Netflix - Tigertail

4/13/2020 01:27:00 AM |

Muitas vezes optamos seguir nossa vida por um caminho que não era bem o que queríamos, e geralmente essa "facilidade" que escolhemos acaba nos deprimindo em momentos futuros ao pensar como seria diferente se tivéssemos feito o que era melhor e não fizemos. Pois bem esse pode ser uma das formas de analisar o novo longa da Netflix, "Tigertail", que entrega bem essa ideologia do jovem Pin-Jui que optou por virar um imigrante e ir tentar a vida no país das mil maravilhas que o cinema americano da época entregava casando-se com alguém que nem gostava, mas que tinha dinheiro ao invés de ficar com o amor de sua vida. E é bacana vermos todas as simbologias que a trama nos entrega, toda a sensação de emoção que mesmo não expressando tanto o protagonista consegue nos remeter, e vamos vendo que geralmente os filhos acabam puxando para gente, mesmo que não pareça num primeiro momento. Ou seja, é um filme bem introspectivo, que trabalha a emoção através de poucas atitudes, mas que funciona bastante, pois segura o conteúdo na medida, entrega uma cenografia lindíssima de época com uma fotografia granulada bem marcante (que dá todo o tom antigo para o filme), e que envolve de certa forma até mesmo os que não forem tão acostumados com longas de festivais, pois esse é claramente um filme que veríamos somente em festivais estrangeiros, mesmo sendo um longa "americano", e assim sendo, quem gosta de tramas mais pensantes vale a dica para conferir.

A sinopse nos conta que neste drama multigeracional pungente, Pin-Jui é um jovem operário de Taiwan de espírito livre e empobrecido, que toma a difícil decisão de deixar sua terra natal - e a mulher que ele ama - para trás, a fim de procurar melhores oportunidades na América. Mas anos de trabalho monótono e um casamento arranjado, desprovido de amor ou compaixão, deixam um Pin-Jui mais velho como uma sombra de seu eu anterior. Incapaz de simpatizar com sua filha Angela e correndo o risco de viver sua aposentadoria na solidão, Pin-Jui deve se reconectar com seu passado, a fim de finalmente construir a vida que ele sonhava em ter.

Em seu primeiro longa metragem, após muitas séries, inclusive uma ganhadora de um Emmy, o diretor Alan Yang trabalhou a essência emocional da vida do protagonista, criando algo mais amplo do que mero sentimentalismo, de forma que a história acaba contando bem mais para o público do que apenas os olhares que vemos na tela, e juntado tudo o que sabemos de nossas vidas, nossas reflexões, e até mesmo com o que vamos sentindo pelo que o protagonista passa acabamos moldando o longa em algo bonito e interessante de ver. Claro que a montagem não é dinâmica como poderia, pois ela usa de artifícios para segurar a dramaticidade, e isso é até bonito de ver, temos situações bem encaixadas em cada ato, vamos na mesma onda que o protagonista e seu descaso com tudo, vemos suas vontades momentâneas predominando para no fim da vida ficar pensando se valeu ou não a pena, e claro fazemos os mesmos julgamentos que ele durante toda a trama, ou seja, o diretor não apenas soube fazer o filme encaixado ao ponto dos protagonistas se desenvolverem, como também colocou para o público seguir a mesma linha que ele, e isso é algo bem raro de vermos funcionar, e aqui funcionou.

Sobre as atuações, todos foram extremamente sérios com poucas desenvolturas faciais, pois desde pequeno o jovem garotinho foi doutrinado pela avó para não chorar, nem demonstrar emoção, e isso os atores que seguiram a linhagem fizeram muito bem. Hong-Chi Lee entregou para o jovem Pin-Jui boas sacadas dinâmicas em seu olhar, fazendo dinâmicas bem trabalhadas no começo, porém ao se mudar para os EUA, ele ficou muito duro, quase que uma quebra de paixão por viver realmente, meio como se o olhar dentro do carro tivesse apagado tudo, e isso é o que vê nos frutos de suas cenas, ou seja, ele trabalhou com minúcias dentro do que o roteiro pedia, e assim acertou bastante. Ao passar o bastão para Tzi Ma com Pin-Jui já velho, vemos a continuidade do olhar jogado, a falta de envolvimento, e isso é o que o personagem pedia, mas nas suas cenas junto de Yuan, o ator mostrou a volta da paixão e de tudo o que poderia ter sido a vida do jovem, ou seja, perfeito também. Christine Ko trabalhou sua Angela com olhares jogados, meio como uma cópia fiel do pai, pois mostra o que aprendeu ali, e o resultado é muito bom de ver, mesmo que pareça que ela não teve expressões, mas dentro da proposta da trama, o resultado foi certeiro. Agora se precisavam de uma pessoa inexpressiva para o papel de Zhen Zhen arrumaram uma certeira no começo com Kunjue Li, pois chega a dar desespero, e talvez vemos a partir dela uma contaminação no desânimo do jovem, ou seja, não sei se o papel pedia isso, mas ela abusou e muito. Quanto aos demais, a maioria foi bem espalhada na trama, tendo um ou outro detalhe para chamar atenção, de modo que só valha destacar Yo-Hsing Fang e Joan Chen pelas duas ótimas versões de Yuan como um grande estouro de vida, e Fiona Fu que deu um ar totalmente diferente para a Zhen Zhen idosa, o que descaracterizou um pouco a trama.

Quanto do conceito visual podemos dizer claramente que a equipe de fotografia praticamente brincou com texturas em cima do que a equipe de arte fez, colocando a trama do passado toda cheia de imagens desgastadas, mas ainda assim lindas de ver, com ambientes marcando época como os jovens em barzinhos pobres dançando (que ao final será lembrado pelo protagonista já velho), da corrida em um restaurante chique, da noite de amor num lago cheio de contrastes, ou seja, um trabalho vivo pela alegria, mas com desgastes técnicos mesmo, já na velhice ele já bem de vida, com ambientes mais bonitos, mas com cores secas, sem vida, num tom sempre abaixo, até termos o encontro em um restaurante aonde a vida volta a ter cor, mas é quebrada rapidamente, ou seja, um jogo maravilhoso de tons, de objetos cênicos, de ambientes que fazem o filme ser visto só por ali sem precisar quase que nenhuma palavra para dizer as sensações, ou seja, belo de ver mesmo.

Enfim, é um filme bem denso, que muitos acharão extremamente lento, mas que passa muitas mensagens, que serve para reflexões, e que envolve bastante pela proposta passada. Claro que ele tem muitos defeitos, e o principal é a dinâmica mais calma que não vai pegar em muitos que não conseguirem de cara enxergar o que o filme quer mostrar: que a vida tem algumas escolhas, e nem todas podem trazer um futuro bem marcado, que os filhos seguem posturas dos pais, entre outros, e assim sendo, quem não se conectar com a trama irá odiar ou dormir com o filme, mas do contrário o resultado será lindo demais de ver. Bem é isso pessoal, fica a dica então para quem gosta de um longa mais introspectivo, de reflexões, e eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Netflix - Code 8: Renegados (Code 8)

4/12/2020 03:02:00 AM |

É engraçado como o pessoal sempre gostou de trabalhar com ideias futurísticas, aonde a polícia é controlada por drones e robôs, aonde a população marginalizada vive escondida e brigando, e claro quando colocam também pessoas com poderes que não podem ser revelados, e são renegados por isso. Acho que já vimos pelo menos uns dez ou mais filmes que trabalham com essas temáticas, e a maioria acaba virando franquia com continuações e desdobramentos interessantes em cima dos personagens principais, e claro por isso, muitos roteiristas continuam apostando na temática para ganhar mais dinheiro e seguindo a linha completa. Dito isso, o longa que estreou hoje na Netflix, "Code 8 - Renegados" é bem bacana no sentido da ideia proposta, com um protagonista que podem trabalhar o lado de ser mais bonitinho, e até podem ousar em uma franquia longa, porém aqui não deram nem tanto sentido a descoberta dos poderes, nem brincaram tanto com a possibilidade de levar o filme mais para frente, só usando de efeitos bem colocados, e uma leve ideia do que queriam, e isso não deve empolgar tanto como poderia. Claro que é um filme interessante e traz algo a mais para o estilo, mas certamente poderiam ter ou desenvolvido mais personagens, para que conhecêssemos melhor cada um, suas nuances e atitudes, ou já partido para a pancadaria total, de forma que ficou parecendo apenas que o diretor quis expandir seu curta metragem, e não fazer nada além disso.

O longa nos conta que em um mundo onde pessoas com habilidades "especiais" vivem na pobreza, Connor Reed é um jovem poderoso que está lutando para pagar pelo tratamento médico de sua mãe doente. Para ganhar dinheiro, ele se junta a um mundo criminoso e lucrativo, liderado por Garrett, que trabalha para um traficante de drogas.

O diretor Jeff Chan já trabalhou bastante com curtas para jogos de videogame, e aqui não seria diferente se ousasse usar desse estilo de técnica, porém ele pegou uma história com algo a mais e ao invés de trabalhar o que já sabia (que seria incrível ver algo no estilo de games mesmo!), ele foi querer desenvolver uma dramaticidade maior, colocar pontualidades específicas, e com isso o filme que talvez funcionaria bem em 100 minutos, acabou ficando pequeno demais para mostrar tudo, de forma que a filhinha do policial aparece quase que como um enfeite para mostrar o motivo dele não querer prender o jovem protagonista, os vilões que são julgados por vilões maiores acabam nem apresentando direito quem seria esse cartel maior, os personagens surgem e saem de cena rápido demais, ou seja, ele quis aumentar seu curta-metragem, e se perdeu. Claro que nesse entremeio ele mostrou muitas técnicas, e certamente deverá aparecer mais para frente com algo novo, mas aqui ficou aquele gostinho de que poderia ter ido muito além, embora ainda seja um filme bem trabalhado, e que chama atenção.

Sobre as atuações, Robbie Amell foi bem colocado com seu Connor, de modo que tem personalidade para o papel, tem trejeitos de galã para segurar uma franquia, e foi dinâmico tanto na descoberta da força de seus poderes, quanto nas dinâmicas que o filme pediu, ou seja, dominou a cena e fez bem o que precisava. Stephen Amell entregou um Garrett bem colocado, ambicioso, e que deu dinâmica para a gangue, mas talvez poderia ter ido além em algumas cenas suas, não ficando apenas como elemento secundário da trama. Greg Bryk trabalhou seu traficante Sutcliffe com ares doentes demais, sem quase sair do ambiente, vivendo apenas pela curandeira Nia vivida por Kyla Kane que ao final pareceu ter algo a mais para mostrar, ou seja, faltou mostrar realmente ao que vieram, mas brincaram bem com seus poderes. A mãe do protagonista também trabalhou pouco para envolver, de forma que Kari Matchett apenas mostrou alguns olhares tristes com sua doença e nada mais. Quanto aos outros poderosos, a jovem com mãos de fogo vivida por Laysla de Oliveira pouco falou, pouco mostrou e nada chamou atenção, o mudo forte vivido por Vlad Alexis até foi bem em cena, mas também fez pouco, ou seja, a equipe em si tinha potencial, mas ficou secundária demais. E para fechar, quanto dos policiais, só vale o destaque bem rápido de Sung Kang com seu Park pelas atitudes em si com o protagonista, mas não desenvolveu nada como deveria.

Agora sem dúvida é um filme com um potencial artístico incrível, com muitos efeitos visuais bem feitos, muitos drones, robôs que saltam bem do alto com armas violentas para abater os criminosos, muita ambientação cênica para as ações que o filme desenvolve, e claro muitas armas, tiros, e raios para todos os lados, ou seja, brincaram bem com tudo, criaram um ar de desorganização bonita de se ver, e assim o filme abre possibilidade para crescimento na franquia, mesmo que ao final nada seja muito bem explicado do que irá ocorrer.

Enfim, é um filme interessante com muito potencial, que até serve de abertura para uma franquia, mas para isso teriam de ter desenvolvido melhor os personagens, teriam de ter aberto mais a história, e não ficado em cima apenas de um assalto simples e não muito bem elaborado, mas ainda assim o resultado funciona para quem gosta do estilo, e serve de passatempo ao menos. Não vi ele esperando muito, mas de certa forma entrega algo bacana de acompanhar, e assim dá para recomendar um pouco ele. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Netflix - Um Amor, Mil Casamentos (Love. Wedding. Repeat)

4/11/2020 06:53:00 PM |

Até que enfim lançaram uma comédia razoável na Netflix, claro que longe ainda de ser daquelas que você rola no chão de tanto rir, mas ao menos "Um Amor, Mil Casamentos" entrega algo divertido, cheio de desenvolturas absurdas, que talvez até seria melhor se seguisse a primeira fase da trama, pois resolver o que ocorreu seria bem interessante de ver, mas como a proposta era ver um outro vértice, até que fizeram bem o formato mais meloso das comédias românticas, e o resultado até que entrega algo que quem gosta do estilo irá ficar feliz de ver. Ou seja, está bem longe de ser uma comédia perfeita, mas ao menos resulta em um filme que passa um tempo, e quem gosta do estilo irá curtir, porém certamente poderiam ter ido bem mais longe com mais desenvolturas cômicas da primeira parte.

O longa mostra que diferentes versões de um mesmo dia que se repetem para Jack. Ele terá de lidar com diversas confusões com uma ex-namorada, seu melhor amigo, um convidado com um segredo e um romance em potencial na festa de casamento de sua irmã.

Em sua estreia na direção depois de vários roteiros para outros diretores, Dean Craig fez uma direção firme até que de boas viradas, conseguindo construir os personagens sem precisar de muitas histórias de passado, e ao montar várias esquetes possíveis com cada um, ele foi entregando dinâmicas engraçadas, e situações malucas, de modo que o filme flui, e mesmo que soasse absurdo por tudo o que tem na tela, o resultado agrada. Claro que o longa é uma refilmagem de um longa francês de 2012, então as situações não foram tão criativas assim, mas é notável a tentativa de manter o humor francês na trama, e dessa forma o estilo de comédia absurda não fica tão forçado, pois se fosse um longa 100% americano com certeza teríamos algo insano na tela. Ou seja, o trabalho do diretor e roteirista foi funcional e honesto dentro do que se propôs, e embora eu preferisse bem mais a primeira sacada resolvida, a segunda mais melosa ficou boa também.

Quanto das atuações, conseguiram colocar um elenco que não tem praticamente nada de engraçado para fazer comédia, o que é algo bem bizarro, pois talvez alguns comediantes no meio dariam um tom bem melhor para o filma, mas ainda assim as situações fizeram bem para os personagens, de modo que é muito bacana ver cada um deles dormindo com o remédio nas diversas possibilidades que passam, e claro que Sam Clafin soube usar bem os momentos de mais diálogo para desenvolver seu personagem Jack, ao ponto de claro se verter a umas bizarrices no meio junto do personagem de Joey Fry com seu Bryan, que certamente viram que seria o ar mais cômico da trama, e deram todas as loucuras possíveis pra ele fazer, ou seja, formaram uma boa dupla. No lado mais maluco da trama, colocaram Jack Farthing como o drogado Marc pronto para destruir o casamento, e Aisling Bea como a falante demais Rebecca, que entrega alguns diálogos bem desnecessários, mas ao menos combinou com a personagem, e juntamente no quesito textos absurdamente bizarros, acompanhado de um kilt veio Tim Key com seu Sidney, ou seja, mais tosco não poderia ficar. Quanto das belas atrizes, o longa veio bem recheado, e todas fizeram papeis apenas de aparição, desde Freida Pinto com sua Amanda cheia de atitude, passando pela noiva maluca Hailey vivida por Eleanor Tomlinson, até chegar na paixão não declarada do protagonista Dina vivida muito bem por Olivia Munn, ou seja, um elenco chamativo que poderia até ter dado mais frutos, mas não desaponta ao menos.

No conceito visual basicamente a equipe de arte arrumou uma mansão gigantesca belíssima em Roma para gravar tudo, vestiu todos devidamente para um casamento (alguns com roupas meio estranhas, mas tudo bem), colocou algumas interações visuais como destruição de bolo, drogas, bebidas e coisas casuais, e o filme andou sozinho, ou seja, não podemos dizer que a equipe trabalhou muito que seria uma mentira, mas ao menos ficou bem bonito o visual por onde arrumaram.

Enfim, é um filme mediano que diverte e serve de passatempo principalmente para quem gosta de longas mais levinhos e bobos, e dessa forma não podemos dizer que o resultado foi de todo ruim. Sendo assim, recomendo ele só para quem realmente ri de situações bobinhas, pois do contrário a chance de achar o longa bem chato é alta. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até lá.

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Netflix - Efeito Pigmaleão (La Vie Scolaire) (School Life)

4/10/2020 07:36:00 PM |

Filmes que envolvem escolas são sempre uma boa pegada para conhecer um pouco mais dos processos de outros países, e geralmente acabam trazendo boas lições de moral e virtudes bem encaixadas com a dramaticidade entregue, porém alguns não saem tão bem como o esperado, ou por termos visto alguns mais emocionantes do estilo acabamos esperando mais do que o comum, e quando isso ocorre o resultado não funciona tanto. Começo o texto do novo longa da Netflix, "Efeito Pigmaleão", dessa forma por talvez ter criado uma expectativa além em cima dele, mas o que posso dizer é que a trama mostra bem a vida escolar (sendo esse o nome original traduzido) na periferia, e isso entrega bem os costumes dos alunos, dos professores, e claro a tentativa da conselheira escolar em fazer com que os alunos melhorem, ou melhor, cria expectativas demais para alguns para melhorar também o seu trabalho, dando significado ao nome nacional da produção. Diria que é um longa honesto, com situações bem feitas, mas que falha por não ter nenhum momento de ápice, seguindo tudo bem linear durante um ano escolar, tendo leves momentos de oscilação, mas em geral tudo sem força suficiente para empolgar, o que resulta em uma trama bacana de ver, mas que vamos esquecer em breve.

A sinopse é bem simples e diz apenas que em uma das áreas mais pobres de Paris, uma conselheira escolar se dedica a alunos desfavorecidos e enfrenta seus próprios desafios.

Em seu segundo longa-metragem, os diretores Mehdi Idir e Grand Corps Malade trabalharam a simplicidade dos atos em si, mostrando o dia a dia de uma escola de periferia, com os diversos problemas que ocorrem, as brigas, as negociações, os desempenhos fracos e desanimados de alguns, as superações, os dramas de alguns professores que gostam do que fazem, outros não tanto, e tudo mais, de forma que eles não quiseram elaborar milagres, nem situações emocionais fora do comum, e isso é bom por um lado, porém para o lado ficcional e envolvente de uma trama, acabamos nos afeiçoando mais com o que ocorre fora das salas de aula do que com os envolvimentos ali dentro, e isso não é bom para o filme, nem para quem confere ele. Claro que alguns atos foram bem trabalhados e chamam a atenção, como o desenvolvimento do garoto principal com todos os seus problemas, o outro que acaba virando compositor e muda a aula de música, e até mesmo as dinâmicas entre os professores, porém falta atitude para que o filme marque algo a mais, e isso não é algo agradável de falar de uma produção.

Sobre as atuações, o jovem Liam Pierrom conseguiu até uma indicação ao César como jovem promissor pelo que fez com seu Yanis, e garanto que a principal determinação dos votantes foi em sua cena pós-acidente, pois ali o garoto se entregou com olhares, desespero e emoção, bem diferente das travessuras/brigas nas aulas, e assim até mostrou uma certa desenvoltura que agrade. Outra que foi determinante para que o filme funcionasse bem é Zita Hanrot, que consegue chamar bem a responsabilidade do filme funcionar para sua Samia, trabalhando cada hora com um tema mais forte que o outro, usando as dinâmicas das tramas para se envolver, e com olhares bem coerentes acabar colocando sua personagem como algo além na trama, que acaba agradando bastante, e mostra como a atriz é bem funcional. Quanto aos demais, tivemos alguns tentando puxar para o lado cômico, alguns usando um ar mais emocional para o lado estudantil, mas sem grandes destaques, e isso é algo até ruim de falar, pois num ambiente com vários estudantes e professores, só destacar os dois protagonistas é algo como falhar demais, pois não foram suficientes para segurar o longa, e assim sendo, o resultado desaba.

A equipe de arte arrumou uma boa locação, com um colégio que provavelmente foi filmado com aulas reais para ter um movimento bem dinâmico das outras salas, e de certa forma nas que colocaram alunos/atores o resultado foi até bem trabalhado, ou seja, não tivemos cenas com grandes produções, mas foram honestos com o ambiente, e criaram momentos marcantes para funcionar, deixando que a direção resolvesse tudo por ali.

Enfim, é um filme bem mediano, que até passa sua mensagem, mas que não atinge ápices suficientes para lembrarmos de ter visto ele daqui a alguns dias, o que é uma pena, pois longas dramáticos franceses costumam ser bem bons, o que não ocorreu aqui, e dessa forma acabo nem recomendando ele. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos.

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Netflix - Negação (Denial)

4/10/2020 01:57:00 AM |

Chega a ser absurdo pensar que o filme "Negação" foi baseado em algo que aconteceu realmente, pois uma pessoa precisar provar que algo que todos sabem aconteceu como foi o caso do Holocausto, é de parar e chorar, e o pior é que temos situações semelhantes em todo o mundo (não tão fortes quanto!) que alguns afirmam que nunca existiram, que ninguém morreu, que ninguém mandou matar, ou seja, abstrações doentias das mentes de algumas pessoas que chega a dar nojo realmente, e não bastando isso, a pessoa ainda processar quem falou que a outra era mentirosa. Ou seja, o filme que entrou em cartaz na Netflix por agora, mas que estreou em alguns lugares lá em 2017 é daqueles obrigatórios, que envolvem do começo ao fim, e que para quem gosta de um bom longa de julgamento certamente irá vibrar a cada ato emocionante da trama.

O longa nos conta que Deborah E. Lipstadt é uma conceituada pesquisadora que, em seu livro, ataca veementemente o historiador David Irving (Timothy Spall), que prega que o Holocausto não existiu e é uma invenção dos judeus para lucrar mais. Julgando-se prejudicado pelo que foi publicado, Irving entra com um processo por difamação contra Deborah. Só que, pelas leis britânicas, em casos do tipo é a ré quem precisa provar a veracidade da acusação. Logo ela se vê em uma disputa judicial que, mais do que envolver dois estudiosos da História, pode colocar em dúvida a morte de milhares de judeus durante a Segunda Guerra Mundial.

Fui caçar que outros bons trabalhos o diretor Mick Jackson tinha feito, afinal antes desse ele fez uma tonelada de séries e eis que cheguei em "Volcano - A Fúria" e "O Guarda-Costas", ou seja, literalmente é daqueles diretores das antigas, e aqui ele mostrou bem esse estilo, pois conseguiu segurar toda a trama com bons argumentos, atores preparadíssimos para enfrentamentos, e dinâmicas simples, porém coerentes ao ponto de segurar o público, de modo que vemos a mão do diretor passando ao redor de toda a trama, mas deixando sempre aberto para que os atores se entregassem e mostrassem personalidades, afinal o embate foi real no tribunal, e certamente cada um ali precisou ser muito coeso tanto para brigar, quanto para aguentar as coisas que ouviram, pois até hoje Irving afirma que não houve o Holocausto, e já teve outros grandes enfrentamentos. Ou seja, o diretor foi simples nos atos, porém direto nas atitudes, e com isso foi certeiro no desenvolvimento da trama, que ampliou todo o ambiente, e não ficando apenas preso no tribunal em si, deu rumos mais de pesquisa, e assim o resultado foi incrível de ver.

Quanto das atuações, Rachel Weisz está completamente diferente do que já vimos em outros filmes, com uma segurança no papel de sua Deborah, com olhares fortes, dinâmicas emocionadas, e muita serenidade para que cada ato fosse perfeito de atitudes, de modo que em alguns momentos nem a pessoa mais segura de si conseguiria fazer e ela foi lá e pôs o semblante pra jogo de forma certeira e agradou demais, ou seja, perfeita para o papel. Se fosse uma novela, certamente Timothy Spall seria daqueles que apanharia na rua pelo papel de seu Irving, de modo que o ator fez muito bem o personagem, entregando segurança do começo ao fim, ao ponto de chegarmos a ficar com raiva dele pelo excesso de segurança em afirmar que não houve o Holocausto, ou seja, o ator comeu literalmente todos os vídeos do real Irving, e fez caras, bocas, trejeitos, e principalmente olhares, acertando demais no que fez. Outro que foi incrível em tudo como o advogado Richard foi Tom Wilkinson, que inicialmente parecia meio jogado, estranho em cena, mas quando soltou o verbo no tribunal, e até no apartamento da protagonista, deu um show completo, agradando em trejeitos, na forma de discursar, ou seja, em tudo. Andrew Scott fez o advogado de preparação do material Anthony Julius, e seu estilo sério demais, com pegadas até arrogantes demais acaba incomodando, mas fez isso tão bem que o incômodo acaba valendo, e assim sendo seu resultado acaba bem válido. Dentre os demais, todos apareceram ao menos um pouco para funcionar na trama, e fizeram isso de formas simples, mas muito bem colocada, o que acaba resultando em algo bacana de ver, não tendo ninguém se sobressaindo e deixando que os protagonistas dominassem as cenas, e dessa forma não vou destacar ninguém dos secundários.

No conceito visual da trama foram bem precisos nas cenas em Auschwitz com uma representação em meio de neve, frio, cenas intensas e muitas emoções tanto visuais quanto de interpretações no meio, de forma que tudo foi bem representativo. Souberam também dar um ótimo contraste entre EUA e Inglaterra com o clima chuvoso exagerado de Londres, mas também para dar uma pegada mais tensa para as cenas ali, e tudo foi muito bem montado, a cenografia do tribunal, os escritórios, toda a jogada de marketing dos jornalistas empoleirados para pegar cada momento, ou seja, a equipe de arte fez um trabalho perfeito de elementos.

Enfim, não posso dizer que é um filme perfeito por termos alguns exageros pontuais na trama, mas é um tremendo filme de julgamento, mostra realidades fortíssimas que muitos assumem algo como sendo verdade e acreditam nisso fielmente, mesmo que provem que eles estão errados, e ainda de quebra temos um longa histórico baseado em algo que aconteceu mesmo, e que vale demais a conferida, ou seja, se você gosta ou não do estilo veja o longa na Netflix, e aprenda um pouco a argumentar com provas sem maquiar os fatos ao seu favor. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Netflix - Desaparecida (Perdida)

4/09/2020 12:13:00 AM |

Se você assiste muitos filmes de suspense policial na Netflix, certamente o algoritmo da plataforma lhe irá sugerir o longa argentino "Desaparecida", e diria que o começo e o miolo da trama até entrega um filme bem interessante do tema, brincando com a possibilidade da moça ter morrido ou apenas sumido, porém ao resolverem fazer a quebra do clímax próximo ao final, ele acaba se tornando uma novela tão cheia de pontos bobos, com momentos que beiram a bizarrice, mas que ainda assim fazem lógica para a ideia completa. Ou seja, é um filme que tem uma pegada, uma proposta e até um ritmo bem interessante, mas que desandou no final, de modo que talvez o diretor até pensasse em algo maior como uma série ou uma sequência, mas que ao ver que não rolaria a ideia resolveu jogar tudo para o alto e o resultado falhou demais. Não digo que seja uma bomba tremenda, mas também passa bem longe de ser um filme que prenda na cadeira e ao final você esteja de queixo caído, como geralmente esperamos ficar em filmes do estilo.

A trama em si é bem simples e nos conta que uma policial, cuja amiga de infância desapareceu na Patagônia anos atrás, inicia uma nova busca para encontrar respostas e logo encontra sua própria vida em perigo.

O mais interessante de se pensar é que o diretor Alejandro Montiel sabia por onde devia pegar o público, porém ele quis ir além, e isso é uma grande sacada, porém ele abriu tanto o vértice de sua trama que acabou se perdendo um pouco em tudo, e algo que era mais tramado, quem sabe com uma investigação mais aprofundada, mais elementos acontecendo com a amiga investigando tudo ali, para daí somente ao final termos as revelações, sem precisar envolver um cartel imenso de tráfico e sacadas com personagens desnecessários, certamente resultaria em um filme tenso e bem moldado, algo que casualmente argentinos sabem fazer bem, porém aqui quase desandou para o lado das novelas mexicanas, e assim a garantia de um bom filme foi quase para o brejo, e acredito que poucos irão se envolver e gostar do resultado final, mesmo que bem amarradinho.

Dentro das atuações, posso dizer facilmente que Luisana Lopilato tem estilo, e consegue dominar bem como protagonista, de forma que sua Pipa se entrega tanto nos atos mais dialogados quanto nas cenas de ação, e embora seus olhares sejam bem dispersos, acaba agradando de certa forma. Poderiam ter usado um pouco mais Nicolás Furtado com seu Seretti, tanto que só no final ficamos sabendo seu nome mais a fundo, e o personagem poderia dar um tom mais dinâmico para a trama, mas deixaram ele bem de lado, e no final quase que quis virar par romântico, aí já ia ser apelar demais. Amaia Salamanca trabalhou bem sua Nadine/Sirena, de modo que soa misteriosa ao mesmo tempo que entrega uma mulher empoderada de estilo, mas suas cenas acabam sempre rápidas demais, não marcando tanta presença quanto poderia. Oriana Sabatini também teve alguns atos bem interessantes com sua Alina, mas acabou que a jovem sumiu tão rápido de cena, que nem pudemos explorar mais seus dotes, e certamente a investigação fluiria mais com ela. E quanto aos demais, melhor nem comentar, pois uns tentaram aparecer muito e soaram falsos, e outros ficaram sem dinâmica alguma para representar algo que valesse a pena.

A equipe de arte brincou bem com as duas épocas, trabalhando pouco o visual de 2003 com as garotas na Patagônia, e na época atual a dinâmica se concentrou na casa desorganizada da protagonista, no apartamento chique da antagonista, e em um cativeiro na volta da Patagônia, mostrando ainda o bailinho das garotas, e algumas cenas numa delegacia não muito casual, de forma que não vemos nada que seja realmente chamativo para a trama, e mesmo nos atos que destoaram como as cenas das mortes nas bananeiras, o filme sai do eixo e mostra que tentaram ir além, mas não conseguiram.

Enfim, é um filme de boa proposta, porém bagunçado demais para agradar, que até prende um pouco no começo, tem um miolo de fáceis descobertas, e um fechamento exagerado de vértices, daqueles prontinhos para abrir novos longas, mas isso tudo não funciona, e assim sendo, só quem realmente gostar de um estilo novelesco que vai acabar gostando do resultado final. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Netflix - O Livro de Henry (The Book Of Henry)

4/08/2020 01:29:00 AM |

Tem filmes que sabem trabalhar tão bem temas pesados e leves em tão pouco tema que acabamos simplesmente viajando pela trama, e certamente "O Livro de Henry" se encaixa nesse perfil, pois ele entrega ao mesmo tempo a força de um garoto superdotado de uma inteligência sem limites, trabalha doença e morte quase que em sequência, e ainda tem aberturas para abuso de menores, atentado, e claro ainda coloca a doçura de Jacob Tremblay em seu começo de carreira com aquela voz fofa e olhares amorosos envolventes, ou seja, um filme que oscila tanto que ao final já estamos desesperados pelo que pode acontecer. Claro que não é um filme novo no catálogo da Netflix, então muitos até podem já ter visto, mas quem ainda não colocou ele na lista, fica a dica, pois a trama é muito gostosa de acompanhar, tem atitude, e acerta bem no ritmo, mas que falha apenas em ter acontecimentos rápidos demais, pois alguns mereciam ser melhor degustados, o que não ocorre, mas ainda assim é um tremendo longa bem atuado por todos, e que acertaram a mão no estilo.

O longa nos conta que Henry e Peter são dois irmãos criados pela sua mãe solteira, Susan. Henry, apaixonado pela sua vizinha Christina, escreve um livro de resgate para tirá-la dos maus tratos do pai policial. Quando sua mãe descobre sobre o seu plano, ela decide que eles irão colocar a ideia em prática.

O mais engraçado de tudo é o filme não ter estourado nos cinemas, pois dois anos antes o diretor Colin Trevorrow tinha estourado com "Jurassic World", o longa tem um elenco de peso, uma história bonita, mas acabou tendo prejuízo, e mais da metade do orçamento não foi recuperado, ou seja, algo completamente absurdo, pois o diretor soube conduzir com muita desenvoltura as crianças, trabalhou os diversos temas (e esse pode ser um dos problemas: o excesso de temas) com um bom primor para que o filme não ficasse pesado demais, e principalmente deu dinâmica para o filme, pois com tantos temas para desenvolver, se ele quisesse poderia amarrar tudo e segurar o longa com mais 20 a 30 minutos fácil, mas não, fez algo de apenas 105 minutos bem coeso, aonde a emoção funciona em diversos atos, e até comove com a intenção completa. Claro que o filme poderia ter chocado mais em alguns momentos, poderia ter criado alguns momentos mais emocionantes, mas como conteúdo completo ele acaba envolvendo e funcionando, ou seja, o resultado deu certo por completo.

Sobre as atuações, embora o filme seja sobre o livro de Henry, quem deu um show na tela foi Naomi Watts com sua Susan, pois ela pegou tudo o que viveu de desespero em "O Impossível, e colocou aqui com mais envolvimento ainda e trabalhou dinâmicas precisas e criativas, ou seja, a atriz gosta e sabe sofrer muito bem na tela, funcionando demais seu papel, que inicialmente até parece ser meio bobo demais, mas do ponto de virada até o final, foi uma cena melhor que a outra sua. O jovem Jaeden Martell entregou muito para seu Henry, de forma que seus primeiros atos são incríveis, o jovem traz consigo uma personalidade plena e certeira, porém como o segundo ato é dominado pela sua voz em formato narrativo, até temos alguns atos bem entonados e engraçados de pensar na forma que o garotinho pensou dentro do roteiro, mas soou levemente artificial, e poderiam ter trabalhado melhor isso, pois ele como criança não saberia aonde poderia acertar, mas a direção poderia ter melhorado alguns pontos. Já disse diversas vezes que Jacob Tremblay é um ator diferenciado, e que precisam segurar muito a onda dele para o jovem não desandar, pois seu estilo é muito forte para um garotinho de pouca idade, e em todos os filmes, até mesmo nos filmes mais toscos que entrou, ele deu show, e aqui seu Peter é doce, é cheio de atitude, e interpreta com brilho no olhar, ou seja, perfeito. Tivemos uma falha de não desenvolver mais o personagem de Dean Norris, pois seu Glenn se formos olhar a fundo é extremamente protagonista, ou melhor, antagonista, e se ele falou seis frases de meia dúzia de palavras foi muito, e isso é algo que atrapalhou muito o resultado, pois poderia ser bem mais forte todas suas cenas. E quanto aos demais, também tivemos pouco desenvolvimento de Sarah Silverman com sua Sheila, a jovem Maddie Ziegler também foi apenas bonitinha com sua Christina, e Lee Pace fez um médico bacaninha que poderia ter mais rumos na trama, mas serviu de enfeite apenas, ou seja, sem destaques secundários.

Visualmente a trama teve alguns atos bem desenhados, mas que não foram usados a esmo, tanto que a oficina aonde as crianças brincam e criam seus aparatos tecnológicos só foi usada em determinado momento para emocionar, mas poderia ir muito além, pois ali era um local marcado entre eles, e tinha muitos detalhes para ir além da cena final, que é muito boa, mas foi simples demais, os atos que o jovem faz em suas idas para escrever toda a ideia no livro foi usada rápida demais, ou seja, a equipe de arte trabalhou tanto para ter um filme cheio de detalhes, e o resultado acabou sendo singelo demais, porém ainda assim vale para efeitos de preenchimento, e isso agrada ao menos.

Enfim, é um filme que prende muito, que traz mensagens fortes para se refletir, afinal sabemos que isso (um dos temas, no caso o abuso de menores) ocorre em muitos lares, e com o resultado emotivo em cima de tudo o que o filme passa, acabamos nos envolvendo bastante, ficando felizes ao final com a forma doce que tudo funcionou. Claro que o filme poderia ir muito além, sim, mas iriam precisar subir classificação indicativa, ter menos cortes, e tudo mais, mas acredito que valeria a pena, porém mesmo com todos esses adendos, ainda recomendo muito o longa para todos, e sendo assim, fico por aqui hoje, voltando em breve com mais textos, então até logo mais pessoal.

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Netflix - O Homem Que Viu o Infinito (The Man Who Knew Infinity)

4/07/2020 01:41:00 AM |

Tenho de começar o texto com a mesma frase que o longa inicia: "A Matemática, vista corretamente, possui não apenas verdade, mas também suprema beleza...", e foi dita por Bertrand Russel que aparece várias vezes na trama, mas mais do que aparecer, essa frase diz tudo sobre o filme "O Homem Que Viu o Infinito", que não é tão novo, muito pelo contrário, já está há algum tempo na Netflix, e acabei pulando ele, mas voltando na frase, ela coloca toda a essência que será passada na trama, pois muitos acabarão se assustando de um filme que fala sobre a matemática pura, de provar fórmulas, de ambições em cima de algo mais complexo, de matemática acadêmica daquelas que muitos sequer sonham a dificuldade que é, porém mais do que apenas matemática, o longa transmite beleza, garra de um homem movido a fé, que deixou seu país, esposa, cultura e tudo mais para sobreviver em meio a um lugar que ninguém acreditava nas suas capacidades, e que foi muito além, conseguindo fazer até um ateu acreditar em algo que não fosse provável. Ou seja, é daqueles filmes que emocionam, que envolvem, e que principalmente, sendo bem atuado e dirigido consegue ir muito além de apenas uma história.

O longa conta uma verdadeira história de amizade que mudou a matemática para sempre. Em 1913, Ramanujan, um gênio da matemática autodidata da Índia viaja para o Colégio Trinity, na Universidade de Cambridge, onde ele se aproxima do seu mentor, o excêntrico professor GH Hardy, e luta para mostrar ao mundo a sua mente brilhante.

É até interessante ver que o diretor Matt Brown não fez mais nada após esse longa de 2015, e isso é triste, pois ele mostrou um trabalho de época minucioso, um envolvimento bem cheio de pontas para sentirmos cada ato, e principalmente ao trabalhar com uma história real, o trabalho de pesquisa foi bem mostrado, de forma que mesmo quem nunca ouviu falar de Ramanujan acabará indo pesquisar algo dele ou de GH Hardy, outros irão apenas se emocionar com a bela obra criada pelo diretor ao ponto de gostar das atitudes colocadas, ou dos elementos alegóricos que funcionarão mesmo que a pessoa não saiba nada do que estão falando na tela, e isso é bacana de ver, pois a trama entrega cálculos reais dificílimos, daqueles que ninguém conseguia resolver, e vamos apenas ver como algo bonito e feito com muita força de vontade. Ou seja, um filme que certamente foi desprezado na época, mas que vale muito a conferida por tantos motivos quanto os números que o protagonista tenta defender, ou seja, infinitos motivos.

Sobre as atuações, sabemos bem que Dev Patel é daqueles atores que muitos não gostam, mas que sabemos que sempre vai entregar personagens com alguma marca pessoal sua, e aqui seu Ramanujan é doutrinado, com um temperamento forte, e nos envolve com muita precisão, mas que por sempre manter olhares meio que vagos, geralmente ficamos esperando um algo a mais dele, e aqui ele certamente poderia ter ido muito além do que já foi, que foi bom. Jeremy Irons é preciso em tudo o que faz, e aqui seu Hardy é daqueles que ao mesmo tempo que ficamos com um ódio mortal, também acabamos nos apaixonando pelo que faz, e suas desenvolturas cênicas são brilhantes ao ponto de querermos cada vez mais ele em cena, e o acerto é perfeito. Toby Jones também deu um show de carisma com seu Littlewood, trabalhando bem em cada um dos momentos que apareceu, e sabendo certamente ser envolvente com poucos atos. Jeremy Northam fez o papel do homem da frase que comecei o longa, e seu Bertrand Russel é simpático, tem estilo, mas não aparece tanto em cena, o que deixou a trama meio que de lado, pois talvez algo a mais chamaria atenção para o personagem que tinha potencial. Quanto aos demais, o filme todo tentou dar chances das mulheres indianas terem algum destaque, mas soaram apagadas demais para comentar sobre elas, então prefiro falar que foram coerentes com seus papéis, mas sumiram em cena, e foram deixadas de lado, enquanto os personagens da guerra também apareceram pouco, mas marcaram território nas cenas mais envolventes.

Visualmente o longa entregou um ar de época incrível, brincando bem com o lado acadêmico, das famosas sociedades de grandes doutores catedráticos, de homens denominados pelo rei como grandes nomes da ciência, com muitos livros espalhados pelas salas, com uma universidade pomposa e recheada de detalhes, na guerra com os diversos hospitais de campanha, na Índia toda a pobreza mostrada em detalhes pela exploração, ou seja, um filme bem detalhado, com diversos elementos cênicos como papeis com muitas fórmulas e cálculos, símbolos simples espalhados e muito mais que mostrou que a equipe de arte trabalhou muito bem tanto na pesquisa de detalhes, quanto na execução de cada ambiente para que tudo ficasse o mais próximo do real, o que foi de um acerto tremendo.

Enfim, é um filme emocionante e muito envolvente, que até pode ter me atingido um pouco mais por ter feito Matemática lá num passado bem distante, mas como disse o longa vai bem além dos números e fórmulas para mostrar a perseverança do jovem em cima de sua religião e dos seus objetivos, fazendo o longa ficar muito comovente e agradável demais de conferir. Ou seja, recomendo ele para todos, sei que muitos talvez já tenham até visto já que é um filme antigo, mas quem não viu, veja. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Netflix - O Guardião Invisível (El Guardián Invisible) (The Invisible Guardian)

4/06/2020 01:37:00 AM |

Já vi países que gostam de longas de suspense, mas igual a Espanha tá pra aparecer igual, e lá o pessoal anda adaptando tantos bons livros que começo a esperar ver logo mais grandiosas produções ainda maiores, e melhores! Claro que tem surgido também algumas bombas nesse miolo, mas hoje felizmente o primeiro filme da Trilogia Baztán veio num momento que procurava uma boa trama envolvente na Netflix, e posso dizer que "O Guardião Invisível" é daqueles filmes que prende do começo ao fim, e vamos ficando intrigados com quem pode ser o assassino, e sem que eles nos deem pistas melhores, vamos criando os arcos na cabeça e esperando cada momento novo para tentar decifrar um pouquinho. Confesso que não sabia que era uma trilogia, e muito menos que a segunda parte já será lançada daqui duas semanas na Netflix também (a terceira acho que vai demorar um pouco com todo esse rolo que anda o mundo, mas vamos esperar!!), porém a trama aqui tem um bom começo, meio e fim, não deixando tantas amarras assim para esperarmos algo além no segundo filme, tipo só alguns itens achados minutos antes da finalização acabaram abrindo outro vértice, mas não atrapalharam o fechamento do primeiro mistério das garotas sendo assassinadas, e o resultado até é bem intrigante de ver. Outro bom detalhe é que por ser baseado em livros, aqui os diálogos foram melhor trabalhados do que vemos em alguns filmes soltos, e assim o resultado lembra um pouco de "Seven" e de "Zodíaco", ou seja, tem estilo e classe a trama, embora já vi cidades que chovem, mas essa do longa lavou as câmeras.

O longa nos conta a que Amaia Salazar, inspetora de polícia de Pamplona, ​​é orientada por seu superior para investigar um assassinato. O caso refere-se a uma adolescente cujo corpo nu foi encontrado ao lado de um rio perto de Elizondo, cidade natal de Amaia, uma vila chuvosa cercada por florestas e montes, cheia de mitos locais e superstições antigas. O instinto de Amaia para casos criminais será contestado, à medida que mais corpos nus de meninas adolescentes forem encontrados na floresta. Tentando resolver o caso e descobrir a identidade do assassino, Amaia deve não apenas enfrentar seu próprio trauma de infância devido aos abusos de sua mãe, mas também uma crescente suspeita de que talvez o assassino seja alguém que está perto demais para se confortar.

São raros os diretores que conseguem trabalhar bem longas de suspense policial envolvendo atos místicos, mortes fortes (mas bem montadas) e simbolizar tudo com muita ação e tensão, de modo que vamos observando os detalhes e tentando montar um quebra-cabeça gigante para chegar antes mesmo que a protagonista no assassino, e isso é muito a característica de filmes feitos em cima de livros, e o sucesso dos livros de Dolores Redondo caíram certinho no perfil do diretor Fernando González Molina
que pegou a trama adaptada por Luiso Berdejo e criou algo maior ainda, pois até vemos as páginas do livro sendo folheadas durante a exibição do filme, mas a amplitude é tão bem feita que vamos acompanhando o longa pensando junto com a protagonista, numa mesma aflição tão boa de ver que o ambiente todo passa a ser usado, e isso é algo que costumamos ver mais em longas de personagens bem fictícios como heróis, e raramente em longas policiais isso funciona, e aqui o acerto nesse caso foi iminente, tanto que se ele dirigiu da mesma forma o segundo filme veremos algo ainda mais imponente e certeiro (apesar de saber que em trilogias, o segundo filme é o que mais enrola e acaba desapontando!).

Sobre as atuações, diria que foram bem acertados quase todos os momentos da trama com todos os personagens, mas alguns fizeram algumas caras estranhas demais, que talvez pedissem até um pouco mais de desenvolvimento na tela, e claro que no livro isso ocorreu, como é o caso da irmã dona da confeitaria, e do mentor da protagonista que está longe e até cheguei a pensar que o filme fosse já alguma continuação de algo, porém felizmente isso não atrapalhou tanto o andar da trama, e o filme funciona sem muitas explicações (talvez isso ocorra no segundo filme!). Dito isso, Marta Etura foi bem coerente com sua Amaia, segurando a onda como protagonista de um filme de suspense, porém com uma pegada de ação, e dessa forma seus atos são sempre correndo, com expressões fortes e ativas, e dessa forma dá para contar os momentos de respiro da personagem na trama toda, ou seja, foi muito bem. Outro que teve uma boa desenvoltura como personagem, mas não foi tão bem apresentado foi Carlos Librado 'Nene' com seu Jonan, de forma que acredito ainda muito no seu personagem para o segundo filme, afinal aqui deu conexão para toda a investigação e saiu bem pela tangente em muitos atos, o que agradou bastante de ver. Como disse acima, Elvira Mínguez foi misteriosa demais com sua Flora, de forma que sua finalização até foi imponente e cheia de atitude, mas vai dar muito pano pras mangas futuras. Quanto aos demais tivemos um ou outro destaque de personagens secundários que até aparecem bem, mas sem muita atitude, ou sem um envolvimento chamativo para envolver, e até mesmo o assassino apareceu de forma até subjetiva demais, funcionando claro no ato final, mas sem muito o que falar, valendo destacar apenas então a garotinha que fez a protagonista quando pequena, Idurre Puertas por fazer momentos bem expressivos e precisar se enfiar no meio de um monte de farinha.

Quanto do conceito visual da trama, não sei aonde filmaram, mas conseguiram tanta chuva para o filme todo, que ou acertaram a época de filmagens para criar esse clima chuvoso lindo para a trama do filme, ou gastaram caminhões e mais caminhões de água para fazer o efeito, pois haja cenas em meio à chuva, e com isso a pequena vila ficou ainda mais forte com suas ruínas, com as cenas de enterro num cemitério marcante, com toda a correria dos personagens nas pequenas ruas, nas florestas marcantes e sombrias, com efeitos de fumaça, muita cenografia simbólica para as mortes, muito material de investigação, ou seja, um filme completo que certamente tentou agradar bastante o público leitor dos livros, para que realçassem detalhes em cena.

Enfim, é um filme denso, muito bem feito, que tem falhas como todo filme de suspense sempre traz na essência, de aparecer coisas sem muitas explicações, revelações ocorrendo em atos jogados, personagens secundários que acabam aparecendo mais do que devia sem que algo fosse melhor montado em cima deles, mas que no geral acaba envolvendo bastante, e funciona tanto como um filme único, afinal tem um final bem coerente e poderia acabar ali que sairíamos satisfeitos, quanto como uma parte de um todo, afinal agora irei esperar muito pelo dia 17/04 para ver a continuação na Netflix, e torcer para que não segurem tanto para lançar o último filme, pois certamente a deixa será forte no segundo longa. Sendo assim, recomendo bastante o longa para todos, mas principalmente para quem gosta de filmes investigativos, pois nos lembra bons clássicos do estilo, e quando isso ocorre, muitos acabam gostando. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Netflix - A Sun

4/05/2020 02:12:00 AM |

Já aviso logo de cara, se você não é daqueles que ama filmes de festivais, cheios de sínteses para refletir, aonde a calma predomina a ação, e mesmo com toda uma tensão subjetiva para resultar em algo, que o longa da Netflix, "A Sun" será praticamente difícil de aguentar até o fim dos 156 minutos de duração, e olha que gosto muito de festivais, mas aqui a trama enrosca muito. Claro que é um filme que foi muito elogiado pelas atuações cruas, por todo o trabalho cênico e pelas situações fortes que acabam retratando até mais do que o comum na vida de uma família, que sofreu muitos problemas, mas talvez se o filme tivesse menos aberturas, o resultado caminharia para algo bem melhor. Ou seja, é um longa que tem estrutura, tem história, tem bons momentos tensos, porém ele cansa e se arrasta demais, de forma que nos vemos próximos do final acreditando que o longa nem terá um final decente, largando tudo pela abstração e o público que imagine tudo, porém foram coerentes ao menos, e explicaram coisas que nem imaginávamos ter acontecido, e aí o longa acaba nos ganhando bastante, fazendo ter valido a pena chegar até lá.

O longa segue uma família problemática de quatro pessoas. A-Ho, o filho mais novo, sempre foi uma criança problemática, e seu pai, A-Wen investiu todas as suas esperanças e expectativas em seu introvertido filho mais velho, A-Hao. Enquanto A-Hao está tentando entrar na faculdade de medicina, A-Ho enfrenta detenção juvenil por um crime cometido com seu melhor amigo - embora não seja inteiramente de sua própria vontade. A-Wen abandona A-Ho, recusando-se a ajudar e até solicitando ao juiz que sentencie seu filho o mais severamente possível. Pouco depois de A-Ho ser enviado para a prisão, para piorar a situação, sua namorada aparece na porta de sua mãe Qin. A adolescente está grávida e determinada a ter o filho de A-Ho, mesmo que ele esteja trancado e não tenha ideia de que ela está esperando.

Não posso falar nada sobre os trabalhos anteriores do diretor Mong-Hong Chung, pois acredito que vi até hoje só uns 2 ou 3 filmes de Taiwan, e pela sua filmografia não lembro de ser nenhum dos que estão lá escritos, mas posso dizer que aqui ele mostrou algo bem intenso, cheio de ideias bem abertas para várias discussões, fazendo com que seu longa fosse bem trabalhado e servisse para mais do que apenas uma sessão, pois o filme discute com a ideia de pais que não apoiam mais os filhos quando vão presos, entra na questão do aborto, brinca um pouco com a ideia da pressão por entrar em uma faculdade e suas discussões filosóficas que não levam a nada, aplica o famoso conceito das más influências, ou seja, um filme que tem de tudo um pouco, e que consegue amarrar tudo, pois não vemos as situações fora do contexto da família, mas sim tudo implodindo os personagens para saírem de suas casinhas e trabalharem os temas, e assim o resultado funciona. Porém o ritmo é muito lento e o filme é alongado (afinal com tantos temas não daria para ser em 90 minutos!), e assim vemos o famoso problema de ver um filme na TV versus ver um filme em um cinema, que no cinema você veria inteiro, e apenas refletiria sobre tudo ao final, na TV como dá para parar, vamos aos trancos, e isso acaba dando um outro efeito. Ou seja, o diretor foi ousado em muitas cenas, e o filme tem estilo, mas não para muitos, que talvez odiarão tudo, enquanto outros irão chorar e se envolver com a trama.

Quanto das atuações diria que todos entregaram trejeitos sérios demais, chega a passar sofrimento para o público mesmo nas cenas mais descontraídas (se é que o filme tem alguma), e com isso a ideia de família problemática que o diretor desejava foi alcançada com muita tensão pelos protagonistas. O pai da família A-Wen foi interpretado por Yi-wen Chen com um pesar forte na essência, de modo que não conseguiu entregar um sentimento de perdão para o filho em ato algum, mas sua cena de fechamento foi daquelas para cair da cadeira, pois foi muito bem colocada em cima de tudo. A mãe Qin vivida por Samantha Shu-Chin Ko traz a dor de ver os filhos não bem em cada semblante seu, amarrando olhares, desenvolvendo situações e sendo muito certeira em atitudes, o que agrada bastante de ver. O jovem Chien-Ho Wu fez de seu A-Ho um garoto problemático de essência, e mesmo estando tranquilo sabemos que a qualquer momento ele pode entrar em algo ruim, e seus olhares não enganam ninguém de forma que vemos seus atos já esperando pelo pior, mas foi muito bem. Kuan-Ting Liu trouxe para o loiro Radish quase uma tatuagem na testa escrita "problema - fuja!", pois é daqueles que não tem como defender, e fez bem o ar de vilão e acertou muito bem. Quanto aos demais, a maioria entregou ares tristes demais, e isso desanima um pouco, mas o filme até pedia, e o destaque claro fica para o outro filho da família, vivido por Greg Han Hsu, que fez seu A-Hao alguém que até confundiu com o irmão, parecendo ser duas épocas, e ainda mais pelas palavras do pai que falava que só tinha 1 filho, então o resultado dele quase foi apagado, mas o jovem conseguiu seu momento ao falar claro o nome do filme, e o motivo de ser esse.

No conceito visual tivemos cenas bem intensas, algumas violentas e fortes, mas tudo feito com cores marcantes, ambientes bem montados para retratar a prisão, os empregos dos protagonistas, a cobrança em um cursinho, a casa simples dos protagonistas, e claro em todos os cantos da cidade frases motivacionais próprias para alguns acreditarem, ou seja, a equipe de arte trabalhou em prol do texto, não sendo a prioridade cênica, mas sim um complemento bem encaixado.

Enfim, é um filme bem interessante, mas que acabou sendo alongado demais para tratar de tantos temas, de forma que talvez reduzido em dois filmes funcionaria mais, ou até se o diretor quisesse trabalhar mais um lado da família e o outro amenizar, mas isso é um gosto pessoal, e acredito que alguns vão se apaixonar pelo longa, enquanto outros irão simplesmente detestar do começo ao fim, principalmente quem não for acostumado com filmes de festivais, então fica a recomendação de um belo filme, mas que tem ressalvas demais para o público alvo dele. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Netflix - Coffee & Kareem

4/04/2020 02:15:00 AM |

A comédia mais escrachada, aonde se usam de palavrões, abusos visuais, violência de todos os estilos, e muito mais era usada antigamente em seriados televisivos e funcionava bastante, pois muitos não aguentavam esperar o próximo episódio para rir de tanta besteira reunida, aí mais para frente resolveram usar isso em filmes, e funcionou bastante também, tanto que alguns hoje mesmo veem uma comédia mais clássica aonde era para rirmos da história ao invés dos atos e acabam nem gostando tanto, ou seja, tem gosto para tudo, e ultimamente voltaram a fazer mais filmes escrachados e apelativos, e o resultado tem sido bem agradável ao menos. Digo isso para começar a falar do novo filme da Netflix, "Coffee & Kareem", pois com toda certeza se você não gosta de apelação de barra, personagens gritando para aparecer, bagunça generalizada, tiros e violência visual e falada desnecessária, com certeza irá reclamar do começo ao fim do longa, porém se você gosta do estilo, será um show ao chegar no segundo ato, pois no primeiro deram uma leve amarrada exagerada, e quase derraparam, mas depois que a bagunça começa, não tem hora para terminar, e as últimas cenas, confesso que valem o filme todo.

A sinopse nos conta que o policial James Coffee está aproveitando seu relacionamento com Vanessa Manning, mas seu amado filho de 12 anos, Kareem, planeja sua separação. Na tentativa de assustar o namorado de sua mãe, o menino procura fugitivos criminosos, mas acaba encontrando uma rede secreta de atividades criminosas e coloca um alvo em sua família. Para proteger a mãe, Kareem se une a Coffee rumo à uma perseguição perigosa por Detroit.

Não posso dizer que o estilo do diretor Michael Dowse seja escrachado, pois não vi nenhum de seus outros filmes, mas aqui ele botou literalmente todos os seus personagens para gritar ao máximo, que se alguém assistir o filme em um apartamento com as janelas abertas é capaz que o vizinho acredite que estejam brigando, e a grande sacada foi jogar para o garoto toda a formatação de tiros verbais, aonde o filme flui e tem um estilo mais próprio, pois sabemos que Ed Helms tem um estilo cômico mais contido, e que precisariam colocar alguém para cutucar forte o comediante, e dessa forma o diretor soube trabalhar cada personagem de uma forma mais exagerada que a outra, e claro, deixar para o final o ato mais explosivo possível de um filme policial forçado, de forma que tudo nos prepara para algo mais bobo, porém quando acontece só me vi quase engasgando com tudo, num acerto maluco, mas muito bem feito, que mostrou não só técnica por parte de Dowse, mas sim personalidade para segurar a trama, que é curta, mas precisa de bons momentos.

Sobre as atuações, pode ser um pouco de implicância minha, mas não consigo curtir o estilo de humor de Ed Helms, pois você não ri da cara dele, não ri das piadas dele, e sempre exagerando ainda fica abaixo do que seria interessante ver, ou seja, aqui seu Coffee até tem boas cenas, mas ele só vai funcionar mesmo nas últimas cenas do longa, aonde claro que exagerando sai um pouco da casinha, e diverte ao menos, mas acredito que um ator mais engraçado realmente funcionaria bem mais na trama. Terrence Little Gardenhigh entregou um Kareem exageradíssimo de palavrões, de rimas fortes e de imponência, mostrando atitude e até uns trejeitos bem feitos, de modo que para o estilo funcionou bem, mas para fazer qualquer outro tipo de filme certamente os diretores terão que lapidar ele aos montes. Taraji P. Henson é daquelas mulheres fortes e que botam banca em seus diálogos, e aqui embora fique sumida por quase metade do longa, quando sua Nessa precisou agir, deu show, e poderia certamente ter sido melhor usada para o filme não depender tanto dos demais. Quanto aos demais, tivemos muito, mas coloca muito, exagero nas atuações de Betty Gilpin com sua Wattys e RonReaco Lee com seu Orlando, de modo que até dá para rir de alguns exageros seus, mas é apelação demais em tudo.

Quanto do conceito visual, a trama até tem alguns atos bem montados, em ambientes meio que jogados, mas com bons desenvolvimentos, desde um clube de striptease que vira espaço de tiroteio, uma academia que vira cenário para execução, porta-malas de carros, corridas em rotatórias, até chegarmos num galpão lotado de produtos químicos aonde a guerra realmente ocorre com direito a explosões e tudo mais de todos os estilos, ou seja, um filme que tem uma coloração até que forte, que brinca com o pó da cocaína para fazer fumaça, e que se não tivesse o apelo cômico cairia até que bem no estilo policial investigativo, caso quisessem, mas funcionou ao menos dentro do que foi proposto, tendo bons elementos cênicos sendo usados como arma, e que agrada bem.

Enfim, volto a frisar que o longa é apelação em cima de apelação, que diverte em algumas cenas, e que trabalhou bem a violência a favor do humor, o que é difícil de funcionar, mas aqui acabou sendo bacana. Ou seja, recomendo ele com tantas ressalvas que muitos até irão ver com um pouco de receio, mas tire isso da mente e se divirta, claro, se gostar desse estilo de comédia, pois do contrário nem perca tempo. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Netflix - Em Busca de Zoë (Saving Zoë)

4/03/2020 01:35:00 AM |

Sabemos bem que a Netflix tem uma tonelada de filmes de mistério, e que na maioria das vezes eles criam um clima intenso muito bom no começo, e no ponto de virada começam a desandar para um final que geralmente é bem ruim. Porém felizmente hoje "Em Busca de Zoë" conseguiu trabalhar o final de uma forma bem tensa e marcante (que até pode soar exagerada, direta e até meio que não funcional), mas que certamente você irá na metade já descobrir e ficar pensando em como irão estragar, pois tem todas as possibilidades de acontecer. Ou seja, ele está bem longe de ser uma grande obra do gênero, mas envolve bem por ser um filme bem simples, trabalhadinho de forma a confundir com as rápidas tomadas entre as irmãs bem parecidas, aliás uma grande sacada colocar irmãs verdadeiras no papel para ficar ainda mais cheio de nuances no filme, que consegue prender e entreter ao ponto de também querermos saber o motivo da irmã ter sido morta, que se pensarmos não vai resolver muita coisa, mas que na metade já estamos querendo que a garota vá a fundo logo.

O longa nos conta que após o assassinato de sua irmã Zoë, Echo está determinada a descobrir a verdade. Com o diário de Zoë como guia, Echo se vê sugada pela escuridão do mundo de sua irmã e descobre como uma pequena decisão pode levar a consequências trágicas.

Não era de se esperar menos do diretor Jeffrey G. Hunt, um filme investigativo cheio de tensão, afinal ele dirigiu diversos episódios de CSI e outras séries investigativas, mas por ter um estilo mais de séries talvez o filme poderia ficar arrastado para ter continuações, porém felizmente ele soube dominar a câmera e o tempo, brincar bastante com a linha temporal duplicada para mostrar os acontecimentos de antes e depois, mixando inclusive imagens sobrepostas para confundir o público com as duas irmãs muito parecidas, e com isso o resultado da trama acabou funcionando bastante. Além disso, ele soube pegar um roteiro escrito em cima de um livro de sucesso, e ousar com uma narrativa bem fácil de se envolver, o que foi muito bom tanto para a história, quanto para a dinâmica em si, pois é raro filmes de investigação terem menos que duas horas, e aqui acertadamente cortaram bem os espaços para que em 95 minutos tudo funcionasse bem, sem falta nem sobrar nada, o que é perfeito.

Quanto das atuações já disse que foi uma grande sacada pegar duas irmãs boas atrizes, pois mesmo que falhassem em algo, o que não ocorre, ao menos nas aparências o filme conseguiria se manter assustador com as mixagens que pretendiam fazer, da mais jovem imitando gestos e trejeitos da mais velha morta, e isso foi muito bacana de ver, de modo que tanto Laura Marano com sua Echo quanto Vanessa Marano com sua Zoë acabaram entregando seus personagens com imponência e muita desenvoltura, acertando na medida, e mesmo derrapando em um ou outro ato com caras sem muito nexo com o momento, o resultado delas surpreende bastante. Chris Tavarez foi bem coerente nos atos de seu Marc, conseguindo puxar algumas lágrimas, brigar bastante e fazer com que seu personagem tivesse uma boa importância, mas ainda assim poderiam ter brincado mais com seus atos tensos, talvez ter mostrado mais o julgamento, e até o ato da morte da protagonista em si para ter mais impacto, mas aí o filme aumentaria muito de tamanho, então vamos aceitar do jeito que ficou. Quanto aos demais, tivemos alguns personagens de eixo quase que jogados, como a amiga da protagonista Abby, o paquerinha Parker querendo ser mais do que isso na trama, e também os que se apresentaram um pouco mais e acertaram ao menos para valer o destaque como Giorgia Whigham como a drogada exagerada Carly, e também o sedutor traficante Jason vivido por Nathaniel Buzolic, que fizeram boa parte do segundo ato funcionar, mas não se impuseram tanto e ficaram apenas razoáveis para o filme em si.

A trama não tem tanto ganho visualmente, mas até é bonita de ver principalmente na versão contada, aonde vemos as coisas que a protagonista morta viveu em seu diário, então tudo tem um ganho de colorido, uma vivência mais ambientada cheia de detalhes, e tudo mais, enquanto a irmã que está sofrendo junto com seus pais, tudo é mais acinzentado, cheio de problemas, com poucos elementos cênicos em detalhe, mas claro que as festas de ambas são bem amplas, com toda uma conexão bem fundamentada, e mostrando bem as diferenças de festas de primeiro, segundo e terceiro ano de high scholl (o ensino médio americano). Ou seja, tudo foi montado de forma simples e efetiva que funciona, e mesmo o cômodo final do longa foi ambientado de maneira prática e intrigante, embora se o cara era especialista no que fazia, a amarração feita na protagonista foi coisa de amador nível bebê, mas se não ocorresse dessa forma, não teríamos um filme.

Enfim, é um bom filme de mistério, que prende o espectador, que até envolve bastante, mas que por ser simples e não querer ir muito a fundo, entregando um filme até que razoavelmente curto pelo estilo, acaba não sendo memorável, mas até que é bem bacana de conferir, valendo o tempo gasto, e com isso acabo recomendando bastante ele em meio a tantos outros problemáticos do estilo da Netflix, então vá sem muitas pretensões que a chance de gostar dele é bem alta. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Netflix - O Declínio (Jusq'au Déclin) (The Decline)

4/01/2020 10:41:00 PM |

Acho engraçado que alguns filmes da Netflix nos enganam direitinho pelos começos bem trabalhados, que acabam envolvendo e fazendo parecer uma história bem interessante de ver, e depois acabam mudando tanto o rumo que já nem sabemos mais o que queriam entregar, e isso aconteceu com uma força tão grande no longa canadense "O Declínio", que chega a dar nervoso. Não digo que a violência e toda a batalha final não seja algo legal de ver, mas inicialmente o filme parecia mostrar algo que estamos vendo acontecer, de pessoas se preparando para um momento pior, aonde a economia seria destruída, furtos, invasões de imigrantes e tudo mais, num conceito de armazenamento e preparação para uma fuga em família e tudo mais, daí então você se interessa pela trama, e logo em seguida o protagonista já está indo para um campo de treinamento... você vai falar beleza, é interessante também aprender a ter controle de armas e se preparar taticamente, mas eis que um erro de uma pessoa lá muda completamente o filme, e acaba virando uma perseguição por sobrevivência entre os próprios treinados e treinador, em algo sem rumo, sem muita lógica, que ficamos ao final até tensos com tudo o que ocorre, mas procurando aonde estava essa ideia toda na cabeça do roteirista. Ou seja, é um filme de dois vértices completamente diferentes, que até entrega uma violência imponente bem feita, mas que apenas jogaram na tela, sem rumo ou nexo algum, e com certeza você acabará o filme se perguntando o que viu mesmo.

A sinopse até nos diz mais ou menos o que esperar do filme, ao mostrar que um acidente fatal em um campo de treinamento de sobrevivência remota deixa os participantes em pânico - e prepara o terreno para um confronto arrepiante.

Pois bem, se antes não sabia o motivo da bagunça, agora posso atirar direto, afinal sendo o primeiro longa do diretor Patrice Laliberté e um roteiro escrito por três roteiristas é fácil demais acontecer esse estilo de problema, que acabamos vendo um filme que começa de um jeito e muda completamente o mote na metade para terminar ainda num terceiro e diferente estilo. Ou seja, não podemos de forma alguma dizer que o trabalho visual, os planos interessantes e as boas movimentações que o diretor entrega seja algo ruim, muito pelo contrário, se o jovem for realmente investir no estilo de longas violentos, certamente tem um bom futuro, pois conseguiu mostrar isso, porém faltou para ele conseguir pegar um roteiro bagunçado e fazer as certas mudanças para que seu filme ficasse com um rumo, tendo um começo, meio e fim coerente, e sendo assim até temos atos bem marcados na trama, mas é como se cada um fosse fazer um bolo, jogando o que tiver vontade no liquidificador, e entregasse para a pessoa o resultado disso, que não vai dar certo mesmo. Sendo assim, a verdade é única, pois temos um filme violento visualmente bem feito, mas sem rumo de história para funcionar, e assim sendo, o resultado não é um filme.

Sobre as atuações, vale dizer que é até difícil descobrir quem é o protagonista na trama, pois inicialmente temos Guillaume Laurin com o até jeitoso Antoine, que tem olhares meio que jogados, mas quando precisou atuar nas cenas de fuga até foi bem interessante, mas praticamente sumiu meio filme, e isso não é bom para um protagonista. Tivemos também Réal Bossé entregando um Alain cheio de mistérios, mas com uma notável psicopatia dentro de seu estilo, e o ator foi bem colocado ao menos, fazendo algumas cenas digamos boba, mas sempre direto ao ponto, e agradando bastante pelo menos. Marie-Evelyne Lessard trabalhou bem sua Rachel em alguns atos, foi praticamente omissa todo o começo do filme, mas ao final soltou todos os trejeitos e acabou entregando com força olhares para todos os lados e acertou em cheio no que fez. Agora quanto aos demais, é show de caras, bocas e atitudes bagunçadas para todos os lados, de modo que nem dá para destacar ninguém.

Visualmente ao menos o longa foi muito bem montado, com um acampamento no meio da neve, cheio de armadilhas, muitos ambientes para treinamento, preparações cênicas cheias de detalhes, e até efeitos visuais e maquiagens de primeira linha para dar o ar violento que a trama precisava, e nesse quesito ao menos podemos dizer que a equipe acertou bastante, pois funciona ao menos no que tentavam passar, e o filme flui.

Enfim, é um filme bagunçado demais, com atuações estranhas, reviravoltas mais perdidas que tudo, que é apenas bonito visualmente, então tiveram uma grande ideia, gastaram bem para fazer tudo, só que jogaram para o alto qualquer ideia de desenvolvimento, fazendo com que o longa ficasse mais perdido do que acertado. E sendo assim não tenho como recomendar ele para ninguém, pois o filme mais falha do que acerta. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Netflix - Kart Nervoso (Go!) (Go Karts)

4/01/2020 01:30:00 AM |

Se tem um gênero que é difícil conseguirem mudar as características marcantes do estilo é o tal de filmes envolvendo competições entre jovens, e se for usado então automobilismo então não tem nem o que discutir, é ver esperando acontecer cada momento claro, como a queda do mocinho fazendo alguma burrada, a briga entre todos da equipe e dos amigos, a reconciliação, a vitória, o arrogante sendo esnobado, o beijo, e tudo mais que daria para escrever quase uma receita de bolo tradicional com o tanto de clichês que iremos ver, mas ao invés de reclamar, é sempre gostoso ver tudo isso acontecer, pois acaba nos remetendo ao estilo clássico das sessões da tarde da nossa infância, e assim sendo vale a conferida do novo longa da Netflix, "Kart Nervoso". E praticamente nem tenho o que falar dele, pois tudo o que vai ocorrer já disse no começo do texto, pois ele possui tudo isso que falei, e ainda não tenta forçar a barra, de modo que flui quase que em ordem cada momento clássico do gênero, de modo que o filme australiano brinca em cena, e desenvolve seus momentos tradicionais, e o passatempo vale a conferida ao menos para quem gosta do estilo, ou até para aqueles que não querem ter de pensar em nada e apenas curtir uma velocidade em cena.

O longa nos conta que aos 15 anos, Jack se muda para uma nova cidade e descobre as corridas de kart. Com o apoio de seus amigos e de um piloto com um passado misterioso, Jack vai ter que aprender a assumir o controle de sua vida para conquistar o grande título.

Em seu primeiro longa Owen Trevor brincou bastante com a câmera e com a edição, fazendo recortes em quadros, trabalhando dinâmicas velozes bem encaixadas, e principalmente sabendo utilizar os pontos chaves para fazer tudo acontecer, de modo que o filme resulta em cenas engraçadas bem colocadas, mas sem surpresa alguma no que ocorre, e isso por incrível que possa parecer é bom, pois nem todo longa precisa ser inovador, cheio de vértices, fazer pensar e tudo mais, afinal tem aqueles que servem para limpar a mente apenas vendo algo comum. E acredito que essa tenha sido a vontade do diretor, pois não vemos erros e falhas por exageros, mas sim um filme limpo, com nuances simples e fáceis, que agrada por isso, porém é claro que sempre esperamos aquele algo a mais em um filme, e aqui não ocorre em momento algum, nem tem como esperar, pois o filme funciona sim, mas é o básico do básico, e como já disse, amanhã nem vamos lembrar mais dele, mesmo tendo sido gostoso ver ele.

As atuações também foram bem básicas, e chega a ser até engraçado ver os jovens em seu primeiro longa se perdendo completamente para onde olhar, o que fazer, que claro com um diretor mais imponente até daria alguns rumos melhores para cada ato, mas felizmente isso não chegou a atrapalhar tanto, de forma que soou até bonitinho ver eles aprendendo juntos cada ato. Dito isso, William Lodder até tentou ser o mais descolado em seus momentos, mas seu Jack não tinha desenvoltura para ser galã, nem dinâmicas suficientes para torcermos tanto para ele, de modo que chega alguns atos que o jovem parece nem se entregar para a câmera, e isso é uma falha gritante, que poderia ser menos forte no conteúdo, mas que ao menos não desandou por o filme também não exigir muito dele. O mesmo dá para dizer de Anastasia Bampos com sua Mandy, que foi até mais dinâmica de trejeitos, mas simples demais para marcar, e Darius Amarfio Jefferson com seu Colin, que ficou até meio que deslocado servindo apenas de ar cômico jogado de lado. Agora quanto dos adultos, a maioria teve pequenas participações e nem chegou a chamar a atenção, valendo claro o destaque para Richard Roxburgh pela essência dada para seu Patrick, e Frances O'Connor que tentou fazer de sua Christie uma mãe emotiva, mas que não chegou muito longe.

Visualmente o longa brincou demais, tivemos boas pistas de corrida, carros bem marcados, figurinos tradicionais de corrida (aliás a trama pelos figurinos aparenta que quiseram mostrar uma época mais antiga na trama, mas como não se fala nada em momento algum de datas, vamos seguir como algo atual, apenas meio retrô), e claro que o ambiente todo foi bem modelado para cada momento da trama, não saindo nada de surpreendente, mas valendo ao menos o funcionamento em si bem colorido e interessante de ver.

Enfim, volto a frisar que o longa é simples e passa bem longe de ser daqueles que vamos lembrar de algum dia ter visto, mas que justamente pela boa pegada dele, pelos clichês tradicionais que todos gostam de ver em uma boa sessão da tarde, é capaz que quando estiver passando você reveja ele, e do nada lembre que um dia já viu o filme. Ou seja, quem não tiver com nada para ver, e tiver com tempo, a trama até diverte um pouquinho e funciona no que se propõe, valendo o tempo gasto. Bem é isso pessoal, fica a dica então, e eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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