Chocante

10/08/2017 03:11:00 AM |

Volto a afirmar que o cinema nacional não está para brincadeiras, e mesmo nas comédias mais fora de rumo que poderiam arrumar, andam conseguindo trabalhar bem os vértices e divertir como poucas vezes víamos no passado. Claro que "Chocante" está longe de ser um filme perfeito, mas o saudosismo dos programas dos anos 90 que eram lotados de coisas bizarras (com bandas coreografadas estilosas e coloridas, com músicas que grudavam na nossa mente), aliado à ponte que podemos fazer com as mudanças de vida que famosos possuem versus a vida real, que tem de trabalhar realmente se quiser ganhar algo, o longa acaba passando uma boa mensagem e ainda divertindo bastante, mesmo que para isso precise apelar levemente em alguns momentos. Ou seja, embora você vá ficar cantando "choque de amor" por um bom tempo, a trama entre vai conseguir te divertir pelo menos durante a sessão, e sendo assim, o resultado como comédia é bem válido.

A sinopse do filme nos conta que os anos 90 marcaram o sucesso da boyband brasileira Chocante. Vinte anos mais tarde, o grupo acabou, e Clay, Tim, Téo, Toni e Tarcísio tomaram rumos diferentes na vida. Os antigos colegas se reúnem para um evento inesperado: a morte de Tarcísio. No funeral, eles decidem se apresentar mais uma vez, em nome dos velhos tempos. No lugar do falecido colega, entra o novato Rod.

Chega a ser engraçado como já vamos preparados ao cinema, tendo um pré-conceito com alguns estilos de produção, e confesso que ao ver o trailer desse longa já fui pronto para algo extremamente bizarro, cheio de firulas e que de forma alguma conseguiria me divertir, e acabei me surpreendendo com o trabalho feito pela dupla de diretores Johnny Araújo e Gustavo Bonafé, que pegaram uma história teoricamente simples e criaram bons vértices para que funcionasse dentro de um bom contexto, mas se tenho de pesar a crítica, o que posso falar é que o filme entrega bem uma apresentação glamorosa de passado, uma realidade de presente, mas exatamente quando vai decolar para um futuro a trama encerra, deixando aberto talvez uma possibilidade de segundo filme, ou apenas uma reflexão em cima de um dos diálogos mais fortes do longa, aonde a esposa do protagonista vivido por Lucio Mauro Filho diz: "a vida real é chata", e ele ao sair de casa começa a ouvir um grande clássico dos anos 90, "Tô P da Vida", fantasiando seu mundo alegórico para onde tudo poderia viver dentro da fama que poderiam ter conseguido. Ou seja, o trabalho completo acaba agradando bastante, mas poderiam ter prolongado mais um pouco o filme, ou já deixar algo bem mais aberto para uma continuação, mas tirando esse detalhe, e alguns exageros para forçar a comicidade, o resultado entregue acaba sendo bem melhor que a encomenda, divertindo e até emocionando em diversos momentos, conectando demais com outras bandas que acabaram por brigas e que tinham um grande potencial de sucesso.

Sobre as interpretações, temos ao mesmo tempo muito sentimento e sátira em cada personagem, de modo que as escolhas até foram bem feitas, tanto na versão anos 90 quanto no momento atual para que cada tipo de trejeito funcionasse e agradasse. Começando pelos irmãos Tim e Téo, vividos respectivamente por Lúcio Mauro Filho e Bruno Mazzeo, que acabaram entregando ao mesmo tempo doçura e determinação nos seus papeis, com Mazzeo trabalhando a conexão mais família e Lúcio o lado mais centrado num emprego forte, acabaram mostrando boas doses de emoção e agradando mais nos diálogos do que em piadas, o que foi bem interessante de ver. Já o lado forçado cômico ficou a cargo de Marcus Majella com seu Clay, que mesmo trabalhando o lado gay que tanto usam para apelar em comédias nacionais, seu tom acabou funcionando e não despontou tanto, o que ficou interessante de ver, principalmente pelo tanto que falaram de sua versão jovem era diferente. Outro que trabalhou o tom cômico, mas já puxando para o lado mais brucutu, foi Bruno Garcia, que com seu Toni acabou soando até divertido em alguns momentos, mas nos momentos mais francos usou um pouco do exagero e por bem pouco não destoou. Pedro Neschling que também assina o roteiro junto de Mazzeo, acabou trabalhando seu Rod nos moldes de artistas atuais que vivem em snapchat e outros aplicativos, e que possuem mais fãs malucos por saber o que está fazendo e comendo do que gostando de suas músicas, ou seja, funcionou muito como sátira e embora seja bem apelativo acaba divertindo. Dentre as mulheres da trama, temos a fã maluca Quézia vivida por Débora Lamm que certamente existem aos montes hoje, mas que eram piores ainda nos anos 90, e ela conseguiu transmitir demais essa essência que as presidentes de clubes de fãs faziam, também tivemos a doçura de Klara Castanho como a filha Dora de Mazzeo, que soube trabalhar bem os olhares e agradar na medida, e claro Renata Gaspar como uma dona de casa que trará a tona os momentos mais sinceros da trama. E para finalizar temos a rápida participação de uma única cena de Tony Ramos como um empresário completamente descolado, cheio de visual e estrutura vocal toda misturando inglês com português como se fosse a última moda.

Dentro do conceito visual se você não viveu nos anos 90 pode ser que o filme passe bem batido, mas do contrário será um choque ao ver brinquedos da época, programas clássicos do Sábado e do Domingo no SBT, muitos pôsteres colados na parede, fitas miniDV em filmadoras de mão, e por aí vai, em algo completamente nostálgico, e claro para satirizar o modus operandi atual temos os carros de aplicativo, filmagens de casamento pré-armadas, promoções malucas, e tudo mais contrastando e agradando na medida certa, de modo que a equipe de arte trabalhou muito para colocar figurinos, junto de estilos próprios para a banda fazendo com que tudo se conectasse bem demais. A fotografia ousou em muitas cores e tons, brilho para todos os lados, mas não trabalhou muitos ângulos para chamar atenção, deixando que o estilo de clipe mesmo dos anos 90 dominasse do começo ao fim, pontuando um pouco com a comicidade de lado.

Não serei um torturador para colocar link com a trilha musical, mas para quem quiser pesquisar na internet tem o clipe de "Choque de Amor" e claro diversas versões de "Tô P da Vida". E claro que por ser um longa de banda musical, a repetição fica na mente por um bom tempo.

Enfim, esperava realmente algo muito pior, que acabou até me surpreendendo por ser menos apelativo do que poderia, somente pontuando mal pelo fechamento rápido demais, que poderia ser melhor desenvolvido, e por alguns exageros nas personalidades e estilos escolhidos, mas de resto certamente é um longa que vai divertir muita gente, principalmente aqueles que viveram nos anos 90. Sendo assim minha recomendação, que vá pronto para aceitar muita bagunça e claro muita música chiclete na cabeça. Bem é isso, fico por aqui hoje, mas volto amanhã (ou talvez hoje mais tarde) com a última estreia da semana, então abraços e até breve.

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Bye Bye Alemanha (Es war einmal in Deutschland...) (Bye Bye Germany)

10/07/2017 06:32:00 PM |

Existem alguns tipos de filmes que mesmo trabalhando bem o lado cômico não conseguem fazer graça para o público, de modo que parece que ao invés de estarmos assistindo uma comédia, estando em um drama forte e complicado. E se existe uma escola técnica de cinema que possui uma habilidade incrível de conseguir essa façanha é a alemã, pois dificilmente vemos uma comédia alemã que nos faça rir, ou pelo menos se divertir com o que é mostrado, ficando tudo sempre bem voltado para a tensão conflitiva, que até encaixa algumas piadas, mas passa bem longe de algo engraçado. Com "Bye Bye Alemanha", o resultado não poderia ser outro, funcionando bem ao mostrar que a tradicional malandragem que vemos muito no Brasil, também acontece em outros países, mas sem ousar numa pegada mais inteligente, tudo o que acaba acontecendo fica insosso demais, e não atinge toda a diversão que poderia. Um exemplo claro é se o mesmo roteiro caísse nas mãos de italianos, franceses ou até mesmo espanhóis (estou tirando americanos e ingleses, pois aí teríamos algo até forçado demais), o resultado final seria uma comédia deliciosa trabalhando a mesma postura e saindo da tênue quase fúnebre que acabamos vendo aqui. Volto a frisar que o longa passa bem longe de ser algo ruim, mas acaba falhando imensamente no resultado de ser engraçado/divertido, passando para quase uma obra documental de uma pessoa que só não morreu na época do nazismo por saber inventar mentiras e piadas.

O filme nos situa em Frankfurt, 1946, onde o judeu David Berman e seus seis amigos, só tem um propósito em mente: conseguir finalmente ir embora da Alemanha. Mas, nos tempos difíceis de crise após o fim da Segunda Guerra Mundial, eles precisam de muito dinheiro para realizar seu sonho de partir para os Estados Unidos. Para isso, encontram apenas uma saída: começar a vender enxovais para mulheres alemãs.

Não posso afirmar que essa foi a comédia mais dramática que já vi, pois é um estilo que felizmente aparece pouco (sim, ou para mim o cara faz rir ou faz chorar, o meio termo é famoso de quem errou em algo!) e como todos bem sabe, minha memória não é das melhores, mas o que o diretor Sam Garbarsky nos entrega é um filme que digamos até possui uma boa classe, um estilo próprio e uma boa esquete desenvolvida na forma de venda dos ambulantes, porém o depoimento entrar a todo momento no meio da história acaba ficando algo completamente desnecessário, de modo que na segunda continuação dele já queremos desistir logo do personagem. Ou seja, deveriam ter colocado o foco completamente na trupe de judeus vendendo/enganando os alemães com enxovais, que acabaria se tornando algo gostoso de acompanhar, e ali sim talvez ter alguma dramaticidade para se quebrar (afinal volto a frisar, que o estilo de cinema de comédia alemão obrigatoriamente tem de ter pitadas grandiosas de drama) a comicidade e ter algo a mais, mas não, toda hora voltamos para a cena do protagonista contando como "sobreviveu" à guerra e o longa acaba empacando. Como disse no início acredito mais que o erro não seja da história, pois numa mão diferenciada tudo acabaria melhor e mais interessante, mas aqui picaram tanto na edição e apostaram tanto no depoimento ser algo legal de mostrar, que não chama atenção alguma, mas se se traduzirmos ao pé da letra o nome original do filme seria algo como "Era Uma Vez na Alemanha..." e assim sendo o longa acaba contando uma fábula bem feitinha ao invés de uma gostosa comédia.

Sobre as atuações, temos de ser bem sinceros em dizer que Moritz Bleibtreu possui um estilo carismático incrível, de modo que todas as cenas que estava presente com seu David, ele fez o necessário para ser o protagonista máximo, puxando todos os olhares para si, e conseguindo segurar bem a cena como deve ser feito, e assim sendo acabamos até nos afeiçoando a ele, torcendo para que suas histórias não sejam em vão e finalize de forma eloquente, o que infelizmente não ocorre. Dentre os demais, quem passa mais tempo junto com o protagonista é Antje Traue como agente Sara, e com bons olhares, e um dinamismo certeiro, a jovem atriz consegue manter bem a essência de sua personagem, interrogando com precisão e fazendo boas caras e bocas, não soando artificial ao menos. Os outros personagens acabam aparecendo pouco em cena, mas sempre trabalham bem seus leves momentos, e alguns até conseguem fazer melhor o ato cômico em si, mas nada que valha a pena ser destacado.

Agora sem dúvida alguma, o melhor do filme ficou a cargo da equipe de arte, que conseguiu retratar bem a Alemanha pós-guerra, com cenários devastados, mas com os moradores vivendo sua vida e tentando reconstruir tudo, boas cenas também internas seja no barracão com os enxovais sendo empacotados para venda ambulante, seja no interrogatório com uma iluminação bem peculiar, ou até mesmo nas cenas de lembranças retratando um campo bem interessante, ou seja, um trabalho minucioso cheio de detalhes que acaba chamando atenção. E claro que uma boa direção de arte não é nada sem uma boa direção de fotografia, e com isso o filme acaba tendo tons marrons bem colocados com a iluminação pontual bem direcionada para mostrar exatamente o que desejavam.

Enfim, é um filme com uma boa história para se desenvolver, que acabou sendo mal montado e formatado, pois acabou nem virando uma comédia bacana de conferir e se divertir, nem um drama interessante de analisar, ficando bem no meio do caminho. Portanto, se você gosta desse estilo mais mediano, o longa é uma boa opção artística que está em exibição em algumas sessões do Projeto Cinema de Arte pelo país, mas certamente existem outros bons longas para conferir dentro dos cinemas. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais um texto, então abraços e até breve.

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Blade Runner 2049 em Imax 3D

10/07/2017 03:30:00 AM |

Sei que muitos são apaixonados pelo filme original de 1982 (esse ano só apareceu coisas boas no mundo, e claro que esse Coelho também!), mas convenhamos que embora seja um marco (que muitos nem enxergaram na versão original lançada!) o filme é bem lento e cansativo ao extremo, que só com muita vontade se consegue assistir aos 117 minutos de duração que parecem uma eternidade! Pois bem, só havia vistos pedaços dele na faculdade, e claro que com a estreia do novo agendado para essa semana, conferi por completo no final de semana passado (sim, quase dormi, mas sobrevivi!), e até gostei do que vi, embora não ache o melhor clássico de todos os tempos como muitos haviam me falado. Mas se a lentidão do original quase me matou, fiquei deveras assustado ao receber as programações dos cinemas com a duração de "Blade Runner 2049" que marcavam 163 minutos, ou seja, com os trailers quase 3 horas sentado assistindo algo no cinema sem parar, ou seja, entrei em pânico, e claro que deixei para conferir na sexta para poder hibernar no sábado, certo de que voltaria da sessão pronto para tacar um milhão de pedras no ritmo, falar que dormi na sessão e tudo mais. E eis que cá estou, após conferir o longa, engolindo todas as pedrinhas que iria jogar, pois COM TODA CERTEZA são as três melhores horas que passei assistindo a algo no cinema (ao menos nesse ano até agora!), pois não temos sequer um momento arrastado na trama, cada milésimo de segundo é usado com MAESTRIA para desenvolver os diversos atos da história, usando claro muita coisa do original (mas quem não viu não se assuste e vá tranquilamente que não irá ficar "muito" confuso com tudo o que é mostrado) e criando algo que será lembrado por muito tempo como um filme para reflexões, para curtir apenas e que conseguiu juntar o melhor de todas as qualidades que um longa deve ter: roteiro genial, direção impecável, atuações na medida certa, trilha sonora de arrepiar e uma direção artística e de fotografia incrível, os quais irei falar mais separadamente de cada ponto. Ou seja, vá correndo para a sala mais próxima, de preferência veja numa sala Imax se possível, pois tudo foi muito bem formatado para o estilo, e claro, um som top demais que o filme pede.

A sinopse nos situa na Califórnia, no ano de 2049. Após os problemas enfrentados com os Nexus 8, uma nova espécie de replicantes é desenvolvida, de forma que seja mais obediente aos humanos. Um deles é K, um blade runner que caça replicantes foragidos para a polícia de Los Angeles. Após encontrar Sapper Morton (Dave Bautista), K descobre um fascinante segredo: a replicante Rachel (Sean Young) teve um filho, mantido em sigilo até então. A possibilidade de que replicantes se reproduzam pode desencadear uma guerra deles com os humanos, o que faz com que a tenente Joshi, chefe de K, o envie para encontrar e eliminar a criança.

Chega a ser repetitivo falar o quanto Denis Villeneuve é um diretor preciso com o que pega para fazer, pois geralmente vemos muitos reclamarem de imensas cagadas que são feitas quando pegam obras clássicas originais e refilmam, ou fazem continuações desnecessárias, e embora muitos até tenham sido pegos de surpresa com a ideia de uma continuação de um clássico de mais de 30 anos (que inicialmente não deu bilheteria, muitos odiaram, mas que depois de aparecer diversas outras versões acabou virando um marco impressionante que muitos são inclusive apaixonados como sendo o filme número um de sua coleção clássica), aqui ao ser falado que seria inteiramente dirigido por Villeneuve e apenas produzido pelo diretor original Ridley Scott (que é bom, mas ultimamente anda errando feio a mão!) acabaram que todos ficaram quietos apenas aguardando com a certeza de que novamente veriam um clássico nos cinemas, e eis que o diretor pegou uma ótima história roteirizada na medida certa, com geniais pontos de virada (se alguém afirmar que sabia tudo o que iria acontecer, e quem era quem, está mentindo descaradamente!) que fazem seu queixo cair inúmeras vezes, e trabalhou para que tudo fluísse do começo ao fim criando muitas perspectivas para serem refletidas, muitas ideias para se debater, mas principalmente, não parando em momento algum para necessitar explicar ou puxar algo da sua memória, entregando um filme até simples de concepção, mas maravilhoso para acompanhar e se envolver. Ou seja, algo que é quase uma raridade, sendo completo de ideias, e brilhante para quem gosta de uma boa ficção científica acabar saindo pulando de emoção ao final da sessão com tamanha perfeição entregue a cada novo ato.

Dentro do conceito das atuações, o filme possui um elenco daqueles que chega a ser difícil para quem olhar em cada momento, e cada um felizmente teve seu momento preciso para mostrar o quão bom é, e ajudar o resultado funcional da trama, que claro teve a mão do diretor para encaixar cada um na sua qualidade dentro de cada cena. Para começar temos Ryan Gosling, que dificilmente não estará indicado mais uma vez às premiações com o que fez aqui com seu "K", criando desde semblantes bem filosóficos, passando por momentos emotivos e de dúvida, até ter seus grandes atos clássicos para serem lembrados outras vezes, de modo que você fica bobo com o que está vendo ele fazer, e torce para seu personagem, ou seja, um encontro de personalidades tão bem colocado que mostra que o diretor não estava errado ao não querer nenhum outro ator para o papel sem ser Gosling, pois o acerto foi impecável. Na sequência temos de falar das várias mulheres da produção, começando por Ana de Armas com sua bela Joi, mostrando uma evolução a mais do aplicativo que vimos no filme "Ela", e que com muita graciosidade e uma interação tão gostosa acaba envolvendo tanto o protagonista quanto o público com suas cenas. Mas se você gosta de alguém mais violento, o acerto na escolha da holandesa Sylvia Hoeks para o papel de Luv será empolgação total, com muitos olhares, muita pancadaria de altíssimo nível e poucas palavras, mostrando uma garra forte e bem colocada do começo ao fim. O papel de Robin Wright como a tenente Joshi foi pontual com alguns momentos mais impactantes e reflexivos, mas talvez algo a mais na sua cena com ambos os protagonistas caberia mais atitude, ainda que tenha agradado bastante no estilo durão que vemos nas mulheres policiais. Já nos últimos atos temos claro as participações bem usadas dos protagonistas do longa original, tendo um Harrison Ford (agora 35 anos mais velho do que quando estava quase em seu estilo completamente sexy e cheio de introspecção) entregando um personagem que sofreu muito nesse período que passou escondido de tudo o que ocorreu entre os dois filmes, trabalhando seu Deckard de maneira icônica e cheia de referências para agradar, afinal ele sabe bem como fazer bem esse estilo, e claro também tivemos mesmo que com pontuais usos de trechos do original e até alguns novos gravados (talvez com muita maquiagem) a participação de Sean Young com sua Rachael, o que ficou interessante de ser visto, e mostrou de certa forma que o passado pode bem se conectar com o atual. Tivemos também outras grandiosas participações no filme, começando com o grandalhão Dave Bautista mostrando que os grandões também podem ser sensíveis e socar bastante os protagonistas com seu Sapper Morton, depois duas rápidas aparições de Lennie James como o divertido (mas rígido) diretor do orfanato Mister Cotton, e do grande nome do Oscar de 2013, Barkhad Abdi voltando a boa forma interpretativa com seu Doc Badger. E claro que não poderia deixar de falar das DUAS cenas feitas por Jared Leto, que embora seja citado quase que no filme inteiro, afinal controla tudo agora com seu Wallace, acabou aparecendo bem pouco, mas mostrou uma precisão única de estilo para impor o que podemos dizer "medo" nos protagonistas. Tivemos ainda outras boas interpretações que agradaram muito, mas para falar delas acabaria dando spoilers, e isso é algo que não quero fazer.

Outro ponto que sem dúvida alguma impressiona no longa tanto pelo tamanho dos ambientes, quanto pela quantidade de elementos cênicos é o trabalho da direção de arte que foi no mínimo incrível de acompanhar, e olhar para cada lado do longa, misturando cenas na cidade destruída, cenas em laboratórios digitais magistrais, cenas em desertos com esculturas enormes, um cassino em completo estado de decomposição, mas ainda mantendo seu status grandioso, muita tecnologia envolvendo carros, projeções e tudo mais que fizesse os olhos saltar para cada ângulo da tela, e claro também um grande destaque para a sala de Wallace com nuances de sombras de água nas paredes incríveis, e não só lá, mas em todos os momentos procuraram criar texturas visuais com água e sombras para que o cinema inteiro fosse bem trabalhado. E entrando nesse detalhe de sombras, é claro que temos de falar da excelente fotografia que criaram ambientes com tons densos e pós-apocalípticos, muitos tons neutros puxando para o escuro, criando cada ato diferente do outro, e claro muita paz nos ambientes de sonhos, fazendo algo que oscilasse bastante os sentimentos dos personagens e claro do público também. E claro que temos de falar do 3D, afinal na maioria do país o longa foi lançado nessas salas, e de cara tenho de falar para os amigos mais exaltados, e que gostam desse estilo, que não temos absolutamente nada saindo da tela em direção ao público, temos sim muita imersão cênica, e usando de técnicas de profundidade, a tecnologia de conversão acabou criando algo grandioso para olharmos para cada ângulo da tela e ver detalhes quase que colocados exclusivamente para serem observados, ou seja, não digo que o filme valha a pena ser visto em 3D, mas sim vale ser visto em salas Imax ou nas maiores que tiver em sua cidade para que tudo seja contemplado da maior forma possível, além claro de toda a sonoridade que essas salas passam.

E falando em sons, entramos em outro ponto fortíssimo da trama, pois o longa original de 82 é completamente marcado pela trilha forte de Vangelis, que até hoje é muito usada em diversos momentos, e que basta um acorde para sabermos de que filme é a trilha. E aqui, temos o grande mestre das trilhas sonoras Hans Zimmer bebendo da fonte nas composições de Vangelis, e incorporando outras sonoridades e acordes para que tudo ficasse bem marcante, pontuando cada momento como algo único, e repetindo o mínimo necessário para que soubéssemos o tom de cada cena com a trilha sendo acompanhada, ou seja, algo mágico de escutar, que junto de uma excelente mixagem de efeitos sonoros, tudo acaba penetrando em nossa mente ajudando ainda mais tanto no ritmo da produção, quanto na cadência exata de cada ato no longa. E claro como sempre faço, aqui está o link para poder ouvir e entrar no clima da produção mesmo antes de ir para o cinema.

Enfim, é o filme do ano (até o presente momento), empolgando, emocionando, e mais do que um conjunto completo que temos de ver, temos também agradecer o diretor original Ridley Scott que decidiu fazer aqui um único filme de quase 3 horas, pois certamente nas mãos de outros produtores, acabariam nos entregando dois ou três filmes arrastados de quase duas horas, e que não acabaria trazendo tantos sentimentos de uma única vez. Portanto, vá aos cinemas conferir a trama, se possível tente ver o filme de 82 antes de conferir esse para completar a experiência (reforço que não é obrigatório, mas ajuda em alguns momentos saber quem é o que), e depois claro venha discutir mais nos comentários, pois mais uma vez é daqueles filmes que vamos pensar muito nele por muito tempo. Bem é isso pessoal, pela empolgação e o tamanho do texto deixei bem claro a nota que vou dar, e vou parar por aqui antes que solte algum spoiler, mas volto amanhã com mais um texto de alguma das outras estreias que apareceram por aqui, então abraços e até breve.

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Pica-Pau - O Filme (Woody Woodpecker)

10/06/2017 01:38:00 AM |

Quando falam de lançamentos de filmes que misturam atores com animações já dá até um arrepio em todos os pelos do corpo, pois geralmente a chance de dar tudo errado nos olhares dos atores, na conexão entre personagens animados com toda a cenografia, e tudo mais é altíssima, porém felizmente o problema de "Pica-Pau - O Filme" passou bem longe de ser esse, mas sim a escolha de um estilo no meio do caminho entre o infantil e o adulto, prendendo os pequenos somente pelas cores do pássaro (que se destaca completamente de todo o restante no filme) agitado e maluco que diversas vezes para tentar conversar com os espectadores, e juntando a isso uma comédia familiar bem leve e fraca que não consegue prender a atenção dos mais adultos que foram ao cinema esperando ver algo mais próximo das façanhas do desenho que tanto vimos quando mais jovens (que pregava peças monstruosas nos vilões e não apenas leves sacanagens como aqui!). Ou seja, já que a ideia era conseguir uma bilheteria mais ampla com os pequenos que são viciados nos desenhos, colocasse já para o lado infantil e pronto, teríamos algo bem colorido e divertido, mas a pregação moral aqui acabou ficando morna demais para ser algo além, e assim alguns personagens entram na trama quase que por obrigação (a turma de crianças musicais ficou algo completamente fora do eixo, e diversos momentos ficaram realmente toscos!!) não atingindo quase nada para falar que foi erro de corte ou algo do tipo. Sendo assim, quem for conferir, vá preparado para muita desconexão cênica, mas ao menos saiba que se for levar algum pequenino, pelo menos os dois que estavam na sessão hoje ficaram bem ligados na tela, e como costumo dizer, funcionou para eles.

O longa nos mostra que o travesso Pica-Pau está metido em mais uma de suas insanas brigas por território. Os inimigos da vez são o vigarista Lance Walters e sua namorada Vanessa. Precisando de dinheiro, eles estão determinados a construir uma extravagante mansão na floresta e lucrar com sua venda, mas Pica-Pau também mora no terreno e não pretende deixá-los em paz.

Diria que nunca havia visto o trabalho do diretor Alex Zamm, pois todos os seus trabalhos anteriores foram continuações famosas feitas direto para vídeo, e  até posso dizer que ele soube trabalhar bem a produção em si, principalmente fazendo o que é mais difícil: misturar uma animação com atores sem que os movimentos ficassem artificiais, friso movimentos, pois sabemos que o Pica-Pau ali não é real, e os atores até ficaram bem colocados olhando para lugares certos, conversando e mexendo corretamente com o personagem, e isso é raro de ver nesse estilo de filme. O grande problema do filme é visto logo que sobe os créditos, pois temos duas duplas de roteiristas, ou seja, não vou afirmar pois não li o roteiro original, e principalmente pelo filme ter vindo somente dublado, mas aparentemente o longa pareceu ter perdido o rumo que desejavam mostrar, não indo nem para o infantil gostoso e animado que adoramos ver, nem para o estilo família tradicional que passa boas lições e tem um desenvolvimento também bem colocado, ficando perdido no meio termo. Portanto, o resultado da direção foi bem feito pelo estilo de controle de atores, uma orquestra bem ornada, mas ele não soube arrumar o problema original e escolher um lado para tomar no final das contas.

Sobre os personagens, mais uma vez falo que não vou analisar interpretação por ver o longa dublado (e como é bem notável, o lipsynk está péssimo, mesmo com a própria atriz se dublando já que é brasileira). E dito isso, temos de pontuar que deram uma ótima e bem divertida voz para o Pica-Pau, aproximando bem do que víamos nos desenhos e criando uma boa comicidade para o personagem, claro que talvez pudesse ser até mais ácido em alguns momentos, mas aí sairia do tom infantil da trama. Dos humanos, de certo modo os atacados pelo pássaro ficaram fracos, com a brasileira Thaila Ayala saindo um pouco forçada como uma patricinha dondoca jogada na floresta, mas também o advogado super empresário vivido por Timothy Omundson acabou soando bobo com seus momentos gastador oscilando com o de pai ausente, ou seja, perdido. O garotinho vivido por Graham Verchere até se saiu bem nas atitudes com o pássaro, mas não precisava de uma banda, muito menos ser vítima de uma briga ridícula. Os vilões embora soassem toscos e bobos demais, foram bem interessantes na escolha dos atores, pois se pareceram bem com vilões de alguns desenhos, e assim sendo Scott McNeil e Adrian Glynn McMorran foram boas aquisições para o longa, e talvez nas vozes originais ficaram melhores. Dos demais, a maioria foi enfeite, mas vale um leve destaque para a guarda-florestal que embora faltasse um pouco mais de empolgação para agradar, fez boas caras e bocas.

No conceito visual, a trama não gastou muito, pois optou por uma floresta, muita madeira cênica para construção/destruição e alguns ambientes fora dali para trabalhar as cenas na cidade/vilarejo (o que foi completamente desnecessário e poderiam ter economizado mais ainda!), deixando claro para que tudo fosse feito sem muita movimentação para encaixar bem com a animação do pássaro tagarela, e com isso, o resultado embora simples foi bem colocado. A fotografia também não foi muito elaborada, afinal os tons foram sempre iguais para destoar o restante e deixar que o pássaro vermelho se destacasse de tudo, ou seja, luz básica do começo ao fim. Um detalhe interessante é de o filme não ter sido vendido em 3D, pois temos tantas cenas com voos e movimentações do personagem principal, que certamente agradaria bastante com a tecnologia, e claro arrancaria mais dinheiro dos pais, mas enfim, o filme não valeria tanto o investimento.

E sendo assim, o resultado final é bem simples: um filme que mais vai vender produtos (afinal já é sucesso nos desenhos, agora em filme então com certeza vai aparecer muito mais coisas!), mas que é fraco como cinema, talvez algo mais próximo dos desenhos, e menos família com problemas agradasse mais. Portanto, quem for levar os pequenos para o cinema, vá preparado para pouca diversão e muito colorido, afinal, isso é o que as crianças querem ver, e você não. Bem é isso pessoal, um filme mediano, que paro aqui de escrever sem me alongar muito, mas volto amanhã com mais um texto, então abraços e até breve.

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Kingsman: O Círculo Dourado em Imax 3D (Kingsman: The Golden Circle)

10/01/2017 03:23:00 AM |

Se em 2014 vibrávamos a cada cena apresentada em "Kingsman - Serviço Secreto" pela loucura cênica, pelos bons ângulos escolhidos e claro também pela história entregue, é fato que agora com a estreia de "Kingsman: O Círculo Dourado" já fomos para a sessão com as expectativas lá nas alturas, e embora beba da mesma fonte (afinal são os mesmos realizadores!) o resultado aqui acaba soando levemente forçado, sem muita preocupação para que fique tudo convincente. Ou seja, ainda temos um excelente filme, com boas atuações, muita ação despretensiosa em cenas malucas e tudo mais, porém não flui tão naturalmente como o primeiro longa e acaba divertindo um pouco menos com piadas repetidas, e barulheira demais para ser sincero. Portanto, se a pergunta é se vale a pena conferir, a resposta é claro que sim, agora se a pergunta for é novamente o melhor filme do ano como foi o primeiro filme, digo com toda certeza que passou bem longe dessa vez.

O longa nos mostra que um súbito e grandioso ataque de mísseis praticamente elimina o Kingsman, que conta apenas com Eggsy e Merlin como remanescentes. Em busca de ajuda, eles partem para os Estados Unidos à procura da Statesman, uma organização secreta de espionagem onde trabalham os agentes Tequila, Whiskey, Champagne e Ginger. Juntos, eles precisam unir forças contra a grande responsável pelo ataque: Poppy, a maior traficante de drogas da atualidade, que elabora um plano para sair do anonimato.

Como falei no começo talvez o maior problema do filme nem seja ele próprio, mas sim a alta expectativa que estamos indo para conferir, pois novamente o diretor Matthew Vaughn consegue criar um ambiente cheio de ação, com ótimas escolhas de ângulos, e muita força dinâmica para que seu filme fosse estiloso do começo ao fim, e ainda mantivesse a essência que nos apresentou no passado, e isso não é errado, muito pelo contrário, é um grande acerto, pois poucas continuações seguem a mesma linhagem de seu original. Porém, esperávamos ver novamente algo original que surpreendesse como fez anteriormente, e aqui ele apenas apertou o CTRL+C e o CTRL+V para entregar inclusive as mesmas piadas, ou seja, deu apenas continuidade ao projeto, saindo um pouco da Inglaterra e passeando por outras paisagens como Itália, Suécia, Camboja, e claro, Estados Unidos, mas até no estilo de filmagem e dosagem de cenas temos muitas semelhanças. Claro que copiar seu próprio filme não condiz como plágio, mas sim mostra que sua mão permanece intacta apenas aprimorando um ou outro custo ali para chamar mais atenção, ou seja, talvez num terceiro filme volte a criar novas possibilidades, mas vai ter de trabalhar muito para cativar novamente o público que foi ansioso demais para os cinemas e saiu apenas com um leve sorrisinho na cara ao invés de sair rolando como aconteceu no primeiro filme. Falando um pouco mais desse sem comparar com o anterior, posso dar leves destaques para a vilã que tendo seu próprio mundinho anos 50 (já colocando junto outro destaque para a parte cênica empregada na Poppysland de muito capricho) conseguiu chamar muita atenção e até valeria bem mais cenas ali com ela, aliás um destaque completo para a parte cênica em si, pois Statesman também ficou muito simbólico, e assim sendo a produção foi algo que trabalhou bem para o contexto completo da obra.

É raro vermos evolução de personalidade em atores jovens, principalmente em pouco tempo, pois em 2014 Taron Egerton parecia um molecote se compararmos seu Eggsy do primeiro filme com o que apresenta aqui, e não apenas no semblante mais sério, mas também no estilo de atuar, o que é algo bacana de ver, pois mostra maturidade no ator e quem sabe em filmes mais elaborados consiga chamar mais ainda a atenção, o único problema é que se no primeiro filme seu estilo mais despojado conquistou a todos, aqui sentimos muito a falta dessa pegada, embora tenha agradado bastante. Todos sabemos que Julianne Moore é uma das atrizes mais completas do cinema, conseguindo variar demais de estilos e agradar em todos, e aqui sua vilã Poppy veio mostrar um vértice ousado de personalidade, de maneira que acaba até nos conquistando com suas vontades, e talvez faltasse um pouco mais de maluquice apenas para ficar completa, afinal vilões costumam ter uns parafusos a menos, e aqui sua ideia recaiu bem para a frase do presidente dos EUA no longa, quase sendo algo "bom", claro que isso foi algo do personagem e não da atriz, mas ela poderia ter composto a personagem mais surtada, que chamaria mais atenção ainda. O vilão de ação Charlie vivido por Edward Holcroft foi bem nas cenas de luta, trabalhando com naturalidade mesmo tendo muitos efeitos cênicos com seu braço robotizado, e embora não tenha trabalhado tantos diálogos, conseguiu entregar boas cenas para empolgar. Voltando para a turma dos mocinhos, ou melhor dos caipiras da Statesman, esperava ter mais cenas com Channing Tatum como agente Tequila, pois fez leves participações e acabou ficando a maior parte do filme de fora, o que é estranho para um ator "caro", mas fez bem ao menos seus poucos momentos, o mesmo tivemos com leves participações de Jeff Bridges como Champanhe, o grande líder da empresa de bebida, que talvez até pudesse ter mais cenas, mas ficou mais quietinho no canto dele, sobrando para Pedro Pascal detonar com o laço tecnológico de seu Whiskey, trabalhando bem tanto as cenas com mais ação quanto os momentos de maior diálogo, o que mostrou que o ator sabe ir a fundo também. E falando da equipe de tecnologia, se no primeiro tínhamos apenas Merlin vivido mais uma vez perfeitamente por Mark Strong, que foi clássico em todas suas cenas, e superando ao máximo na sua final, agora também entrou em cena uma Halle Berry calma até demais (afinal vimos nessa semana toda sua loucura no filme "O Sequestro") com sua Ginger, que até soou mais médica do que tecnóloga, e talvez pudessem melhorar mais isso no próximo filme. E para finalizar temos de falar das surpresas (algumas nem tanto já que nos trailers já haviam revelado a aparição) de Colin Firth bem posicionado com seu Harry, trabalhando meio desorientado inicialmente com motivos claro, mas soando até deveras bobo demais, mas depois encaixando bem e agradando com certas ressalvas, pois talvez alguns momentos seus poderiam ficar mais fortes, mas nada que tenha atrapalhado muito, e claro da sueca Hanna Alström que já havia feito uma leve (e perfeita) participação no primeiro filme como Princesa Tilde, voltou aqui bem colocada e servindo de base para bons momentos da trama. Quanto à participação de Elton John, sem dúvida ele serviu muito bem para todas as suas cenas, e embora soasse extremamente forçado, acabou agradando bastante.

Quanto do visual do longa, volto a frisar que a preocupação em fazer uma produção cheia de contextos cênicos deu à trama bons momentos vintages com toda a cenografia da Poppysland, trabalhando cada símbolo como algo único, como os robôs que não decepcionam a vilã, as lanchonetes, salões, cinemas, boliches e teatros todos ambientados como era nos anos 50, e com isso tudo ali parece algo fora da trama completa, e agrada bastante. Já nos Estados Unidos tivemos um ar mais ruralista mostrando um Kentucky bem moldado em volta de rodeios e bebidas, o que é interessante de se pensar, pois mostra que os britânicos possuem bons preconceitos pelos americanos, e o resultado acabou ficando ao mesmo tempo imponente e divertido. Nos demais países acabamos tendo leves participações, mas o momento de tensão dentro do bondinho na Itália começou bem envolvente e acabou genial (principalmente pela ótima frase do velhinho!), na Inglaterra tivemos boas cenas de perseguição, mostrando que "Velozes e Furiosos" fizeram escola, e por aí vai, sempre mostrando que a equipe quis algo visual e conseguiu, tendo pelo menos dois a três elementos cênicos por ambiente para chamar atenção, e junto disso mostrando que foram pouquíssimas cenas filmadas em estúdio, para criar grandeza cênica. A fotografia oscilou bastante, primeiro por ter mais cenas em locais abertos, segundo por trabalhar como já disse diversos países, ambientes e situações, então com isso, e claro também a loucura do diretor de ter muitas câmeras em movimento, a opção de manter o tom mais claro, sem criar muita densidade de tensão foi acertada. Quanto do 3D da trama, temos alguns bons momentos com objetos vindo em direção e outros tendo profundidade de ambiente, mas nada que você fale "Uau!!", de modo que apenas valha a pena conferir numa sessão com a tecnologia por estar em salas com melhor sonoridade, afinal a barulheira é violenta, mas falar que com os óculos vai mudar algo na experiência é balela total.

Enfim, é um filme honesto, que entrega uma boa dinâmica do começo ao fim, mas que todos esperavam ver algo muito maior, então como sempre digo, devemos ir ao cinema sem expectativas, e assim aproveitar melhor cada momento, mesmo que seja algo repetido, como foi o caso aqui. Confesso que esperava muito mais, mas me diverti e fiquei feliz com o resultado final, e recomendo sim a trama para quem gosta de bastante ação, mas alguns leves defeitos podem ser pontuados, e certamente acabaram prejudicando um pouco não só o conteúdo da história para que ficasse melhor, mas também reduziram a qualidade do impacto (por exemplo já sabermos que Harry voltaria dos mortos nos trailers!). Outro detalhe é que o filme embora seja uma continuação bem apropriada, não necessariamente obriga que você lembre detalhes do primeiro filme, mas se tiver visto mais próximo talvez se divirta com boas sacadas. E sendo assim, vale a pena sim conferir o longa, e se for numa sala de som potente prepare para sair quase surdo da sessão, pois é explosão, tiro e pancadaria para todos os lados. Bem é isso pessoal, encerro aqui essa semana cinematográfica um pouco curta, mas volto na próxima quinta com mais estreias, então abraços e até lá.

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Duas De Mim

9/30/2017 01:46:00 AM |

Acho engraçado (e ao mesmo tempo triste) quando saio de uma sessão sem saber qual era a proposta de um filme, pois "Duas de Mim" não diverte com sua proposta, não faz rir em quase nenhum momento, satiriza programas de culinária, porém de forma bem jogada e forçada, não impacta no âmbito familiar com a mensagem que aparentava ter, ou seja, tem um pouco de tudo e ao mesmo tempo não tem nada, criando um filme bem produzido e só. Ou seja, é daqueles filmes que ficamos na sessão esperando acontecer algo, ele passa inteiro, e quando vemos já está subindo os créditos sem ter causado nenhuma sensação no público (pelo menos em alguns sentimos raiva de ver algo tão ruim, o que nem isso ocorre aqui!), de modo que não digo em momento algum que a ideia foi ruim, pois quantas vezes já não desejamos ser dois para dar conta de tudo o que temos de fazer, quantos filmes já vimos de clones que acabam assumindo a personalidade do original, quantos programas ruins de culinária existem para serem satirizados, mas tudo de uma vez sem um cerne bem mais moldado, e principalmente, comicidade simplória em um filme que tenta apelar para rir e não consegue, acaba sendo algo que precisavam ter se preocupado na montagem ao menos. E para não ser injusto com a trama, sim, o público riu em umas duas ou três cenas, mas para algo de 82 minutos, necessitava mais.

O longa nos conta que Suryellen é uma cozinheira que trabalha duro para manter sozinha o filho pequeno, a irmã mais nova e a mãe. Um dia, após encontrar uma doceira mágica, seu pedido vira realidade e ela se divide em duas. Só que sua cópia, idêntica fisicamente, tem claras diferenças de personalidade, sendo muito mais extrovertida e corajosa. A ideia seria dividir as tarefas com a comparsa, mas logo Suryellen percebe que sua sósia tem planos próprios.

Em seu primeiro rasante fora das novelas e séries, a diretora Cininha de Paula (que desde os anos 90 faz muitos brasileiros rirem com ótimos programas humorísticos na TV como "Escolinha do Professor Raimundo", "Sai De Baixo", "Toma Lá, Dá Cá", entre outros) até trabalhou um contexto cômico determinado a seguir uma linha, porém diferente da TV que sempre tem chances de dar uma reviravolta com alguma piada bem encaixada, no cinema essa mesma piada precisa ou ser desenvolvida durante a trama, ou colocada diretamente em gags/esquetes prontas para determinado momento, e aqui ela até tentou com algumas leves sacadas, mas o filme não aceitou bem a proposta, acabando que ao tentar algo diferenciado, o resultado seguinte acabava engolindo e já voltando para o marasmo completo que o filme acaba sendo. Felizmente um ponto bem positivo para o longa é que ele tem ritmo, e é bem curto, e assim sendo acabamos não nos cansando com o que é apresentado, mas vindo dela e de um dos grandes nomes do roteiro nacional L.G. Bayão, o filme passa bem despercebido, e não empolga em momento algum, aparentando faltar (usando analogia da própria trama) tempero/sal para dar um sabor melhor ao resultado final.

Sobre as atuações, basicamente temos de falar apenas de Thalita Carauta que fazendo dois personagens (tendo apenas uma dublê de corpo para as cenas que aparecem as duas juntas) até conseguiu trabalhar bem duas personalidades, uma mais sofrida de família que rala muito para conseguir ter seu teto, pagar suas contas e cuidar do filho, e outra mais despojada, pronta para tudo e cheia de trejeitos, porém por ser um filme de comédia, e ela ser uma comediante de profissão, acabou forçando demais e atuando de menos, não trabalhando cada ato como merecia ser feito por uma protagonista, e assim sendo sua Suryellen acaba sendo um personagem comum na trama, sem muito desenvolvimento, mas que faz bem o papel, ou seja, a famosa síndrome do ator que só faz coadjuvantes, mas quando ganha um papel principal não corresponde como poderia, ou seja, não digo que seja uma atriz ruim, muito pelo contrário, fez bem seus papéis, mas não surpreendeu como poderia. Como cantor Latino já não é algo impressionante, então falar de sua atuação como Chicão é ser repetitivo demais, e por mais que tenha se esforçado com bons trejeitos, era alguém perdido em cena fazendo cover dele mesmo. Os demais praticamente todos fazem participações, alguns aparecendo um pouco mais, outros menos, mas nada que surpreenda ou chame atenção para valer destacar positivamente, muito pelo contrário, alguns fazendo até eles mesmos como o júri do programa culinário, foi algo que sequer valesse as boas cenas.

Como disse no começo, a produção do longa foi tão bem pensada que certamente deu muito trabalho para a equipe de arte, contando com muita comida sendo feita para funcionar visualmente, locações simples, mas bem elaboradas para chamar a atenção e dar contexto para cada momento, e principalmente bons figurinos e figurantes para compor cada cena do longa, de modo que o filme mesmo falhando na comicidade acabe ficando bonito cenicamente, o que é uma pena, pois se acertassem a mão no restante, o resultado seria incrível de ver na tela. Como é uma diretora de TV, Cininha colocou uma equipe de fotografia muito focada em não dar profundidade, criando um ambiente quase de tom claro demais, e essa falta de mistura de quente/frio que faz dar fome, ou faz rir, ou até mesmo cria climas na trama, foi um dos pontos que certamente podem ter falhado e ajudado o resultado final.

Enfim, volto a falar que não é um filme ruim, não temos atuações ruins, só é fraco de conteúdo por não atingir nenhum dos muitos vértices que acabou mostrando na tela, e sendo assim, muitos que irão ao cinema conferir o longa vai sair da mesma forma que entrou na sala: sem saber o que viu, se foi uma comédia, um drama, uma série, ou nada mesmo. Portanto essa acaba sendo minha recomendação, se for ao cinema ver o longa baixe todas as expectativas para rir de algo, e curta o que for entregue de uma maneira bem simples, mas caso queira pular esse longa nacional (o que é uma tristeza para o grande momento que estamos tendo com ótimos exemplares de filmes), pode pular tranquilamente. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas ainda falta conferir a grande estreia da semana, que com horários legendados meio fora do padrão acabei deixando para ver no fim de semana, então abraços e até breve com mais um texto.

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LEGO Ninjago: O Filme em 3D (The LEGO Ninjago Movie)

9/28/2017 11:30:00 PM |

Se existe um gênero que não gosto de reclamar, pois sempre agrada seja pelas belas imagens, por todo o trabalho que dá fazer, ou pelas belas mensagens que deixa para a família e/ou crianças, é a tal da animação, afinal é raro um trabalho desses acabar sendo jogado fora com tanta tecnologia envolvida, mas claro que para um longa funcionar, a animação necessita ter bons elementos também, e principalmente uma história que prenda a atenção dos pequenos e/ou dos adultos que forem conferir, pois se tudo for jogado na tela acaba sendo apenas algo bizarro. Dito isso, algumas mensagens de "LEGO Ninjago: O Filme" até soam interessantes, mas o filme é tão monótono, ruim, cansativo, sem um rumo determinante que por bem pouco não dormi na sessão que fui conferir, de modo que me segurei para não cair no sono e conseguir ver tudo para depois argumentar que realmente o que foi entregue não deva ser recomendado para ninguém, afinal temos uma mistura de diversos enredos de outros filmes, que sem desenvolvimento nenhum acaba soando confuso e sem classe para empolgar sequer alguma criança que brinque todos os dias com os personagens, ou seja, uma bomba imensa, que só vale a diversão bem rápida nos momentos iniciais com o jornal "Bom Dia Ninjago" e nada mais, além claro de não ter sequer uma cena que funcione o 3D (aliás tirei os óculos em mais da metade do filme para que não ficasse tão escuro, e me fizesse dormir! E nem sequer borrões tiveram na projeção). Portanto, dispensável num limite altíssimo!

O filme nos apresenta os jovens adolescentes Lloyd, Nya, Cole, Jay, Zane e Kai que dividem as tarefas escolares com o alter-ego como super-heróis ninja, sempre prontos a proteger a cidade de Ninjago dos ataques feitos pelo megavilão Garmadon. Só que Lloyd é também filho de Garmadon e, em meio às constantes batalhas com o pai, demonstra uma profunda mágoa por ter sido abandonado ainda bebê.

Posso dizer facilmente qual foi o maior erro do filme, querer manter a essência dos anteriores, de zoar algo ou algum estilo, no caso aqui filmes de ninja, mas querer produzir mais do que um filme junto, pois não faz nem oito meses que "LEGO Batman" estreou, ou seja, sabemos que animações levam anos para serem produzidas, estudadas, desenvolvidas de modo que se encaixe a ideia principal, as boas piadas/sacadas, e principalmente os efeitos junto com os personagens, e aqui fizeram praticamente tudo nas coxas, de tal maneira que temos tantas viradas cênicas que chega a ser difícil assimilar o rumo do filme, e se ao menos fosse um ritmo mais agitado até que tudo bem, mas tudo é lentíssimo, e acaba cansando qualquer um que se disponha a conferir o trabalho de três diretores novatos. Ou seja, com situações dispensáveis, o resultado acaba mais bagunçado do que tudo, tendo até bons momentos iniciais, mas tudo vai desabando tão rápido que ao final nem sabemos mais o que estamos vendo na telona.

Chega a ser difícil falar dos personagens, pois acaba sendo uma mistura de "Star Wars" com "Power Rangers" juntamente com "Capitão Planeta" e mais diversos outros elementos, que acabamos não criando quase que nenhuma simpatia por eles, e junte isso a falta de carisma dos protagonistas para que o resultado seja torcemos para os trejeitos bobos do vilão Garmadon e claro para o gato godzila que sai destruindo tudo. Ou seja, quando torcemos mais pelos vilões em um filme de animação é algo preocupante, pois mostra que não tentaram trabalhar bem os mocinhos para agradar em algo, seja na comicidade, na lealdade ou até mesmo na força, e assim sendo certamente amanhã já nem lembrarei qual o nome de cada ninja! Detalhe, nem mesmo os momentos iniciais com os humanos Jackie Chan e Kaan Guldur agradaram em nada, parecendo até artificial demais colocar aquilo no longa.

O visual da trama feito com os famosos bloquinhos de LEGO é bem legal, pois tudo se monta e desmonta com uma facilidade incrível, além de encaixar uma boa dinâmica na cidade e trabalhar vários estilos visuais num único longa, porém o apelo visual é tão grande, que acabamos não sabendo para onde ou o que olhar, e isso diferente do que acontece em um filme que vai adequando os elementos para realçar algo, aqui acaba servindo para despistar erros e estragar ainda mais a bagunça completa, ou seja, volto a falar que a melhor sacada foi a entrada do gato, e ponto. Sobre o 3D nem deveria falar disso, afinal o longa que poderia ter ousado com pecinhas voando para todo lado, tiros, ou qualquer coisa interessante, ou ao menos uma profundidade bem trabalhada sequer teve duas cenas com algo que merecesse ficar de óculos na sessão (sim, fiquei mais da metade do filme sem óculos e nem um borrão na tela teve!), ou seja, desperdício completo de tecnologia.

Enfim, um filme fraco que até poderia ser mais interessante e que certamente divertiria bem a criançada, afinal muitos gostam de ninjas, lutas e afins, e aqui a bagunça foi apenas jogada na tela sem quase nada de história, além de ser muito lento. Ou seja, não consigo recomendar para ninguém esse filme, mesmo que tenha alguns pontos positivos (os caracteres foram traduzidos e aparecendo na tela é bem legal, e o jornal matinal também ficou bem divertido no começo, talvez mais cenas dele ajudaria bastante). Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais uma das estreias da semana, então abraços e até breve.

PS: Acho que estou sendo até bonzinho demais com a nota, mas realmente tiveram alguns lances divertidos no começo que valem a nota.

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Esta é a Sua Morte - O Show (This is Your Dead - The Show)

9/23/2017 02:49:00 AM |

Praticamente todos sabem que na guerra pela audiência dos programas televisivos só falta matar alguém ao vivo para aparecer e ganhar o público, e já se fizeram realities de todos os estilos possíveis, então porque não criar algo diferenciado que misture "Criança Esperança" com "Jogos Mortais"? Se você é produtor de conteúdo televisivo, e possui um estilo mórbido fica a dica para conferir o longa "Esta é a Sua Morte - O Show" e analisar o que pode dar certo ou errado no seu canal!! Ao mesmo tempo que estou brincando com essa ideia, não duvido que muito em breve apareça algo realmente assim, pois a proposta estranha que o longa nos entrega é algo muito bem possível de acontecer, afinal como é dito no longa se a pessoa desejar se matar ao vivo e for de sua própria vontade, a emissora não está cometendo nenhum crime, mas claro que no Brasil, isso cairia em inúmeras leis e brechas para advogados fazerem a festa. Ou seja, é uma ideia bem válida, claro com muitas cenas de mortes exageradas e até gratuitas para um filme só (talvez pudessem ter feito algo a mais do que apenas o show, pois o filme em si de conteúdo é bem fraco!), mas tudo acaba sendo tão original que ficamos pensando realmente como nenhum outro longa e/ou programa real de TV (ao menos que me lembre!) tenha usado isso até hoje. Claro que muitos vão odiar a essência, mas o filme em si vai deixar boas lições de como aproveitar a vida, família e tudo mais, ao invés de pensar em se suicidar (mas caso vá, pelo menos ganhe algum dinheiro para os seus entes que ficarão sem você!).

O longa nos conta que as pessoas hoje se entretêm com a degradação dos outros diante das telas. Elas vibram com argumentos selvagens, lutas sangrentas e escândalos. E quando pensam que viram de tudo, o apresentador Adam Rogers ultrapassa os limites com “Esta é a sua morte”. Um reality show onde os participantes terminam com suas vidas por uma chance de ganhar dinheiro. Movido pelo desejo de chocar as pessoas e provocar mudanças sociais, ele fará tudo para conquistar a audiência. Mesmo sacrificando sua própria humanidade.

Talvez o maior problema da trama seja o diretor/ator Giancarlo Esposito entregar logo de cara os dois vértices de seu filme, e já matarmos qual será o final do longa. Pois ele até tentou algumas vertentes diferente e até poderia ter tido algumas leves osciladas como fez, trabalhando mais a personalidade/ego do protagonista, e até mesmo colocado mais sobre a vida dos desesperados do programa, mas optou por tudo ser simples e chocar apenas com algumas cenas de morte sem cortes na tela (o que fez com que seu longa ficasse com classificação 18 anos!). Ou seja, o diretor em seu segundo longa-metragem (orquestrando, pois se contar atuações tem mais de 150) trabalhou bem a ideia do roteiro, mas acabou não a desenvolvendo, o que acabou soando errado demais.

Sobre as atuações, chega a ser engraçado a divisão de cenas, pois praticamente todos os protagonistas possuem o mesmo tempo de tela, não sendo algo que vamos só ver Josh Duhamel com seu Adam Rogers fazendo suas caronas cênicas, que até mostram um pouco como alguns apresentadores passam a dominar seus programas, esquecendo que a direção/produção poderia fazer algo (coisa bem comum de vermos nos programas de auditório nacionais!), e sendo assim o resultado dele até é bem eloquente. Da mesma forma o diretor também entra em cena com seu Mason, mostrando uma grande realidade dos pais mais humildes que querem dar tudo de melhor para os filhos, mas quando a idade bate numa porta, os empregos saem pela outra da casa, e claro que como ator ele saiu muito melhor do que como diretor, trabalhando uma expressão triste, mas muito bem colocada em cena, que agrada até o fim, mesmo sabendo qual fim ele irá entregar. As mulheres da trama foram tão bem colocadas que se tivessem mais oportunidade até passariam a frente dos dois protagonistas, começando por Fanke Jensen como a diretora do canal Ilana, que claro está disposta a tudo para obter audiência, e sem pensar duas vezes a atriz também botou a cara para jogo e interpretou com força o que sempre vê nos seus diretores. Logo na sequência temos a produtora do programa Sylvia, que Caitlin FitzGerald trabalhou bem no estilo e mostrou que essa raça é daquela que não deve ser provocada, pois parece bobinha, mas dá mole para poder se safar facilmente. E claro para finalizar a irmã do apresentador que Sarah Callies trabalhou de uma maneira dócil, mas completamente maluca quando entra nas suas cenas problemáticas, de modo que acaba divergindo opiniões e agradando quando quer.

Dentro do contexto cênico, a equipe de arte trabalhou muito bem tanto para criar o visual do programa, com um auditório todo bem trabalhado (mostrando inclusive as preocupações para se montar um programa de auditório, como deve estar as câmeras e tudo mais), quanto para criar as diversas sub-histórias com muito charme e claro a preparação bem explicada do motivo das mortes, e com isso tivemos algo simples, mas muito bem feito, mostrando produção sem gastos, mas com qualidade. A fotografia brincou com luzes de diversas formas para criar tensão tanto nos espectadores do filme, quanto nos espectadores do programa, e isso é algo que poucas vezes vemos e funciona.

Enfim, é um filme que poderia ser monstruosamente melhor, pois tem uma essência violenta, porém com grandes lições para se pensar, mas que acabou focando mais em coisas subliminares que acaba não empolgando tanto quanto poderia. Está bem longe de ter ficado ruim, pois as cenas de mortes são gratuitas, mas muito bem feitas, o estilo de programa também funciona bem, mas acabaram polemizando demais com o estilo do apresentador, da produtora e da diretora, quase criando exageros de relacionamentos (o que viraria quase uma novela) que acaba apagando o resto de bom da trama. Portanto se você primeiro tem mais de 18 anos e gosta desse estilo, o filme até vai te segurar na poltrona e acabará agradando de leve, mas se você prefere algo realmente mais pesado (ou mais leve) esse não é a melhor opção para o fim de semana, pois contém falhas graves na história. Bem é isso pessoal, encerro aqui essa semana cinematográfica, mas volto na próxima quinta com mais estreias, então abraços e até logo mais.

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O Assassino - O Primeiro Alvo (American Assassin)

9/22/2017 11:50:00 PM |

Sempre que falamos sobre filmes de espionagem que envolvam bombas roubadas e muita ação para todo lado, sabemos que a fluidez das cenas acabam dependendo quase que 100% da determinação dos protagonistas e de uma direção que se permita entregar cada ato melhor que o outro para envolver o público, e "O Assassino - Primeiro Alvo" infelizmente não consegue essa façanha, de modo que tudo acontece tão superficialmente que ficamos apenas esperando o ato seguinte com a certeza do que irá praticamente ocorrer. E sendo assim o que vemos são sim boas cenas de ação e luta, aonde os protagonistas até soam interessantes, mas nada que impressione por técnica ou pela história em si, valendo apenas mesmo a grandiosa cena no meio do mar e nada mais.

A sinopse do longa nos conta que devastado pela morte da noiva diante de seus olhos em um atentado terrorista, Mitch Rapp dedica-se incansavelmente à vingança, o que chama a atenção da CIA. Recrutado, o descontrolado rapaz é enviado para o rígido treinamento de Stan Hurley, veterano militar que prepara assassinos secretos de atuação internacional e tem sérias ressalvas à avaliação psicológica de Mitch.

A direção de Michael Cuesta até se mostrou segura dos atos e criou bons vértices, principalmente por colocar alguns ângulos mais amplos, mostrando que não usou muita computação gráfica, optando por uma realidade cênica mais abrangente, e com isso se a história fosse melhorzinha teríamos um filme mais empolgante e menos didático, de modo que tudo parece ocorrer artificialmente e sem muito sal para causar tensão e/ou nervosismo com os protagonistas. Claro que muitos espiões/agentes são frios ao extremo, mas aqui o exagero passa dos limites e tudo acaba mais cansando do que empolgando na telona

Sobre as atuações, o ponto mais bacana é ver que Dylan O'Brien melhorou bem após seu grande acidente nas gravações de "Maze Runner" e já está bem disposto para grandes filmes, tanto que aqui ele mostrou trejeitos bem mais adultos (afinal já está bem mais velho) com seu Mitch e um carisma mais neutro e interessante de ver, saindo do galã juvenil que fazia tradicionalmente, ou seja, está mais impactante para corresponder aos papéis mais forte que lhe irão entregar, e que certamente sairá melhor a cada vez, pois aqui já demonstrou algo bem mais profissional e de grande chamariz, mesmo que tenha soado um pouco antipático demais. Michael Keaton quando quer ser durão e com força cênica sabe bem os trejeitos que deve entregar, e aqui embora seu Hurley seja interessante, ele acabou pecando em ares jogados demais para que gostássemos do seu papel. Taylor Kitsch até fez bons olhares como o vilão Fantasma da trama, mas acabou aparecendo bem menos do que deveria e com isso acaba ficando falho demais para empolgar também, de modo que poderia ter batido mais em cena. Os demais personagens da trama até tentaram aparecer um pouco mais, mas a maioria é quase tão jogado quanto os protagonistas, valendo ter leves destaques com as duas mulheres da trama, Sanaa Latam como Irene, o nome forte da CIA, e Shiva Negar como Anikka, mas mais pelas suas boas cenas de luta.

Quanto ao visual da trama, gastaram demais passeando por diversos países para tentar criar uma base mais envolvente, e o resultado acabou ficando mais desgastado ainda, pois até foi trabalhado um pouco as diversas culturas que vemos atualmente botando pessoas contra pessoas, pessoas contra países, e até trabalhou-se bem alguns objetos cênicos para dar um leve enfeite para cada ato, mas nada que fosse impressionante de ver, mostrando que a equipe de arte gastou sem usar qualidade cênica, e isso infelizmente é um erro monstruoso, destaque apenas para as cenas de realidade virtual para treinamento (algo literalmente chocante!!), para as cenas da praia no início, e para os momentos de tortura (que chegam a doer na gente!). A fotografia usou o básico, colocando leves nuances, mas usando principalmente muita iluminação natural, e infelizmente nesse estilo de filme é preciso ousar um pouco mais para criar tensão, colocando tons escuros em mais cenas, botando cores quentes nas cenas de briga para causar furor no público e até mesmo sabendo dosar os atos com coisas falsas, pois senão o público acaba ficando indiferente como a produção também acaba entregando algo indiferente. Destaque mais positivo na questão técnica para os ótimos efeitos da grandiosa cena final, pois ali embora tenham usado muita computação gráfica, ficou algo realmente impressionante que nem nos filmes de catástrofes conseguiram fazer algo tão impactante.

Enfim, é um filme mediano que poderia empolgar muito mais, mas está bem longe de ser algo ruim, até agradando em algumas boas cenas de luta, apenas esperava que por ser um filme de ação/espionagem tivesse mais de ambas as coisas, e não a facilidade que tudo acaba acontecendo. Portanto, se você gosta do estilo, mas prefere filmes mais lights do que aqueles pesadões aonde parece que você sai cansado da sessão com tanta ação, esse é o seu número, senão pode deixar ele como uma boa segunda opção caso não tenha nada melhor para ver. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas hoje ainda confiro outro longa, então volto em breve com mais um texto, por enquanto fiquem com meus abraços e até logo mais.

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Mãe! (Mother!)

9/22/2017 10:04:00 AM |

É interessante como alguns filmes abstratos conseguem fazer com que nossa mente exploda e fiquemos naquela dúvida incessante para saber se somente nós teremos a mesma concepção do que vimos, se gostamos realmente do que vimos, e até mesmo como um diretor consegue explorar tanta maluquice em um único filme para que no final a mística completa seja até mais simples do que poderíamos imaginar! E se tem um diretor capaz de fazer algo desse estilo e acertar a mão é Darren Aronofsky, pois praticamente todo filme seu nos permeia com algo que ficamos perplexos com o resultado final e sempre sobra discussão para todo lado, seja por adorar ou odiar suas produções, e claro que com "Mãe!" não seria diferente, já que desde os primeiros teasers, sinopses, imagens e tudo mais ninguém sequer imaginou do que se tratava a obra, tiveram inúmeros palpites (ainda não lembro de ter visto nenhum igual ao meu!) e com isso podemos dizer que a obra complexa chega atingindo um cunho maior do que se imagina, pois ao final da sessão veremos os apaixonados que chegaram a alguma conclusão e vão elogiar o filme, os confusos se entenderam algo e talvez xingue ou goste do filme, e a grande maioria que irá assistir ao longa pensando que verá um suspense de nível macabro, não entenderá nada o que passa na tela e com toda certeza irão falar mal pra todos os cantos da obra. Ou seja, algo polêmico para se discutir, que vou tentar não colocar spoilers da minha humilde opinião do que se trata a obra (quem quiser saber a minha real, mande mensagem que respondo!), mas me colocaria no segundo grupo, dos que ficaram confusos, mas que gostaram do resultado final, embora seja algo muito abstrato para meu gosto de cinema.

A sinopse nos conta que um casal vive em um imenso casarão no campo. Enquanto a jovem esposa (Jennifer Lawrence) passa os dias restaurando o lugar, afetado por um incêndio no passado, o marido mais velho (Javier Bardem) tenta desesperadamente recuperar a inspiração para voltar a escrever os poemas que o tornaram famoso. Os dias pacíficos se transformam com a chegada de uma série de visitantes que se impõem à rotina do casal e escondem suas verdadeiras intenções.

O bacana de obras complexas é que se pode imaginar qualquer coisa e chegar a vários lugares que sua mente permear, e isso é algo que ao mesmo tempo acaba sendo bonito de ver, mas também que aflora minha raiva por alguns diretores não expressarem sua opinião de seu próprio longa. Porém, felizmente aqui, embora a trama seja cheia de metáforas e abstrações malucas, Darren Aronofsky meio que implicitamente coloca sua opinião e consegue trabalhar as diversas situações de seu filme, criando claro uma bagunça completa no segundo ato que chegamos a pensar que rumo iria virar com tantos figurantes em cena, mas ao entrar no último ato, a mesma bagunça consegue ter um lirismo tão interessante que ao mesmo tempo que choca consegue revelar coisas demais, e assim sendo o filme muda completamente toda a opinião que vinha seguindo, para algo mais fechado e bem colocado. Talvez não fossem necessárias tantas cenas com câmeras na mão, fazendo alguns planos sequenciais horríveis com quebras de eixo, mas o resultado do desespero ajuda a compôr o momento de tensão da protagonista, e acaba funcionando.

Sobre as atuações, chega a ser desesperador acompanhar Jennifer Lawrence como protagonista, de modo que começa quase sem expressões marcantes, mas vai incorporando os atos/situações e posso estar errado, mas acho que a veremos novamente nas listas de indicações com o que fez aqui, pois deu seu sangue em cena com muita incorporação chamando demais a atenção em tudo o que fez. Javier Barden costuma entregar personagens mais chamativos, seja pela bizarrice ou por algo mais icônico que acaba fazendo, e aqui seu estilo até chega a chamar atenção, mas é forçado demais para conseguir atingir o ponto máximo que o personagem poderia alcançar, ficando mais estranho as expressões que faz do que tudo. Michelle Pfeifer fez o que sabe fazer melhor: ser arrogante em cena, de modo que sua personagem já entra causando em cena, e só vai aumentando a raiva que o público fica dela (ri muito do pessoal na minha frente que já queria bater nela na primeira cena dela!), de modo que acaba sendo um ótimo acerto de personagem. Ed Harris soou estranho inicialmente, mas também acaba acertando a expressividade com o andar de cena, de modo que logo com a aparição dos filhos acaba ficando muito bom. Prefiro não pontuar a atuação dos dois filhos, pois praticamente foi apenas uma cena de briga e gritaria entre Brian Gleeson e Domhnall Gleeson, com leve destaque para Domhnall por poder aparecer um pouco mais. Quanto do restante, apenas figurações com muita expressividade, mas nada que fosse chamativo em entonações.

Um fato que o diretor gosta muito de explorar em seus filmes é a cenografia ao redor de um espaço bem pequeno, e aqui embora por fora a casa pareça uma mansão imensa, são poucos e apertados os cômodos por onde a trama acontece, virando um grande acumulado de gente nas cenas finais que passam a fazer parte da cenografia também com muitos elementos cênicos para serem analisados e cada um demonstrando mais e mais toda a essência da trama, de modo que vamos vendo detalhes por onde quer que os protagonistas estejam, e certamente (como quase todo filme de Aronofsky) a trama completa funciona bem para ser analisada em grandes discussões, e só um estudo completo dos objetos cênicos já dá para criar diversas ideias sobre a trama. O filme usou muitos tons escuros para criar uma certa tensão no ar, mas também ousou trabalhar com algumas cores alegres e tons pasteis para representar alguns momentos, o que soou até estranho num certo ponto, mas que pode se refletir para esperança de algo da protagonista, mas para analisar mais a fundo isso seria necessário pontuar spoilers, então vamos parar por aqui.

Enfim, é um filme interessante, mas que foi feito somente para quem gosta do estilo longas que fazem pensar, e principalmente para aqueles que forem ao cinema com a cabeça bem aberta para isso, pois a trama vai de certo modo ofender algumas ideologias, vai trazer diversas discussões, e claro, vai confundir muita gente, de modo que como disse no início nem sei se gostei tanto da trama, mas que ao ir escrevendo aqui passei até a refletir e gostar mais de cada ponto da trama. Sei que talvez numa revisão a nota mudaria completamente, pois já chegando na sala com uma ideia formatada que tive ao final da sessão, veria um longa completamente diferente, mas como costumo dizer, o que vale é minha primeira opinião sobre qualquer trama, então deixo essa recomendação para quem for conferir, pois se você não for realmente fã desse estilo de filme, irá sair reclamando de tudo. Portanto fica a dica, e eu fico por aqui no texto, voltando amanhã com mais um texto, então abraços e até mais pessoal.

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O Sequestro (Kidnap)

9/21/2017 01:07:00 AM |

É raro que um filme de ação/suspense não prenda a atenção do espectador do começo ao fim, causando muita tensão e desespero no público com alguma busca incessante de algo/alguém, mas acertar a mão para que não fique repetindo cenas, nem acabe exagerado e absurdo em algo que bem poucos conseguem para que seu longa seja classificado como perfeito realmente. Infelizmente, "O Sequestro" é desses exemplares que não conseguem atingir o ápice, pois se alonga demais com tantos enfeites (cheguei a perder as contas de quantas vezes a cena do velocímetro aparece na tela), acaba tendo situações toscas em relação tanto aos vilões (as duas cenas finais é algo que nem o mais amador dos sequestradores faria e aconteceria!) quanto à protagonista com super fúria nos olhos a ponto de cometer praticamente destruir diversos carros na autopista (com possíveis mortes), mas na hora que não é ela que vai matar alguém, joga o carro para salvar a garota e quase se mata. Ou seja, continuo afirmando que o longa cria muita tensão, nos vemos desesperados torcendo para que ela consiga seu objetivo o quanto antes, mas falha demais para passar em branco os erros, e sendo assim vá ao cinema preparado para relevar muita coisa, senão a chance de odiar tudo é bem alta.

O longa nos mostra que Karla Dyson trabalha como garçonete em uma lanchonete e tem a vida voltada para a criação do filho, o pequeno Frankie. Um dia, ao atender o telefone em um parque, ela descobre que o garoto simplesmente desapareceu. Ao vê-lo sendo colocado dentro de um carro, Karla parte em se encalço em uma busca desesperada, perseguindo os sequestradores em seu próprio automóvel.

Olha, se eu ficar só enumerando erros desse longa, acho que não precisaria nem escrever meu texto e ainda daria diversas páginas, mas vamos deixar isso de lado, pois senão não teremos texto, e aqui tenho de pontuar mais os detalhes do que os erros em si, e com isso vamos começar falando pelo trabalho do diretor espanhol Luis Prieto que embora não tenha muito poder de síntese para entregar algo mais enxuto (se bem que se cortar tudo o que foi desnecessário ficaria no máximo com uns 50 minutos) conseguiu criar bem a tensão, e ousou bastante nas escolhas de ângulos para que seu filme ficasse bem dinâmico, e claro que com isso o filme prendeu bem, fez com que xingássemos em diversos momentos com as situações, e sendo assim podemos dizer que sua parte foi feita, porém poderiam ter facilmente trabalhado melhor o roteiro para que a história não fosse tão repetitiva, e claro criasse mais momentos dentro do caso, não necessitando forçar a barra, e aí sim o longa empolgaria com tanta tensão que sairíamos travados da sala.

Falar sobre as atuações é bem fácil, pois o filme é 95% somente com Halle Berry (que por acaso é também a produtora do filme!), e ela como sempre perfeita de expressões consegue criar dinâmicas com olhares expressivos, ir incorporando a situação durante todo o filme para fazer com que torcêssemos por ela, e sendo assim seu acerto embora exagerado é muito bem feito e agrada demais. Dentre os demais atores e personagens o resultado já não foi tão bom, pois acabaram soando estranhos, caricatos e principalmente falhando nas concepções completamente, de modo que Chris McGinn e Lew Temple soaram mais falsos do que corretos com o que fizeram.

Dentro do contexto cênico por se tratar de uma perseguição quase do começo ao fim, quase podemos também classificar o longa como um road-movie, afinal passeamos pelas paisagens alagadas da Louisiana, mostrando suas pistas no meio de grandes pântanos, e com isso até acaba criando uma leve identidade, porém o começo do longa teve uma cena completamente deslocada para mostrar o trabalho da protagonista, que em nada importou para a trama, sendo apenas um gasto extra para a direção de arte, antes disso tivemos uma abertura com muitas cenas de bebês também enrolando, que claro foi comprado os vídeos (pelo menos espero, senão foram mais gastos ainda para filmar) e para fechar fizeram diversas fotos still para colocar junto com os créditos, ou seja, mais cenografia usada, e assim sendo a equipe de arte precisou mostrar um pouco do seu trabalho para convencer, afinal só usaram mesmo alguns carros batendo, capotando e sendo destruídos (claro que em número muito menor que franquias imensas!!) e o resultado para isso nem foi tão grandioso. Quanto da fotografia, como a maioria das cenas se passa dentro do carro, até souberam dinamizar bem para que não ficasse exageradamente escuro, e tudo passasse uma fluidez bem colocada, de modo que acaba funcionando de forma bem real tanto de dia quanto de noite. Apenas um adendo da direção de arte, também trabalharam bem na composição da casa dos sequestradores, e talvez ali pudesse ter até mais cenas para dar o tempo de um longa realmente, causando uma grande tensão e mostrando um bom trabalho.

Enfim, é um filme que agrada o público em geral que gosta de longas de tensão e perseguições, porém como acabei citando muitos defeitos, e nem enumerei metade dos que acabei vendo, o resultado ao menos para mim ficou muito abaixo do que esperava, mesmo me deixando nervoso pela situação em si, ou seja, o longa fica bem no meio de agradar pela tensão e desagradar pelos erros, e sendo assim minha nota vai ser bem fácil de ser dada. Portanto fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais um texto, afinal o que não falta (graças aos deuses do cinema, tem vindo uma boa quantidade para o interior) são filmes para conferir, então abraços e até breve.

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Divórcio

9/20/2017 02:44:00 AM |

Sempre gosto de começar os textos de comédias apontando o fato principal do estilo, e que é a maior obrigação de longas do gênero: fazer o público rir. Então se um filme entrega esse fator já garante 50% da nota do Coelho, e aí a partir desse ponto podemos começar a falar do restante. Digo isso, pois sempre vemos muitos longas que são classificados como comédia, mas apenas diverte o público e acaba mais enrolando o espectador do que fazendo com que ele ria e saia da sessão com prazer do que acabou de ver, e hoje posso confessar que estava com medo do que o longa nacional, "Divórcio" poderia entregar, pois o trailer parecia deveras forçado, e felizmente foi uma grata surpresa o resultado final apresentado hoje, pois o filme ficou bem característico (vemos muito do que ocorre no interior quase que diariamente, com pessoas/empresários fúteis, festas aonde quase todos se conhecem, e por aí vai entre outros exemplos), não exagera em clichês nem em cenas forçadas para o humor, fazendo com que o público se divirta e ria muito durante praticamente todo o longa, e principalmente, consegue ser uma produção grandiosa cheia de bons momentos que acaba não cansando, e mais ainda, foge bastante do tradicional novelesco das comédias nacionais! Ou seja, um pacote completo que funciona do começo ao fim, e se quiser tem bala na agulha ainda para continuações com o desfecho apresentado.

A sinopse nos conta que o casal Noeli e Júlio levava uma vida humilde, até que os dois ficam ricos depois de criar um molho de tomate que virou sucesso nacional. Com o passar dos anos os dois vão se distanciando e um incidente é a gota d'água para a separação. Enquanto vão em busca do melhor advogado para defender o patrimônio, os dois se envolvem num processo de divórcio complicado.

Estamos tão acostumados com comédias novelescas que quando surge algo diferenciado ficamos até surpresos, e aqui o roteiro de Paulo Cursino embasado no argumento do produtor LG Tubaldini Jr. é tão bem pontuado, com nuances que não ficam devendo em nada para as grandes comédias americanas, trabalhando (claro que com devidos exageros artísticos para aumentar a comicidade) muito bem trejeitos e situações do interior paulista que a cada novo ato vamos reconhecendo cada momento (e quem for da região, conhecendo também os lugares), de modo que vamos nos conectando aos personagens e até torcendo para cada um de certa forma, mas claro que como estamos em uma comédia queremos rir, então torcemos pro pior para cada lado, pois fica mais divertido ver isso. Além desse ótimo detalhamento da história, a composição foi muito bem orquestrada pelo diretor Pedro Amorim, que conseguiu ter um primeiro ato agitado, um segundo divertidíssimo, e um terceiro mais calmo para dar o fechamento coerente e tradicional, de modo que o filme fluiu e agradou mesmo que com pequenos defeitos, ou seja, mostrou que sabe fazer uma comédia com padrões altos, sem precisar recair para o estilo de novelas, com muitos personagens, e/ou esquetes cômicas para cada ator/comediante, e sendo assim seu filme diverte sozinho, e embora tenha forçado um pouco nos sotaques no início (característica mais da origem de fazendas dos protagonistas, mas que hoje nem tanto é visto pela cidade) com o andar da trama fica mais leve e coerente, pontuando na medida certa.

Outro medo muito evidente era o de ver dois atores não usuais de comédia (embora Camila venha aparecendo bastante em longas do estilo) que fizessem o público rir sem forçar, ainda mais que convenhamos Murilo Benício é daqueles atores que praticamente vemos um filme seu já sabendo as expressões que vai fazer, ou seja, tudo poderia dar errado aqui, e muito pelo contrário, pois o acerto, embora tenha leves gags exageradas como tombos desnecessários, risadas e outros detalhes que ficaram evidentes para chamar atenção, é muito bem feito por todos do elenco. Para começar Murilo Benício entregou um Júlio bobo, mas disposto a tudo, e com muita dinâmica de olhares e funcionalidades bem encaixadas para que seu personagem fosse diferenciado acabou encontrando um estilo próprio e divertido de ver, de modo que vemos muitos Júlios espalhados pelo Brasil afora, que sobem na vida e só lembram do amor após perder tudo, ou seja, funcionou bem. Camila Morgado (que é muito mais linda pessoalmente do que no vídeo!) trabalhou muito bem, empunhou armas com maestria e se aventurou para entregar uma Noeli de várias nuances, conseguindo chamar atenção sem cair do salto (ou melhor, caindo algumas vezes!) de tal maneira que é até difícil torcer para alguém em um divórcio, mas sua mira na cena final poderia estar mais acertada, pois foi perfeita no longa! Dentre os muitos coadjuvantes temos de falar com toda certeza que todos se enquadraram muito bem nos seus devidos papeis, conseguindo não atrapalhar a frente dos protagonistas e ainda adicionar muito para a produção, e desde Thelmo Fernandes com seu Milton (aquele amigo que apoia o outro, mas foge de uma confusão), passando pelos advogados completamente malucos e tradicionais de divórcios interpretados com maestria por André Mattos e Angela Dip, até chegarmos nas participações bem colocadas de Paulinho Serra, Robson Nunes e Luciana Paes, ou seja, um elenco de peso que agradou bastante.

Sobre o contexto visual, para quem é do interior tudo irá funcionar bem, e certamente irá se conectar com praticamente tudo, o que talvez não funcione nas capitais por não estarem tão acostumados com o estilo, mas certamente a produção junto com a direção de arte foi precisa nas escolhas de locações, trabalhando cada ato com muitos elementos cênicos para dar uma representatividade maior e conforme o crescente da trama ia fluindo foram mostrando mais e mais momentos bem colocados que foram bem pesquisados na região para chamar atenção, construindo um longa complexo, com muitos (e bons) efeitos especiais para que além de uma boa comédia a trama encaixasse bem no gênero de ação, e com isso o resultado acabou indo além do tradicional, mostrando bem o gasto do orçamento completamente usado na tela. Por ser um longa com muita ação e poucos momentos com cenas paradas, a fotografia foi mais ampla, sem trabalhar tons medianos, deixando sempre que a ótima luz natural da região sobressaísse e deixasse a comicidade num nível maior, de modo que até temos alguns leves momentos de conflito, mas que com o andar da fotografia acabam passando bem despercebidos.

Enfim, fui realmente preparado para reclamar de muitas coisas, pois não foi um trailer que acabou me conquistando, aparentando ser forçado do começo ao fim, mas que acabou me surpreendendo tanto, funcionando tanto na comicidade quanto na produção em si, que mais do que recomendo a trama para todos que gostem de uma boa comédia com ação, que certamente irá fazer o público rir na maior parte do tempo, e sendo assim como disse no começo, entregando com perfeição o que se exige de um longa do estilo. Portanto fica a dica para conferir a partir da próxima quinta (21/09) nos cinemas de todo o Brasil. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas já volto amanhã com o texto de mais uma pré, afinal essa semana vem bem recheada de estreias, então abraços e até logo mais.

PS: Como disse, funcionou bem a comicidade já teve metade da nota, uma produção na medida mais alguns coelhos, bom roteiro mais um coelho, boa atuação mais um, porém alguns momentos forçados fizeram com que não ficasse com a nota máxima, mas me fez rir muito, e valeu demais a diversão, ficando com essa soma de nota.

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