Netflix - Apollo 10 e Meio: Aventura Na Era Espacial (Apollo 10 1/2: A Space Age Adventure)

4/05/2022 12:40:00 AM |

Hoje possuem tantas técnicas de animação que chega a ser até engraçado ouvirmos falar que um filme de Richard Linklater seria lançado dentro do estilo, mas usando de filmagens desenhadas em cima das imagens de atores (pelo menos é o que parece nos créditos) isso ficou mais próximo de uma realidade, e o resultado do seu longa na Netflix, "Apollo 10 e Meio: Aventura Na Era Espacial", acabou sendo completamente a sua cara, contando com memórias, amadurecimento do protagonista, e até mesmo um ar de sonho inventivo, aonde o excesso de narração domina e até cansa um pouco, mas que tem tanta representatividade nas brincadeiras da infância do garoto, na proposta mostrada simbólica em nível máximo e em toda a dinâmica passada que acabamos nos envolvendo demais com tudo o que é mostrado, e o resultado passa a ser algo maior do que apenas uma singela animação, mas sim uma proposta de algo além da tela, bonito e marcante, que muitos vão até estranhar, mas que quem entrar no clima irá vivenciar algo a mais na memória.

O longa nos mostra a história do primeiro pouso na lua no verão de 1969 a partir de duas perspectivas entrelaçadas. Ele captura a visão do astronauta e do controle da missão do momento triunfante e a perspectiva de baixo para cima menos vista de como era da perspectiva de uma criança animada, morando perto da NASA, mas principalmente assistindo na TV como centenas de milhões de outras pessoas. Em última análise, é uma recriação exata desse momento especial da história e a fantasia de uma criança sobre ser arrancada de sua vida comum no subúrbio para treinar secretamente para uma missão secreta à lua.

Quem conhece o estilo do diretor e roteirista Richard Linklater sabe bem que ele não faz filmes simples de serem compreendidos, e que mesmo suas obras cotidianas acabam indo para situações complexas e recheadas de simbolismos, aonde o público consegue fluir tantas ideias quanto ele realmente colocou na produção, e aqui não foi diferente, pois mesmo seguindo a ideia de uma trama de memórias, dentro de uma animação que poderia ter um elo mais infantil e/ou juvenil, o resultado acaba tendo uma fluidez que amplia o vértice de pensarmos se o garotinho realmente está vivendo tudo, se está imaginando ou o que, e em qualquer uma dessas ideias tudo tem sua devida história aberta para que o público imagine o além dela, que acredite na proposta, e até mesmo siga um caminho completamente diferente do que está na tela. Ou seja, acabamos vendo uma obra singela, delicada e ao mesmo tempo forte de essências, que consegue fluir fácil e que mesmo entregando um ritmo um pouco lento demais traz dinâmicas coesas e bem alegóricas para funcionar por completo, sendo interessante para entrar no clima, e trazendo muitos sentidos em cada traço passado na tela.

Sobre os personagens e atuações, acabou sendo bem bacana ver toda a síntese e dinâmicas que o garotinho Stan passa para o público, basicamente contando sua história de uma maneira bem marcada e cheia de dinâmicas, aonde tanto a voz que Milo Coy quanto a de Jack Black fizeram acabaram trabalhando ares mais amplos e interessantes de se ver, criando um estilo próprio para retratar a época e brincando com tudo ao seu redor, de forma que o jovem passa algo próximo de um sonho, próximo de um carinho com o momento, mas também a dúvida quanto a tudo o que está rolando, e isso soa até mágico em alguns atos, sendo um trabalho marcante bem colocado do começo ao fim. Ainda tivemos outros bons personagens como os agentes da NASA, todo o lance do pai sendo um empregado da companhia, mas não um astronauta (meio como a jogada que muitos tinham de pais que trabalhavam em banco e não voltavam cheios de dinheiro para casa em certa época), tivemos todo a síntese dos irmãos, dos amigos e todos ao redor dele que brincavam, que disputavam e assim o vértice cênico fluiu para os personagens com traços meio que diferentes no ar estético, mas interessante para a proposta, usando talvez um pouco de rotoscopia, um pouco de desenho a mão mesmo, que marca e dá a devida textura que o longa pediu.

Visualmente o longa é um pouco estranho, pois sendo bem diferente das usuais animações, vemos na tela texturas e traços meio que borrados, outras vezes formatos estranhos, mas fazendo parte da estética do filme mesmo, e dentro dele vemos brincadeiras que fazíamos na infância, as brigas pelos canais da TV, as músicas, as fotos de artistas pendurados no quarto, e claro todo o contraponto do ar cowboy do Texas com o ar futurístico da NASA em uma única cidade, com um parque temático de astros, o estádio diferenciado e tudo mais que marcaram a época no país e no mundo, além claro da boa representação dos testes e das viagens da companhia para a Lua, na famosa briga com os russos. Ou seja, é um filme bem representativo e simbólico que funciona muito bem nesse sentido.

Enfim, é uma animação diferenciada das demais, e que mesmo aparecendo cedo nesse ano, logo após as premiações, é bem capaz que seja lembrada nas premiações de 2023, afinal é de um diretor extremamente famoso nas premiações, tem um roteiro que faz pensar, não sendo apenas algo bonitinho na tela, e que tem estilo, valendo demais a conferida, sendo o único porém que coloco de não ver muito cansado, pois sendo praticamente inteiro narrado, tem momentos que a falação toda cansa e bate um pouco de sono, mas nada que em casa dê uma rápida pausa, uma água e já volta para terminar. Então fica a dica, e eu fico por aqui hoje pessoal, então abraços e até logo mais.


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