Netflix - Escolha ou Morra (Choose or Die)

4/19/2022 12:53:00 AM |

Uma coisa que é bem bacana no gênero terror é que os diretores/roteiristas não ligam de ser bizarros com o que vão entregar, pegando uma ideia que as vezes poderia dar muito errado dentro de um drama ou suspense, e fazer ela ficar genial com doses insanas de violência ou sangue, e pronto, o terror está feito. Digo isso, pois quem for conferir o longa que estreou na Netflix, "Escolha ou Morra", esperando um roteiro impressionante sem furos ou situações estranhas irá se decepcionar muito, do tipo que vai querer ver algo do estilo do primeiro "Jogos Mortais" então como vi em um comentário na internet sonhou demais, mas a trama tem uma boa pegada, tem cenas fortes de mutilação, e a ideia de um joguinho arcade das antigas com uma maldição inclusa para a pessoa escolher sempre entre duas situações funcionou bastante para torcermos pela protagonista, e claro pelo desenrolar bem explicado no final, ao ponto que de algo mediano que parecia inicialmente resultou em algo bom o suficiente para indicar, e quem sabe torcer para continuarem de alguma forma ainda mais bizarra. Ou seja, não é algo que possa dizer ser memorável, mas faz valer os 84 minutos de duração, que poderiam ainda ser menores se tirassem alguns atos meio que de pensamentos da garota sobre fazer ou não fazer.

A sinopse nos conta que uma estudante falida em busca de um prêmio de US $ 100.000, acha um jogo obscuro de computador de sobrevivência dos anos 80 e começa a jogar, com o objetivo de tentar vencê-lo para ganhar o prêmio principal. Depois de achar esse jogo retrô demoníaco e se envolver mais do que gostaria com ele, a jovem programadora desencadeia uma maldição oculta que destrói a realidade, forçando-a a tomar decisões terríveis e enfrentar consequências mortais. Após uma série de momentos inesperadamente aterrorizantes, ela logo percebe que não está mais jogando por dinheiro, mas por sua própria vida. E cada escolha mortal que ela é forçada a fazer, reforça ainda mais a premissa de que se você morrer no jogo, você definitivamente morre na vida real.

Diria que o diretor Toby Meakins soube ser bem ousado em sua estreia com longas, pois a ideia toda tem um bom trabalho de estilo, capta bem a síntese dos jogos de duas respostas apenas, e brinca com a vontade clara de uma pessoa desejar algo a mais e depois se ver encrencada com o que acaba acontecendo, ou seja, ele pode ter exagerado em não dar um estilo mais verossímil para toda a ideia de sua trama, mas como esses joguinhos trabalham algo bem bobo realmente, o resultado funciona, ainda mais trabalhando com o vértice da maldição ou bruxaria que trabalha de forma livre quando colocado em filmes. Ou seja, podemos não acreditar na bizarrice que é mostrada no fechamento como a criação do jogo e a ideia do uso da maldição, mas para o esquema do jogo funciona, e assim sendo se relevar essa ideia e curtir a loucura o resultado do primeiro trabalho dele até acaba sendo bom, mesmo que force tudo para essa loucura ser "crível".

Sobre as atuações, essa foi a primeira atuação em longas da jovem Iola Evans, e faltou um pouco mais de expressividade para que sua Kayla decolasse realmente, de modo que ela fez o que o filme pedia jogando e seguindo pelas fases, e em alguns atos se questionou sobre tudo, mas poderia ter ido além, chorado mais, enfrentado mais e assim quem sabe explodido um pouco mais também. Agora sei que muitos vão falar que eu só não o vi crescer por não estar conferindo uma série famosa, mas os anos voaram para Asa Butterfield, que de garotinho em "A Invenção de Hugo Cabret" e "O Menino do Pijama Listrado" já está um jovem adulto imponente com nuances e sacadas bem colocadas com seu Isaac, trabalhando meio que de lado toda a ideia, mas também fluindo bem na ideia toda, e interagindo bem com o jogo, além de demonstrar um carinho a mais pela protagonista. Quanto aos demais, talvez pudessem ter trabalhado um pouco mais os outros personagens, pois a família inicial parecia ir bem, e Eddie Marsan jogou bem a ideia com seu Hal, mas quiseram dar um pouco mais de destaque para o traficante vivido por Ryan Gage, deram uma usada extra de personalidade para Joe Bolland, e assim ninguém foi além, porém como personagens do jogo até foi válido cada elemento artístico.

Visualmente o longa foi bem interessante com algumas cenas de mutilação fortes logo no começo, algumas intensas também no miolo pro fim, mas outras ficaram um pouco subliminares e até estranhas, porém no contexto geral a equipe de arte brincou bem com o conceito de jogos via telefone e dos primórdios da computação, ao ponto que até chega a chamar atenção, mas muitos vão reclamar de faltar aquele algo a mais de criatividade, e isso pode pesar um pouco contra o filme, pois não usaram os cenários por completo, deixando as locações subjetivas demais, o que não brinca tanto com a maldição em si.

Enfim, está bem longe de ser perfeito, mas acaba sendo um longa pronto para quem gosta de filmes de terror B, daqueles de baixo orçamento, que prezam por situações mais sujas do que assustadoras realmente, e assim fica sendo uma boa dica para esse público que costuma ter bem poucas opções sendo lançadas. E é isso pessoal, recomendo com algumas ressalvas, mas digo que a proposta foi cumprida, e assim sendo vale a conferida. Eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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