Propriedade

12/06/2023 11:57:00 PM |

Quem me conhece sabe que gosto de ver filmes sem saber nada sobre eles, para ser pego de surpresa realmente, e quando fui convidado para a cabine de "Propriedade", o pôster do título da cabine (não é esse acima), era algo tão inusitado que fiquei bem curioso pela ideia, achando até que seria algo meio documental misturado com ficção, mas claro que pedi o ingresso para a sessão, e hoje ao conferir, meus amigos!!!!! Que filmaço foi esse que me entregaram!!! De modo que só tenho digo uma coisa para vocês, confiram o longa nos cinemas a partir do dia 14/12, pois vai valer cada segundo de tela, sendo daqueles suspenses/terrores bem intensos, com atos marcantes bem representativos, usando algo bem real do país, aonde o sentimento tanto dos trabalhadores rurais quanto da protagonista dentro do carro vai fazer cada um refletir e sentir cada detalhe passado. Ou seja, é um filme tão amplo que tem levado muitos prêmios pelo mundo todo, mas que aqui optaram por indicar outro longa (no caso um documentário) para concorrer nas principais premiações, e aqui facilmente a trama dialoga com todo tipo de pessoa, mostrando que quando um grupo se junta não tem propriedade que pare em pé.

A sinopse nos conta que dois universos estão prestes a colidir, quando uma revolta de trabalhadores começa. Traumatizada por um caso de violência urbana, a reclusa estilista Tereza se refugia em uma fazenda da família na tentativa de se recuperar. Mas quando seu marido anuncia aos trabalhadores do local a sua intenção de vênde-lo uma revolta acontece. Para se proteger do levante dos trabalhadores Tereza se enclausura em seu carro blindado e mesmo separados por uma camada impenetrável de vidro, o conflito é inevitável.

Diria que o diretor e roteirista Daniel Bandeira conseguiu um feito bem grandioso com seu longa, pois a ideia em si é bem simples e a trama usa uma pegada que tem leves semelhanças com alguns outros filmes lançados recentemente ("A Jaula" e "4x4") de alguém preso dentro de um carro tentando sobreviver, mas aqui ele foi para um rumo muito mais inusitado e desesperador, juntando uma realidade de muitos trabalhadores rurais versus alguém traumatizado pelo mundo atual, com uma dinâmica muito mais desesperadora e imponente, aonde você não consegue imaginar os rumos que a trama poderia tomar, com o clima caótico só piorando, e ainda com a barra de tempo tendo muito filme pela frente, ou seja, o diretor soube criar uma tensão cheia de nuances marcantes, aonde não vemos um futuro promissor para a protagonista, mas não custa torcer para ela, ou não, afinal os trabalhadores foram enganados também, então é sobre isso, um filme aonde tudo pode acontecer, com uma noção política também bem colocada, mas que não se prende a isso, virando muito mais cinema do que discussão, e é o que acaba encantando.

Sobre as atuações, tivemos muitos personagens com bons trejeitos, a maioria sendo de atores desconhecidos da maioria, alguns vários estreando também nas telonas, mas o foco principal é claro em Malu Galli cheia de traquejos e envolvimentos com sua Tereza, já sofrendo com o trauma que passou na cidade, desesperada com a revolta dos trabalhadores, e presa na sua bolha que é o carro blindado, mas nem por isso se segurou, fazendo atos fortes e bem marcantes ali, com um fechamento que diria ser ainda mais simbólico pela formatação, mostrando o poder do roteiro e claro da atriz que pegou o papel. E claro do outro lado do carro o destaque fica com Zuleika Ferreira e sua Antonia perfeita de imposição, disposta a tudo para conseguir o que é seu, com trejeitos emocionais no começo convertidos para algo mais sério e direto durante os demais momentos, sendo bem determinada e cheia de personalidade, agradando demais. Muitos outros tiveram atos bem interessantes e marcantes, e o roteiro pedia isso sem que houvesse sobreposições, mas claro que dentre todos vale o destaque para Samuel Santos com seu Dimas correndo quase igual um touro feroz atrás da protagonista e sendo bem emblemático em todas as suas cenas, chamando demais a atenção para si, e não decepcionando.

Visualmente o longa se concentra bem nas cenas da casa grande de uma fazenda de criação de gado, mostrando bem os furtos dos trabalhadores desesperados por achar dinheiro e claro seus documentos de propriedade de suas terras, mostrando muitos elementos simbólicos de classe e claro as marcações nas peles das pessoas (colocando elas também como propriedades), e o carro totalmente blindado, imponente, com algumas comidas e bebidas que os patrões compram numa parada, o caderno de desenhos da estilista aonde consegue se expressar bem, entre roupas e tudo mais que consegue usar enquanto está presa ali, e claro todo o simbolismo do final marcante, que chama muita atenção pela inteligência do roteiro e suas nuances que passada na medida para a equipe de arte deu vida para a trama.

Enfim, é daqueles filmes tão fortes de nuances que você fica preso na história junto da protagonista, se envolve com todos os personagens, torce cada hora para algo diferente acontecer, e felizmente o diretor pensa como todos entregando algo que vai muito além, então confira no cinema que vai valer a pena, que só não darei nota máxima por alguns atos no começo serem rápidos demais, faltando um pouco mais de desenvolvimento ali, mas que não atrapalham em nada o resultado final, só sendo algo que particularmente gostaria de ter visto um pouco mais dos tratos na fazenda que são subjetivos, mas valeriam para impactar ainda mais. E é isso pessoal, fico por aqui hoje agradecendo o pessoal da Sinny pela cabine de imprensa, e volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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