Netflix - A Jornada de Vivo (Vivo)

8/07/2021 02:39:00 AM |

Sei que muita gente não curte musicais, mas o estilo sempre funciona bem com animações, ao ponto que o carisma dos personagens acaba saindo até mais do que o esperado no novo longa da Netflix, "A Jornada de Vivo", que trabalha o amor de um passado, a amizade, e principalmente a desenvoltura de sobrevivência em meio de fazer o que se gosta, numa brincadeira tão bem trabalhada, com um ritmo envolvente e interessante, e que acaba fluindo tão bem dentro de uma sintonia bem encaixada que acabamos dançando com os protagonistas mesmo em momentos que são quase que falados de forma ritmada. Ou seja, conseguiram criar algo com um cerne tão bem dominado pelo bichinho principal, junto de uma garotinha completamente maluca, que mesmo tendo alguns percalços de estilo o resultado final empolga bem, e certamente quem estiver disposição para o gênero musical vai torcer pelos protagonistas e se emocionar com o final. Claro que o filme tem alguns erros clássicos do gênero musical, como exagerar até em cenas que não são necessárias o cantarolar, porém os bons momentos superam os ruins, e o resultado final empolga bem.

O jupará Vivo e o seu dono Andrés passam seus dias tocando música para uma multidão em uma praça animada. Embora possam não falar a mesma língua, Vivo e Andrés são a dupla perfeita por meio de seu amor comum pela música. Quando Andrés recebe uma carta da famosa Marta Sandoval, convidando-o para o seu show de despedida com a esperança de se reconectar, cabe à Vivo entregar uma mensagem que o seu amigo humano nunca poderia: Uma carta de amor para Marta, escrita há muito tempo, na forma de uma canção. No entanto, para chegar até ela, o jupará precisará da ajuda de Gabi - uma adolescente enérgica.

O diretor Kirk DeMicco estourou em 2013 quando lançou algo completamente novo com "Os Croods", e aqui ele pegou uma ideia simples porém muito bem conectada e deu uma vivência incrível para o estilo, ao ponto que vemos cada envolvimento dos personagens com ritmo bem colocado, encontramos toda a sensação do jupará (um estilo de guaxinim - que achei que fosse um macaco) com a conexão inicial com Andrés e depois com a garotinha Gabi, e tudo o que rola em sua jornada para levar a carta até a cantora, com muitas canções, muitos personagens passando pelo meio do caminho e claro diversos percalços, de forma que vemos algo novo, muito bem modelado e desenhado, e que principalmente envolve bastante, pois ele vai criando a conexão com momentos clássicos, não apela muito, mas também não chega a criar nenhuma grandiosa ousadia, fazendo com que tudo fosse bem gostoso de assistir, agradasse tanto adultos quanto crianças, e tivesse seu próprio nicho, não entrando nem na briga das animações com temas polêmicos e pensantes, nem ficando nos bobinhos demais, agradando por completo.

Falar sobre os personagens é entrar em uma questão bem pessoal, pois o envolvimento do protagonista Vivo com a garotinha Gabi é muito interessante, pois ela é agitada no nível máximo, tem seu estilo de batida, e o juparazinho tem uma sintonia de ritmo mais envolvente, e se falarmos então nas dublagens, o cantor Lin-Manuel Miranda é daqueles que desponta em qualquer lugar, tendo estilo próprio entregando suas novas canções, e agradando demais em tudo o que faz, enquanto a estreante Ynairaly Simo se colocou com uma desenvoltura bem trabalhada, cheia de boas sacadas, fazendo com que seus personagens tivessem suas devidas interações bem montadas e agradassem cada um da sua forma, ou seja, foram muito bem em tudo, tiveram uma boa química na montagem final, e principalmente por serem bem modelados computacionalmente, tudo ficou ainda melhor. Do lado dos adultos, tivemos o carisma incrível no começo de Andrés, muito bem vivido por Juan de Marcos González, trabalhando a emoção num nível maravilhoso com o pequenino protagonista, e claro ainda tivemos o luxo de Gloria Estefan com sua Marta imponente e com a voz muito bem colocada nos seus devidos momentos, e mesmo participando pouco Zoe Saldana entregou uma mãe bem bacana de atitudes, mas bem icônica nos trejeitos colocadas para a animação. Além desses tivemos bons momentos com os demais animais, principalmente os pássaros tímidos muito bem encaixados na trama, a gigante pìton, e tudo muito bem colocado para agradar, aliás, vemos nos originais Brian Tyree Henry, Nicole Byer e Michael Rooker mandando muito bem nos papeis, mas fiquei com uma leve vontade de ver a versão nacional por ter Tiago Abravanel como o pássaro Dançarino. Ou seja, é uma trama de bons personagens, que possuem muito estilo e chamam a responsabilidade cênica a todo momento.

Visualmente o longa tem um tom muito gostoso, e cenários incríveis desde uma Havana marcante pelo bairro inicial dos protagonistas, com toda a dinâmica da canção, os carros, as pessoas e até as cores mais puxadas para algo caribenho avermelhado, depois vamos para uma Key West toda puxada em tons azuis, com uma pegada mais rápida pelo estilo da garotinha, até chegarem numa reserva florestal intensa de animais exóticos, com muito verde e diversas possibilidades de contrastes entre os protagonistas, os pássaros, e até mesmo a píton conseguiu ter boas nuances ali, e chegamos em uma Miami repleta de luzes, muita interação, mas caindo em um teatro musical caribenho também aonde a famosa cantora fará sua última apresentação, ou seja, é daqueles filmes que tudo tem algum simbolismo bem feito, e que envolve funcionando por completo, com muitos objetos musicais na cenografia, muitas coisas virando instrumentos musicais, e principalmente uma modelagem bonita de se envolver.

Claro como é um longa musical as músicas envolvem demais e tem todo um trabalho próprio de Lin-Manuel Miranda para que a criatividade superasse o tema e se doasse na junção de batida com romance, ao ponto que tudo envolve de forma simples e gostosa de ouvir, e que deixo o link aqui, mas que como fazem parte do contexto do filme não diria que recomendo escutar sem ser assistindo ao longa, e certamente o cantor deve jogar mais uma sua para as premiações.

Enfim é um longa bem bonito de ser visto, que até lembra um pouco o filme "Um Bairro de Nova York" que tem também Lin como músico, mais pelo ar latino é claro, e que funciona bem demais, mostrando que a Netflix/Sony tem crescido demais nas animações, e certamente irão começar a brigar mais com as grandes produtoras. Não digo que seja um longa perfeito, mas recomendo com certeza para todos pela simbologia envolvente, e fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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