiu deixar, pois ao mesmo tempo que é uma conquista alcançar o topo do lugar mais alto da Terra, também é uma loucura caríssima (em torno de US$65 mil para ir com alguma expedição) com um risco de que uma a cada quatro pessoas sobe e fica por lá, ou nem sobe, ficando pelo meio do caminho. E quem for aos cinemas conferir o longa que estreia daqui duas semanas, ou nas pré-estreias que terão nos próximos dias, certamente irá ficar agoniado com a situação extrema que o longa projeta, mesmo que o filme não chegue a ter uma história com muita ficção para acontecer, afinal é baseado como diz no pôster e no trailer, numa inacreditável história real.

Inspirado nos incríveis acontecimentos em torno da montanha mais alta do mundo, o filme documenta a inspiradora jornada de dois diferentes grupos de expedição que são desafiados além de seus limites quando são acometidos por uma das maiores tempestades já registradas no local. Com a coragem testada por um dos fenômenos mais severos do planeta, os escaladores terão de enfrentar obstáculos quase impossíveis em busca de sobrevivência.

É interessante observar a loucura que o diretor Baltasar Kormákur, que gosta de planos bem realistas, em seus filmes, fez ao levar os atores para gravar no próprio Monte Everest junto de uma grande equipe da Imax para que as tomadas fosse o mais próximo da realidade passada pelos alpinistas em que a história se baseia, e claro que isso foi de um grande sofrimento, não que eles tenham subido até o ponto máximo, mas como bem sabemos, ali eles realmente se meteram em grandes frias, enfrentando frio intenso, gravar com muito gelo na cara e principalmente entrando no clima tenso que o diretor tanto desejava nas expressões dos atores. E de certa maneira, isso acabou funcionando bem, pois ao menos pelo que mostra no filme, Jon Krakaeur acabou não chegando ao topo do Everest, mas retratou a situação de forma muito dura em seu livro "Into Thin Air: Death on Everest" que já gerou outro filme para a TV, mas aqui a equipe de roteiristas não aliviou o texto para lado nenhum, deixando que o diretor criasse um âmbito bem forte para a trama, e fizesse com que o público não saísse da sala do cinema empolgado de ter visto um longa envolvente, mas a expressão era de uma depressão incrível estampada na maioria. Claro que isso não é algo bom de se transmitir com um filme, mas aparentemente esse era o objetivo claro, ao retratar a história, então o acerto digamos que foi bem feito, e quanto aos enquadramentos escolhidos, digamos que ficaram incríveis com o que as câmeras conseguiram captar tanto em profundidade, quanto nos ângulos mais precisos para que nem os protagonistas ficassem de fora, nem a montanha ficasse deixada como coadjuvante, ou seja, impactante.

Embora Christian Bale tenha ficado de fora por motivos de agenda, acredito que até foi melhor sua saída, pois o longa seria mais centrado nele, e o resultado certamente seria outro, enquanto aqui, praticamente todos tiveram seus momentos expressivos bem pontuados e chamaram a responsabilidade para si, quando a câmera lhes enquadrou. Claro que o destaque fica por conta do protagonismo de Jason Clarke que colocou seu Rob como uma pessoa bem serena e interessante de ver na tela, mas o excesso de calma que o ator colocou no personagem quase fez com que seu protagonismo desaparecesse, afinal se o diretor resolvesse contar somente sua história, teríamos um longa muito chato de ver, claro que isso foi premeditado para mostrar a preocupação e carinho do personagem com os demais do grupo, e o ator fez bem esse papel, mas convenhamos que num lugar aonde está quase rolando uma competição econômica por quem leva mais pessoas até o topo, não devia ser tão calmo assim. Invertendo a forma calma, colocaram Jake Gyllenhaal como um Scott que é aventureiro nato, disposto a tudo e que encara o frio como seu maior "amigo", mesmo que isso lhe custe muito, e o ator foi tão bem despojado e interessante de ver que chamou muito a atenção tanto pelo visual completamente diferente do que estamos acostumados a ver, quanto pela dinâmica que criou nas cenas, e isso é algo que merecia mais tempo de tela para ele, o que acabou não ocorrendo. Muitos reclamam que Josh Brolin é canastrão, possui sempre uma expressão forte e não perde nunca sua pose de mal nos filmes que faz, então nada melhor do que lhe entregar o papel de Beck para que ele incorporasse o personagem à sua maneira e agradasse demais com boas expressões e até uma pitada de humor negro bem interessante, ou seja, agrada bastante quando está em tela. Sam Worthington está aproveitando seus últimos momentos antes de entrar nos próximos 50 Avatar que Cameron vai lhe impôr para trabalhar papéis menos impactantes, e aqui seu Guy até tem boa participação nos momentos finais do longa, meio que trabalhando expressões de dor emocional de uma forma bem pontual, e isso é legal de ver em um ator, claro que no restante do longa ficou um pouco apagado, mas quando precisou, fez bem. Envelheceram tanto John Hawkes para o papel de Doug que mesmo já sendo velho, aparentou estar mais acabado ainda, e claro que suas cenas foram bem emocionantes, não só por tudo o que demonstrou na história, mas pela expressividade que o ator conseguiu por na tela, ou seja, ainda tem muito gás para gastar e agradar. No lado feminino da história, tivemos quatro boas atrizes mandando muito bem no que foi pedido, a começar por Emily Watson com sua Hellen, que trabalhou bem as expressões tanto que acaba comovendo nas atitudes mais simples que seriam comuns de ver, e isso mostra o cuidado da atriz em não pesar caras e bocas, mas sim envolver na situação. Keira Knightley pôs sua Jan como alguém bem importante no longa, mesmo não estando lá no Everest, e também trabalhando um lado mais emotivo, acabou comovendo o público com o que faz nas cenas ao telefone, mas demonstrando expressão no que está fazendo. Também longe do frio, Robin Wright fez de sua Peach, uma mulher forte e determinada a conseguir o que precisava, não sei se a história real dela mostra sendo alguém importante, mas agradou principalmente no momento da notícia ruim. E para fechar esse parágrafo imenso, vale dar um último destaque para Naoko Mori que assim como Hawkes aparentou ser muito mais velha e na chegada ao topo de sua Yasuko conseguiu também ser bem expressiva, agradando e dando conteúdo na forma que já havia expressado na mesa de entrevistas.

Cenograficamente, o excesso de branco pode ser deveras cansativo e incomodar bastante nas sessões 2D, pois como os óculos das sessões 3D tiram um pouco do brilho da tela, ainda assim em alguns momentos mais longos chega a cansar a vista, então quem não for ver o longa com a tecnologia tridimensional, depois venha falar aqui nos comentários se houve o incômodo. Dito isso, posso dizer com certeza, que a loucura do diretor em gravar na locação exata dos fatos foi embora uma maluquice em termos de levar equipamentos, equipes e tudo mais para o Nepal, mas por um outro lado, o resultado não ficou artificial de maneira alguma, conseguimos sentir o gelo, o frio, e tudo mais que os personagens passaram, usaram figurinos condizentes (mesmo que a moda em 96 possa ter sido outra, na neve, o tradicional casaco é o de praxe), bons elementos cênicos para representar cada momento, como barracas nas bases e postos de parada, os cilindros de gás e tudo mais que foi colocado à prova para representar bem cada ato do filme, e inclusive nos mais religiosos, souberam simbolizar de maneira interessante e agradável de ver, sem forçar a barra para algum lado, ou seja, um grande acerto artístico. Particularmente, sou um amante do charme de filmes na neve, pela ótima fotografia que acabamos tendo, e aqui souberam dosar os efeitos para as cenas mais fortes não ficarem tão desfocadas, o que é um agrado incrível, além disso, como o branco do cenário é extremamente forte, não foi necessário uma iluminação de preenchimento mais comum de longas diurnos, e nas cenas a noite e internas, a opção de pequenas iluminações deram um charme a mais para o resultado final. Sei que muitos irão reclamar do 3D do filme, afinal o pessoal lê 3D e já acha que tudo vai voar em sua direção, e não é bem assim que acontece aqui, afinal foi filmado muitas cenas com as câmeras Imax e isso acabou dando uma excelente profundidade para o espaço do filme, temos até alguns momentos com forte nevasca que parecemos estar junto dos protagonistas no meio da neve, mas nada que seja impressionante nesse quesito, mas como disse os óculos devem amenizar o branco forte e claro mostrar boas cenas com a profundidade que quiseram impôr.

No quesito sonoro, claro que tivemos diversos momentos aonde a trilha foi usada para comover, o que é um fato no estilo, mas as melhores cenas foram aonde o silêncio dominou, aí o funcionamento da trilha entra na sequência para complementar ainda toda a ausência de som impressionante que teve antes e comove ainda mais, ou seja, um excelente trabalho de Dario Marianelli que soube compôr cada ato, exatamente como uma orquestra deve acompanhar sua ópera.

Enfim, um filme muito interessante e bem feito que mesmo trabalhando mais o lado documental e emocionante da escalada, ainda pode trabalhar bem um pouco algumas nuances ficcionais para comover e trabalhar com o sentimento do público. Como disse, o 3D não é algo que vai ser deslumbrante, mas agradará quem gosta de ver boas profundidades de campo. Quem não gosta de filmes mais lentos, talvez reclame um pouco do ritmo, que demora a ser atacado, mas tudo funciona muito bem para que não fique nem monótono demais, nem acelerado, e isso é interessante para que o público se envolva a cada momento. Portanto, com certeza recomendo bastante o filme para todos, mas certamente sei que aparecerão muitos do contra que preferem coisas mais clássicas. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, ainda tenho mais um longa para conferir da semana passada que ficou para trás, então volto em breve com mais um post. Por enquanto deixo meus abraços e um até breve com vocês.


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