Amazon Prime Video - Bar Doce Lar (The Tender Bar)

1/08/2022 01:53:00 AM |

Existem dois tipos de filmes de festivais, aqueles que você vê uma única vez e não quer nem pensar em como vai escrever sobre ele, e aqueles que você acaba entrando no clima gostoso que é proposto na trama e se sente tão feliz com o filme que mesmo não sendo uma história memorável e surpreendente acaba feliz demais com o resultado. E felizmente o longa da Amazon Prime Video, "Bar Doce Lar", se encaixa perfeitamente nesse último tipo, pois tudo é simples, a essência familiar é conturbada, o garotinho sem pai vive praticamente toda sua vida no bar do tio, mas dali leva boas lições e consegue ser singelo e bem marcante em sua história. Ou seja, acabamos vendo um filme bem amplo e envolvente, aonde não temos grandes reviravoltas, nem situações que nos emocionem, mas sim atitudes bem colocadas, morais bem determinadas, e principalmente boas atuações dentro de um contexto de memórias muito bem trabalhadas, mostrando que o livro foi escrito em cima de uma vida bem repleta, e o filme reescreveu essa história.

O longa conta a história de J.R., um menino órfão que cresceu à luz de um bar onde o barman, seu tio Charlie, é o mais nítido e colorido de uma variedade de figuras paternas peculiares e demonstrativas. Enquanto a mãe determinada do menino luta para dar ao filho oportunidades negadas a ela - e deixar a casa dilapidada de seu pai ultrajante, embora relutantemente favorável - JR começa a corajosamente, se não sempre graciosamente, perseguir seu romântico e sonhos profissionais - com um pé persistentemente colocado no bar do tio Charlie.

George Clooney já provou ser um bom diretor, e aqui ele pegou a história de memórias de J.R. Moehringer e brincou com as possibilidades, entregou dinâmicas favoráveis e foi muito certeiro na escolha do elenco, pois facilmente o longa poderia ser visto por diversas óticas diferentes, e aqui o envolvimento que cada um soube passar para seu papel, todos os momentos claros e apaixonantes tanto do garotinho quanto do adulto vividos com muita direção e com modos claros bem aprendidos do tio, se contrapondo completamente ao estilo do pai, mostrando que um bar pode ser também um lugar de aprendizado. Ou seja, conseguimos entrar exatamente na ideia de vida que o jovem teve durante toda sua infância e juventude, suas propostas de emprego e de vida bem colocados em pauta, e principalmente sua serenidade para que mesmo nos momentos mais tensos não explodisse, mas sim vivesse e aprendesse com lições bem marcadas, mostrando que mesmo uma história simples se bem executada consegue convencer, e assim sendo não temos uma explosão de direção, mas sim algo que funciona e envolve, e assim faz valer os momentos propostos.

Sobre as atuações, sem dúvida o destaque é todo para o garotinho Daniel Ranieri que em sua estreia deu todo um carisma bem preciso para o papel de JR, e fazendo dinâmicas bem encaixadas com os grandes atores nas suas cenas conseguiu chamar muita atenção, ou seja, se trabalharem bem ele tem grandes chances num futuro com papeis ainda mais imponentes, uma grande cena foi a do sonho conversando com sua versão adulta, mas em todas as demais se entregou com perfeição. E já que falei da versão adulta de JR, Tye Sheridan vem se mostrando cada vez melhor nos papeis que faz, ao ponto que aqui ele demonstrou carisma e doçura na forma de interpretar, demonstrando muito estilo e não forçando a barra em seus atos com mais pegada, agradando bastante em tudo. Claro que outro grande nome chama muita atenção na trama, e isso ficou a cargo de Ben Affleck com seu Charlie, passando boas mensagens, entregando bons trejeitos, e principalmente sendo sutil nas cenas mais importantes, fazendo mais do que uma representação paterna para o jovem ator, mas sim aquela voz masculina cheia de ensinamentos para que a vida do garoto fosse além, e ainda conseguiram trabalhar muito bem a maquiagem para que o ator tivesse dois momentos bem diferentes em cena, o que foi bem bacana de ver. Lily Rabe deu boas nuances também para a mãe do garoto, demonstrando claro todas suas inseguranças e vontades em cena, e assim se entregando bastante também com os problemas que sofreu, agradando muito no estilo, e principalmente na intensidade cênica, o que acabou chamando muita atenção também. Quanto aos demais, ainda tivemos um avô bem trabalhado pelo sempre bom Christopher Lloyd, o companheiro de quarto do garoto na faculdade Wes muito bem feito também por Rhenzy Feliz, um pai completamente insano de estilo muito bem encaixado com personalidade por Max Martini, e até um ar sensual bem marcado pela garota Sidney vivida por Briana Middleton, entre muitos outros que apareceram menos, mas se saíram bem marcantes como todos os amigos do bar e o padre do trem.

Visualmente o longa foi muito bem composto pela casa bagunçada de pessoas, mas muito representativa em detalhes que certamente o roteirista desenhou completamente para a equipe de arte entregar perfeita, temos da mesma forma um bar clássico com muitos livros e cheio de nuances, e até os atos na faculdade foram bem marcantes mesmo que poucos, mostrando mais o dormitório dos garotos e claro as cenas na cama com a jovem, ainda tivemos alguns bons atos dentro de uma redação completamente maluca de jornal, e alguns passeios memoráveis do jovem para um boliche e para a praia, sempre bem representativos pela figura do tio, dos amigos, e claro do carro que fecha com chave de ouro.

Enfim, é um filme simples de dinâmicas, porém bem envolvente e interessante, que quem ama longas mais dramáticos, com toda a pompa de festivais vai acabar entrando no clima e vivenciando cada momento do filme, mas muitos vão achar cansativo e sem graça, então a recomendação que dou é entrar no clima e na cabeça do garotinho para tentar entender seu mundo e tudo o que ele acaba aprendendo, que aí é certeza de ficar bem feliz com o resultado completo, e sendo assim fica a boa dica no streaming. E é isso meus amigos, eu fico por aqui agora, mas nesse fim de semana tenho muitos longas nos streamings para conferir, então abraços e até logo mais com mais textos.



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