O Festival do Amor (Rifkin's Festival)

1/02/2022 02:04:00 AM |

Ver um filme de Woody Allen é sempre uma experiência diferente de tudo o que estamos acostumados a ver diariamente nos filmes "normais", pois ele gosta de brincar com o expectador, gosta de inserir memórias e gostos pessoais, e quase sempre entrega uma classe bem tradicional e sem grandes ousadias para um molde mais formatado, e claro sempre é crítico com algum ponto usual do cinema, no caso aqui os críticos chatos que se acham deuses, falam difícil e só filmes antigos e que quase ninguém conhece de festivais são bons, enquanto qualquer comparação dos novos diretores com os gênios antigos é quase um pecado de nível máximo. Ou seja, o longa "O Festival do Amor" tem boas sacadas, trabalha momentos cheios de grandes nuances divertidas e bem colocadas, mas sendo o filme do diretor que tem mais momentos soltos, o resultado acaba soando um pouco estranho de ver, e só quem for muito fã de filmes clássicos de festivais vai pegar todas as referências para se divertir realmente, pois do contrário cada cena em preto e branco a pessoa irá ficar mais perdida que tudo. Sendo assim, a ideia é boa, mas Woody já fez coisas muito melhores.

No longa vemos que quando Mort decidiu viajar para a Espanha para acompanhar o Festival de San Sebastián, ele não imaginava que seu mundo iria virar de cabeça para baixo. Após deixar-se envolver pelo charme e magia do país, ele começa a desconfiar que Sue, sua esposa, pode estar tendo um caso com um brilhante diretor de cinema francês. Enquanto tenta lutar contra suas inseguranças, Mort percebe que, assim como nos filmes, a vida também pode ser uma comédia, um drama, um romance… mas, acima de tudo, é um verdadeiro mistério!

Podemos dizer que o diretor e roteirista Woody Allen tem a meta de fazer um filme por ano, e isso já virou quase algo de praxe, porém se antes tínhamos filmes bem geniais e interessantes, seus últimos exemplares começaram a pecar em excessos, que mesmo tendo seu estilo impregnado na essência, acaba não chamando tanta atenção quanto poderia, pois os personagens são meio que sem muita vida, e seus dilemas embora bem colocados nas representações de famosos filmes, resultam em algo que só quem os conhecer irá rir com as mudanças e captar aonde o diretor desejava chegar. Ou seja, até é um bom filme, tem toda a nuance de homenagem bem colocada, mas falta muito para chegar perto do brilhantismo que o diretor costuma nos entregar, e assim sendo acaba sendo mais algo para os fãs dele, do que realmente um filme que o público geral irá conferir e gostar.

Uma das principais características dos filmes do diretor é ver ou ele em algum personagem, ou algum tipo de protagonista que passe uma essência maior, e aqui Wallace Shawn acaba sendo mais um crítico chato realmente do que alguém que passássemos a perceber a ideologia de Woody, sendo um personagem exageradamente mala, e o principal, com um ator que não passa nenhum carisma, ou seja, seu Mort tem boas cenas, mas acabamos nos cansando muito facilmente dele, e isso é o maior problema que pode acontecer com um protagonista, e assim talvez um ator mais imponente daria conta melhor do papel. Gina Gershon caiu bem na personalidade de uma assessora de imprensa, pois fala demais e está disposta a tudo junto com o diretor ficcional, ao ponto que sua Sue tem boas dinâmicas e acaba sendo convincente em cena, agradando dentro das possibilidades. Louis Garrel também foi bem na personificação de um diretor novato que acaba sendo homenageado em tudo que é festival, que tem seu filme recheado de efeitos especiais que classicamente os críticos de festivais odeiam, mas que atualmente tem sido o salvador das lavouras, demonstrando um ego maior que tudo que o ator sabe fazer bem demais, ao ponto acaba agradando bastante suas cenas. E dentro do quarteto principal ainda tivemos Elena Anaya bem doce com sua Dra. Jo, fazendo os devidos trejeitos sensuais e bem armados que o diretor tanto gosta de trabalhar nas reviravoltas de personagens, sendo bem encaixada nos momentos mais duplos da mente do protagonista, e principalmente mostrando atitude cênica, o que acaba chamando atenção e fazendo quase com que sua personagem protagonizasse mais do que tudo, o que é um risco, mas que fez muito bem. Já quanto aos demais, a maioria acaba sendo encaixes, então nem vale muito a pena ficar falando.

Visualmente o longa brinca bem com o charme de San Sebastián na Espanha, mostra bem os bastidores dos famosos festivais com coquetéis, entrevistas, exibições, homenagens, premiações, festas, e claro aqueles que vão apenas passear e aproveitar as cidades, ainda tendo bons momentos com o protagonista conhecendo os locais turísticos tradicionais, mas principalmente o grande lance do filme são as cenas em preto e branco recriando grandes cenas clássicas de muitos filmes premiados, só que usando os atores daqui desse filme como se fossem a vida do protagonista, e esses momentos acabam sendo icônicos e bem colocados, o que diverte e agrada na medida certa, com destaque para o ato do jantar aonde o protagonista cita filmes japoneses que ninguém pensaria em indicar em um jantar de família, ou seja, a famosa representação do crítico chato que tanto conhecemos bem mundo afora.

Enfim, é um bom filme, mas que mostra algo bem de nicho, sendo o clássico filme que só os fãs do diretor e os críticos irão conferir, pois os demais não vão entender nada ou achar tudo bem maçante, mas que vale a conferida pela essência completa passada. Diria que um elenco mais chamativo, e alguns atos não tão dialogados acabaria transformando o filme em uma verdadeira obra de arte, mas essa é a crítica que o diretor se auto impõe, então melhor deixar assim mesmo e funcionar dessa forma. Bem é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais. 



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