Jurassic World - O Mundo dos Dinossauros em Imax 3D

6/14/2015 04:21:00 PM |

Quando falaram que iriam fazer um novo filme sobre o parque dos dinossauros, só faltou o povo comprar um rifle e ir caçar o Spielberg pessoalmente para dizer que ele estava maluco e não poderia cometer essa injúria de reiniciar a franquia. Mas esqueceram de um detalhe, o homem é produtor agora, e não rasga dinheiro à toa. E eu já havia dito isso para todos que me perguntam sobre ele atualmente, que prefiro mil vezes ele produzindo algo do que dirigindo, pois já anda fazendo algumas besteiras quando pega um filme para pôr suas mãos, mas mexeu com seu dinheiro, aí vai ter de entregar algo bom, e o resultado de "Jurassic World - O Mundo dos Dinossauros" é algo que demora um pouco para entrar no eixo, com uma apresentação até que alongada demais, mas quando entra, pode afivelar os cintos que o filme decola com muita ação e vibração com tudo, pois a nostalgia após 20 anos acumulados compensou e muito para termos um longa aonde o resultado é visceral e muito bem feito, como se tivéssemos visto a continuação logo após o último filme.

O Jurassic Park, localizado na ilha Nublar, enfim está aberto ao público. Com isso, as pessoas podem conferir shows acrobáticos com dinossauros e até mesmo fazer passeios bem perto deles, já que agora estão domesticados. Entretanto, a equipe chefiada pela doutora Claire passa a fazer experiências genéticas com estes seres, de forma a criar novas espécies. Uma delas logo adquire inteligência bem mais alta, logo se tornando uma grande ameaça para a existência humana.

Não posso falar também que a direção de Colin Trevorrow é algo tão majestoso quanto o que Spielberg fez em 1993, afinal naquela época tudo era feito quase que 100% na mão, e agora com toda a tecnologia disponível, o diretor poderia ter trabalhado ainda mais os dinossauros para que eles fossem os protagonistas e não alguns atores. Claro que isso não prejudicou o longa, felizmente, mas confesso que alguns personagens foram meio que cansativos em suas aparições, por exemplo o dono do parque ou até mesmo o militar que se achou fodão demais, e se acaso foram continuar com a franquia, procurem trabalhar mais com os amiguinhos devoradores do que com os seres pensantes que falam demais! Dito isso, podemos voltar a vibrar com toda ação impregnada que o diretor nos propõe logo após toda apresentação do parque e de seus personagens, pois o filme realmente se torna incrível a partir desse ponto, não que estar passeando por uma Disney de dinossauros com esferas rolantes e dinobaleias pulando e jogando água, mas temos de lembrar como era gostoso ficar com medo dos bichões surgindo do nada e fazendo com que pulássemos do sofá (sim, eu confesso que fiz isso no primeiro filme!), então quando a destruição pega pra valer, somos transportados para junto dos protagonistas na correria, e tudo fica num nível de tensão incrível que faz valer cada centavo pago pelo ingresso e a diversão é iminente com muitas mortes, muito close nos dinossauros e aí sim mostraram que sabem utilizar muito bem a tecnologia para que parecessem realmente estar gravando todo o pessoal junto dos dinos, e aí aqueles que forem dispostos a achar defeitos certamente encontrarão muitos, mas como sempre digo nesse estilo de longa, desligue o senso crítico e se divirta com tudo o que for proposto, pois a chance de diversão é muito mais alta dessa maneira, já que até câmeras nos pescoços dos bichões tivemos para dar perspectiva e ação (algo que seria viagem demais se pararmos para pensar), mas que ficou muito bacana, ah isso ficou! E dessa maneira apoio completamente o estilo que foi montado o roteiro, para que tivéssemos quase que um reboot, mas dando a devida importância para o que foi feito no passado, e além disso a escolha das câmeras para dar dinâmica ficou perfeito.

No quesito atuações, é interessante ver como Chris Pratt ficou bem encaixado na trama, pois inicialmente não dávamos nada para ele, achando que não cairia bem no papel de Owen, mas entregou um domador de feras muito bem feito, com boas nuances e até com trejeitos fortes que o longa pedia, e isso é legal de ver, pois vem se consolidando em bons papéis, e sempre torcemos para isso desde a época das suas comédias bobas. Bryce Dallas Howard até tentou parecer um misto de administradora preocupada com mulher desesperada para ficar com o bonitão do parque, mas soou tão falso alguns dos momentos de sua Claire que não conseguimos nos afeiçoar a ela, porém quando resolveu bancar a heroína ficou bem bacana e até de certa forma divertido de ver. Os dois garotos Ty Simpkins com seu Gray e Nick Robinson com seu Zach até demonstraram certo desespero e empolgação nas cenas junto dos bichões e assim foram dinâmicos para a produção, mas forçaram a barra com o desespero emocional do garoto pelos pais se separarem (o que pro longa não importou nem um pouco), e do garoto mais velho estar na flor da adolescência olhando para qualquer saia que se movesse (se colocassem uma saia na Blue certamente o jovem estaria olhando), e esses dramas foram enfeite demais para a proposta do filme, sendo totalmente dispensáveis. Vincent D'Onofrio nos entregou um Hoskins até que no estilo de provocação para que torcêssemos para que fosse comido lindamente pelos dinossauros, e suas falas até foram bem expressadas, mas ele jogou uma personalidade tão se achando certo de tudo que sua expressão em alguns momentos não eram compatíveis com a cena, de modo que ficou um pouco confuso. Omar Sy aparece de forma bem secundária com seu Barry, mas até que se expressa bem como um tratador de velociraptor e funciona na proposta de suas cenas. Agora assustador mesmo é ver como BD Wong não envelheceu uma gota como Dr. Wu, pois passados 20 anos ainda é o mesmo cientista maluco que criou os bichões no outro filme, e agora continua fazendo arte, e como sempre seu ar de superioridade molda sua expressão de uma maneira forte e impactante. Sempre gostei dos trejeitos de Irrfan Khan nos filmes dele que vi, mas agora como o dono do parque Simon, não colocou nem 10% do que poderia de expressão, fazendo meio que pouco caso de tudo, então poderiam ter ou dado mais polêmica para seus atos, ou feito ele aparecer mais, pois ficou bem escondido por trás de tudo. E para finalizar, embora não tenha grande importância para a trama, Jake Johnson colocou para seu Lowery um personagem que remete tudo que o parque realmente representa, a nostalgia nerd de colecionar os bonequinhos, vestir a camiseta do velho parque que pagou uma fortuna na internet e até o ato nobre de apagar as luzes lhe caiu bem, ou seja, um personagem simples, mas muito bem feito e executado pelo ator.

Claro que temos muita computação gráfica no longa, afinal se no antigo tínhamos pessoas fantasiadas de dinossauros, agora o computador faz bem esse papel, e coloca os bichões mais reais do que nunca, nem parecendo que não estão em cena com os protagonistas humanos, destaque claro para a cena do dinossaurão morto em cima da grama, aonde Owen passa a mão nele, e temos sombras, grama afundada aos lados e tudo mais, ou seja, tiveram um trabalho bem considerável para dar realidade nas cenas, e dessa forma a modelagem foi algo que temos de dar uma pontuação máxima para a equipe de arte. Também foi escolhido uma locação para filmagens incrível, fazendo com que a ilha ficasse bem visceral e crível de acreditar em todas as atrações do parque, que no melhor estilo Disneylândia tem de tudo para que o público se divirta, hospede, coma e tudo mais, sendo interessantíssimo o conceito gráfico de cada coisa, valendo destacar claro as girosferas e o show do dinossauro aquático, além claro dos muitos hologramas que chegam a assustar, e acredito que muito em breve devam estar entregando coisas nesse realismo mesmo. A fotografia foi impecável, de maneira que as cenas em ambientes mais escuros funcionaram sem ocultar nenhum detalhe lateral, e a escolha de alguns momentos editar com a cor verde para parecer aquelas câmeras de visão noturna deram um show de estilo. O 3D de profundidade ficou muito bem encaixado na telona Imax, de forma que conseguimos ver nuances bem ao longe nas cenas que usaram essa perspectiva, e os pterodátilos voando foram um show a parte de ver com a tecnologia, porém mesmo tendo muitas cenas que foram empregadas a tecnologia, confesso que ainda poderiam ter feito algo mais envolvente, que certamente ainda vai ter pessoas reclamando de poucos efeitos.

Temos de enobrecer com muita certeza o trabalho de Michael Giacchino fez com sua orquestra, ao desenvolver novos temas para dar ritmo e cadência, mas sem perder tudo o que John Williams fez no passado e claro mantendo a música tema dele para agradar aos fãs, de modo que cada cena parece ter uma vida a ser contada através da música, e certamente ao ouvirmos depois cada entonação vamos lembrar aonde tocou cada coisa, ou seja, perfeito também.

Enfim, um filme excelente que superou todas as expectativas, mesmo que com algumas falhas, e principalmente não apagou tudo o que Spielberg fez de bom no passado. Termos cenas bem envolventes, ação frenética bem encaixada após as devidas apresentações e principalmente efeitos computacionais que funcionaram dentro da trama, o que sempre costuma dar um medo de soar falso demais quando colocam atores para atuar com fundos verde. Claro que todos vão ficar esperando uma continuação, e acredito pelo boom da bilheteria do primeiro final de semana, só vai ser questão de marcarem a próxima data, então vamos torcer para que venha realmente e que os protagonistas humanos tenham menos problemas dramáticos ou sejam comidos logo de cara, para que o filme fique nas mãos de quem realmente faz valer o nome Mundo dos Dinossauros. Bem é isso pessoal, fico por aqui com a última estreia que veio para o interior nessa semana, mas não pensem que se livraram de mim, pois ainda faltam muitos longas do Festival Varilux para conferir e postar minha opinião, então abraços e até mais tarde.


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Sob o Mesmo Céu

6/13/2015 11:18:00 PM |

Quando um filme tenta trabalhar uma linguagem mística ou algo do tipo, de certa forma precisamos respeitar, mas algumas vezes, o filme acaba deixando de lado a beleza incomum que poderia ser trabalhada para entregar algo mais simples, e isso acaba não envolvendo como poderia. Digo isso sobre o longa "Sob o Mesmo Céu", pois o filme tinha tudo nas mãos para capturar a essência dos sinais que o misticismo havaiano possui, e incrementar com um romance baseado nesses sentidos, mas acabou raso nas duas pontas, recaindo sobre um draminha familiar que logo de cara conseguimos enxergar para aonde irá, e isso é bem triste, pois pelo trailer aparentava ter ao menos uma boa comicidade, e nem isso passou. Acredito que tenha servido para os casais apenas irem ao cinema no dia dos namorados e não precisarem prestar atenção em nada na tela.

O longa nos mostra que o aviador Brian Gilcrest enfrenta turbulências no trabalho e precisa de uma segunda chance para reerguer a carreira e nesse meio tempo ele vai passar uma temporada no Havaí, onde reencontra a ex-namorada, Tracy. As emoções o confundem, não só por causa da ex, mas também por perceber que sente algo mais por uma colega de trabalho.

O diretor Cameron Crowe já fez diversos filmes que trabalhem romances de pano de fundo e desenvolva a perspectiva de alguma ideologia, mas ultimamente tem sido bem preguiçoso nos desenvolvimentos de seus roteiros, deixando que os romances sejam superficiais e acabe nos entregando apenas algo bonitinho na telona. e isso não é algo bom, pois acaba não dando público e muito menos prêmios para a equipe, ou seja, acaba virando um fracasso na carreira. Aqui a história tinha diversas perspectivas para seguir, pois desde a chegada do protagonista ao Havaí vários sinais místicos acabam aparecendo, tudo ao redor parece ganhar vida, mas não acabam sendo usados para nada, apenas dando a noção de que o envolvimento dos personagens acabaria ocorrendo (como se isso não fosse algo óbvio), e assim sendo, não conseguimos envolver, nem suspirar, nem se surpreender com qualquer coisa do filme, ficando apenas bacaninha para passar o tempo e não agradar em nada. E se você pensa que o diretor ao menos trabalhou com alguns planos diferenciados para chamar atenção, ledo engano, ficou no basicão com câmera presa e algumas panorâmicas apenas para dar uma certa dinâmica, ou seja, um filme que foi feito somente por fazer.

Sobre as atuações, tinha certeza que Bradley Cooper iria decolar seu jeito de interpretar após o excelente trabalho que fez em "Sniper Americano", mas não, voltou pro seu jeito raso de ser amoroso como vinha fazendo nas últimas comédias românticas que participou, ou seja, não entregando nenhum envolvimento que fizesse nos apaixonar pelo que estava fazendo com seu Gilcrest, num misto de canastrão com poucos olhares emotivos para chamar a atenção das garotas do longa. Mas para compensar temos Emma Stone, que ficou muito charmosa inicialmente com sua capitã Ng, depois foi se abrindo como pessoa e trabalhando diversos olhares interessantes, e claro trabalhando bastante a forma de seus diálogos, ou seja, agradou em tudo que fez, só gostaria de ter visto ela com mais raiva no seu momento de fúria, pois não passou medo em ninguém. Rachel McAdams até tenta ser uma mãe cativante, e uma ex-namorada furiosa que quer tirar todo o peso da sua cabeça em dois diálogos longos com sua Tracy, mas é bonita demais para que alguém se irrite com o que ela diz, e seu sentimento passado acaba flutuando nas suas palavras com pouco controle e isso pega muito no jeito que atua, então poderia ter incorporado menos a mulher charmosa e passado mais a mulher que precisava de algo. Outro que foi muito bem sem dizer quase que 10 palavras foi John Krasinski, pois entregou um Woody interessantíssimo aonde tenta passar apenas com expressões corporais seu diálogo completo para com os demais personagens, e isso além de dar uma comicidade impressionante para a trama, agradou muito pelo envolvimento passado. Bill Murray e Alec Baldwin possuem poucas cenas com seus Carson e Dixon respectivamente, mas conseguiram até que agradar quando foram mais introspectivos, e isso é bacana de ver.

O visual havaiano é sempre bem feitinho, embora na maioria das vezes tentem passar a ilha como um país indígena e isso não é algo tão verdadeiro. Foi trabalhado muito bem cenograficamente a ideologia do misticismo, embora como disse os elementos foram jogados na tela para que captássemos junto de alguns diálogos, mas pouco usados efetivamente para algo mais útil na trama, então o diretor certamente apenas deu trabalho para a equipe artística sem servir para muita coisa, inclusive uma cena de dança que certamente deu muito trabalho, acabou sendo cortada a 2 frames de filme, passando quase que despercebida. A fotografia brincou bastante com sombras, iluminações com névoas e até usou alguns filtros para chamar atenção de algumas cenas, mas nada que conseguisse tirar o foco e abrilhantasse algo do filme.

Enfim, um filme para ver somente se não tiver nada mais passando, claro que é bem bonitinho algumas cenas, tem um pouco de comicidade e tudo mais, mas não impacta em nada e nem vai fazer você se emocionar com o que é passado, o que é uma pena, pois tinha potencial para agradar e muito. Portanto só recomendo ele dessa forma, pra quem gosta de ir passear no cinema e ver algumas danças havaianas na telona. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas daqui a pouco confiro a outra estreia dessa semana e volto para dizer o que achei dele, então abraços e até daqui a pouco.


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Asterix e o Domínio dos Deuses (Astérix - Le Domaine Dex Dieux)

6/13/2015 07:54:00 PM |

É bacana quando vemos que uma animação que já dura muitos anos, se mantém com o mesmo estilo de piadas e boas sacadas, mas que felizmente se atualiza com novas tecnologias para cativar novos públicos, e o resultado disso foi bem visto na sessão de hoje de "Asterix e o Domínio dos Deuses", pois pais que já curtiram muito as brigas dos romanos contra gauleses, agora estavam levando seus filhos para ver e se divertir com a nova animação francesa. E o mais legal é que o filme se desenvolve sozinho,  de maneira que mesmo quem nunca assistiu nenhum dos outros filmes vai entender tudo é sair feliz com o que verá, pois temos uma boa modelagem, boa comicidade e claro uma boa diversão com os personagens mais caricatos da Roma antiga.

A animação nos mostra que o imperador romano Júlio César sempre quis derrotar os irredutíveis gauleses, mas jamais teve sucesso em seus planos de conquista. Até que, um dia, resolve mudar de estratégia. Ao invés de atacá-los, passa a oferecer aos gauleses os prazeres da civilização. Desta forma, Júlio César ordena a construção do Domínio dos Deuses ao redor da vila gaulesa para impressioná-los, e, assim, convencê-los a se unirem ao império romano. Só que a dupla Asterix e Obelix não está nem um pouco disposta a cooperar com os planos de César.

É interessante ver que nesse novo longa não temos mais os mesmos diretores dos outros filmes do personagem, e isso não é algo que tenha atrapalhado, muito pelo contrário, o desenvolvimento acabou sendo mais vivo e chamando até certa atenção na dinâmica que quiseram passar. Claro que ao trabalhar com uma modelagem tridimensional, o resultado implica em outro estilo de filme, mas ainda assim temos algo que vale muito a pena ver, e principalmente quem puder, ver legendado com as vozes originais dos astros franceses, pois isso acaba sendo um charme a mais.

A história também foi bem encaixada, pois mostra que um jeito de tentar derrubar seu inimigo é se juntar a ele, e isso fica claro a todo momento na trama, de maneira que a construção passa a modelar um novo caminho na trama, mas tem um desenrolar bem chamativo para agradar depois, ou seja, muito bem sacado a forma de trabalhar e agradar com isso dentro do roteiro.

Embora sejam os protagonistas, Asterix e Obelix acabam não sendo os personagens que mais chamam atenção, e isso é legal de ver também, pois mostra que a trama pode se desenvolver sem eles. Destaques claro para os escravos sindicalistas, os soldados também indo pelo mesmo caminho e claro que para a família romana que adentra ao mundo dos gauleses. A briga entre o vendedor de peixes e o de antiguidades também ficou bem bacana de ver. Ou seja, com os personagens mudando da forma de desenho tradicional para a computação gráfica, o resultado ficou bem mais chamativo, sem atrapalhar o andamento e a forma clássica que sempre vimos.

A cenografia também teve muito ganho com a computação, pois a equipe pode criar mais elementos e chamar a atenção em diversas nuances, e com a dinâmica dos movimentos, tivemos uma trama envolvente e bem trabalhada para agradar tanto os pais que já conheciam os personagens, quanto os filhos que vão agora certamente procurar saber mais sobre os personagens e se divertirão também com os filmes antigos. Como a cópia que veio para o festival não era 3D, não posso dizer se os efeitos estão bem saltantes, mas podemos ver com toda certeza que a dinâmica de profundidade está perfeita e deve agradar muito quando visto com os óculos.

Enfim, é uma animação muito bem feita, e que agrada certamente por ser um capítulo funcional dentro de toda a história de Asterix, claro que alguns detalhes poderiam ser mais trabalhados para chamar mais atenção das crianças menores, como trabalhar mais o cachorrinho Ideiafix, e divertir com um tom menos pastelão que somente os adultos entenderão algumas cenas, mas isso não atrapalha em nada a dinâmica que quiseram passar, e o resultado agrada bastante. Ainda não tem data para estrear no Brasil, portanto não sei dizer quando os demais que não virem no Festival poderão se divertir com ele, mas recomendo com certeza que quem gosta de uma animação bem feita veja que é certeza de agradar. Bem é isso galera, do Festival Varilux, hoje a outra opção da noite já vi na noite de abertura, portanto irei conferir as outras estreias da semana, e voltarei mais no fim da noite com as críticas delas, então abraços e até breve.


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Gemma Bovery - A Vida Imita a Arte

6/13/2015 01:54:00 AM |

Quando o roteiro de um filme consegue brincar com outros filmes ou livros, de forma a nem virar uma nova adaptação literária, e nem um reboot, o resultado na maioria das vezes costuma ser sensacional, e com "Gemma Bovery - A Vida Imita a Arte" não foi diferente, pois aqui o texto brincou de uma maneira tão gostosa com os personagens do clássico de Gustave Flaubert, "Madame Bovary", que a forma encantada da mente super imaginativa do personagem Martin nos leva junto com ele na sua interpretação do livro junto de sua nova vizinha. E o que foi feito pela direção nos remete à filmes tão gostosos de acompanhar, que a leveza da trama nos entretém e envolve na mesma proporção que vamos conhecendo cada ato, e independente de conhecer ou não o livro, o público entra no mesmo clima que os personagens.

O longa nos mostra que o casal Charlie e Gemma Bovery morava na Inglaterra e acabaram de se mudar para um vilarejo da França. Ela fica encantada com a gastronomia do país e quer explorar o lugar ao máximo. Os dois conhecem um padeiro da região, que, por sua vez, fica fascinado com o fato deles terem o sobrenome Bovery, o mesmo do casal do clássico livro Madame Bovary e também pelo fato de se mudarem justamente para o lugar onde o livro foi escrito por Gustave Flaubert. E assim como na obra, Gemma desperta a atenção dos homens do vilarejo.

A diretora e roteirista Anne Fontaine é conhecida por fazer longas com as famosas femme fattale, aonde entrega características bem sedutoras para a maioria de suas personagens, e aqui ao desenvolver o roteiro em cima do livro de Posy Simmonds, ela acabou montando uma comédia tão leve e simbólica que parece que estamos diante de uma peça clássica dos roteiros mais antigos, porém sua equipe arrumou uma lugar impressionante para filmar, que acabou transformando o âmbito da trama para algo que exala o frescor do vilarejo juntamente com as boas nuances dos protagonistas, para resultar em um filme totalmente singelo e gostoso de acompanhar. E sem abusar de cortes estranhos, tirando a penúltima cena que explicada sob diversos ângulos, ou câmeras diferenciadas, a diretora nos leva ao clássico tradicional cinema de perspectiva, aonde a imaginação dos personagens afloram os pensamentos dos espectadores, resultando numa trama que até acaba desenvolvida além do que esperado.

Falar da atuação de Gemma Arterton só temos de tecer elogios tanto na beleza da atriz quanto na sua forma viva de atuar que nos envolve e agrada sem forçar em nada, não necessitando ser uma vizinha comum, mas trabalhando sutilezas sedutoras tão bem encaixadas na personagem de mesmo nome que ela que literalmente podemos dizer que foi um acaso do destino colocar ela no papel e um acerto maravilhoso no que fez em cena, pois trabalhou seu francês de uma maneira tão suave que ficou lindo de escutar. Fabrice Luchini trabalhou quase que como um narrador para nós com seu Martin, mas deu um tom cômico tão gostoso com seus pensamentos em voz alta e divertindo com sotaque ao tentar falar inglês que suas expressões nos envolve e passamos quase a ser amigos no personagem de seu cachorro Gus, então o acerto foi primoroso com certeza. Daria para falar mais sobre cada um dos personagens, mas não vale a pena, pois o filme realmente é deles, porém temos de falar que os três homens da protagonista soaram muito bem encaixados, cada um no seu estilo, então parabéns para Jason Flemyng por seu Charlie, Mel Raido por seu Patrick e Niels Schneider pelo seu Hervé. E pontuando um desastre meio que expressivo demais, tenho de falar do exagero de Elsa Zylberstein que até é cabível a personagem Wizzy ser meio maluca, mas ela forçou demais.

Que locação magnífica foi essa escolhida para ambientar o filme, pois a Normandia, embora seja um lugar de que muitos diretores reclamam, o visual que conseguiram obter nos três principais cenários foi algo de parar num DVD e ficar olhando refletindo, com paisagens bem encaixadas, as casas com decorações próprias bem desenvolvidas e até claro os elementos-chaves da história foram trabalhados para que mesmo sendo pesados dessem sensações para a trama, ou seja, um trabalho perfeito da equipe artística. E claro que com um cenário maravilhoso desse, a equipe de fotografia não seria burra de optar por luzes artificiais em contraluz, de maneira que procuraram usar as luzes dos próprios ambientes como lareiras, o sol encostado atrás das árvores e mesmo quando algo mais escuro, abusaram de sombras, dando sempre um tom quente um pouco avermelhado para sensualizar trama, ou seja, um luxo visual.

Enfim, um filme que agrada bastante, e tirando os pequenos defeitos exagerados de alguns personagens como disse e a repetição da cena final que todos já haviam entendido o que aconteceu, o filme desenvolve de uma maneira muito gostosa e que com toda certeza recomendo para todos que gostem de uma comédia leve aonde tudo tem sua graciosidade. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas ainda faltam muitos filmes para conferir no Festival Varilux, além das estreias normais da semana, então abraços e até mais tarde.


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Os Olhos Amarelos dos Crocodilos (Les yeux jaunes des crocodiles)

6/12/2015 08:55:00 PM |

Passaram-se apenas 2 horas de projeção, mas garanto que aparentou ter passado 9 meses de uma novela nos cinemas, com todas as mil vertentes apresentadas pelos diversos personagens e histórias que se entrecruzam em "Os Olhos Amarelos dos Crocodilos". Claro que temos o motivo do nome, temos cenas bem trabalhadas com os atores, mas o excesso de coisas que ocorrem e são desenvolvidas no filme nos remete diretamente a uma novela tradicionalíssima, aonde a irmã faz coisas para a outra e ganha fama, a filha não tem afinidade com a mãe que separa do pai desempregado, e muitas outras coisas que claro se finalizam da forma mais dramática que toda novela gosta, ou seja, chato demais. O que mais me assusta é que o longa é baseado em um livro de altíssima vendagem e talvez uma série fosse menos cansativa e retrataria o texto de uma forma até melhor de agradar, mas como acabou sendo um filme, ao conferir vi pessoas saindo da sessão, outros apaixonados pelo que viram, mas o resultado com toda certeza nos mostra que não é apenas o Brasil que gosta de dramas de enrolação.

O filme nos mostra que duas irmãs têm uma relação conflituosa: Iris leva uma vida fútil e luxuosa, sem trabalhar, já Joséphine trabalha como pesquisadora da Idade Média, mas não tem o reconhecimento da família, e acaba de passar por uma ruptura amorosa. Um dia, para impressionar a família, Iris diz que está escrevendo um livro, justamente sobre uma pesquisadora da Idade Média. Para sustentar a mentira, ela pede a Joséphine que escreva um livro de verdade, deixando a irmã levar o mérito em troca de dinheiro. Quando o livro inesperadamente obtém sucesso, as duas irmãs entram em rota de colisão.

Não podemos dizer que a diretora belga Cécile Telerman entregou um filme bem trabalhado, e que por sinal aparentou ter colocado todos os detalhes contidos no livro, montando algo quase como uma visão do livro na telona, incluindo as subtramas e até momentos completamente desnecessários para mostrar que a traição por dinheiro e fama é algo tão comum que mesmo familiares estão dispostos a te derrubar para aparecer, e com certeza já vimos isso diversas vezes, e em alguns casos, com longas até mais dinâmicos do que o apresentado aqui. Confesso que se tivesse um ritmo mais envolvente até poderíamos gostar do que é mostrado, mas cansou tanto e com tudo acontecendo da maneira mais clichê possível, que ao final já estava torcendo para que acabasse da forma mais boba possível para que pudesse ao menos rir de ter gasto todo esse tempo na sala de cinema, mas não, temos o final tradicional de novela que não tem como ficar feliz com o que é apresentado.

Sobre a atuação vou me ater aos 4 personagens principais, pois se entrar na história de todos que possuíram algum momento desenvolvido daria para escrever quase que um livro. Julie Depardieu até nos mostra uma Jo interessante, trabalhando bem a mãe de família que não viveu às custas da família mais rica e que não nega ajuda para ninguém, mesmo que a pessoa acabe montando nela sem nem agradecer, e com uma interpretação até que convincente agrada, mas poderia ter uma dinâmica mais forte que chamaria mais a atenção. Emmanuelle Béart literalmente nos mostrou uma Iris fútil ao extremo, de modo que chega a ser até chato algumas coisas que fica fazendo, e mesmo sendo algo péssimo de se fazer, acaba sendo bacana de ver atrizes que se entregam dessa forma para um personagem, e como falei que o longa caberia completamente dentro de uma novela, ela seria do tipo que todos acabariam abordando ela na rua para brigar pelo que faz com a irmã, marido, filho, etc, ou seja, perfeita. Patrick Bruel embora apareça pouco com seu Phillipe, faz um personagem bem carismático e chamativo, de modo que o final entregue pelo ator acaba até envolvendo mais do que deveria, e com outros olhares para o filme inteiro até dá para perceber tudo o que ocorria, ou seja, o ator soube ser bem mascarado e agradar no último capítulo da novela. Alice Isaaz é uma jovem atriz que até pode mais para frente virar alguém de sucesso, pois soube trazer toda a arrogância da sua personagem Hortense para si e ainda falando como novela, seria daquelas que as velhinhas iriam bater na rua, pedindo para que ela tivesse mais educação para com sua mãe, e dessa forma acertou também muito bem nas expressões. Além deles, vale a pena rir das caras e bocas dos velhinhos Jacques Weber e Edith Scob numa relação completamente sem nexo e até boba demais para se ver, de forma que poderia ficar fora do longa isso com toda certeza. E para finalizar não menos importante, Samuel Le Bihan com seu Antoine foi quem viu os olhinhos amarelos dos crocodilos, e só serviu para isso, então não poderia deixar de fora quem deu o nome ao filme.

Sobre o visual da trama, como toda boa novela, o longa é produzido com fino rigor, cheio de locações chamativas, como casarões, bibliotecas invejáveis, escritórios bem desenvolvidos, neve pra todo lado para embelezar a cena, e por aí vai, mas o mais importante mesmo que são os pobres crocodilos aparecem apenas em 3 cenas bem levemente, sem agradar quase que nada, e ficaram bem coadjuvantes para um filme que leva seu nome, portanto poderiam ter trabalhado mais a história para ter elementos marcantes além do livro que está sendo escrito, colocar a ideologia dos personagens com mais eloquência e por aí vai, ficando apenas um grande dinheiro gasto para chamar atenção para nada. E a fotografia da trama foi da mais básica possível, no melhor estilo de não termos sombra em nada e até destruindo a abertura maravilhosa num tom de sépia incrível que se colocado inteiro no filme nos colocaria numa época interessante e marcada, mas nem isso tiveram a capacidade de fazer.

Enfim, um longa bem produzido, com atuações bem interessantes, mas que com histórias em excesso que se cruzam de forma não tão envolvente, acaba resultando em algo arrastado e que não vai agradar quem aprecia um bom filme dramático mesmo. Portanto, eis que apareceu um dos longas que tenho certeza que será o pior do Festival Varilux, ao menos na minha opinião, pois vi algumas senhoras com cara de noveleiras que apaixonaram pelo que viram, e até já tinham lido o livro. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas daqui a pouco volto com meu texto sobre o outro filme de hoje, então abraços e até breve.



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De Cabeça Erguida (La tête haute)

6/12/2015 01:39:00 AM |

Já ouvimos diversas vezes algumas pessoas dizendo que educação vem de casa, principalmente ao ver delinquentes em escolas e pais querendo que a escola faça o filho melhorar. Tudo bem que alguns meios até conseguem impor uma certa disciplina, mas e quando todos os meios possíveis já foram feitos e ainda assim a falta de uma base familiar que é o problema principal? Pois bem com essa indagação na cabeça, somos impostos à tudo que o longa que abriu o Festival de Cannes desse ano, "De Cabeça Erguida", ou traduzindo ao pé da letra o título em francês "Atenção", tenta nos mostrar, e com um filme duro, longo e que a todo momento só nos faz pensar na pior desgraça possível para acontecer com o jovem, conseguimos ver que não é somente em países menos desenvolvidos que a falta de uma boa base familiar pode causar muitos problemas na cabeça de uma criança e fazer com que se tornem jovens com um futuro difícil de se esperar algo, mesmo que passando por diversas medidas socioeducativas. Ou seja, um filme que não só é bem feito, como dá ótimas lições para todos que desejam um dia ter um filho.

O longa nos mostra que a juíza Florence Baque conhece Malony quando tinha apenas seis anos, devido à negligência de sua mãe em cuidá-lo. Os anos passam e Malony torna-se um jovem delinquente, que rouba carros e agride as pessoas à sua volta, tanto verbalmente quanto fisicamente. Diante da situação, a juíza o encaminha para um centro de recuperação de delinquentes juvenis e ele passa a ter Yann como tutor. Obrigado a seguir as novas regras, Malony faz o possível para manter sua liberdade e intransigência.

A diretora Emmanuelle Bercot conseguiu imprimir sua marca ao não tentar fazer um filme autoral, com um roteiro bem feito sobre a delinquência e problemas de educação que escreveu junto da argentina Marcia Romano, mas sim ao trabalhar todos os sentimentos possíveis que um jovem que logo aos seis anos viu ser abandonado pela mãe e durante todo o tempo do filme, 11 anos, só viu sua mãe fazer tanta besteira quanto ele, e sem base alguma já que o pai morreu cedo, E ao trabalhar esses sentimentos, a diretora foi coesa com o filme, e não procurou amenizar as situações, tanto que como disse no início, a sensação que temos durante praticamente toda a metade final do longa é que o filme vai terminar a qualquer momento com uma grande catástrofe daquelas que você vai sair do cinema em choque (o que vindo do longa de abertura de um dos festivais mais famosos, seria totalmente aceitável), mas felizmente o rumo de determinação dela foi outro, e alongou a trama da melhor forma, trabalhando muito o rapaz e não apenas criando um personagem bem desenvolvido, mas sim um ator talentosíssimo, já que foi o filme de estreia do protagonista, ou seja, por incrível que pareça temos um filme de atuação, aonde não temos um grande astro conhecido.

Já que comecei a falar do jovem ator, vamos dizer um pouco mais do garoto Rod Paradot, que fez do filme algo que pode considerar praticamente seu já que com incríveis nuances de humor e interpretação na medida, ele acabou agradando tanto que com certeza temos de observar de perto seus próximos longas, pois o que a diretora fez com ele foi algo mágico por ser seu primeiro filme, de modo que não tem sequer uma cena de seu Malony que consigamos tirar os olhos da tela, devido ao trabalho excelente das suas expressões, colocar seus diálogos bem impactados e até mesmo mostrar seus sentimentos da forma mais verdadeira possível. Catherine Deneuve já conhecemos de longa data, e como sempre faz seus papéis soarem imprescindíveis, e sua Florence tem forma e vida própria de modo que acabamos tendo até uma certa afinidade para junto pensarmos nas suas atitudes, ou seja, a atriz como sempre trabalha bem e envolve demais. Sara Forestier até que trabalhou muito bem fazendo a mãe do garoto, demonstrando até um certo tom moralista para uma pessoa maluca, mas foi nela que ocorreu um dos problemas que julgo mais crítico em um filme que tem uma grande passagem de tempo, em 10 anos não envelheceram ela com maquiagem nem um pouco, dando um pouco de estrago apenas nos dentes, mas nada que realçasse 10 anos de vida com drogas como é passado, então poderiam ter resolvido esse problema de qualquer outro meio, mas não do jeito que foi feito, e isso é um erro grave. Benoît Magimel trabalhou muito bem como o tutor Yann, colocando todas suas expressões que tinha na manga para fora, comovendo e emocionando como deveria para que seu personagem agradasse bastante, e confesso que se o jovem ator não tivesse saído tão bem, o filme seria dele. Dos demais atores, a maioria funciona mais como elo para o desenrolar da trama, tendo até mesmo Diane Rouxel que faz a jovem Tess servindo apenas para alguns bons momentos, mas nada que chamasse tanto a atenção.

Como disse, novamente temos um longa aonde o que importa são as atuações, então são poucos os elementos cênicos que acabaram caracterizando um ou outro momento, mas claro que temos as locações bem encaixadas para cada cena, como a cadeia, o juizado, os centros de reabilitação e até mesmo alguns lugares que não representavam tanto assim como a boate improvisada e outras cenas que soaram falsas demais, como a mulher caindo no hospital tão estranhamente, mas isso não desmerece o filme, então a equipe de arte soube desenvolver o roteiro bem, mas sem uma preocupação específica já que a bucha principal ficou em outras mãos. E com isso a fotografia entregue também não é algo primoroso que demarque o longa, claro que souberam usar bem o uso da iluminação já que o filme é bem escuro, e quando a iluminação funciona nesse estilo de filme fica algo bonito de se ver, mas poderiam ter desenvolvido mais tons que agradaria mais.

Enfim, um filme muito bem feito e perfeitamente atuado, que passa uma lição extremamente importante para os pais de pequenas crianças e futuros pais, pois os que possuem filhos mais velhos certamente já sabem que foram bons o suficiente para com seus filhos dando a educação na medida para que fossem boas pessoas, então dessa forma vão apenas confirmar o ditado que citei no começo do texto. Ou seja, um longa que vale a pena ser conferido para quem gosta do estilo, e para quem deva ser recomendado como acabei de falar. Bem é isso, dessa forma encerro meu primeiro dia de cobertura dos dois longas de hoje do Festival Varilux de Cinema Francês, mas amanhã estou de volta com os textos dos dois filmes que irei ver, então abraços e até mais tarde pessoal.


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Beijei Uma Garota (Toute Première Fois)

6/11/2015 08:58:00 PM |

Se existe um país que sabe fazer ótimas comédias românticas, sem dúvida alguma é a França, pois conseguem utilizar mesmo que de clichês que qualquer um utilizaria de forma rígida e até grosseira para fazer um filme bem pontuado e cheio de nuances gostosas de ver. Claro que não posso dizer que "Beijei Uma Garota" é um filme perfeito, afinal temos alguns exageros sexistas e até algumas pequenas falhas técnicas, mas logo após o longa engrenar, entramos junto com os protagonistas quase que assumindo suas dúvidas como nossas, e dessa maneira acabamos gostando muito do trabalho leve do diretor ao pontuar a dúvida do rapaz sobre se deve embarcar numa paixão desconhecida ou continuar com seu parceiro conhecido de mais de 10 anos.

O longa nos mostra que Jérémy acorda misteriosamente ao lado de uma bela mulher sueca, mas o que tinha tudo para ser o início de um belo conto de fadas se torna um tenso pesadelo, já que ele fica confuso, pois é gay e está de casamento marcado com Antoine, seu companheiro de mais de 10 anos . Cheio de dúvidas, Jérémy tem de se decidir entre o futuro marido e uma mulher que lhe despertou novos sentimentos.

Os diretores e roteiristas estreantes em longas-metragem, Maxime Govare e Noémie Saglio, optaram por não se ater a pré-conceitos, já que nos entregam um filme bem simples, mas que se permite a liberdade da dúvida do protagonista de maneira a tentar não magoar ninguém, e sabiamente trabalharam seu texto de maneira clara, divertida e bem gostosa de acompanhar, pois poderiam facilmente deixar o longa sem nenhum clichê, cheio de questões poéticas e o filme acabaria se tornando algo mais cheio de nuances ao invés de uma tradicional comédia romântica, e isso com toda certeza não agradaria tanto como um primeiro trabalho nos cinemas. Dito isso, outra grande sacada da produção foi a escolha do elenco para que ao trabalhar com muita dinâmica nas percepções dos protagonistas, o filme deslanchasse fácil com uma ideologia jovial e ainda assim não perdesse o clima sincero da dúvida, e dessa forma até mesmo sem abusar de câmeras diferenciadas, eles acertaram a mão com precisão, principalmente após as devidas apresentações do primeiro ato.

É engraçado vermos a evolução de Pio Marmaï, pois sempre trabalhando em maioria com comédias românticas, ele usava muito de sua beleza para equiparar sua falta de expressão, e atualmente tem feito filmes que mesmo seguindo seus trejeitos joviais, agora ele já nos entrega nuances expressivas interessantes que acabamos nos envolvendo com seus problemas, e aqui se o longa fosse mais denso, estaríamos certamente opinando mentalmente possibilidades de o que ele deveria fazer, mas como o filme não nos força a isso, ainda assim ele agradou demais fazendo com que seu Jérémy fosse alguém com vida própria e que certamente conhecemos alguma pessoa que já passou ou está passando pelas mesmas dúvidas que ele. Agora o ponto forte da comédia impregnada no longa ficou a cargo de Franck Gastambide que entregou um mulherengo Charles, mas que está sempre pronto para auxiliar seu sócio nas dúvidas amorosas dele, e com boas sacadas e sem apelar, ele acaba divertindo com suas trapalhadas e colocando a interpretação para valer sempre que era necessário, ou seja, não conhecia seus trabalhos anteriores, mas o que vi foi um ator bem dinâmico e que encaixou perfeitamente com o que o papel pedia. Adrianna Gradziel também trabalhou para que sua Adna encaixasse tanto na beleza quanto na veracidade da personagem, e mesmo falando bem pouco, seus momentos fluíram bem na tela e serviram para o propósito do filme que era causar a dúvida no personagem principal. Lannick Gautry faz um Antoine interessante, mas que poderia ter desenvolvido mais o afeto entre eles, pois apenas a beleza não é um motivo para que uma relação dure tanto tempo, e embora os pais de Jérémy gostassem muito do genro, ficou meio fora de contexto o romance deles para com o filme. Camille Cottin também se encaixa bem nos momentos que sua Clémence aparece e embora meio forçada demais em algumas cenas, o resultado final foi interessante. Dos demais, todos acabam aparecendo pouco e até chamando uma certa atenção, mas nada que mereça um grande destaque, claro que poderiam ter forçado um pouco menos a barra para com os pais de serem totalmente contra o classicismo, mas isso acabou funcionando também como uma gag e acaba agradando de certa forma.

Comédias românticas não costumam prezar muito por uma cenografia que chame atenção, mas foram bem sábios ao decorar bem o apartamento dos rapazes, e a agência onde trabalham ficou muito bem chamativa para a proposta que queriam de ser uma empresa de pesquisas alternativas, contradizendo muito o que conhecemos do estilo dessas empresas, e assim o filme desenvolve até que bem sem precisar de elementos cênicos marcantes. Mas claro que tivemos boas escolhas de locações para marcar o estilo francês de bons cenários e assim o filme trabalha bem com algumas cores leves até demais para que a fotografia não se prendesse ao tom cômico somente, de forma que as cenas finais na neve foram muito bem iluminadas e chamaram muita atenção.

Enfim, um filme bem gostoso de ver que agrada bastante. Claro que não é o melhor filme do gênero, mas confesso que estava com muito mais medo do que seria apresentado com ele, então o resultado foi bem satisfatório e divertido. Recomendo que assistam sem preconceitos, afinal a proposta inicial do mundo gay pode assustar alguns, mas fiquem tranquilos que não temos nada explícito demais, e assim acaba sendo bem bacana todo o resultado final. Bem é isso pessoal, agora vou para mais uma sessão do Festival Varilux, então abraços e até daqui a pouco com mais um texto.


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Samba

6/11/2015 01:35:00 AM |

É interessante quando vamos ao cinema condicionados pela última obra de um diretor ou ator, pois garanto que quem não assistir ao trailer de "Samba" irá preparado com muitos lencinhos esperando ver algo bem próximo de "Intocáveis", e ao contrário do último filme dos diretores Olivier Nakache e Eric Toledano, o novo longa que estreia no mês que vem, e que muitos irão conferir na próxima semana durante o Festival Varilux de Cinema Francês, é tão leve e gostoso de acompanhar, com muitas situações cômicas para mostrar a convergência entre duas pessoas tão diferentes, e ainda trabalhar com o tema difícil de classificar que é a ilegalidade na imigração, ou seja, um filme bem moldado que trabalha firme para relatar uma situação, mas sem perder a alegria que temos dentro de nós, mesmo quando a situação tá feia. E novamente os diretores acertam a mão, pois o longa passa o recado sem precisar dar porrada.

O longa nos apresenta Samba, um imigrante do Senegal que vive há 10 anos na França e, desde então, tem se mantido no novo país às custas de empregos pequenos. Alice, por sua vez, é uma executiva experiente que tem sofrido com estafa devido ao seu trabalho estressante. Enquanto ele faz o possível para conseguir os documentos necessários para arrumar um emprego digno, ela tenta recolocar a saúde e a vida pessoal no trilho, cabendo ao destino determinar se eles estarão juntos nessa busca em comum.

Todos sabemos que imigrantes ilegais sofrem para conseguir empregos, até mesmo subempregos, nos grandes países que aparentam oferecer grandes oportunidades de vida, e claro que pessoas de países mais pobres acabam tentando a chance, e também temos até que não temos tantos filmes que trabalham para mostrar como são as condições de vida dessas pessoas, ao menos não me vem à cabeça nenhum nome marcante. Então baseando-se no livro "Samba pour la France" de Delphine Coulin, os diretores e roteiristas Olivier Nakache e Eric Toledano se inspiraram para montar um filme que ao mesmo tempo que desenvolve essa dureza de vida, também trabalha com o enfronte de duas pessoas problemáticas, e ainda dá um tempero brasileiro para o filme, mostrando um pouco da nossa música e também que somos mais aptos à se iterar com a cultura local e fazer amigos por onde passamos. Os diretores poderiam enfeitar o longa de diversas formas e até pesar a mão caso quisessem, mas a sabedoria em trabalhar com o longa como algo mais tranquilo e gostoso foi uma das melhores opções para que ele discorresse sem cansar o espectador além de dar a chance de mostrar que realmente os atores são excelentes ao deixar eles bem livres para desenvolver seus papéis.

Sobre a atuação, já tínhamos a certeza de que Omar Sy é carismático e excelente ator por tudo que já fez em sua carreira, mas agora temos a convicção disso ao ver seu personagem Samba que ele entregou com a peculiaridade de parecer ser dele mesmo, pois mesmo tendo nascido na França, o ator já disse em diversas entrevistas que já sofreu preconceito diversas vezes e o que fez no longa ao mostrar uma química perfeita com sua parceira de cena, e ótimas interpretações das situações mais adversas agradou na medida certeira em tudo que fez, e cada vez mais queremos papéis diversificados para ele por saber que ele domina a arte da atuação. Charlotte Gainsbourg é uma atriz extremamente consistente das personagens que pega para fazer, e o que sua Alice nos mostra é o ponto nítido do stress emocional pode dar uma reviravolta nas nossas vidas, e ela soube transparecer seus atos com uma fidelidade de olhares e trejeitos que até assusta em alguns momentos, e em outros seu ar tranquilo junto do protagonista diziam mais coisas com o sentimento passado do que com inúmeras frases, ou seja, perfeita também. Tahar Rahim entrou sorrateiro no longa com seu Wilson, e ganhou todo o carisma do público que já estava até achando que o ator era realmente um brasileiro inserido na produção, mas não, o ator francês apenas aprendeu o idioma para seu personagem e até que saiu muito bem com ginga, sotaque interessante e até uma certa brasilidade no modo de conseguir as coisas, e dessa forma cativou muito tanto o personagem quanto o estilo do ator, e quem estiver em São Paulo e Rio de Janeiro aproveite as sessões comentadas com ele e os diretores, que com certeza será bem interessante. Os demais atores até conseguem agradar bastante nas suas pequenas cenas, mas acabam sempre bem secundários dando conselhos para os protagonistas, ou encaixando em determinado momento também para desenvolver junto do trio principal, então vale destacar apenas o tio Yongar Fall que se fosse um longa americano certamente seria interpretado por Morgan Freeman, e a estagiária maluquinha que fez boas cenas interpretada por Izïa Higelin.

O longa contou com boas locações, mas sem desenvolver muito a cidade em si, mostrando locais diferentes da tradicional Paris que conhecemos de diversos filmes, e dessa forma colocando o filme como algo mais dentro da realidade que vivem as pessoas ilegais, meio que entre becos e lugares menos conhecidos para fugir realmente da movimentação policial e da imigração, e junto com isso trabalharam bem o conceito de elementos cênicos para principalmente caracterizar os personagens e seus meios de descontração, ou seja, não temos objetos precisos para que a cena desenvolva, mas sim que funcionem para conhecermos mais cada um dos personagens e seus jeitos, e isso é algo bem legal de observar. A fotografia usou de algumas cenas em plano-sequência para evidenciar principalmente a setorização de classes, já evidente logo na cena de abertura, e vemos isso em outros momentos mais tensos, e junto de uma iluminação mais escura e reclusa, também deram a mesma síntese que a equipe artística fez de meio que esconder a ilegalidade debaixo dos panos, e isso ficou realmente bem encaixado.

A trilha sonora do filme é outro ponto que vale muito salientar, pois deu um ritmo bem gostoso para a trama se desenvolver bem e não cansar o espectador, além claro de colocar músicas de Bob Marley, Gilberto Gil, Jorge Benjor, entre outros, funcionando para a linguagem do longa, e isso sempre é muito válido de prestar atenção. Claro que antes que me venham pedir, segue o link com todas as canções.

Enfim, é um filme muito gostoso e que vale com toda a certeza o ingresso, claro que os diretores poderiam ter descido do muro e decidido entre um filme ou totalmente leve ou algo que enfincasse a faca no coração para o público desabar, bem como a penúltima cena quase fez nosso coração parar, mas esse é apenas o único porém que não me fará dar a nota máxima para ele. Portanto repito, o filme estreia somente dia 09 de julho nos cinemas comercialmente pela Califórnia Filmes, e todos sabemos que ela não costuma fazer seus filmes rodarem muitas cidades, então quem for esperto e estiver com o Festival Varilux rolando na sua cidade, aproveite para assistir, pois depois vai reclamar certamente de não ter visto. Felizmente pude conferir ele na abertura para convidados feita pela Aliança Francesa da cidade, então agradeço o convite, e assim abro oficialmente minhas críticas dos 14 filmes que irão rolar durante os próximos dias no Cinépolis Santa Úrsula de Ribeirão Preto, mas o festival vai estar rolando também em 50 outras cidades, e podem conferir os horários aqui. Então abraços e até breve com mais textos.



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A Espiã Que Sabia de Menos

6/08/2015 12:55:00 AM |

É interessante quando a comédia bem inserida num filme de espionagem funciona sem ficar parecendo uma paródia mal feita, o que com certeza não estava nos planos do diretor e roteirista Paul Feig, que na sua terceira parceria com Melissa McCarthy conseguiu acertar o tino cômico para não ficar exagerado e forçado, e ainda de quebra construiu um estilo de filme tão gostoso de assistir que facilmente daria para "A Espiã Que Sabia de Menos" ter continuidades nos mesmos moldes que ocorre com 007, e claro que não necessariamente a protagonista necessitaria ser Melissa, mas ela fez tão bem feito aqui que mereceria ao menos mais uns 2 filmes. Ou seja, um longa com ação na medida, espionagem bem feita e claro, comédia bem trabalhada para divertir e fazer rir quem for conferir o longa nos cinemas.

O filme nos apresenta Susan Cooper, uma despretensiosa analista de base da CIA, e heroína não reconhecida por trás das missões mais perigosas da Agência. Mas quando seu parceiro sai da jogada, e outro agente fica comprometido, Susan se voluntaria para se infiltrar no mundo de um traficante de armas mortais e evitar um desastre global.

Depois de andar muito pela TV, o diretor e roteirista tem trabalhado bastante na sua carreira no cinema cômico, e mesmo apelando em alguns momentos, não tem errado na missão de fazer rir, e só isso já basta para que possa continuar agradando bastante no gênero comédia, e o mais engraçado é que ele foi pondo pitadas de ação em cada filme seu para chegar agora ao ápice com um longa envolvendo espionagem e muita ação para que a pobre gordinha e sua grande parceira nos longas, Melissa McCarthy, suasse bastante para fazer, mas o resultado de uma história bem trabalhada com ação na medida junto de uma boa interpretação caiu como uma luva e fez cada gota de suor valer a pena, pois repito o que disse para um amigo, acredito muito na possibilidade de que o filme se torne algo de sucesso para ter continuações dignas do gênero espionagem, mas com a pitada de humor bem divertido para agradar a todos. Com ângulos precisos e bem trabalhados, o diretor soube colocar a câmera exatamente no momento certo para que as ações fossem intensas e sempre encaixasse finalizando com alguma piada, bem ao seu estilo, mas diferentemente do que costumava acontecer nos outros filmes, aqui as piadas fluíram e deram continuidade para a história, então tudo diverte sem limites no filme com um fechamento preciso e que agradou demais.

Quanto da atuação, já critiquei muito Melissa McCarthy por ter um estilo próprio de comédia, sendo uma humorista bem cômica que sempre é engraçada no que faz, mas felizmente vem melhorando bastante nos últimos longas e trabalhando mais sua interpretação para que além de ser uma pessoa engraçada passasse a divertir também com a forma de se expressar, e o resultado foi uma Susan na medida que nos envolve a cada cena e faz com que vibrássemos com suas conquistas no longa, ou seja, perfeita para o papel. Jude Law é um ator polivalente e sempre que colocado em algum filme consegue sair tão bem que parece determinado para aquele estilo, então seu Fine tem dinâmica, acaba saindo como galã e ainda usa seu charme no melhor estilo de espião que estamos acostumados a ver, então foi mais uma escolha certeira para a produção. Jason Statham já desistiu da tentativa de não ser zoado em um filme, pois ultimamente seus papéis em quase todas as comédias, e olha que ele não tem feito poucas, fazem referências aos seus papéis de ação e gafes que cometeu neles, mas aqui seu papel foi tão engraçado que mesmo fazendo uma das palhaçadas mais toscas de toda sua carreira em uma das cenas finais do filme, ainda vamos continuar gostando muito do seu jeito de atuar, então vale a pena rir do que faz com seu Ford no longa. Rose Byrne até que foi bem com a vilã Rayna, mas não chegou a impor o respeito que deveria para a personagem, e seu estilo acabou sendo até estranho dentro do filme, mas acabou soando engraçado, então funcionou para a comédia. Miranda Hart é uma atriz que faz bem mais TV do que cinema, portanto conhecia bem pouco de seus trabalhos, mas aqui sua forma desesperada de atuar acabou soando tão bem encaixada dentro da comicidade que o longa pedia, que sua Nancy finalizou sendo agradável demais para tudo. Claro que temos de destacar as boas cenas de Peter Serafinowicz com seu Aldo totalmente irreverente que agrada demais na sua sensualização pra cima da protagonista e que sua finalização satirizou ainda mais outro filme de espionagem que já é consolidado. E embora sensualize apenas em duas cenas, a brasileira Morena Baccarin conseguiu ser uma personagem bacana na trama e fez bem para aparecer no que era preciso.

Um bom filme de ação e espionagem que se preze passa por diversas locações e aqui não nos decepcionamos com isso de forma alguma, muito pelo contrário, a trama passa por diversos países, trabalha bem cada cenário com diversos elementos clássicos e chamativos para que os protagonistas usem e deem destaque, além claro de servir para funcionar ainda mais as piadas.que já eram parte dos diálogos e com o uso de objetos ainda chamaram mais atenção. A fotografia sofreu muito com a dinâmica excessiva da trama, de modo que algumas cenas chegam a ter até um pequeno desfoque nos momentos de ação, mas isso não atrapalhou em momento algum, pois souberam dosar bem o tom vermelho/azul para não ficar tão denso, o que não era a proposta do filme.

Enfim, um filme muito gostoso de assistir que diverte bastante e agrada sem necessitar apelar, ou seja, como deve ser uma boa comédia. E claro que o nível de ação foi bem trabalhado para que a espionagem não ficasse em segundo plano no longa. Portanto até quem não gosta do estilo de espionagem vai gostar da boa comédia, e quem não for muito fã de comédia vai gostar das boas cenas de ação, ou seja, um filme para todos, que com certeza agradará muito. Bem é isso pessoal, encerro essa semana cinematográfica, mas a próxima vem bem recheada com o Festival Varilux de Cinema Francês, e diversas estreias também, e dessa forma teremos uma tonelada de posts por aqui, então abraços e até breve pessoal.


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Quaquer Gato Vira-Lata 2

6/07/2015 02:15:00 AM |

Quando um filme faz sucesso, a certeza de uma continuação é total, e se teve uma comédia romântica nacional que foi, ao menos na minha opinião, bem satisfatória em 2011 foi o sucesso "Qualquer Gato Vira-Lata", e agora passado exatos 4 anos a continuação mudou a direção, mas o contexto foi praticamente mantido para agradar. Claro que com a mudança na direção, o tom de Santucci é meio exagerado e as piadas foram mais forçadas e não teve tanto o clima romântico gostoso do original, mas ainda é possível se divertir com o que foi passado e claro que sempre é bom ver Cléo Pires. Agora sem dúvida alguma o dinheiro fez dinheiro, pois se no anterior a produção foi mais simples e não tão trabalhada, agora tivemos um longa com luxo de filmar no Caribe, com cenografia perfeita e principalmente com imagens maravilhosas para acompanhar o desenrolar da história que poderia ter sido mais desenvolvida.

O longa nos mostra que Tati e Conrado, que terminam juntos o primeiro filme, viajam a Cancún, onde ele participa de uma conferência para o lançamento de seu livro. Lá, ela aproveita a ocasião para pedi-lo em casamento, com transmissão via internet para todos os amigos no Brasil. Mas, ao responder, Conrado solta apenas um “Posso pensar?”. A moça, então, se decepciona e Marcelo, ex de Tati, volta a ter esperanças. Para complicar, Ângela, a ex de Conrado, também é convidada para o mesmo evento no México, onde também está lançando um livro, cuja tese bate de frente com a dele.

Não podemos falar que o roteiro de Roberto Santucci é ruim, muito pelo contrário, ele possui boas nuances, é bem desenvolvido e até se encaixa bem como continuação da tese apresentada no primeiro filme, e que agora vem de contraponto com a ideia da ex-mulher do personagem principal, mas seu jeito de fazer comédia é algo que só quem gosta de comédia forçada se diverte realmente, e isso foi o diferencial do primeiro filme escrito e dirigido por Tomas Portella, aonde tudo fluía naturalmente e agradava por não forçar a barra para que o público risse das coisas, mas o diretor optou por não seguir na continuação para desenvolver novos projetos, e ao assumir Santucci preferiu trabalhar mais em algo que conhece e até fez um bom longa, mas que preza por divertir nas cenas aonde deu para escrachar o estilo mais humorístico de novelas mexicanas, como a todo momento faz questão de ressaltar. Ou seja, em momento algum podemos falar que o filme não diverte e faz rir, cumprindo com o dever de toda comédia, mas poderia ser menos escrachado que agradaria bem mais e ficaria próximo de uma comédia romântica mais gostosa de acompanhar.

Quanto da atuação, particularmente não temos nenhum humorista de profissão mesmo entre os protagonistas, e isso já é algo que acaba sendo até estranho visto que o mote forte do diretor sempre foi trabalhar com pessoas mais aptas para fazer rir, então aí é que entrou uma pequena falha do filme que necessitou alguns elos externos do eixo principal da história para que as piadas funcionassem, como é o caso do forçado gigolô Esteban e dos cantores mexicanos que aparecem a todo momento, mas se tirarmos isso até que o restante salva. E para salvar claro que temos a beleza de Cléo Pires com sua Tati, que a cada filme que passa fica mais linda e que vem melhorando cada vez mais seu estilo de atuação, ou seja, em breve deve ficar tão perfeita quanto bonita e com certeza sua carreira deve decolar ainda mais, vale destacar sua cena junto do seu pai real Fabio Jr., que com boas sacadas da relação real entre eles e da vida privada do cantor deram um charme a mais para o momento. Malvino Salvador sempre trabalha bem, e aqui não seria diferente, mas ao tentar ser caricato ficou estranho demais, nem parecendo estar fazendo o mesmo personagem Conrado que agradou tanto em 2011, ou seja, preferimos o carinhoso e carismático ator que conquistou Tati no primeiro filme e não a tentativa de galã fortão/macho alfa que quis fazer aqui. Dudu Azevedo continua fazendo caras e bocas nas suas interpretações, e isso é um defeito dele e não do personagem Marcelo, visto que sempre faz da mesma forma, e ele já passou da fase galã que não precisa atuar para agradar, então está na hora de começar a botar a entonação nos diálogos para chamar atenção sem precisar tirar a camisa. Agora com toda certeza o destaque do filme fica por conta da graciosa Mel Maia, que temos de grudar os olhos nessa garota para ver o grande futuro de atriz que ela possui, encaixando expressão em todas as suas cenas e dando pontuação na interpretação de cada diálogo que faz com sua Julia, passa de fofinha para atriz precisa em duas palavras proferidas apenas, ou seja, tem muito futuro mesmo na carreira. Dos demais, a maioria acaba sendo apenas encaixe para as cenas, destacando alguns momentos de imposição de Rita Guedes como Angela e as cenas de azaração de Álamo Facó e Leticia Novaes como Magrão e Paula.

O visual caribenho foi uma ótima escolha para o desenrolar da trama, pois como disse ao ser um misto de novela mexicana com nuances de comédia romântica brasileira, o filme encontrou a cenografia perfeita e souberam desenvolver bem cada um dos momentos que cada cena pedia, com o melhor ponto do resort aonde tudo foi filmado, e assim agradar muito no conceito de uma produção minuciosa. O único defeito da equipe aparentemente foi a falta de muito protetor solar para o elenco, pois ficou visível as marcas do sol na pele dos artistas, claro que isso poderia ter sido resolvido com maquiagem, mas acabou sendo uma falha dupla, embora que claro que estando numa praia o natural é se queimar mesmo, mas como estamos falando de trabalho cênico, caberia deixar menos avermelhado a aparência de alguns. A equipe de fotografia soube trabalhar bem nos ângulos para valorizar a iluminação natural do local e colocar sempre em contraponto o mar azul turquesa maravilhoso para termos um charme a mais na trama.

Enfim, é um filme bem feito, que pecou em alguns exageros, mas isso não tira o brilho de uma boa produção, e como sempre digo, a missão de uma comédia é fazer rir, então nesse quesito a missão foi cumprida mesmo que de maneira forçada, talvez uns detalhes mais trabalhados agradariam mais quem for exigir um romance mais envolvente como aconteceu no primeiro filme, mas quem gostar do estilo cômico aonde é necessário forçar a piada, com certeza vai gostar do que verá. Então dessa maneira, acabo por recomendar o longa como um passatempo até que interessante nos cinemas, mas não espere muito do filme, pois não vai ser entregue nada além do tradicional. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas ainda tenho mais uma estreia da semana para encerrar os posts, então abraços e até breve.


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Tomorrowland - Um Lugar Onde Nada é Impossível

6/06/2015 02:33:00 AM |

Sei que não é o melhor filme da Disney, sei também que possui muita propaganda da ideologia de Walt Disney e seus parques, sei que o longa é irreal demais, mas para. O que esse Coelho vem falando há tempos para quem lê sempre minhas opiniões sobre os filmes? Que um longa mais do que uma proposta deve entreter ou fazer com que o espectador reflita sobre algo! E a energia e os brilhos nos olhos que "Tomorrowland - Um Lugar Onde Nada é Impossível" nos permite acreditar é algo que vai muito além do esperado! Temos um filme onde que até sabemos da possibilidade nula de um dia vir a existir algo do estilo, mas o filme cria esperança, faz com que o público sonhe com um mundo melhor, que possa sim fazer diferente. E mais do que isso, numa visão completamente imaginária, o filme acabou caindo na sua própria história, aonde a humanidade só gosta de criticar as coisas sem querer ajudar, e dessa forma os críticos detonaram tanto o longa que sua bilheteria tem sido um fracasso, mas este que vos digita, saiu tão contente com o que viu no cinema, que posso dizer que acredito uma reversão disso e entro pro time de sonhadores que assim como a protagonista abriu um sorriso maior que a boca a cada cena deslumbrante que nos era entregue na tela gigante da sala Imax, uma pena só não ter sido em 3D, pois muitas cenas funcionariam com a tecnologia.

O longa nos mostra que Casey Newton é uma adolescente com enorme curiosidade pela ciência. Um dia, ela encontra um pequeno broche que permite que se transporte automaticamente para uma realidade paralela chamada Tomorrowland, repleta de invenções futuristas visando o bem da humanidade. Ela logo busca um meio de chegar ao lugar e, no caminho, conta com a ajuda da misteriosa Athena e de Frank Walker, que esteve em Tomorrowland quando garoto mas hoje leva uma vida amargurada.

O roteiro escrito por Brad Bird, Damon Lindelof e Jeff Jensen pode ser considerado uma viagem total, mas é tão bem pontuado pelas ideias originais de Walt Disney que o filme cria uma percepção tão interessante e agradável que acabamos entrando na mesma viagem juntos, e incrivelmente como boa parte das ideias foram achadas através de pesquisas dos autores nos materiais guardados no escritório de Disney, isso nos mostra o quão louco já era esse senhor ao pensar num parque aonde tivesse toda essa ideologia de felicidade, de criar um mundo melhor e tudo mais que o filme tenta passar. E com isso o texto acabou tentando trabalhar um lado bom do ser humano, que somente se tivermos esse lado e desenvolvermos ele para o melhor, podemos salvar o planeta, e ainda assim alguns estão atacando a história como algo medíocre, o que com certeza não dá para entender, ou realmente o povo está trabalhando somente o seu lado pior e não gostando de mais nada que é bonito. E dessa forma, ao colocarem Brad Bird à frente do projeto, o diretor mostrou que sempre fez animações malucas, e o público aceitou gostando do que via, porém agora com seu segundo live-action ele incorporou isso de uma maneira interessante para mostrar que gosta de ação, aventura e fantasia para retratar suas loucuras na vida real também, fazendo de seu filme uma realidade paralela que é possível de acreditar se entrarmos na mesma viagem que ele tenta passar, e isso junto dos atores foi completamente incorporado e que nos transmitiu uma segurança tanto no estilo de condução da câmera, sem planos irreverentes, mas ainda assim bem diversificados, e no estilo de trabalhar com o elenco para que eles entrassem na ideologia e compartilhassem a felicidade de tudo o que estavam sentindo junto dos espectadores.

É interessante ao falar do elenco dar parabéns para a equipe que cuidou da seleção das crianças, pois todos estão incríveis, a começar pelo jovem Frank que é interpretado por Thomas Robinson, e já havia falado há 4 anos atrás para ficarmos de olho no garoto em "Coincidências do Amor", e nem parece que ele cresceu tanto, mas agora com mais dinâmica e expressividade, o jovenzinho mandou muito bem nos trejeitos e chamou bastante atenção na primeira parte do filme. Raffey Cassidy também nos envolveu e emocionou com sua Athena, trabalhando com olhares tão fortes que a jovem pareceu ter uns 50 anos de atuação e interpretando seu texto forte em diversas cenas, a garotinha colocou muito ator velho na mochila e levou para passear com sua perfeição, é outra que temos de ficar de olho com o que entregará mais para frente. Um dos velhos que foram completamente levados pelo carisma da garotinha é George Clooney, que não podemos falar que fez uma má protagonização, mas não se mostrou empolgado com tudo o que o longa desejava, claro que já foi um dos que assumidamente disse não gostar de gravar em exagero com fundos falsos, e por isso deve ter hesitado em vivenciar mais o seu personagem, claro que conseguiu passar a amargura que o personagem deveria ter devido a tudo o que ocorreu com ele, mas poderia ter dado um gás a mais no restante para que o seu Frank adulto fosse mais interessante. Agora se teve alguém que deu um gás como nunca foi Britt Robertson, que já havia falado bem dela no seu outro longa desse ano "Uma Longa Jornada", e aqui com sua Casey mesmo que provavelmente gravando em um estúdio completamente verde transpareceu a felicidade em ver seu sonho sendo realidade, o que demonstra mais do que ser uma excelente atriz, mas saber transparecer interpretação com muito futuro pela frente, e além disso foi dinâmica na maioria das cenas, o que acabou agradando bastante. Para finalizar o elenco principal, precisamos falar do Dr. House, ops, Hugh Laurie que mesmo preferindo TV tem feito bons longas atualmente e chamado atenção pela forma eloquente que costuma empregar em seus diálogos, e aqui mesmo seu Nix sendo um personagem duro e cheio de arrogância no coração, fez suas dinâmicas serem bem interessantes.

Claro que sabemos que quase 100% do longa foi feito sob computação gráfica, mas mesmo assim ainda temos um visual impressionante da trama que consegue retratar demais a ideias dos parques de diversão da Disney, mas aliado a um mundo cientificamente ideal e maravilhoso, o filme acabou desenvolvendo diversos elementos cênicos importantes e que nos envolvem para que os olhos estivessem sempre bem colocados aonde o diretor desejava evidenciar algo, ou seja, muito bem pensado na dinâmica e principalmente, a forma que os efeitos foram bem colocados, são raras as cenas em que conseguimos evidenciar erros de gravação dos atores olhando para pontos errados e com falhas nítidas de blur ou coisa parecida, que costumam atrapalhar demais nos filmes que abusam da computação, e dessa forma o resultado acaba agradando demais na beleza que é passada, fazendo realmente com que ficássemos com o sorriso estampado a cada cena maior que acaba acontecendo, claro que o destaque fica por conta da primeira visita de Casey à Tomorrowland, das cenas do garoto Frank também em sua primeira ida ao local, e não poderia esquecer da cena da Torre Eiffel. E junto da excelente direção de arte, não podemos ficar sem destacar o trabalho minucioso do chileno Claudio Miranda que já deu show em "O Curioso Caso de Benjamin Button" e recentemente fez nossos olhos viajarem pelo maravilhoso "As Aventuras de Pi", e aqui entregou uma fotografia linda com tons sempre com muito brilho e cores variando de acordo com a simbologia das cenas que estavam passando, misturando as mais alegres nos momentos vivos da trama e jogando para os tons de cinza nas cenas mais dramatizadas, de modo que tudo tivesse um realismo mais natural possível, de modo que mesmo sabendo que tudo é falso, ainda acreditássemos no que estávamos vendo na telona, perfeito.

Outro ponto que vale a pena ser citado é a sinestesia das canções que foram empregadas no longa e que realmente nos remetem ao universo de diversos filmes da Disney e com isso o envolvimento é perfeitamente encaixado e agrada demais, pois Michael Giacchino colocou todas referências na trama, mas criando algo mais envolvente ainda trabalhando novamente com o que disse da direção de arte, na desenvoltura para que o longa nos colocasse no clima de um grande parque de diversões, e isso funcionou muito, pois a movimentação cênica flui com todas as trilhas utilizadas.

Enfim, posso até dizer que talvez um dia esqueça dele, como a maioria das críticas vem dizendo por aí, mas é inegável que durante um bom tempo ficarei fantasiando e sonhando com a possibilidade de um dia ver um mundo, mesmo que imaginário em algum parque de diversões, tão maravilhoso como o que foi mostrado no longa, e dessa forma, o filme acabou entretendo até mais do que imaginaria e esperava dele, ou seja, cumpriu com sua missão para esse Coelho aqui, e dessa forma mais do que recomendo ele para todos com muita certeza. Portanto vá ao cinema sem muitas pretensões, imaginando estar indo para se divertir como se entrasse num parque de diversões e que lá fantasiará diversas emoções e situações que possam alegrar seu dia, e dessa maneira com toda certeza lhe garanto que o filme comunicará com você. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas ainda faltam duas estreias para conferir, então abraços e até breve.


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National Theatre Live - Frankenstein por Benedict Cumberbatch

6/05/2015 12:18:00 AM |

Não vou fazer um post imenso, afinal não estamos falando de um filme, mas também não poderia deixar passar batido, afinal assisti ele num cinema. Estou falando dessa nova montagem do clássico "Frankenstein" que foi produzida e encenada em 2011 por Danny Boyle e Nick Dear, e desde então tem percorrido diversos cinemas do mundo todo levando cada vez mais pessoas para ver o que Benedict Cumberbatch e Jonny Lee Miller fizeram nessa visceral interpretação de um clássico, porém visto sob a ótica inversa, conhecendo um pouco mais sobre os desejos e anseios da criatura contra um mestre que o abandonou, mas que basicamente pela forma de trabalho dos dois atores o diretor quis mostrar como a criatura foi feita à sua imagem, tanto que eles revezam nos papéis.

A sinopse da peça nos mostra que infantil em sua inocência, mas numa forma grotesca, uma criatura atordoada é colocada em um universo hostil e aterrorizador por seu criador Victor Frankenstein. Encontrando crueldade por onde passa a criatura sem amigos, cada vez mais desesperada, revolta-se com a sua triste condição e resolve vingar-se do seu criador, perseguindo-o até um fim aterrorizante. Preocupações com as responsabilidades científicas, negligência dos pais, desenvolvimento cognitivo da natureza do bem e do mal são encaixados desse conto gótico, clássico e profundamente perturbador.

Que Danny Boyle é um diretor com um estilo próprio de montar suas cenas isso todos sabemos, afinal está aí para ver "Quem Quer Ser Um Milionário?" e "127 Horas" passando direto na TV e sabemos o quanto de interpretação ele exigiu de seus artistas, então numa peça aonde praticamente tudo depende da atuação do artista, ele não apenas fez os dois protagonistas saberem perfeitamente a fala e trejeitos um do outro, como fez ambos fazerem os dois papéis, ou seja, um estudo minucioso de perspectivas, aonde cada um pode conhecer mais e dar vida de uma forma mais ampla para tudo. Claro que só assisti a montagem de hoje, não sei se irei conferir a de Domingo que invertem os papéis, mas só pelos minutos de ensaio que mostra antes de começar a peça, aonde foi possível ver a criatura de Miller, já deu para perceber que embora o texto seja o mesmo, sua forma de entregar o personagem é completamente diferente de Cumberbatch, mas ainda assim um personagem interessantíssimo de ver, que somente um diretor de calibre conseguiria fazer uma montagem assim. E o texto adaptado de Nick Dear deu uma característica completamente nova e renovada para o conto de Mary Shelley, pois com a forma que o mundo anda se movendo, embora seja bem fictícia a história temos clonagem e outros elementos novos sendo criados por cientistas afora, e como muitos são contra abortos, o que fazer com a criatura após ela se desenvolver, é esta a ideologia que o novo texto nos afronta, sob uma perspectiva crua e bem atuada.

E falando sobre a atuação, poderia ficar horas falando de Benedict Cumberbatch, mas só o seu primeiro ato de nascimento na peça já valeu por um filme de 2 horas fácil, e mostra sua flexibilidade de uma maneira única que com certeza os diretores de efeitos especiais do "Hobbit" depois conheceram bem para capturar seus movimentos para o dragão, pois aqui ele deu um show de movimentação e interações, juntamente com uma interpretação única para o modo de falar, e expressar do personagem, ou seja, perfeito, e digo mais, o rapaz gostou realmente do estilo de teatro filmado, tanto que em Outubro irá apresentar Hamlet. E John Lee Miller caiu muito bem também como um Victor mais assustado e reflexivo sobre os sentimentos que nem ele mesmo conhece contra o que sua criatura lhe demonstra, seus atos foram bem marcados e chamaram atenção pela dinâmica mais contraída, porém agradável de ver. Dos demais atores, vale destacar principalmente a inocência e ingenuidade passada por Naomie Harris no papel de Elizabeth, e assim ficar interessante suas cenas junto da criatura.

Se existe uma coisa que me impressiona nessas peças e óperas luxuosas que são mostradas no cinema é a parte cenográfica que se movimenta no palco, se transforma com a peça rolando e tudo vai sendo criado com uma precisão cirúrgica para envolver ainda mais os espectadores, ou seja, um espetáculo que se já não bastasse o show que os atores dão, ainda temos tudo mesmo que de forma minuciosa, afinal não dá para termos um castelo, casas e seus interiores inteiramente recriados, mas de maneira completamente crível e bem adequado de se ver, que junto de uma iluminação bem suntuosa cada ato acaba destacado agradando demais.

Enfim, recomendo com certeza para todos a peça, portanto quem puder ver a outra versão agora com Cumberbatch fazendo Victor e Miller fazendo a criatura, que será exibida no Domingo às 15h30 em diversos cinemas UCI espalhados pelo Brasil. E essa não será a única peça exibida do National Theatre, pois terão mais 3 peças nas próximas semanas com grande elenco e diretores renomados, então fiquem atentos à programação. Fico por aqui agora, mas volto em breve com mais posts das estreias da semana, então abraços e até breve pessoal.

PS: A peça é ótima, mas não darei o 10 por alguns momentos necessitar abstrair demais os elementos, principalmente nos atos com o fazendeiro, de modo que ou fizessem de outra maneira mais crível ou tiraria ela da peça, ficou falso demais, mas do restante tudo excelente.


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Metanoia - Mães de Joelho, Filhos de Pé

5/31/2015 11:19:00 PM |

Filmes que envolvam a temática drogas sempre são duros e costumam cansar os espectadores, salvo raras exceções, e dificilmente conseguem passar toda a realidade vivida pelos personagens sem fantasiar demais as coisas. Porém com "Metanoia - Mães de Joelho, Filhos de Pé", o diretor optou trabalhar de uma maneira mais ousada, colocando mais realismo nas cenas de fumo, nas vertigens e tudo mais, mesmo que pra isso ele precisasse pecar por diálogos de certa forma fracos, mas que são comuns das conversas de usuários e de amigos. E fazendo o uso dessa linguagem, o filme parece visceralmente feito por um ex-usuário, aonde transmitiu toda sua vivência para que outras pessoas soubessem dos problemas, de como uma mãe se sente ao ver o filho passando mal e não poder fazer praticamente nada, e que se tratando de um longa cristão, que através de algo maior é possível largar as drogas. Muitos podem até criticar o filme por usar o feitio religioso como salvação e tudo mais, mas a mensagem passada e a forma desenvolvida constrói um longa bem moldado, que para a perfeição faltou bem pouco devido a certos erros técnicos, porém a ideologia da trama é bem passada e agrada sem ser um longa novelesco como costumam fazer com filmes nacionais.

O filme nos mostra que Eduardo é mais um em meio aos milhares de usuários regulares e dependentes do crack. Criado na periferia de São Paulo, a boa educação oferecida por sua mãe, Solange, não o impediu de ficar preso no mundo das drogas. Ele fica perdido em meio à autodestruição, enquanto Solange tenta desesperadamente salvar o filho do vício.

Por ser seu primeiro longa, o diretor e roteirista Miguel Nagle quis colocar o roteiro inteiro que escreveu com o protagonista Caique Oliveira na tela, e poderia ter cortado muitas cenas repetidas, mas isso é o famoso desespero para que tudo que imaginou e filmou entre no longa, e além disso, mesmo tendo sido editado a três mãos, algumas cenas aparentaram entrar em uma forma meio que desconexa, por exemplo a cena anterior do velório ficou meio estranha, mas alguns podem achar como um flashback e aceitar. Porém tirando esses detalhes técnicos, o filme funciona, não cansa mesmo tendo quase duas horas, e o diretor mostrou que tem um feeling bem interessante para cenas mais dinâmicas, então provavelmente seu próximo filme deva ficar ainda melhor. A história em si é bem pesada e alguns até fantasiariam ela para que o resultado fosse mais fictício, porém trabalharam o roteiro com a dramaticidade correta e usando trejeitos característicos de São Paulo, o que mostra uma pesquisa bem fundamentada e um planejamento correto para com os diálogos.

Quanto das atuações, embora Caique Oliveira tenha interpretado bem o protagonista, senti ele um pouco velho para o papel e talvez contratar um ator mais novo daria uma vertente mais interessante para o personagem Eduardo, pois no começo sua mãe pareceu mais uma irmã ou esposa do que mãe, mas isso é apenas um detalhe, visto que ele fez boas expressões e vivenciou bem toda a situação, então o resultado final acabou não sendo atrapalhado. O que não ocorre com Caio Blat, pois já não é um ator tão novo, mas ainda possui cara de novinho, e o playboy Jeff acabou funcionando perfeitamente para suas características, e o ator com um desenrolar bem pautado soube dar uma dinâmica interessante para praticamente todos os seus momentos, agradando bastante com o que faz em cena. Einat Falbel foi bem no papel da mãe Solange fazendo caras desesperadas, e sofrendo muito através de suas expressões e soube caracterizar bem o sentimentalismo sem ficar forçado, o que é raro hoje no cinema nacional, então a atriz mostrou-se bem diante das cenas que precisou fazer e como disse no caso do protagonista, com alguém mais novo chamaria mais ainda sua atenção. Como os demais fazem praticamente figuração de luxo, tendo uma ou outra cena que falam mais, os destaques claro ficam com Thogun fazendo um traficante bem caricato e numa pequena cena Solange Couto dá um show de interpretação fazendo a mãe de outro viciado.

A equipe artística do filme trabalhou bem ao não inventar moda, pois já que o filme envolve o crack, nada melhor do que inserir os personagens no lugar mais icônico de São Paulo que é a crackolândia, e assim acertar as demais locações como cenários secundários que foram bem encaixados também, principalmente para mostrar as fases e condições, como o apartamento do playboy cheio de festas, a casa simples do protagonista inserida bem dentro da comunidade e até mesmo o sitio de reabilitação foi bem trabalhado. Claro que não temos um superprodução e com o orçamento bem baixo, não foi ornamentado o filme com muitos objetos cênicos, mas no geral o resultado é interessante de se ver. A equipe de fotografia também usou recursos para que os efeitos não soassem tão falsos e com isso optou muito em filtros de cores diversas para representar cenas mais impactantes puxando o tom para algo mais escuro e avermelhado, outras vezes dando mais sujeiras em cena, em alguns usou da trepidação da maneira correta para dar vertigem, ou seja, simples mas bem feito.

Enfim, não posso considerar o longa como um filme fantástico, mas ao que se propôs e o que foi entregue consegue agradar bastante e satisfazer. Claro que alguns defeitos vão incomodar, mas o resultado foi um filme bem feito e interessante para conscientizar o problema das drogas e um pouco do que causa na família, e assim faz valer o ingresso para que conheçamos um pouco mais de tudo isso. Então uma sugestão interessante é que façam sessões para escolas e pais para o impacto ser mais bem colocado, e também recomendo como um filme bacana de ser visto. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje encerrando já essa semana cinematográfica, mas fico na torcida para que a próxima venha bem recheada, então abraços e até breve.


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