Netflix - Mãe x Androides (Mother/Android)

1/08/2022 06:23:00 PM |

Muitas vezes ouvi a expressão "é bom, mas é mais um filme da Netflix com final ruim", e essa produção que originalmente é da Hulu, mas que por aqui saiu pela Netflix, "Mãe x Androides", possui bem essa característica, pois tem toda uma intensidade bem trabalhada, todo um envolvimento marcante por parte da história e das interpretações, criamos toda a conexão com a jovem grávida tentando sobreviver e salvar o namorado, mas quando chega nos atos finais bem corridos e malucos, praticamente esqueceram completamente a noção cênica, afinal acontecem coisas tremendamente absurdas como a pessoa que acabou de chegar na cidade sabendo exatamente aonde tem de apertar um botão, depois uma despedida bem emocionante, mas que ninguém faria normalmente, e por aí vai. Ou seja, gosto muito da atriz, gostei da proposta toda, mas não dá para passar batido nas falhas gravíssimas que acabaram jogando, tanto que um minuto antes da bagunça rolar por completo, você se dá aquela sacada e fala: "nossa, que reviravolta boa e interessante", mas dá mais um minuto e pronto desaba toda e qualquer noção de convencimento, e seja feliz para finalizar, ao ponto que não chega a ser um filme ruim, mas que lambuzaram demais para conseguir colocar a ideia insana de fechamento.

O longa nos mostra que Georgia e seu namorado Sam embarcam em uma jornada arriscada para escapar de seu país, que está preso em uma guerra contra inteligência artificial. Dias antes de seu filho nascer, o casal tem que ultrapassar um território sem lei, mas governada pelas IA, e chegar à um lugar seguro.

Diria que o diretor e roteirista Mattson Tomlin até teve a melhor das intenções na sua criação, pois é um filme apocalíptico bem interessante, aonde os robôs que eram para servir as pessoas passaram a se rebelar contra as pessoas, e no meio do caos a jovem que está grávida sonha em chegar a uma das cidades fortificadas e de lá ir para a Coréia aonde estão indo mulheres e bebês em segurança, até aí ideia linda, enfrentar os desafios de uma floresta abandonada, passar pela resistência de robôs, ser ajudada por um técnico de computação e tudo mais, mas isso ocorre demais com diretores estreantes em longas após vários curtas, pois começa a engrossar o miolo, colocar situações inusitadas, falar de coisas imponentes, mas a hora que vê já deu o tempo de tela e precisa acelerar tudo, esquecendo que não explicou nem metade das coisas finais, e assim o resultado final até poderia comover mais, ou ter mais desespero, mas é morno e falho, e isso acaba desanimando demais, e mostra um despreparo do diretor para com o tema.
 
Quanto das atuações, sempre gostei demais da forma que Chloë Grace Moretz personifica seus papeis, e aqui sua Georgia tem um bom tom, entrega dinâmicas características de mudanças de humor materno durante a gestação, e desenvolve bem seus atos (claro até a fatídica cena na cadeira de rodas no final), e assim mostra que entrou bem no clima tenso do longa e consegue segurar o filme para si, porém poderia ter ido além, poderia ter questionado o diretor para uma mudança no final, e tudo mais, mas nem sempre os atores tem esse direito, principalmente os mais novos, então fez bem o que foi pedido para ela ao menos. Algee Smith já ficou muito em segundo plano, afinal o longa foca mais no ar materno, mas o jovem deu bons atos para seu Sam, criou algumas boas dinâmicas e com isso se encaixou bem no que o filme propunha. Quanto dos demais, vale falar apenas de Raúl Castillo com seu Arthur, pois ele trabalhou bem suas nuances, foi fundo no processo emocional da trama, e conseguiu nos convencer bem com suas cenas, só diria que seu ato final foi meio falso, afinal até antes não funcionava bem isso, mas depois passou a funcionar, ou seja, tivemos alguns furos com seus furos também.

Visualmente o longa embora tenha muitas cenas com efeitos especiais, ficou mais simples com cenas dentro de florestas, uma casa abandonada, mas cheia de elementos usáveis, e até mesmo ao chegarem em Boston não quiseram ousar muito da cidade, tendo tudo se passando dentro de uma ala do hospital bem simples, e depois no porto com uma cena sem grandes alardes e a cidade ao fundo com vários focos de fogo, ou seja, o orçamento foi apertado, e gastaram um bom tanto com maquiagens para os androides, ao ponto que nem seus atos ficaram marcantes já que lembraram mais zumbis sem o ar cadavérico do que realmente robôs.
 
Enfim, é um filme de 110 minutos que tem 90 deles bem interessantes e bem trabalhados com leves falhas, e 20 que viraram um completo desastre, sendo assim uma recomendação extremamente arriscada para quem não gosta de finais ruins, então fica a dica para dar o play por sua conta e risco. Bem é isso meus amigos, eu fico por aqui agora, mas hoje ainda vejo mais um filme para passar o tempo, então abraços e até logo mais.

 

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