Apple TV+ - O Banqueiro (The Banker)

6/11/2023 02:28:00 AM |

Falar de filmes que envolvam a época mais tensa da segregação racial nos EUA junto com termos bancários e econômicos tem de ser muito corajoso, pois certamente vão ter os que são contra tudo isso, e também os que não vão entender nada nas negociações, e diria que esse foi sem dúvida o maior problema que o longa da Apple TV+, "O Banqueiro", sofreu para não ter múltiplas indicações no ano de 2020 quando foi lançado, pois tem um elenco incrível cheio de grandes personalidades, trabalhou bem uma história real que foi muito forte de dois negros que compraram um banco no Texas racista dos anos 60, tem toda uma dimensão cênica bonita e intensa de ver, mas misturou um linguajar que eu mesmo que trabalho no ramo sofri para pegar todas as contas e intensidades mostradas. Ou seja, é um exemplar intenso do tipo, mas que tem dificuldades para todos verem, que dá para relevar numa sessão mais de festivais talvez, mas comercialmente pega um pouco.

O longa conta a história de Bernard Garrett e Joe Morris, dois empresários inovadores que traçam um plano de negócios audacioso e arriscado na luta contra a opressão racial dos anos 1960. O objetivo é ajudar outros afro-americanos na realização do sonho americano. Com a ajuda de Eunice, esposa de Garrett, eles preparam um homem branco da classe trabalhadora, Matt Steiner. Ele será a fachada rica e privilegiada de um império imobiliário e bancário em ascensão, enquanto Garrett e Morris se passam como zelador e motorista. O sucesso deles acaba chamando a atenção do governo americano, que ameaça acabar com tudo que os quatro construíram.

Diria que o diretor George Nolfi foi bem intenso nas escolhas que desejou entregar, pois já vi muitos longas que empunharam as temáticas de racismo nos EUA, já vi também muitas tramas que mostram fraudes financeiras e negociações ousadas, mas juntar ambas as coisas e colocar intensidade de técnicas, ensinar valorizações e tudo mais é algo que não dava para pensar, e o resultado embora seja meio lento de estilo, para quem gosta de conhecer um pouco mais desse meio complexo acabará ficando bem chocado com toda a pegada que ele soube desenhar. Claro que para isso ele acabou perdendo muitas chances, que dava para fazer um filme mais fácil sobre a vida real desses personagens, mas não iria ser forte de estrutura como acabou ocorrendo!

Sobre as atuações o trio principal dá muito show com o que fazem, e confesso que Anthony Mackie precisou estudar demais para entregar seu Bernard Garrett, pois o homem é uma máquina de cálculos, trabalhou olhares e desenvolturas, foi bem coeso nas intensidades, e principalmente não se deixou abalar, de modo que faltou trabalhar um pouco sua juventude, pois quando chegou na California já tinha alguns bens, mas soube ser imponente e nunca desistiu do que queria fazer. Samuel L. Jackson já fez seu Joe Morris com o estilão dele, meio que largadão, cheio de explosões faciais, e como todo bom empreendedor não curtia perder dinheiro, de modo que o personagem certamente ficou mais cheio de ginga que o verdadeiro, e isso deu um charme para a produção. Nicholas Hoult soube ser preciso nas dinâmicas de seu Matt Steiner, de modo que teve um brilho bem grande enquanto estava aprendendo, foi intenso e muito bom ator com as perspectivas para enganar e negociar com grandes nomes, e também se mostrou muito influenciável pela esposa nos atos mais fechados, mostrando estilo e agradando na personalidade do papel. Ainda tivemos grandes cenas de Nia Long como uma mulher que acreditava muito no marido e sabia bem o seu papel ali de grande visão e direção dos momentos com sua Eunice, e claro também tivemos Scott Daniel Johnson bem colocado com seu Florance oportunista e esperto para virar a mesa, de forma que todos se encaixaram bem e o resultado funcionou até mais do que deveria.

Visualmente o longa tem um estilo bem interessante da época, mostrando casas tradicionalmente de brancos que o protagonista busca para comprar, reformar e alugar na maioria para negros, mudando completamente a segregação racial das cidades, e ao comprar um banco ele coloca como metas também gerar empréstimos para negros, o que alavancou o progresso de seus correspondentes, ou seja, mostrou muito da visão do real Bernard, vemos bem todo o estilo de visual dos personagens, vemos os carros da época e tudo muito bem colocado, não soando forçado nem fora do padrão.

Enfim, é um filme simples de história, mas que mexe com temas polêmicos e complexos para um único filme, de forma que talvez por ser assim mais fechado não tenha caído no gosto popular e dos votantes das premiações, mas quem gosta de um filme biográfico acaba valendo a recomendação de play. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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