A Travessia em Imax 3D (The Walk)

10/04/2015 03:05:00 PM |

Se você já ficou com vertigem só de olhar para o cartaz, prepare-se para suar frio durante mais da metade da exibição do longa "A Travessia", pois o diretor não economizou recursos para deixar a história que já foi premiada com um Oscar de melhor documentário em 2009, em uma ficção simples e envolvente, mas com toda a precisão tecnológica para colocar o espectador quase que em primeira pessoa atravessando os prédios pelo cabo de aço como se fosse o ator, e isso nas telas gigantes é algo realmente assustador de ver e que empolga muito.

O longa mostra a história real do equilibrista Philippe Petit, famoso por atravessar as Torres Gêmeas usando apenas um cabo. Mesmo sem ter autorização legal para a arriscada aventura, ele reuniu um grupo de assistentes internacionais e contou com a ajuda de um mentor para bolar o plano, que sofreu diversos obstáculos para poder ser finalmente executado. A travessia ocorreu na ilegalidade em 7 de agosto de 1974 e ganhou destaque no mundo inteiro.

Claro que como a história em si é bem simples, usaram em demasia o recurso da narração, já que o roteiro do filme foi adaptado do livro do equilibrista aonde ele narra a sua versão da história, nada melhor que fosse no filme também tudo narrado, mas em alguns momentos essa interação com o público acaba cansativa, e poderiam ter trabalhado mais de forma subjetiva para não necessitar tanto disso, mas é apenas um detalhe que muitos nem vão ligar, e não chega a ser algo tão absurdo como já vimos em outros longas, mas que poderia ser melhor, certamente poderia. Dessa forma, podemos dizer que o diretor e roteirista Robert Zemeckis, que já ganhou o Oscar por "Forrest Gump" e foi indicado por "De Volta Para o Futuro", apenas citando alguns, já que a cada dois a três anos nos entrega ótimos filmes, vem com um gás a mais para poder aproveitar mais o recurso tecnológico em si, do que se prender à história que o personagem quis passar, pois vemos apenas um sonho que para ser alcançado arruma alguns cúmplices (já que não dá para fazer tudo sozinho), e a história em si deslancha de forma curta e objetiva. Não temos nem um clímax forte, nenhum ponto de virada impactante, nem ao menos algum problema senão a forma vertiginosa que tentaram e conseguiram transmitir para o espectador, então muito mais do que um filme para ser premiado pelo conteúdo, certamente eles devem ganhar mais pelo bom uso das câmeras 3D para dar um realismo como poucas vezes vimos nos cinemas, e só por isso já vale bem mais do que apenas uma recomendação para todos assistirem (mesmo os que possuem muito medo de altura). E assim sendo, tenho de falar que a escolha dos ângulos foi algo que beirou o espetacular e mal posso esperar o que pode vir mais para frente, agora que perceberam como o 3D pode funcionar em algumas histórias.

É interessante observar o quanto Joseph Gordon-Levitt tem crescido na sua desenvoltura artística desde "500 Dias Com Ela", ficando cada vez mais expressivo e criativo frente às câmeras, e aqui como seu Philippe funciona como um showman em dois lugares diferentes, tanto o apresentador/narrador quanto o personagem em si conseguem conduzir a história de maneira bem bacana de acompanhar; claro que ele não atravessou realmente as torres, afinal os prédios já foram pro chão há mais de 14 anos, mas certamente o jovem treinou e muito para as cenas mais baixas em árvores e postes para que conseguisse impressionar e fez muito bem as caminhadas na corda, então o resultado de sua performance diante do fundo verde ficou tão boa que passamos a acreditar e suar junto com ele de tão bem que conseguiu passar a sensação. Charlotte Le Bon deu o tom exato que a personagem Annie necessitava, sendo singela, doce, carismática e ao mesmo tempo servindo de inspiração para o personagem principal, mas como disse, faltou ampliar a história do personagem principal ao invés de dar tanto foco na tecnologia, e dessa maneira, a atriz acaba quase que sumindo do longa. Agora se existe um ator que sabe como ser preciso e que não erra nunca na expressão impactante que quer causar é Ben Kingsley, e por menor que seja sua participação em qualquer filme, ele consegue entregar algo que sempre impressiona, e aqui com seu Papa Rudy não foi diferente, pois trabalhou sensibilidade mesmo que com uma leve pitada de amargor que caiu como uma luva no personagem e comoveu com os ensinamentos que passou, ou seja, sempre será um ator perfeito para qualquer papel. É engraçado que mesmo sendo uma produção americana, pelos personagens serem franceses, é claro que colocaram na trama bons atores franceses da nova safra e que se não despontaram nos últimos anos, estão beirando aparecer mais para agradar, e dessa forma tenho de citar Clément Sibony que deu um charme artístico para o fotógrafo anarquista Jean-Louis e para César Domboy que ao trabalhar tão bem o matemático com medo de altura, foi o ponto chave para os momentos cômicos da trama. Os demais atores apareceram bem pouco, mas foram bem interessantes cada um no seu momento e forma para agradar, e dessa forma ajudaram no resultado final ficar interessante.

Agora sem dúvida alguma o trabalho da equipe artística foi bem preciso para representar o ar dos anos 70 tanto no figurino dos personagens e figurantes quanto para caracterizar os ambientes, afinal como boa parte do longa teve de ser recriado, já que não existem mais as torres, foram precisos ao criar os ambientes e principalmente nos momentos digitais agradaram ao recriar a perspectiva da época e dar todo um contexto bem empregado para a situação. Quanto da fotografia, ela foi toda preparada para se juntar à tecnologia tridimensional e dar uma visão incrível para o espectador e se não bastasse isso, na abertura do filme toda em preto e branco dando detalhamento colorido somente aos objetos que queriam mostrar no melhor estilo "Sin City" de ser, foi um show maravilhoso para começar a trama, ou seja, um trabalho ímpar na questão artística para que certamente seja lembrada nos festivais que em breve devem começar a premiar. Quanto do 3D, posso garantir que a profundidade cênica que conseguiram atingir é algo de dar medo e impressionar, pois realmente somos transportados para a pele do personagem principal, e só enxergamos o precipício à nossa frente, fazendo com que mesmo quem não tenha medo de altura, sinta um certo pavor com o efeito causado, ou seja, um acerto e tanto, e para aqueles que gostam de coisas saindo da tela, até temos 2 momentos com algumas peças soltando, mas nada que chegue a impressionar tanto quanto a profundidade de campo.

Enfim, é um excelente filme que vale muito a pena ser visto tanto pela tecnologia quanto pela forma que a história é passada, só poderia ser mais forte e trabalhado ao contar sobre a vida do rapaz, pois é passado tudo bem de leve, e dessa forma acaba sendo simples demais no conceito dramático da história, mas volto a ser enfático, quanto à perspectiva de entrarmos na pele do personagem e observarmos a altura que faz suas acrobacias, o filme deu uma aula de como usar o 3D gravado com as câmeras Imax da maneira mais correta e plena de funcionar. Portanto, dito isso, mais do que recomendo o filme para todos, até para os que possuem medo de altura para testar seus limites, afinal você não está lá no lugar, mas sim sentado na sua poltrona e não irá cair no precipício. O longa estreia oficialmente na próxima quinta, mas nesse Domingo ainda haverá algumas sessões de pré-estreia para quem quiser conferir o longa. Fico por aqui hoje, mas ainda falta uma estreia da semana para conferir, então abraços e até breve meus amigos.


0 comentários:

Postar um comentário

Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...