Amazon Prime Video - Sou Sua Mulher (I'm Your Woman)

1/03/2021 10:19:00 PM |

Dramas policiais sempre são interessantes, e quando junta então com o estilo de uma época acabam chamando ainda mais atenção, pois vemos carros e armas clássicas, figurinos bem trabalhados e até bons momentos intrigantes, e dessa forma acabamos convivendo o tempo de exibição do longa da Amazon, "Sou Sua Mulher", com um bom envolvimento, quase que se desesperando junto da protagonista por não saber o que está realmente acontecendo (apesar que sabendo que o marido é um ladrão, certamente saberia que uma vida normal não teria), mas tendo de ficar correndo, se escondendo, e até se envolvendo em toda a bagunça que o marido se meteu, com uma pequena criança nas mãos, ao lado de desconhecidos. Ou seja, a trama é interessante, com uma pegada quase que de road-movie criminal, aonde tudo pode acontecer, ao mesmo tempo que nada pode acontecer, tendo bons atos, boas atuações, e principalmente um bom ritmo, que acaba aguçando a curiosidade do público e o desenvolvimento da trama, mesmo que falte um pouco de explicações para o funcionamento completo da trama.

O longa é um drama policial situado em 1970 que nos conta a história de Jean, uma mulher que é obrigada a fugir após seu marido trair seus parceiros, enviando ela e seu bebê em uma viagem perigosa, sendo caçados pelos ex-comparsas do marido.

Diria que a diretora Julia Hart foi esperta tanto em desenvolver sua trama com uma precisão de movimentos bem colocados, que acabam empolgando quem confere a trama, sem cansar ninguém (o que costumo dizer sem imprescindível, principalmente em longas para serem conferidos em casa!), e ainda pode dar uma certa dinâmica de empoderamento para suas personagens, pois a protagonista precisou aprender a desvirar uma madame que nunca fez nada, e virar uma dona de casa/mãe, ao mesmo tempo que está fugindo dos comparsas do marido, ou seja, aprender a usar uma arma, se esconder, fugir, e tudo mais, além claro do terceiro ato, aonde entra outra personagem feminina imponente, o longa deslancha ainda mais com uma pegada certeira e bem colocada, sem precisar forçar atitudes e desenvolvimentos, mostrando que a diretora soube do começo ao fim o que desejava entregar, e passou essa determinação coerente para que a atriz segurasse bem a onda toda, ao ponto que em momento algum vemos o filme ficar preso ou sem algo para aproveitar, o que acabou sendo bem útil para o estilo. Claro que o filme poderia ter mais história dos personagens masculinos para vermos realmente o tipo de encrenca que eles andaram se metendo, e assim ter um ganho de trama, pois mesmo na cena da boate tudo passa rápido e jogado, mas ainda assim é algo que vale a conferida.

Sobre as atuações é fácil dizer que Rachel Brosnahan conseguiu segurar o clima em cima de sua Jean, trabalhando olhares aflitos em diversos momentos, criando uma sensibilidade simples, porém cativante para que o público acreditasse no que está fazendo, e mais do que isso, sendo sutil nos seus atos para criar momentos bem encaixados, não sendo uma personagem falsa no que faz, e mostrando o que a trama precisava, ou seja, caiu bem no que o filme realmente precisava. Arinzé Kene trouxe um Cal sério, com poucos diálogos com a protagonista, mas passando uma boa sinceridade no que estava fazendo e ajudando ela, ao ponto que acabamos criando um carisma em cima do que faz, e lá pelo miolo até torcemos por algo a mais entre eles, mas isso é rapidamente mudado no decorrer, e assim sendo o ator foi simples, mas muito bem trabalhado no papel. Marsha Stephanie Blake fez de sua Teri uma mulher forte e direta nas atitudes, até se impondo um pouco a mais do que o papel pedia, mas foi de um grande acerto nas suas cenas, e certamente poderia ter aparecido até antes na trama para ter algo a mais com a protagonista, sendo coerente e acertando bastante. Bill Heck apareceu bem pouco com seu Eddie, ao ponto que ficamos sabendo mais das coisas dele pelo que é falado pelos demais personagens, e o ator é daqueles que certamente agradaria com mais cenas, talvez em flashbacks, mas acabou não sendo usado. Quanto aos demais, tivemos uma rápida participação de quase todos, com leves destaques para os ensinamentos de Frankie Faison com seu Art, e com a singela e bondosa vizinha vivida por Marceline Hugot, porém sem dúvida fica o destaque total para os três bebês que viveram Harry, pelo tanto que choraram no longa todo, e pelos sorrisos ao final. 

Visualmente o longa foi bacana por ser quase um road-movie com a protagonista trocando de casas para se esconder, as vezes dormindo no carro, tendo uma casa simples em um pequeno bairro após sair da mansão que vivia como madame, depois uma casa no campo, passando por boates e pequenos hotéis, e junto disso algumas perseguições, alguns tiroteios, cenas com carros antigos e bons figurinos que remeteram bem a época e criaram todo um ambiente interessante de vivência, ou seja, a equipe de arte foi bem coordenada e soube brincar com elementos cênicos precisos para cada ato tanto para dar o clima da época como para retratar o ambiente criminoso secundário (daqueles que estão envolvidos com o crime, mas não estão realmente cometendo o crime), e assim o resultado foi bem feito ao menos nesse quesito.

Enfim, é um filme bem interessante, com boas atuações e dinâmicas, que irrita um pouco com a quantidade de choro do bebê (mas faz parte da trama), e que agrada bastante do começo ao fim, valendo bem a conferida. Claro que está bem longe de ser algo memorável que vamos lembrar daqui um tempo, mas mostrou ser um grande trabalho tanto da diretora quanto da protagonista, e assim sendo vale a indicação. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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