La Parle

6/21/2023 11:54:00 PM |

Ultimamente andam surgindo alguns filmes que tem recebido a classificação um pouco genérica de docu-ficção, aonde vemos alguns casos cotidianos aonde se insere um tipo de problematização e a história se desenvolve em cima disso, e tem sido até interessante ver alguns casos para termos um pouco mais de cotidiano em alguns filmes, mas sem ficar no tradicional que já é bem usado tanto em tramas documentais ou em ficções mais próximas do usual comum. E seguindo essa base a trama "La Parle" trabalha uma ideia de uma onda mística na Costa Basca que muda a vida das pessoas, e vemos um grupo de amigos em uma viagem conhecendo a praia, conversando sobre a vida, e passando os dias, sem grandes mudanças ou floreios, apenas tendo a base da vó de uma das protagonistas que por ter Alzheimer repete sempre as mesmas coisas, sem ter nada que chame a trama para algo a mais. Ou seja, é um filme bonito de essência, todo trabalhado em preto e branco, tendo apenas a mudança no final para colorido por algo interessante que acaba sendo contado, mas que talvez dava para ir mais além para chamar atenção, ao menos não é cansativo, o que acabaria desandando tudo.

No longa vemos que os amigos Fanny, Kevin, Simon e Gabriela decidem se reunir para passar as férias na França. A escolha do destino tem uma razão especial: La Parle, uma onda que, segundo tradições, é capaz de revirar sentimentos e decisões. Cada um deles tem suas próprias preocupações: Fanny deve lidar com um exame médico iminente; Gabriela questiona sua vida longe da família, no Brasil; Kevin está distraído demais para se concentrar no trabalho; e Simon só quer que todos se divirtam. Pouco a pouco, os quatro vão mergulhando cada vez mais fundo nessa experiência, criando conexões inesperadas.

Como todos os diretores e roteiristas são os atores da trama também, a qual foi toda filmada usando Iphones, posso dizer que criaram bem todo o envolvimento da trama em algo mais centrado, de tal maneira que a história maior fica focada nos sentimentos de Gabriela Boeri para com sua avó, vemos algo a mais em cima da remissão do câncer de Fanny Ledoux-Boldini e na empolgação de Simon Boulier para fazer um pouco de tudo, enquanto Kevin Vanstaen quer mais terminar a edição de seu curta-metragem filmado poucos dias antes da viagem, e esse desenrolar que eles entregam passa a sensação que o público também está ali acompanhando eles nesses dias de praia, o que é interessante por um lado mais realista, mas sem muito o que falar como ficção realmente, o que pode afastar um pouco um público mais comercial.

O conteúdo visual é bonito com uma casa de praia, algumas cenas em festas, bares e até uma apresentação de carros, além de uma clínica de exames, e a escolha do filtro em preto e branco deu um ar clássico para a trama (embora desnecessário para a linguagem que queriam passar - tendo apenas o adendo da mudança de cor, meio como uma mudança de humor/felicidade com o resultado), e assim diria que as escolhas do quarteto foram bem trabalhadas, tendo um resultado interessante de ver.

Enfim, é um filme rápido, bem trabalhado e que tem uma síntese que funciona dentro da proposta, mas que dava para terem trabalhado algo ficcional mais intenso, algo mais cheio de nuances, e até mesmo mais criativo, que aí sim poderíamos classificar ele como uma ficção realmente, pois acabou sendo algo mais cotidiano que não vai chamar tanta atenção de um público maior. E é isso pessoal, não diria que recomendo o longa para muitos, pois já frisei que faltou ficção para chamar atenção, mas em casa quem sabe até vale um play. Eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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