Globoplay - Lansky - Uma História da Máfia (Lansky)

6/29/2023 12:22:00 AM |

O mais bacana de biografias ou histórias sobre pessoas e suas desenvolturas é que dependendo de quem escreve você pode ter uma impressão completamente diferente do "homenageado", e por vezes essas dinâmicas acabam recaindo em estilos diferentes encaixados por ideias bons ou ruins, e com "Lansky - Uma História da Máfia", que pode ser conferido na plataforma da Globoplay/Telecine, vemos como foi a história de um dos maiores mafiosos dos EUA, enquanto ele mesmo contava sua história para um escritor de livros, ou seja, veremos ele como um bom homem, que ajudou Israel pós-guerra, que ajudou amigos, mas que também mandou matar muitos que entraram em seu caminho, isso tudo enquanto é acompanhado pelo FBI atrás de seus milhões escondidos. Ou seja, é uma trama que você pode se envolver torcendo a favor ou contra o protagonista, mas que de uma forma gostosa e interessante acaba trabalhando parte da história de como hoje os cassinos rendem muito para o governo do país com seus bilhões em impostos, e que quem começou isso foi um garotinho visionário que quando chegou no país viu que a casa sempre pode ganhar enquanto todos estão achando que estão ganhando.

A sinopse nos conta que David Stone, um escritor renomado, mas sem sorte, precisa desesperadamente de uma pausa. Sua sorte muda quando ele recebe uma ligação surpresa de Meyer Lansky, o padrinho judeu do crime organizado. O gângster aposentado conta uma história estonteante, revelando a verdade não contada sobre sua vida como o notório chefe da Murder Inc. e do National Crime Syndicate. Durante décadas, as autoridades tentaram localizar a suposta fortuna de Lansky, centenas de milhões se foram. Esta é a última chance de capturar o velho gângster antes que ele morra; mas Lansky, como sempre, está um passo à frente do FBI, enviando-os em uma perseguição selvagem, evitando e superando-os a cada passo.

Diria que o diretor e roteirista Eytan Rockaway foi bem direto na proposta que desejava seguir, pois como disse no começo quando pegam para fazer uma biografia por mais que a pessoa não seja muito boa, acabam dando as devidas qualidades para que a pessoa seja enaltecida, e aqui ele mostrou que o livro sendo uma biografia encomendada pelo gângster, teve toda a entonação de quanto dinheiro deu para os judeus após a guerra para a construção de Israel (e que anos depois foi negado pela primeira ministra sua permanência no país!), mostrou como fez tanto os EUA quanto Cuba lucrar muito com impostos em cima dos jogos de cassino, e claro mostrou que mesmo tendo grandes amizades no núcleo dos mafiosos mais famosos dos EUA, não conseguiu salvar seu melhor amigo que vivia roubando, mas como diz o ditado "amigos, amigos, negócios à parte", então sabiamente o diretor brincou com toda a loucura do FBI em cima do dinheiro escondido do mafioso, e como usou o escritor para tentar influenciar um pouco de tudo, sendo uma trama que certamente teve muita pesquisa, e que com isso acaba sendo interessante dentro de um contexto histórico, que claro tem seu ar ficcional bem colocado, mas que envolve pelas boas atuações, e funciona muito como cinema também, porém dava para ele ter ido um pouco além no lado negro do personagem, mas aí sairia do lado homenageativo.

Sobre as atuações, Sam Worthington entregou muita personalidade para que seu David tivesse um estilo de escritor, e também passasse desenvolturas no olhar de julgamento do mafioso junto com toda a comparação com sua própria vida, ou seja, teve um ar sentimental bem colocado que acaba chamando atenção e funcionou bastante, sem ir muito além, mas também não ficando forçado na tela. Harvey Keitel trabalhou o gangster durante os dias que conta sua história para o escritor, e seu carisma é marcante para trazer o público para o seu lado na lanchonete e ir ouvindo cada detalhe, se conectando com muitos símbolos e envolvimento, tendo ainda bons trejeitos e atitudes para ainda manter seu estilo mesmo que aposentado, ou seja, agradou bastante, principalmente nos últimos atos. Já John Magaro trabalhou todos os momentos vividos realmente pelo gangster, e entregou muita intensidade nos olhares, foi imponente nas atitudes do personagem e acabou chamando muita atenção de forma a dominar praticamente todo o ambiente para si. Tivemos muitos outros bons personagens passando pela vida do protagonista, mas vale o destaque para David Cade com seu Ben "Bugsy" Siegel, por ser o executor das ordens do personagem principal, aonde Lansky administrava e Bugsy matava, de tal forma que o ator teve boas desenvolturas e conseguiu chamar muita atenção.

Visualmente a equipe de arte trabalhou bem os anos 80 com os protagonistas desenvolvendo a história em lanchonetes e restaurantes, com as escutas clássicas do FBI e todo o lado de um escritor mandando ver na máquina de escrever, sendo bem charmoso o estilo, e tivemos muito do desenvolvimento do personagem nos anos 40-60, mostrando seu crescimento no mundo da máfia, todas as reuniões do crime, e a desenvoltura das máquinas de cassino, todo o lance do filho deficiente com equipamentos caríssimos para tentar ter uma vida melhor, e claro todo o figurino chamativo dos gângsteres com ternos alinhadíssimos até para esfolar alguém, ou seja, tudo bem simbólico e cheio de referências a outros filmes, mostrando um trabalho bem rico de detalhes.

Enfim, é um filme bem trabalhado de conceitos, com uma história que segura bem o espectador, e que funciona tanto pelo lado histórico já que temos personagens reais, mas que de uma forma criativa bem contada acaba sendo interessante de assistir como filme realmente, então vale a recomendação para quem gosta de um drama biográfico bem feito. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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