Amazon Prime Video - A Lenda Do Cavaleiro Verde (The Green Knight)

1/22/2022 08:11:00 PM |

Histórias medievais sempre são intrigantes e bem colocadas, tendo uma boa base de estilo e desenvolturas bem próprias com lutas de espadas, as famosas tabernas e prostíbulos, as reuniões com reis, e claro toda a mitologia envolvendo bruxas, feitiços e tudo mais, ao ponto que já vamos conferir sabendo bem o que esperar deles, mas tem vezes que o pessoal coloca algumas abstrações tão malucas na ideia toda que acabamos ficando confusos se gostamos ou não de tudo o que é mostrado, e isso infelizmente faz com que o filme passe a incomodar mais do que agradar. Dito isso o lançamento da semana da Amazon Prime Video, "A Lenda Do Cavaleiro Verde", entra bem nessa ideia toda medieval e tem uma boa base de história, sendo algo fantasioso que já até ouvimos falar nas histórias lá da época do Rei Arthur e tudo mais, porém criaram colocaram um tom místico em cima de feitiços e loucuras, que após o jovem ir para uma festa natalina no palácio, sua mãe e outras bruxas acabam criando toda uma loucura completa para que o jovem se torne rei, e a partir daí ficamos a todo momento pensando no que é real e o que é imaginário do protagonista, numa produção até que bem gigantesca, mas bem esquisita, e que garanto que muitos vão ficar sem saber se gostaram ou não.

O longa é aventura de fantasia épica baseada na lenda arthuriana atemporal, com a história de Sir Gawain, o sobrinho imprudente e teimoso do Rei Arthur, que embarca em uma ousada busca para enfrentar o homônimo Cavaleiro Verde, um gigante esmeralda - estranho de pele e testador de homens. Gawain enfrenta fantasmas, gigantes, ladrões e conspiradores no que se torna uma jornada mais profunda para definir seu personagem e provar seu valor aos olhos de sua família e reino, enfrentando o desafiante final. 

Como é um filme do David Lowery dá até para entender um pouco toda essa confusão filosófica que ele acaba nos colocando, criando um filme cheio de símbolos e situações, e sua criatividade é bem recompensada, afinal o longa tem estilo, tem uma produção imensa, e principalmente tem sentenças bem presas para envolver e fazer o público pensar, porém ele como sempre acaba jogando coisas demais para uma reflexão e deixando no ar sempre tudo para que cada um tire as devidas conclusões, não sendo algo muito fácil de acompanhar, nem sendo daquelas tramas que pegam o público de cara, pois ficamos meio que sem entender o motivo da mãe estar fazendo a bruxaria toda, as várias coisas que acontecem na jornada do rapaz sendo extremamente abstratas e ainda criando uma vivência estranha de entrar no clima, ou seja, é o famoso filme aberto demais que causa, mas não funciona.

Sobre as atuações, posso dizer facilmente que Dev Patel é um dos atores que mais cresceram em Hollywood, e aqui seu Gawain tem força, tem estilo e entrega uma dramaticidade perfeita para o papel, se jogando literalmente em tudo o que fosse necessário, fazendo cenas tensas e sujas, dominando o ambiente e se expressando muito bem em todos os momentos, ou seja, caiu bem no papel e agradou. Ainda tivemos alguns atos interessantes de Alicia Vikander com dois papeis, primeiramente como Essel a prostituta que o protagonista ama e depois como uma Lady de um castelo, com uma personalidade bem estranha, e em ambos os casos fez bons olhares marcantes e dominou suas cenas, agradando bem no que fez também. Outro que apareceu pouco, mas foi chamativo nas suas cenas foi o jovem Barry Keoghan como um ladrão/carniceiro da guerra, trabalhando bem alguns truques chamativos e sendo bem simbólico. Joel Edgerton também entregou alguns atos interessantes como o lorde de um castelo no meio da jornada. Erin Kellyman deu alguns atos meio malucos no meio do nada com sua Winifred. E claro tenho de falar de Ralph Ineson como o Cavaleiro Verde, sendo bem imponente na dramatização, fazendo entonações fortes bem marcantes, e agradando bastante, tanto que poderiam ter até usado mais ele em cena, mas foi bem demais.

No conceito visual da trama, a equipe de arte foi muito representativa e simbólica, criando diversos ambientes intensos e marcantes, começando com toda a imponente cena da comemoração natalina no palácio, antes tendo toda a movimentação na taverna simples porém cheia de detalhes, depois toda a retratação nos teatros de fantoches, a guerra bem representada com as pessoas pegando coisas de lá, uma casa abandonada no meio do nada, mas cheia de bruxaria, e ainda o castelo do lorde riquíssimo em detalhes, mostrando já a cultura como um vértice literário forte, e tudo mais até chegar na capela verde, aonde temos a volta misteriosa e simbólica novamente no castelo, ou seja, uma produção gigantesca, que poderia ser até melhor usada para tudo, mas funcionou ao menos.

Enfim, é um filme interessante pela proposta ficcional, sendo bem criativo em uma adaptação livre de um conto, com toda a situação chamativa para as reflexões que traz em seu segundo plano, mas que acaba sendo mais estranho do que envolvente, e sendo um filme de streaming isso vai pesar muito se as pessoas irão até ao final ou desistirão pelo meio, ou seja, até digo que recomendo o filme, mas com tantas ressalvas de público-alvo que não sei se muitos vão acabar dando o play. E é isso pessoal, fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


2 comentários:

Luiz Rodrigues Jr disse...

Assisti esse filme ainda em 2021 e fiquei simplesmente hipnotizado por tudo. Está entre meus filmes preferidos do ano passado, junto com TEMPO do Shyamalan e do filme LAMB.
Ahh,parabéns pelo site! Sempre curto muito vir aqui e ler suas críticas. Grande abraço

Fernando Coelho disse...

Valeu amigo... filmão bem doido, mas que tem de estar bem no clima para curtir completamente... diria que dá para se apaixonar realmente por ele se entrar totalmente de cabeça... Tempo eu amei também, já Lamb não vi ainda não, vou colocar na lista aqui... abraços!

Postar um comentário

Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...