Amazon Prime Video - Os Segredos Que Guardamos (The Secrets We Keep)

1/20/2021 01:40:00 AM |

Diria que é uma pena que o filme da Amazon Prime Video, "Os Segredos Que Guardamos", não foi ainda mais para o lado do suspense/tortura, pois veríamos algo ainda mais intenso que toda a dramaticidade passada, pois não digo que o que foi mostrado tenha sido ruim, muito pelo contrário, a trama tem uma intensidade por parte da protagonista num nível incrível que ficamos afoitos para saber realmente a verdade, se ela está maluca ou se o cara não quer revelar sua verdadeira face, e isso trava bem o longa, com situações fortes, muita falsidade nas investigações que a protagonista faz com a esposa do acusado, e toda uma desenvoltura tão marcante que ficamos impressionados com tudo, e claro torcendo para um bom desfecho (que realmente esperava acontecer algo diferente do que rolou, mas não foi ruim!). Ou seja, é daqueles filmes tão bem feitos, que ficamos nervosos com os acontecimentos, acabamos conversando com a TV, e até criamos certa torcida, mas que certamente mesmo sendo arriscado acredito que faria o mesmo que a protagonista, pois muito do que aconteceu na 2ª Guerra traumatizou várias pessoas, e apenas relevar é pouco ao ver alguém semelhante ao seu abusador.

O longa se passa nos Estados Unidos pós-Segunda Guerra Mundial, e nos mostra que uma mulher, reconstruindo sua vida nos subúrbios com seu marido, sequestra seu vizinho e busca vingança pelos crimes de guerra hediondos que ela acredita que ele cometeu.

Não posso falar sobre o estilo do diretor Yuval Adler por algo anterior a esse longa, pois não vi nenhum dos seus projetos, mas aqui ele mostrou um conhecimento bem trabalhado de época, soube fazer algumas montagens bem contundentes, e principalmente manteve bem segura toda a tensão que a trama precisava, ao ponto que o clima é mantido do começo ao fim. Ou seja, mostrou ser um diretor de recorte, daqueles que sabem quebrar o elo principal nos atos mais fortes para não explodir logo de cara, e o único aquém que daria para o que fez aqui foi de repetir exageradamente o flashback da protagonista na guerra, que mesmo sendo algo importante, e que fica vindo a todo momento em sua mente, na terceira vez que mostra já estamos cansados do que vimos, e talvez poderia ter sido feita uma cena maior, e a cada ida mostrar apenas um pedacinho, e ao final a cena inteira, que aí sim tudo ficaria melhor, mas isso é um mero detalhe que dá para relevar, pois como disse faz sentido ficar vindo a memória na mente da protagonista. Agora quanto da direção de atores, ele soube dar visibilidade tremenda para o trio, e deixou todos os demais como bem secundários, e isso é algo que funcionou muito, pois até esquecemos em certos atos que temos uma vizinhança toda ali pronta para ouvir a briga, e tirando o momento que estão na casa e não ouvem nada, o restante acaba sendo "aceitável" dizer que a casa tinha uma boa retenção acústica, e sendo assim, o filme funciona.

Sobre as atuações, é difícil vermos um filme ruim de Noomi Rapace, ou melhor dizendo, é difícil ver alguma atuação sua ruim, e aqui sua Maja é imponente, tem um sotaque completamente seu, e consegue nos convencer completamente de que não está maluca, mas sim que aquele é o homem que lhe violentou 15 anos atrás, e com isso seus trejeitos soaram incríveis e perfeitos de ver. Chris Messina traz para seu Lewis o famoso médico tradicional de cidade, e aqueles homens que mesmo amando a esposa não conseguem acreditar em tudo o que ela lhe está falando, e o ator faz questão de fazer muitos trejeitos de dúvida que ficaram muito bem colocados, ou seja, ele traz a presença, mas não se destaca, e isso é exatamente o que o personagem precisava para funcionar. Joel Kinnaman trabalhou seu Thomas com muita imponência, mas faltou entregar um pouco mais de desespero nos olhares, pois mesmo trabalhando a trama toda como inocente, ele não faz um ar de medo da loucura da protagonista, e mesmo sua cena final emocionante acaba faltando um pouco, mas o ator caiu bem na personalidade do papel, e ao menos fez boas cenas. Quanto aos demais, vale apenas o destaque para Amy Seymetz com sua Rachel meio que inexpressiva na busca do marido, pois qualquer mulher estaria gritando desesperada, chorando e tudo mais, e seu semblante é meio que já de desistência, e isso não combinou muito com o que precisava fazer, e quanto das crianças, diria que foram bem expressivas, mas sem muito uso, e quanto ao guarda e o vizinho só lamentar suas ingenuidades.

Visualmente a trama retratou bem a época pelos carros e figurinos, além de uma boa ambientação tradicional de porões, mas como disse ou a acústica da casa é sensacional, ou o guarda se fez de bobo nas cenas que aconteceram dentro da casa, mas tirando esse detalhe, toda a cenografia foi bem usada, com cordas, martelos, alicates, além de muita simbologia nas cenas da Guerra com trajes de soldados e todo o abuso com uma fotografia mais bagunçada e com flashes para lembrar bem a mente da protagonista, ou seja, a equipe trabalhou bem e fez um filme bem coerente nesse quesito.

Enfim, é um filme que tem falhas como já disse nos parágrafos anteriores, mas que é tão envolvente e preciso de atitudes que acabamos relevando elas e entrando bem no clima, torcendo claro para uma vertente mais forte, mas o que acaba finalizando nos convence. Ou seja, o filme funciona bem tanto para aqueles que gostam de um bom drama, como para aqueles que torcem por um bom suspense, mas que certamente poderiam ter ido além nessa última vertente para ficar mais intensa ainda as cenas de tortura. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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