Netflix - Mandy: Sede de Vingança (Mandy)

1/02/2021 07:45:00 PM |

Sei bem que o estilo gore do terror é daqueles que poucos gostam de conferir, sendo um dos nichos que tem o público mais específico possível, porém quando um filme não é vendido dessa forma acaba sendo difícil se encaixar e geralmente alguns irão dar play esperando outra coisa completamente diferente. E certamente será o que vai acontecer com quem for conferir "Mandy - Sede de Vingança" na Netflix, pois a sinopse é até interessante, tem um ator que a maioria gosta de seus filmes (mesmo a maioria sendo bem ruim num contexto geral), e aparentemente parecia um filme intenso bem feito, mas com o desenrolar vemos algo tão bizarro dentro dos acontecimentos, com situações e textos toscos, luzes piscando sem parar com mudanças de tons a todo momento (sem nenhum fim funcional), e principalmente com uma demora tão grande para começar a acontecer algo que cheguei a pensar que tinham escrito a sinopse de uma forma errada. Ou seja, é um filme cheio de cenas bem violentas no fechamento, que quem gosta do estilo acabará bem feliz, mas que é tão estranho na sua totalidade que não dá para recomendar não, principalmente se você não for um amante nato do estilo.

A sinopse nos conta que em algum lugar no deserto primitivo perto das Montanhas das Sombras, no ano de 1983, Red Miller e sua esposa Mandy vivem uma vida tranquila. Depois que uma seita religiosa invade o local e mata o amor de sua vida, Red vive apenas por uma coisa: caçar esses maníacos e exigir vingança.

Friso aqui que gosto também do estilo, mas quando tem uma proposta mais bem colocada, situações fortes e interessantes, e principalmente uma história, e aqui o problema do longa não é a violência final, aliás esse ponto é o melhor que a trama tem a oferecer, mas sim a bagunça completa que o diretor Panos Cosmato criou com luzes e efeitos psicodélicos sem necessidade, um culto bizarro, e principalmente uma lentidão monstruosa no ritmo que junto de uma trilha sonora cansativa faz quase você dormir ou viajar pelo filme (aliás acho que era isso que desejavam fazer, colocar o público sob efeitos de alguma droga e curtir a ideia com a brisa). Ou seja, faltou para o diretor dar um norte maior da vida dos protagonistas, do culto e de tudo mais, pois acaba sendo algo meio que jogado apenas na tela, com rápidas explicações, e não dando uma dinâmica coesa que um filme de vingança merecia ter, pois as luzes não funcionam, os objetos soam bobos, e até os monstros/personagens estranhos se entregam como algo sem nexo, e assim acaba não valendo o resultado completo (ao menos como filme).

Sobre as atuações, Nicolas Cage se entregou bem para seu Red, agradando por trazer bons trejeitos para tudo o que acontece com ele na trama, ao ponto que o personagem tem um sofrimento bem intenso nos atos mais dramáticos, e logo depois com seu surto sai socando, atirando, apunhalando e tudo mais (com furos de roteiro incríveis, pois após algumas coisas que acontece com suas mãos, conseguir empunhar um machado imenso, dar tiros de besta e tudo mais, ou seja, apelaram!). Andrea Riseborough trouxe uma personalidade meio que esquisita para sua Mandy, de forma que ao mesmo tempo que parecia deprimida, também se entregou com olhares vagos para as cenas de maior impacto, ou seja, ficou sem muito fluxo para chamar tanta atenção. Linus Roache trabalhou de uma forma imponente bem interessante o seu Jeremiah, criando situações intensas, diálogos impostos com muita força e até trejeitos bem marcados, de forma que até conseguimos acreditar na sua loucura, mas não trabalharam tanto ela, e assim o resultado não foi muito além. Quanto aos demais personagens, tivemos bons momentos com Ned Dennehy como Irmão Swan e uma rápida cena com Bill Duke chamando a atenção com seu Caruthers, mas da mesma forma como os demais, nada foi desenvolvido de seus personagens, e assim nem sabemos de onde surgiram ou quem são realmente para entrar no clima.

Diria que a equipe de arte precisou tomar algumas drogas para entrar no clima do longa e montar tudo o que o filme pedia, pois temos algumas casas no meio do nada cheias de elementos cênicos que importam para o longa, tivemos motoqueiros em quadriciclos vestindo roupas cheias de pontas, correntes e outras bizarrices (algo meio como os cavaleiros do apocalipse versão masoquista), e claro ainda armas sendo feitas como machados, vemos a construção de um templo, uma casa de prostituição bizarra, e até um fabricante de drogas meio que possuído com vozes e tudo mais, além de um tigre. Mas o pior do conceito visual nem é toda a loucura cênica, mas sim as cores e efeitos de imagem que fizeram os pobres da equipe de fotografia fazer, pois é algo sem nexo algum muito verde, vermelho, amarelo, roxo, azul, e tudo mais numa piscação de luzes tremenda, que no começo até parecia ser algo como a aurora boreal (tipo uma relação sexual sob efeito das luzes das montanhas), mas depois virou algo usado a todo momento, e o incômodo ficou bizarro.

Enfim, é um filme que vende uma proposta pela sinopse e entrega algo bizarro, que junto de uma trilha sonora com rifes de guitarra incomodando a todo momento cansa demais nos primeiros 30 minutos, depois tenta passar uma leve história e até chegarmos realmente nas cenas de ação (que é realmente o que faz valer, com lutas com motosserras, machadadas, tiros de besta, muito fogo e tudo mais) já quase acabou o filme. Ou seja, se você é um amante do gore/trash e não liga para um filme não ter história pode até ser que goste do que verá na tela, mas quanto aos demais, fuja, pois é decepção na certa. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas vou tentar ver algo que faça valer esse começo de ano, pois está difícil acertar a mão nas escolhas, então abraços e até logo mais.


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