Talvez o maior problema do longa seja a estreia na direção ficcional do documentarista Janus Metz em cima do roteiro/livro de Olen Steinhauer, pois ele segurou muito a dramaticidade e a tensão para os atos finais, não dando um desenvolvimento mais trabalhado no restante, necessitando demais de voltas temporais e ambientações, enquanto o diálogo na mesa de jantar realmente fica somente de encaradas e nuances próprias dos personagens, ou seja, o livro talvez seja até mais amplo de ideias e prenda mais o público com uma tensão maior, afinal em alguns trechos ficamos muito dependentes dos protagonistas, e eles não nos insinuam com uma força mais crítica que necessitaria. Então você deve estar achando que o resultado foi ruim, e digo que não, pois mesmo sendo uma trama meio que arrastada, no fechamento tudo passa a fazer muito sentido e as reviravoltas escolhidas funcionam demais, surpreendendo por não imaginarmos o que iria rolar realmente, nem o que alguns já sabiam, então é se segurar para não dormir no começo e no meio, e juntar todas as pecinhas no final.
Quanto das atuações, Chris Pine velho ficou a cara do George Clooney, e apenas com algumas mechas brancas no cabelo e na barba, ou seja, se o Clooney precisar de um ator para fazer ele jovem já sabe com quem contar, mas brincadeiras a parte o ator se entregou por completo para que seu Henry fosse instigante e segurasse bem os ares nos dois momentos em que a trama se passa, conseguindo preparar cada momento como algo único bem colocado e com boas situações, ao ponto de até torcermos para ele em alguns atos, mas também criando muitas alegorias para desconfiarmos dele, ou seja, fez bem o seu papel, e chamou atenção. Thandiwe Newton também se entregou bastante para sua Celia misteriosa e ampla de trejeitos, ao ponto que em certos atos ficamos pensando coisas sobre a personagem, e ela acaba se soltando bem, mas poderia ter criado entonações mais marcantes em alguns atos, pois ousou mais nas expressões e deixou meio de lado a entonação vocal que poderia chamar ainda mais atenção, mas foi bem no que fez. Ainda tivemos alguns atos com boas nuances de Jonathan Pryce fazendo seu Bill Compton nas duas épocas, e trabalhando bem o tom da voz para chamar atenção nos dois momentos de uma forma diferenciada, e praticamente uma participação meio que de lado de Laurence Fishburne como o chefe da agência Vick Wallinger, que até teve boa presença cênica, mas sem grandes chamarizes para seus atos.
Visualmente o longa mostra bem um longuíssimo jantar num restaurante bem refinado, porém praticamente vazio, aonde ocorre todo o interrogatório da mulher pelo agente, e nesse miolo vamos vendo a representação cênica do que rolou 6 anos atrás, com muitas cenas romantizadas e quentes entre ambos na casa deles, vários atos dentro da agência com a tentativa de pensarem como resolver o problema do sequestro do avião, alguns momentos mostrando atos de terrorismo dentro do avião (algumas cenas do real sequestro e outras do sonho da protagonista), e claro muitas negociações rolando em becos, restaurantes e ruas com indagações para infiltrados tentarem ajudar na resolução do caso, ou seja, a equipe de arte teve um trabalho maior na cenografia do restaurante, mas nada que fosse realmente surpreendente, valendo mais a conexão do texto em si do que os objetos cênicos.
Enfim, é um filme denso que tem uma boa trama, mas que poderia ser mais dinâmico para que a intensidade ficasse ainda mais marcante sem cansar tanto, porém como disse o fechamento melhora totalmente o longa e faz com que o filme seja bem válido para todos conferirem, e assim fica a dica. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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