Little Boy: Além do Impossível

3/12/2016 01:17:00 AM |

Algumas vezes somos surpreendidos com produções pequenas, mas que conseguem passar mensagens bem grandes para o público que acaba assistindo, e "Little Boy: Além do Impossível" é um excelente exemplo disso, pois a produção mexicana trabalhou tanto o simbolismo de fé, imaginação e motivação que o resultado final acaba sendo tão comovente que certamente a trama acabará marcando nossas lembranças de um filme gostoso de assistir e que agrada sem forçar nada religioso, muito menos apelativo para qualquer lado, sendo muito bem feito e envolvendo o público com uma boa cenografia, uma atuação dinâmica tanto do garotinho quanto dos demais personagens, e principalmente com uma direção firme para trabalhar o imaginário além do que qualquer um simplesmente faria.

O longa nos situa nos anos 40, em O'Hare, Califórnia, onde vivia o pequeno Pepper de 8 anos. Alvo de brincadeiras com outras crianças da cidade devido a sua baixa estatura, o único amigo do Little é seu pai James. A vida de Little Boy é marcada quando seu pai vai para a Guerra e perde o seu grande parceiro de emoções. Inspirado pelo seu herói, com sua imaginação Little Boy crê que consegue fazer com que o seu pai volte da guerra.

É interessante observar que este é apenas o segundo longa do diretor e roteirista Alejandro Monteverde, e que ele trabalhou uma sensibilidade incrível na composição de cada personagem da história para que ela realmente comovesse e passe as lições familiares, de fé e de amor ao próximo, de modo que cada ponto do filme vai nos envolvendo com a doçura do jovem garotinho e fazendo com que assimilássemos cada ato dentro de um contexto maior. E esse trabalho bem feito fez com que o público se emocionasse, alguns mais que os outros, mas realmente duvido que alguém não se comova com as três últimas cenas, ao ponto de pelo menos dar uma engasgada, independente de ter fé ou acreditar em algo. E essa simbologia que souberam dosar tão bem é o ponto chave para que a trama funcionasse dentro de um ritmo gostoso, e principalmente não recaísse sobre qualquer religião, no caso aqui o garotinho vai conversar com um padre, e nos diálogos do padre com o japonês sempre tratam Deus como um amigo imaginário, o que pode até ser considerado ofensivo por alguns, mas poderia ser qualquer outro cunho religioso que o filme manteria a mesma essência interessante de envolver pela alta crença imaginária que existe na mente de cada criança, e que qualquer adulto que abrir sua mente para ir fundo na mesma simbologia vai acabar conectado com a trama.

Sobre as atuações, um fato curioso e bem interessante é que Jakob Salvati foi apenas acompanhar seu irmão nos testes para o protagonista, não pretendendo fazer o teste, e acabou sendo convidado para tentar a chance, e o resultado quem for conferir o longa vai ver que seu Pepper/Little Boy é incrível, cheio de doçura e completamente carismático, trabalhando expressões com naturalidade e incorporando cada cena com uma delicadeza única de se comover com ele, ou seja, um jovem talento que já apareceu bastante em séries e agora certamente vai decolar no cinema, por méritos próprios. Emily Watson entrega para sua Emma, uma personalidade materna forte e bem colocada, fazendo as expressões exatas que cada momento exigia, e por mais incrível que pareça segura a trama sem exagerar na dramaticidade, o que é algo que vale a pena ser notado, claro que não é à toa que já teve diversas indicações à prêmios, pois sempre consegue emocionar, e aqui além de ser forte nos momentos devidos, comoveu quando a sensação real bateu à sua porta. Passei uma boa parte do filme pensando em que filme já havia visto David Henrie atuar, e agora conferindo sua ficha não localizei nada que possa ter me marcado, mas como seu semblante é bem tradicional talvez tenha confundido ele com outro ator, principalmente pelo jeito seco que deu para seu London, tudo bem que todo jovem americano nos anos 40 desejava ir para a guerra, e sentia imensa revolta dos japoneses, mas seu semblante em diversos momentos parecia de alguém perturbado e não simplesmente alguém bravo, ou seja, acabou exagerando um pouco nas expressões, e talvez agradaria mais com sutilezas, como a que fez na penúltima cena. Cary-Hiroyuki Tagawa fez um trabalho incrível com a perspicácia que entregou para seu Hashimoto, de modo que não tem como acabar envolvido com o personagem e seus trejeitos bem feitos, certamente a química dele com o garotinho é algo que empolga a cada nova cena bem feita. Tom Wilkinson aparece em poucas cenas como o padre Oliver, mas mostrou ótimos ensinamentos e envolveu bem nas cenas mais pontuais do filme, então foi um grato encaixe de peso na trama para segurar a dinâmica do jovenzinho. Michael Rapaport prefere estar mais dentro da TV que no cinema, e isso se nota não apenas pela quantidade de filmes que faz, mas pelo jeito de atuar também, pois suas cenas sempre sendo mais curtas mostram que ele não segura o tempo mais alongado que um diálogo trabalhado necessita, suas cenas de guerra foram bem feitas, mas poderia chamar mais atenção para seu James. E para fechar os grandes nomes do longa, temos de falar de Kevin James que entregou um Dr. Fox bem canastrão disposto a arrumar uma nova mulher, e claro que com isso mostrou olhares saltados e trejeitos diríamos sedutores, o que ficou bem esquisito para seu estilo de atuação.

Sobre a questão artística, embora seja um filme com um orçamento baixo (estimado em torno de 20 milhões de dólares) para um drama que possui cenas de guerra e uma certa dose de efeitos especiais, a equipe de arte trabalhou bem colocando as cenas cruciais de modo correto, pois não temos uma guerra mostrada em peso, mas quando aparecem as cenas o enquadramento fica mais fechado e simbolizam bem o momento com muitas armas, um cenário mais escuro, com plantas e trincheiras de sacos de estopa como deveria aparecer realmente, mas a grande sabedoria ficou por conta dos elementos na cidade de época, com figurinos característicos para as crianças e jovens, as brincadeiras de rua, a casa do japonês bem repleta de elementos cênicos para chamar atenção e claro a beleza da ingenuidade de um show de mágica dentro de um cinema de rua, ou seja, clássico completo de uma sessão da tarde bem feita. Não posso afirmar com certeza o grande uso da luz natural na maior parte do longa, pois nas cenas próximas ao mar, o sol ficou numa textura tão bonita de se ver que aparenta ser digital, mas ainda assim lindo demais de ver, e se a equipe conseguiu fazer isso naturalmente então é algo de tirar o chapéu, e além dessa cena, diversas outras trabalharam com bons ângulos sempre valorizando o preenchimento cênico com sombras bem trabalhadas, outra cena que vale destacar pela ambientação criada é a da invasão à casa do japonês, pois somente com uma luz de contra e a fumaça soltada após fumar, a densidade acabou tomando uma forma incrível de ver. O maior defeito da trama podemos dizer que fica a cargo dos efeitos especiais, pois a chacoalhada de tela na tentativa de movimentação da montanha, e alguns momentos da guerra, ficaram levemente falsos, e isso se olhado com um olhar mais crítico acaba incomodando, então poderiam ter feito de forma mais simbólica que ainda funcionaria e seria talvez melhor, mas de um modo geral o resultado não atrapalhou em nada o contexto do longa.

Enfim, não é algo 100% perfeito, mas é um filme que com toda certeza recomendo para todos tanto pela linda mensagem que passa, quanto pelo ótimo trabalho completo da produção. Claro que vai ter muitos que não acreditam nessa simbologia e acabaram reclamando de diversos pontos, mas posso afirmar que é difícil encontrar erros em um longa simples e bem feito que nos foi entregue. Sendo assim, vá até um Cinépolis, afinal o longa é exclusividade deles no Brasil e se deixe emocionar pelo contexto completo do filme, e depois venha comentar o que achou aqui. Fico por aqui hoje, irei dar uma pequena pausa para respirar após duas semanas seguidas dentro dos cinemas, mas volto na segunda com o post do último filme que estreou por aqui nessa semana, então abraços e até breve.

Leia Mais

A Série Divergente:Convergente (The Divergent Series: Allegiant)

3/11/2016 01:05:00 AM |

Se vai ter um longa que as opiniões serão bem divergentes ("quase uma piada pronta com o nome da série") vai ser o terceiro filme da série "Divergente", denominado "Convergente". Primeiro por ser mais uma adaptação de um único livro dividido em dois filmes("Convergente" e "Ascendente"), e segundo e mais forte, por ser focado completamente em determinado público mais jovem, fazer com que quem não goste de longas com temáticas do estilo vá ao cinema somente para criticar qualquer vírgula que saia do lugar. Digo isso, pois mesmo o filme repetindo diversos pontos que os outros já focaram, a trama consegue envolver, divertir e até mostrar diversos outros assuntos que estão em pauta no momento (como justiça pelas próprias mãos, rebeliões contrárias ao movimento comum, e até mesmo alienação por meio forçado), mas claro que pela ótica mais juvenil, e isso incomoda e muito diversos pensadores que acreditam que só pessoas de longa idade podem refletir alguns assuntos. Então, quem for preparado sabendo que a história não se encerra nesse longa, e também gostar de tramas joviais com muita ação, certamente vai sair satisfeito da sala, mas se for esperando algo "cult" (o que o longa não passa nem perto e nunca quis atingir) certamente vai sair reclamando de tudo que verá na sessão. Portanto, compre um bom combo de pipoca e curta, pois vai valer a pena, e infelizmente vamos ter de esperar mais 14 meses para ver a conclusão do que fizeram com o restinho de livro que deixaram (e pelo o que andam falando ficou bem pouco).

O longa nos mostra que a sociedade baseada em facções, na qual Tris Pior acreditou um dia, desmoronou, destruída pela violência e por disputas de poder. E após a mensagem de Edith Prior ser revelada, Tris, Quatro, Caleb, Peter, Christina e Tori deixam Chicago para descobrir o que há além da cerca. Ao chegarem lá, eles descobrem a existência de uma nova sociedade, e Tris terá de lidar com novos desafios, aonde se vê mais uma vez forçada a fazer escolhas que exigem coragem, fidelidade, sacrifício e amor.

Antes de mais nada, volto a frisar para os talifãs que o filme é baseado no último livro da série, ou seja, não vai ter tudo o que vocês leram lá, e principalmente, vão mudar muita coisa, afinal para uma história de um livro virar dois filmes, os roteiristas precisaram ser bem criativos para transformar ambos em algo que não canse o público (e ainda conquiste mais fãs para o próximo filme). Dito isto, posso falar com toda certeza que um dos acertos foi manter a direção de Robert Schwentke, que já havia trabalhado bem em "Insurgente" e não destoaria em nada do que já fez na segunda parte da série (apenas fugiu da direção do último capítulo - o que será bem estranho), e ao trabalhar praticamente os mesmos assuntos, agora com uma pitada diferente, ele deixou claro que a revolução é um ponto que deve ser sempre discutido, e que não importa a forma que seja colocada em um filme, ou na vida, sempre vai trazer adeptos para ambos os lados, aí vai variar do espectador, ou da vontade de um roteirista, decidir qual lado vai vencer. A simbologia da trama é bem sutil, e agrada pela boa dinâmica, mas claro que há inúmeros furos de roteiro que poderiam ser resolvidos com um pouquinho mais de pensamento lógico tanto por parte dos roteiristas, quanto por parte da direção em arrumar (apenas um exemplo simples dando um leve spoiler, quando a nave cai, sem proteção alguma o caboclo consegue atravessar o deserto radioativo inteiro machucado e ficar 10, tá bom!!!), mas preferiram deixar pelo bem da ficção, e isso é algo que incomoda demais várias pessoas, principalmente os críticos, que acabam dando notas baixas pela falta de cuidado.

Sobre as atuações, um fato claro é que Shailene Woodley está desgastada na franquia, pois sua Tris no primeiro filme passava toda a preocupação da escolha, saiu-se bem com as cenas de ação e tudo mais, no segundo longa tentaram jogar ela como um elo forte, mas diferente do que ocorreu com Jennifer Lawrence que foi crescendo em "Jogos Vorazes", ela já não parece mais tão forte como uma líder deveria fazer, de modo que nesse terceiro filme, por bem pouco, ela acabou raspando de ficar tão insossa nas idas e vindas até o topo do prédio para conversar com David, que até Tori acabaria sendo mais importante no filme, mas voltou ao final para os bons momentos, e agora é esperar o que ela vai fazer no próximo, pois já disse isso várias vezes em outros filmes que ela atuou, e volto a dizer que expressão é algo que ela sabe fazer bem, mas precisa estar empolgada com o personagem, e dessa vez, certamente ela não empolgou com o que fez. Há boatos de que como sobrou pouca história do livro "Convergente" para o próximo filme, o roteiro acabe utilizando alguns trechos do livro "Quatro" que se baseia mais na história do personagem de Theo James, e vendo o quanto ele foi mais importante nesse terceiro filme, se duvidar até com mais tempo de tela que a protagonista, não duvido que isso seja uma verdade absoluta (mas só saberemos no ano que vem mesmo), mas independente dele ser o protagonista forte no próximo longa, aqui ele soube fazer o trivial dos demais filmes: ser o olhar para as mulheres que forem assistir ao filme, correr, pular, atirar para criar ação, e em momentos mais dramáticos fazer drama de forma expressiva, então o resultado foi positivo para o seu lado. Agora produtores de Hollywood, deem um papel de bom moço comovente logo para Miles Teller, pois o jovem já está virando um daqueles atores que o público pega ódio e vai torcer para morrer na primeira bala perdida de um filme, e se nos dois primeiros filmes o público já estava nervoso com seu Peter, aqui ele conseguiu atingir o ápice da vilania com bons diálogos e principalmente com boas expressões que vilões devem ter. Ansel Elgort até tentou trabalhar bem em algumas cenas de seu Caleb, mas o personagem não é daqueles que chamam tanta atenção, e somente em duas grandes cenas foi necessário trabalhar, e ele fez bem, pois é um bom ator, mas ainda não foi dessa vez que ele mostrou que iria agradar tanto quando fez "A Culpa é das Estrelas". Dos personagens novos, o destaque claro é em cima de Jeff Daniels, que até incorporou uma postura interessante para seu David, com diálogos bem focados e tudo mais, mas entregou tão fácil seu posto de vilão para Peter, que acredito que eliminaram coisas suas demais do livro no filme, e isso soou estranho. O ator sueco Bill Skarsgård fez caretas demais com seu Matthew, e isso não é algo positivo de se ver, de modo que poderia trabalhar mais a expressão nas diversas cenas em que aparece, mas sempre aparentava estar com dor de barriga. Gostaria de ter visto mais cenas de Octavia Spencer, afinal ela é uma grande atriz e sua Johanna está sendo jogada de lado desde o filme passado, e mesmo estando num confronto grande aqui, deixaram ela de lado novamente, preferindo uma Naomi Watts razoavelmente perdida com sua Evelyn.

Outro detalhe que merecia ser melhorado, aqui tivemos mais cenários computadorizados do que nos demais filmes da franquia, e poderiam ter pecado menos nas composições estranhas, pois cada cena digital acabava introduzindo tantos elementos cênicos que maquiados junto do cromakey ficaram absurdos e até destoando dos elementos reais, e isso não é bom de se ver. Claro que vão falar, mas como passar o conceito futurista da trama sem ser digital? Não reclamo de fazerem um filme inteiramente digital, mas estamos falando de algo que tem um orçamento monstruoso, afinal é uma franquia de sucesso, e poderiam ter caprichado mais nos detalhes, não apenas ter elaborado cenários estranhos e impregnando cores diferentes como acabaram fazendo. E desse modo, a trama até cria bons momentos dentro da cenografia criada, mas merecia algo melhor que envolvesse mais o público, e não fosse apenas símbolos jogados em cada área do filme. Tudo bem que já vimos os lugares diferentes de Chicago, a destruição da cidade por parte da guerra, e queríamos algo a mais do deserto radioativo, da organização isolada que até possui um visual interessante, e principalmente da cidade que possui um visual incrível de cima, mas que é mostrado apenas uma sala fechada, ou seja, economizaram demais nos recursos. A fotografia até trabalhou com angulações bem abertas para tentar mostrar algo a mais, mas sempre ficou amarrada no conceito digital e isso não engloba nem metade do que o filme anterior ousou.

Enfim, saí da sessão falando que achava melhor que o segundo filme, mas ao escrever acabei achando tantos defeitos que a nota vai ser inferior à que dei para o segundo longa!!! Ou seja, ainda acho que esse novo filme trabalhou melhor as situações, mas explorou pouco ao gastar "menos" nos recursos visuais e na capacidade dos atores para chegar a um ápice maior para o próximo filme. Claro que vai existir muitos fãs reclamando, afinal sempre que mexem com livros há aqueles que queriam tudo fielmente exposto na tela, e aqui não foi o caso, e também vamos ter aqueles que vão reclamar de ser uma história apenas para jovens e que o filme roubou salas de longas artísticos e tudo mais, mas como gosto de grandes produções, achei o resultado empolgante e me agradou bastante, então recomendo ele para todos. Fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais posts sobre os outros dois longas que apareceram pelo interior, então abraços e até mais.

Leia Mais

A Ovelha Negra (Rams) (Hrútar)

3/08/2016 01:03:00 AM |

Não me lembro de ter visto nenhum outro filme da Islândia até hoje! Aliás, vou dar uma olhada no mapa que nem sei direito aonde fica a Islândia, e mesmo parecendo um lugar bonito pelas montanhas no filme, me pareceu ser um lugar chato demais de se viver, só ovelhas, pastores de ovelhas, e reuniões para ver qual a ovelha com mais massa muscular para ser premiada!!! No longa "A Ovelha Negra", a premissa da trama é bem interessante, afinal diversas brigas de família acabam indo até limites inimagináveis, e ainda mais num lugar ermo, aonde a competição entre as ovelhas é o único passatempo anual entre os moradores. Mas ver que rumos tomaria a decisão de fazer algo errado, e até onde a loucura de dois senhores chegaria é algo que instiga o público e faz junto com os diversos conceitos de moralidade, chegarmos à diversas conclusões possíveis para a trama. Porém como estamos falando de um longa artístico feito para não ser tão comercial, infelizmente os diretores desse estilo preferem abandonar o fechamento com aberturas para que o público tire sua própria conclusão, ao invés de dar a deles, e isso certamente incomodou todos na sessão e incomodará à todos que forem assistir.

O longa nos mostra que na Islândia, a população de ovelhas é maior que a de seres humanos. Os animais têm grande importância no país, em boa parte composto por grandes fazendas destinadas a criá-los. Um dia, após ser derrotado no concurso anual do melhor cordeiro, o fazendeiro Gummi decide investigar o animal vencedor e logo desconfia que ele tenha scrapie, uma doença contagiosa entre os animais. Quando a ameaça se confirma, todas as fazendas das redondezas são obrigadas a matar suas ovelhas, o que para muitos é considerado uma verdadeira tragédia. Só que, decidido a proteger seus animais prediletos, Gummi elabora um plano para que eles escapem da matança.

Sem conhecer muito da cultura local, o filme pode até parecer um pouco bobo com o começo apresentado, mas logo que entra a ideologia crítica da briga familiar, o filme começa a tomar proporções tão impactantes, que vemos todo o trabalho do roteiro que o diretor Grímur Hákonarson teve para desenvolver cada momento da trama, e principalmente sem precisar ficar explicando cada detalhe, afinal como vemos logo de cara, os personagens não são muito de ficar dialogando. E com o mote sempre colocando o enfrentamento moral de estar fazendo certo ou errado, que pode ser vista pelo menos cinco vezes, o diretor cria perspectivas com rumos cada vez mais indecifráveis para aonde ele quer chegar, ou como ele vai finalizar sua trama, o que acaba empolgando o público com tudo, mas aí entra a tradição de filmes artísticos e que esse Coelho que vos digita havia esquecido, e ele fecha seu filme com uma cena completamente aberta para que você querido leitor que irá conferir o filme, tire suas próprias conclusões e fique feliz ou triste com seu próprio final!!! Confesso que isso quebra qualquer um, e poderia reclamar de diversas maneiras, mas vou preferir hoje deixar minha opinião sobre o final, depois deixem as suas, pois com certeza serão várias (pode até ser um quase spoiler, mas garanto que isso não é mostrado no filme, então pra mim, os irmãos se conciliaram no seu momento de quase morte, e ponto).

Sobre a atuação, os dois atores principais do filme poderiam facilmente fazer qualquer filme natalino, pois lembram muito o tradicional Papai Noel (não era da Islândia que vinha o Noel? Ou é muita coincidência?)... e com expressões bem fechadas, a rixa fica bem trabalhada com seus semblantes e acabamos se conectando com cada um, principalmente claro com Gummi, que é interpretado por Sigurour Sigurjónsson, afinal a trama fica bem mais focada nele, e assim sendo seu estilo nos leva a torcer de certo modo para que consiga fazer seus planos (mesmo que alguns maquiavélicos)... o destaque fica para seus momentos chamando o cachorro do irmão, e seu semblante triste em meio às ovelhas caídas. E quanto a Kiddi, que é interpretado por Theodór Júlíusson, seu jeito arrogante também consegue chamar atenção, e seu momento de maior feitio, tirando a cena final é a da espingarda que ficou muito bem colocada na trama. Os demais posso até estar enganado, mas são aqueles amigos da equipe que apareceram para dar uma forcinha no longa, pois vai fazer caras sem sal lá na Islândia, em um filme maior nem para figuração serviriam.

O contexto cênico da trama é bem simples, assim como o filme todo, e o maior acerto foi arrumar um lugar bem isolado (volto a afirmar que não sei se toda Islândia é assim, somente composta em maioria de campos de pastagem), com duas casinhas, alguns tratores grandes e pequenos, muitas ovelhas, bastante lã para as cenas mais tensas, e um bom marceneiro para construir e destruir os currais das ovelhas (que descobri se chamar aprisco, mas se colocasse isso no texto quase ninguém saberia o que é) após a doença, ou seja, nem precisaram ser muito minimalistas com o trabalho do filme, pois já era um longa simples e se enfeitassem demais, acabariam saindo do contexto geral. A fotografia é um caso a parte, afinal já disse diversas vezes que adoro o branco da neve nos filmes, e aqui temos branco até demais, mas souberam enquadrar de forma que a iluminação não ficou ofuscante, e assim sendo, os ângulos foram trabalhados no melhor estilo para que agradasse visualmente.

Enfim, é um filme bem interessante que vale muito a pena ser visto, claro se você não for daqueles revoltados que exigem um final para tudo (eu me incluo nesses, mas como nesse filme até consegui tirar vários, só reclamei por não saber a opinião do diretor/roteirista), pois a ideia moral é jogada de uma maneira tão legal de acompanhar, que mesmo esse detalhe acaba ficando em segundo plano frente à tudo o que é mostrado. Portanto recomendo sim, esse filme da Islândia, que foi o vencedor de uma das mostras de Cannes (e só por isso já merece muita atenção) e vamos torcer para que apareçam mais filmes de lá, para que não seja o único que vou falar quando me perguntarem se quais filmes conheço do país algum dia. Bem é isso pessoal, encerro aqui essa semana bem agitada, mas a próxima vai ser mais curtinha infelizmente, afinal vem blockbuster roubador de salas, então o jeito vai ser se contentar com pouco. Fiquem com meus abraços e até breve com mais posts.

Leia Mais

Apaixonados - O Filme

3/07/2016 01:37:00 AM |

Nunca imaginei que um dia gostaria de ver algo que parecesse tanto com um capítulo de novela no cinema. Digo isso pois sempre reclamei de longas novelescos, mas isso ocorre mais quando um filme tenta não parecer uma novela, mas quando já vem com essa proposta e agrada bem, certamente dá para acompanhar e agradar com o resultado. E "Apaixonados - O Filme" logo pelo pôster é possível ver que o que nos entregariam seria esquetes soltas mas que seriam interligadas pela mesma proposta: o amor no Carnaval. E felizmente nada do que é apresentado acontece de forma forçada, mas claro que de certa maneira tudo é bem improvável de ocorrer num dia-a-dia comum, mas ainda assim, como a proposta do longa é mostrar amores carnavalescos improváveis, o resultado agrada bastante quem for disposto, e principalmente, gostar do estilo.

O longa nos mostra que três casais se encontram e se unem em pleno Carnaval, tentando ficar juntos em meio a diversos conflitos que surgem tendo a maior festa do Brasil como cenário - e muitas vezes como causa. Cássia é a porta-bandeira de uma escola de samba e além de se dividir entre as responsabilidades carnavalescas e a preocupação com o pai, que está internado, ela se envolve com o médico Léo. Outro casal improvável se forma com Soraia, uma cabeleireira da comunidade, e Hugo, jovem abastado que é controlado pelo pai. O terceiro casal é formado pelo americano Scott, que odeia samba e não consegue deixar o Rio de Janeiro, com a vendedora Uitinei, que faz de tudo para conquistá-lo.

Se nos dois longas anteriores de Paulo Fontenelle, eu reclamei que ele apenas nos apresentava os personagens e não desenvolvia bem a história, pela primeira vez posso dizer que aqui aconteceu exatamente o inverso (e não de uma forma ruim), pois não somos apresentados praticamente a nada de cada personagem, eles apenas surgem na história através de acontecimentos, e o desenrolar é o romance e todo o andamento da história, e isso funciona bem, pois não somos obrigados à saber de como foi a vida da porta-bandeira até o momento que seu pai é internado, não precisamos saber o motivo da cabeleira em não querer desfilar (embora seja contado rapidamente por uma pessoa), e não precisamos também saber de onde surgiu a vendedora de latinhas no bloco, muito menos os lados opostos de como o médico resolveu querer buscar seu amor após brigar com sua namorada (e se o romance já estava desgastado), se o gringo que veio trabalhar e ficou preso no meio da loucura que é o Carnaval, e mesmo não gostando de samba resolve viver um dia diferente, e até mesmo se um playboy mimado vai resolver viver sua vida após encontrar o amor em uma moça de periferia, como disse não precisamos saber de nenhum antecedente para viver aquele dia com aquelas pessoas, pois se precisássemos, aí sim teríamos de ter uma novela completa, mas a proposta do diretor e roteirista não é essa de fazer uma novela, mas sim, isso o que acabei de dizer: termos o momento carnavalesco e o romance que dali poderia ocorrer. E sendo assim, o filme agrada e muito com boas músicas encaixando bem com os momentos, e atores empenhados em viver cada cena, agradando na medida do possível para que assim como ocorre num desfile de Carnaval, o ensaio completo ocorra e os jurados vejam que tudo o que foi feito no ano inteiro valeu a pena para dar boas notas. Além disso, o diretor soube captar bem cada momento com ângulos próximos sem precisar exagerar na cenografia, principalmente para manter o desfile da Grande Rio normal, sem que o enredo do desfile precisasse encaixar com sua trama, ou seja, união de duas artes nacionais sem quebrar nenhum dos lados.

Falar da atuação aqui é algo que até poderia ser complexo, pois como disse, ao meu ver, tudo que ocorre na trama é algo completamente impossível de acontecer, mas dizem as más línguas que em muitos carnavais surgem amores eternos, e nos créditos até nos é mostrado um desses casos, portanto vou aceitar como um padrão e vou falar um pouco de cada um dos protagonistas. Nanda Costa é uma das atrizes que mais tem se destacado nas novelas, séries e ultimamente tem trabalhado bem no cinema também, virando uma artista mais completa, e sua Cássia embora faça dramalhão demais sobre desfilar ou não, com direito a cara triste e tudo pelo pai estar doente, se mostra bem dinâmica nas cenas que precisou mostrar mais expressão, e isso mostra que pode encaixar bem em papéis mais trabalhados, o que não é o caso aqui, mas de modo geral, saiu bem com o que fez. Raphael Viana entregou personalidade para o médico Léo, trabalhando um semblante apaixonado bem interessante na busca pela amada, claro que seria melhor que suas cenas ficassem fora do hospital, pois ali foram as atuações mais bobas que um médico faria (além claro da falha máxima dos aparelhos estarem completamente soltos do peito do paciente), mas sempre no carro ou até mesmo no desfile, e no elevador, seu ar expressivo já dizia tudo. Roberta Rodrigues é uma das atrizes mais versáteis da TV e do cinema atualmente, e tem agradado bem por mostrar seu estilo sempre nos papeis que pega, aqui sua Soraia possui um gênio forte e determinado do que quer, mas se molda bem e com a expressividade da atriz, o resultado acaba sendo agradável de ver. O par de Roberta, João Baldesserini até possui bons momentos, mas ficou afoito demais na maioria das cenas, parecendo sempre querer acabar rapidamente cada ato, e isso não é bacana de ver em uma comédia romântica, portanto embora seu resultado seja correto, o ator poderia ter ido com mais calma, e nas cenas com o pai, tudo aparentou artificial demais. No lado mais bagunçado do filme temos Danilo de Moura tentando enganar o público como o engenheiro americano Scott, com um sotaque estranho que para fechar com chave de ouro poderia ao final dizer que nunca foi americano e estava somente usando o personagem para pegar mulheres no Carnaval, mas infelizmente não trabalharam isso, deixando apenas a afirmação dele ser americano o longa inteiro. E Evelyn Castro entregou para sua Uitinei o jeitão popular que tanto agrada o público em novelas, de modo que se o filme fosse uma novela, sua personagem começaria como quase uma figurante, mas o público iria adorar tanto sua expressividade que ao final a trama estaria completamente voltada para sua personagem com algo bem importante para acontecer, ou seja, a atriz saiu tão bem que ganhou o público. Os demais apenas serviram de encaixes e não chegam a incomodar ninguém, nem aparecer demais para envolver, com um pequeno destaque para Paloma Bernardi que sendo uma rainha de bateria que pisa nas costureiras da comunidade, acabou mostrando algo que acontece muito nos bastidores do Carnaval.

Sobre o conceito cênico, como disse o diretor foi bem esperto em entrar no meio de um Carnaval acontecendo, claro que isso certamente deixou as filmagens bem agitadas para encaixar tudo, então rolando festa de bloco, lá estava a produção gravando, desfile ocorrendo, lá vai a equipe novamente, fechamento de carros no barracão da escola na cidade do samba, também partiu gravações, e com isso a equipe artística teve "pouco" trabalho para criar elementos cênicos próprios, mas somente encaixando detalhes aonde não haveria muito o que mostrar, só tendo a maior falha nas cenas do hospital como já disse acima, de eletrodos soltos que soaram extremamente falsos, mas no restante tudo acabou bem feito e funcional. A fotografia certamente foi a que teve maior trabalho com esses encaixes dentro de tudo o que estava ocorrendo fora do filme, pois encaixar iluminação aonde tudo já está bem iluminado, ou numa festa de bloco e depois na junção de tudo tentar colorir igualmente, o trabalho da equipe foi suado, mas agradou, afinal os ângulos escolhidos ajudaram bastante.

Um ponto bem interessante que não costuma ocorrer em longas nacionais, foi o trabalho da equipe musical, pois ao escolher diversas músicas para cada situação, acabaram criando uma trilha completa com músicas novas e regravações por meio de grandes artistas de nossa música, então será possível ouvir Daniela Mercury, Thiaguinho, Anitta, entre outros, cada um dando ritmo para o filme e música própria para cada personagem, o que é mais comum de ver em novelas e longas estrangeiros.

Enfim, fui pronto para tacar diversas pedras no longa, afinal já tinha o histórico do diretor, a chance de ser uma novelona que não faz meu estilo, mas acabei envolvido com a produção e gostando bastante do resultado, de modo que posso com certeza recomendar ele para quem gosta do estilo, e até mesmo para aqueles que não estão tão acostumados com novela, mas queiram ver boas esquetes românticas num longa nacional. Claro que não é um longa perfeito, mas dentro da proposta o resultado foi bem trabalhado e agradável de ver. Fico por aqui agora, mas nessa segunda confiro a última estreia que veio para o interior nesse final de semana agitado, que o que era previsto surpreender acabou sendo mediano e o que era previsto ser ruim acabou agradando, então abraços e até breve pessoal.

Leia Mais

Cinquenta Tons de Preto (Fifty Shades of Black)

3/06/2016 07:45:00 PM |

O estilo de paródias sempre funcionou no cinema, e por mais incrível que pareça, as equipes conseguem reproduzir o estilo do filme original em detalhes, gastando bem menos e com isso acabam lucrando bastante com o público que vai rir das sátiras feitas. Marlon Wayans já pode considerar quase que o rei do estilo, pois se surge um novo blockbuster que dá para ser zoado, lá está ele pronto para azucrinar a vida dos produtores do longa original. Em "50 Tons de Preto", o ator e roteirista brinca não só com o longa erótico como azucrina a vida de outros filmes e cantores, e claro que quem entende as referências acaba se divertindo bastante, mas não posso defender tanto a trama, afinal ela é daquelas extremamente apelativas que só divertem no momento em que forçam a barra, enquanto nos demais momentos, os quais tentaram criar uma história mais elaborada, o filme acaba ficando morno e sem graça de acompanhar.

O longa nos mostra que Christian Black é um empresário milionário, que recebe a estudante Hannah em seu escritório. Insegura e simplória, ela foi no lugar da amiga Kateesha para fazer uma entrevista para o jornal da faculdade. Não demora muito para que eles flertem entre si, apesar das trapalhadas cometidas por Hannah. Black passa então a rondá-la, disposto a atraí-la ao mundo secreto e cheio de brinquedinhos que armazena em seu luxuoso apartamento.

Embora possa parecer maluquice, esse é um dos estilos que não reclamo de não ter uma história desenvolvida no roteiro, afinal é feito apenas para esculhambar os demais filmes, e não para criar alguma coisa mais presente. E por incrível que pareça, o erro maior do longa foi tentar criar um conteúdo maior para juntar as histórias, e com isso, ao invés de divertir apenas com piadas sujas, o filme acabou ficando morno demais, não convencendo nem para um lado, nem para o outro, pois nos momentos aonde aparecem as piadas, quem entender as referências aos demais longas vai rir bastante, mas logo em seguida temos um período alongado de história fraca, para só mais na frente voltarmos com alguma nova piada boa. E assim, o contexto da trama ficou oscilante demais para ser considerado como um bom filme e falhou demais ao colocar poucas piadas para que fosse considerado uma boa paródia, e assim sendo Rick Alvarez precisa sentar melhor com Wayans para decidirem que rumos querem atingir, afinal segundo o próprio Wayans já começaram a escrever a continuação do clássico do humor dos anos 2000, "As Branquelas", e se estragarem esse aí sim a coisa vai ficar preta pro lado deles. Quanto à direção de Michael Trades, ele não é nenhum inexperiente em paródias e deveria ter trabalhado melhor o estilo no filme, mas deve estar querendo filmar algo mais clássico, e gostou da história ter um viés linear também, aí foi onde caiu forçado e errou feio, mas sem dúvida alguma, se separarmos do besteirol que é a história somente as esquetes, aí sim podemos dizer que seu trabalho foi preciso e bem feito.

Marlon Wayans é um ator expressivo, e consegue fazer diversos tipos de caretas, micagens e afins, trabalhando sempre com bastante desenvoltura os seus personagens, e aqui não foi diferente, pois estava disposto à mostrar que seu Black é bem melhor que o modelo Gray, sendo assim malhou para estar com o corpo em dia, e fez até poses "sedutoras" para convencer as mulheres fãs do original, mas seu momento mais engraçado, que já está inclusive no trailer, sem dúvida alguma é a tortura máxima de ler o livro original para sua namorada amarrada. Kali Hawk também tentou ser melhor que Dakota Johnson, mas ficou tão insossa quanto, e por não ser humorista como os demais, ainda não conseguiu ter nenhum momento para destacar, ou seja, ficou bem perdida no meio de saber se atuaria ou brincaria com a personagem. Um dos destaques humorísticos da trama com toda certeza ficou a cargo de Affion Crockett com seu Eli ou melhor Weekday (parodiando o cantor Weeknd com seu cabelo irreverente), claro que pra isso abusou também de mostrar sexologias forçadas, mas me diga uma paródia que não tivesse isso, então o acerto foi bem feito. Jenny Zigrino tentou ser a gordinha chamativa por sexo que certamente seria feita por outra atriz famosa, afinal é seu estilo, mas a atriz até que fez bem as expressões forçadas de sua Kateesha, e nas suas cenas conseguiu chamar mais atenção que a protagonista.

Sobre o conceito visual da trama, a equipe de arte trabalhou bem nos elementos dos cenários para que cada filme mostrado ficasse bem representado, e principalmente, o público conseguisse distinguir facilmente. Claro que muitos filmes passarão despercebidos de todos, mas a equipe colocou elementos fáceis de serem conectados por todos, usando até o recurso de etiquetar os chicotes usados por diferentes filmes de escravos. Não diria que foi o mais original nesse quesito de paródias, mas souberam trabalhar bem ao retratar o filme principal com clareza e verossimilhança. A fotografia foi feita do modo mais tradicional possível, sem muitas firulas colocou a câmera de modo estático e os atores fazendo as mesmas cenas do original, sem muito envolvimento, claro que dando um ou mais closes nos elementos sujos para que o filme cadenciasse como queriam.

Enfim, não é a melhor paródia que já fizeram, porém num contexto geral diverte, mas volto a frisar que precisam decidir se vão fazer uma paródia ou vão querer criar uma história maior com roteiro, toda bonitinha, pois senão o risco de uma próxima paródia ficar ruim de história e também sem piadas vai acabar frustrando o público que gosta do gênero. Então se você gosta de ligar referências com diversos filmes e não liga de ver alguns pênis passeando pela tela, pode ir ao cinema que irá rir com certeza em diversos momentos do filme, mas não espere algo excelente, pois aí a frustração será grande. Fico por aqui agora, mas volto em breve com mais um post no site, então abraços e até breve.


Leia Mais

Zoolander 2

3/06/2016 02:17:00 AM |

15 anos se passaram, e certamente hoje não podemos mais dizer que a moda de fazer piada sobre moda ainda está na moda! Se em 2001, "Zoolander" fez sucesso com as boas sacadas para cima de jovens bonitos que pensavam muito pouco e por isso serviam de chacota, hoje não funciona bem assim, e as piadas tiveram de mudar um pouco de tom, aliás praticamente tudo foi alterado, e agora temos um longa mais investigativo do que o primeiro, e com estilos mais travados do que o frescor das piadas do primeiro filme, e se antes o longa era tão absurdo que divertia, em "Zoolander 2" nem o absurdo foi capaz de agradar, de modo que até podemos dizer que foi possível dar algumas risadas, mas nem perto da loucura do primeiro.

O filme nos mostra que depois que uma série de celebridades é assassinada, a agente policial e ex-modelo de biquíni Valentina Valencia busca o ex-supermodelo Derek Zoolander para ajudá-la a solucionar os casos. Porém, aposentado, assim como o ex-companheiro de passarela Hansel, ele está desaparecido – e se ressente por não ter mais contato com o filho, agora adolescente. Até que a convite de Alexanya Atoz dona da marca mais badalada da atualidade, eles acabam topando fazer um novo desfile. Mal sabem os desmiolados, no entanto, que tudo não passa de um plano maquiavélico comandado por Mugatu.

Assim como no original, Ben Stiller volta à frente da direção, mas se na época que ele criou a história de seu personagem e se viu fazendo tudo de uma forma bem divertida e humorada, a volta agora só serviu para mostrar que uma boa maquiagem é capaz de deixar rugas e tudo mais de lado e transformar velhos atores como se tivessem dormido no formol. Claro que em 15 anos, o ator e diretor passou por grandes transformações de estilos e ficou de certa forma mais conservador, e isso é notável na maioria das cenas aonde, certamente ele colocaria algo mais chocante, entra algum simbolismo mais simples e que tenha o mesmo valor (por exemplo na cena que o garotinho está preso, ali certamente no filme antigo teria um teor muito mais forte do que o colocado agora, embora ainda seja divertido) e além disso, por sorte assisti ao primeiro filme hoje, pois quem não lembrar do original, vai perder as melhores piadas do segundo filme, ou seja, mesmo passado tanto tempo, o diretor optou por trabalhar em cima da mesma história ao invés de criar coisas novas para que o público risse. Não posso falar que ele tenha falhado na forma de dirigir, pois o longa possui um ritmo e uma pegada bem interessante, mas talvez as épocas mudaram demais para o estilo que o longa procurou seguir, e assim não emplacou como deveria.

Assim como no primeiro filme, diversas celebridades e personalidades da moda voltam a aparecer, interpretando a si mesmo, e assim Valentino, Marc Jacobs, Tommy Hilfinger deram as caras e até tiveram alguns diálogos, além deles Kiefer Sutherland, Sting, Katy Perry, Justin Bieber, Willie Nelson entre outros apareceram também tendo grandes momentos. Mas vamos falar de quem interessa, que são os protagonistas, e Ben Stiller voltou trabalhando bem as poses de Derek Zoolander, andando como se estivesse numa passarela e fazendo sempre caras dramáticas, e embora seja divertido ver isso, acaba cansando já na terceira olhada, então poderia ter forçado menos, afinal quase virou um ermitão, poderia ter perdido o jeito e agradaria mais. Owen Wilson também volta fazendo seu mesmo estilo, mas aqui seu Hansel não é mais só um rostinho bonito, e chega a ser engraçado ver como ele procura em diversos momentos fazer mais do que o personagem pode, e isso acaba atrapalhando de certa forma suas cenas, diria que ficou até exagerado demais sua "família", mas como seguiu as bases do primeiro filme, está valendo. Pensei que Penélope Cruz já tivesse feito sua cota de personagens sem nexo, mas sua Valentina Valência até estava indo bem como uma agente da Interpol, mas quando desandou a mostrar suas virtudes de modelo, o rumo de sua personagem desandou monstruosamente, ainda bem que já estávamos mais para o final, senão ia ser ladeira abaixo, e nem seus bons papeis se salvariam. Will Ferrel é o de praxe, sempre trabalhando com sua voz empostada ele chama a atenção, mas seu Mugatu era muito melhor no primeiro filme, aonde trabalhou mais as mentalizações assassinas para cima do protagonista, aqui ele é apenas alguém que quer se vingar, e isso não costuma funcionar em comédias. Agora uma grandiosa sacada que merecia algo a mais no filme é o papel de Benedict Cumberbatch, pois funcionou tanto para diversão na cena, como piada em cima do próprio ator, que já fez de tudo, e assim sendo, pegou um personagem chamado Tudo, e novamente ele deu um show de expressão, que é sua característica maior.

No conceito visual, claro que temos figurinos excêntricos (afinal a moda, como conceito de desfiles que é o grande chamariz do longa, é estranha), locações estranhas (a prisão é algo completamente maluca de se ver) e até mesmo efeitos malucos na trama, mas o resultado artístico é interessante de ver, afinal o alto colorido consegue segurar o tom divertido que uma trama de comédia pede. Claro que não é nada altamente expressivo ao ponto de falarmos que a equipe foi perfeita, mas não deixa a desejar em nada. E a fotografia até teve seus momentos de glamour trabalhando sombras e contornos com iluminações corretas nas cenas que podiam brincar mais com a ideologia visual. No conceito artístico, o destaque fica mesmo para as referências em tom de zoeira com o mundo real, como UBER na neve, figurinos exóticos lembrando um pouco Lady Gaga, e até mesmo a moda de empalhar animais de estimação.

Enfim, é um filme bizarro, mas que diferente do original que o alto exagero divertia, aqui ficou apenas com o conceito de estranho de se ver, sem fazer com que o público dê boas risadas no cinema. Ou seja, é daqueles filmes que só valem a pena ser vistos se não tiver mais nada mesmo para ver, pois qualquer outra coisa pode ser melhor que o que é mostrado na tela, mas friso que o longa tem certas qualidades, e por isso também não deve ser descartado. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas nesse Domingo confiro mais duas estreias, então abraços e até breve com mais posts.


Leia Mais

Meu Amigo Hindu (My Hindu Friend)

3/05/2016 08:33:00 PM |

Quando falo que o cinema brasileiro pode ser diferenciado, se quiserem fugir das comédias novelescas, sempre me perguntam que estilo seguir para agradar, e após ver "Meu Amigo Hindu", posso dizer que a alternativa de dramas poetizados é uma boa solução. Claro que com devidos ajustes, afinal alguns diretores gostam em demasia de incorporar cunho erótico em suas produções, e isso se não usado de forma correta acaba ficando forçado e incomoda mais do que agrada, o que não é o caso aqui na cena final, mas nas demais foi algo inútil, que poderia ser facilmente eliminado para que o tom poético fosse mantido. A história de Hector Babenco é algo que certamente daria um filme, e aqui ele nos conta alguns trechos de sua jornada, afinal argentino que saiu de casa logo cedo sempre com a ideia de ser diretor, fez pontas em filmes italianos, e por não ter servido o exército no país não poderia voltar para lá diretamente, vindo morar no Brasil, começou suas direções de comerciais e agora com esse novo longa fez 10 filmes, passou por uma doença gravíssima e hoje está de volta à profissão que tanto ama.

O longa nos mostra que Diego é um cineasta diagnosticado com câncer terminal, cuja única chance de sobrevivência é se submeter a um transplante de medula óssea experimental, que apenas é realizado nos Estados Unidos. Assim, ele parte para Washington mas antes decide se casar e se despedir dos amigos. Já no hospital, ele conhece um menino hindu de apenas oito anos, que também está internado. Logo Diego passa a vivenciar com ele aventuras fantasiosas, inspiradas no cinema, que ajudam a suportar a dura realidade que os cerca.

Claro que Babenco não é mais aquele diretor clássico que fez tantos filmes envolventes no passado, e aqui seu roteiro ficou um pouco confuso demais e de certa forma apelativo demais, mas ainda assim consegue agradar quem estiver disposto a encontrar poesia na sua linguagem. Volto a frisar que o erro máximo da trama está na comunicação dos personagens (isto ocorre com muita frequência em diversos filmes americanos também, mas aqui a evidência é maior por sabermos de como a coisa funciona), pois a trama se passa boa parte no Brasil, em São Paulo, e todo mundo fala inglês fluentemente, desde uma mulher na periferia, passando por todos os amigos e parentes no casamento, e para fechar com chave de ouro, até duas putas na frente de uma boate vão em direção do protagonista já falando em inglês, ou seja, o Brasil é o país que o público é bilíngue até na noite. Dito isso, poderiam ter feito como já vi em diversos filmes a mistura de idiomas, que funcionaria e agradaria bem mais, mas como ocorreu, já era, então vamos falar mais da história, que é melhor. Como disse o roteiro fica confuso por trabalhar praticamente três vértices, a amizade com o garotinho nas sessões de quimio (que é o nome do filme, mas ocorre no máximo de 10 minutos, e seria magistral ficar somente nela), a vida conturbada do casamento, a doença e o estilo de vida biográfica do autor (ocorre quase que 90% do filme), e as conversas com a morte (que ocorrem em cerca de 8% do filme e foram muito bem feitas, chamando uma atenção monstra para as atuações de Willem Dafoe e Selton Mello, e dariam uma ótima ótica se fossem maiores). Ou seja, é um filme interessante de ver, que poderia seguir por três caminhos bem diferentes e agradar em todos os três, mas a bagunça da junção acabou rebaixando um pouco o nível de tudo e vai agradar somente quem separar tudo.

Primeiramente sobre as atuações, certamente todos os atores mostraram estar bem preparados para atuar em inglês, pois tirando um momento do casamento que nem lembro quem era o ator e falou algumas palavras de forma estranha, os demais (e não são poucos) trabalharam bem e até se passariam facilmente por estrangeiros. Dito isso, vou começar falando sobre o protagonista, esse sim americano, Willem Dafoe, que se mostrou completamente disposto para com as cenas que mostraram um corpo quase esquelético e bem feio para representar a doença, e com expressões marcantes, o ator incorporou diversos momentos fortes trabalhando de uma maneira bem interessante que poucas vezes o vi fazer, e isso mostra que a escolha do diretor para o colocar como quem faria sua vida foi mais do que bem feita, e assim sendo seu Diego é incrível de ver em todos os momentos. Meus dedos quasem não conseguem digitar isso, mas a atuação de Selton Mello está impecável e maravilhosa de ver, tanto que disse acima que poderiam segurar mais ele em cena, coisa que raramente diria, e quem já leu outros textos meus sabe que me incomoda seu estilo expressivo, porém aqui o personagem acaba chamando tanto a atenção, que ele fez trejeitos tão sutis que agradou demais, e se fizesse assim sempre agradaria sempre também. Outra atriz que sempre me impressiona pelo estilo expressivo é Maria Fernanda Cândido, que sempre demonstra pegar seus papeis e se envolver com eles, criando a tonalidade correta de falar, o estilo de andar e até mesmo o semblante para passar verdade do que está fazendo, e isso ocorre bem pouco com atrizes nacionais que acabam forçando demais, e ela soube dominar a cena em todos os momentos que apareceu com sua Livia. Barbara Paz é uma atriz que sempre chama atenção, e aqui aparecendo somente no final do filme com sua Sofia, ela trabalhou singelamente nos momentos dialogados, e fechou dançando um clássico do cinema, digamos que de uma forma diferente. Quanto aos demais atores, que fazem médicos e amigos dos protagonistas, é melhor nem falar, afinal foram cenas tão rápidas que passam despercebidas, mas confesso que em um momento achei que a Globo inteira estaria no filme.

Um outro erro da trama, ao menos para quem conhece o Brasil, é ver algumas cenas que quiseram dar impressão de estarem nos EUA e estão na verdade ainda em São Paulo, e isso é um furo imenso tanto da equipe de edição, quanto da equipe artística deixar acontecer. Mas tirando esse detalhe, escolheram bem as locações para que o filme conseguisse criar a ambientação desejada e mostrar a riqueza que alguns diretores conseguem alcançar. O longa não contou com muitos objetos cênicos, mas trabalhou bem as cenas do hospital, e até poderiam chamar mais atenção para a pelúcia de um macaco lutador de boxe que está sempre presente, e em alguns momentos serviu bem de base, principalmente por ter uma cor chamativa nas cenas mais puxadas para as sombras. A fotografia não abusou muito das cores, e nem fez iluminações que pudessem realçar uma ou mais cenas, de modo que a edição precisou a todo momento ficar dando fade black (quando a imagem vai escurecendo para ficar 100% escuro e mudar de cena) para que as continuidades ocorressem, e isso não é legal de ver em um filme inteiro. O destaque maior tanto no quesito artístico quanto da fotografia fica por conta das cenas com o garotinho, pois são de uma beleza ímpar.

Enfim, é um filme diferente, mas que agrada se você se conectar com ele, claro que poderia ser anos-luz melhor se não apelasse tanto para o erotismo e escolhesse um vértice a seguir como disse no começo, mas ainda assim no meio da bagunça é possível aproveitar bem tudo o que é mostrado. E sendo assim recomendo ele para quem gosta de filmes que não seguem um padrão convencional e também que não se incomode com excesso de nudez, que aí sim o aproveitamento vai ser completo. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas já vou para mais uma sessão, então abraços e até breve.

Leia Mais

Um Homem Entre Gigantes (Concussion)

3/05/2016 02:56:00 AM |

Ainda tenho fé que algum dia a sociedade vai valorizar mais a ciência do que religiões, políticas e esportes, pois aí sim poderemos ver mais verdade no mundo do que apenas ideologias baratas em prol de algo/alguém. Digo isso pois ao ver o quanto Omalu batalhou para mostrar que estava certo sobre as trombadas dos jogadores de futebol americano causarem enormes danos futuros para eles, enquanto a liga nacional tentava desmentir para continuar tendo seu lucro abusivo, incitando provas contrárias inexistentes e até mesmo fazendo acusações infundadas contra o doutor. E sendo um longa baseado nos fatos reais, podemos observar também o ótimo trabalho de pesquisa da equipe, para criar tudo de forma mais crível possível, e posso dizer após assistir, que acreditamos 100% no que é mostrado, o que é algo maravilhoso de ver.

O longa nos mostra que o neuropatologista forense Bennet Omalu faz um estudo pioneiro sobre uma doença que muitos jogadores de futebol americano apresentam, a encefalopatia traumática crônica. A descoberta gera nos bastidores do esporte muita preocupação entre atletas e expõe os reais interesses políticos, culturais e corporativos criados em torno da Liga Nacional de Futebol (NFL).

É tão fácil determinar o problema desse filme que até a menor criança que assistir um drama todo trabalhado em argumentos científicos vai conseguir determinar. Mas como não estou disposto a deixar uma criança ficar opinando aqui, vamos lá: a repetição dos fatos embasando todas as teorias possíveis para comprovar que Omalu estava certo. Claro que ele sofreu tudo isso para mostrar seus resultados, mas a cada nova tentativa lá estava o diretor Peter Landesman colocando Will Smith para dizer as mesmas coisas para uma nova pessoa, virava a esquina, novamente a mesma ideologia, ia em um congresso, de novo falando igualzinho. Ok, pessoal, na segunda vez que o personagem explica como funciona o processo, o público já consegue entender sozinho, e a repetição de cenas de jogadores trombando as cabeças, não vai fazer o público bater a cabeça e discordar com o que já foi provado. Poderiam ter trabalhado tantas vertentes possíveis que ficaram mostrando depois na forma de letreiros antes dos créditos, mas optaram pela batalha toda inicial do processo, e mesmo sendo um longa bem interessante de acompanhar, acaba incomodando a repetição dos fatos. E como o conteúdo foi mostrado depois em textos pré-créditos, acredito fielmente que o problema não é do roteiro, mas sim da direção que poderia ter filmado mais cenas e eliminado outras, então o dedo está apontado para a sua segunda direção caro Landesman, que não erre mais com isso já que gosta tanto de longas biográficos.

Agora certamente a Academia de Cinema de Hollywood errou feio em ao menos indicar Will Smith entre os melhores atores do ano, pois o "não-tão-jovem" ator carrega o filme nas costas, dando vivência para seu Bennet Omalu, e trabalhando tão bem suas expressões que passa longe de qualquer besteira que tenha feito nos últimos anos, e digo mais, seu estilo de interpretação está tão interessante de ver que no Facebook cheguei a compará-lo com Denzel Washington quando mais jovem, usando de expressões marcantes, e ainda por cima trabalhando bem o acento na dicção para não soar tradicionalmente americano, mas sim um imigrante nigeriano que sonha ser reconhecido como americano, ou seja, foi perfeito, dramático e principalmente enfático no que desejava demonstrar. Gugu Mbatha-Raw até possui um ar introspectivo e bem tímido, mas exagerou na dose de timidez de sua Prema, ficando em segundo plano demais para a história, sabemos que o seu relacionamento com Omalu não é o foco do longa, mas nem por isso precisavam jogar a expressividade da atriz num nível negativo, e assim sendo amenizariam os erros e dariam um teor mais dramático no ponto de que todo cientista é um ser solitário, ao mostrar mais da relação entre eles. Alec Baldwin já não é o grande ator de antigamente, mas ainda sabe trabalhar bem suas expressões, e mereceria não um destaque maior na trama com seu Julian Bailes, mas cenas mais pontuadas na dramaticidade dele com seus amigos jogadores, ao invés de ficar batendo na tecla da pesquisa do Dr. Omalu. Trabalhar com Albert Brooks certamente deve ser uma delícia de aprendizado e de troca de conexões, pois é notável a dedicação que o ator sempre dá para seus personagens, e aqui não foi diferente com seu Cyril, aonde Omalu tira suas referências e agrada demais tanto no conceito de amizade quanto na perspectiva de diálogos entre eles, ou seja, o ator se entrega com muita simplicidade para que seu papel caia bem e ajude os demais em cena, e isso é muito raro de ver nos longas atualmente. Dos jogadores, podemos dizer que todos foram expressivos nos seus momentos de loucura, e isso agrada demais visualmente, fazendo com que o público pare um pouco de pensar em tudo que está sendo mostrado como ciência e analise a vivência que uma doença pode desencadear, então certamente todos merecem os parabéns por seus pequenos momentos: David Morse, Matthew Willig, Richard T. Jones e Adewale Akinnuoye-Agbaje.

A arte do filme não é algo muito trabalhado, pois mesmo sendo um fato que mostra mais de 15 anos atrás, o conceito visual não mudou tanto, então tiveram apenas de ambientar uma casa simples, trabalhar bem o necrotério para que as autópsias parecessem com o máximo de realidade possível (claro ensinar Will a fazer trejeitos de médico legista), e trabalhar alguns conceitos simples de figurino, pois o restante da trama se passa todo em escritórios, aí é lotar de livros a sala e dar uma ou outra mudada no ambiente cênico para não ficar tão repetitivo, e dessa forma, o filme não tem muito o que apresentar, mas também não erra da forma colocada. E a equipe de fotografia trabalhou com uma iluminação suave para dar uma certa calma para a trama, usando bem as sombras para preencher momentos mais densos e sempre procurando o máximo de cenas com a lente bem fechada, para que a dramaticidade empregasse o máximo das expressões dos artistas, ou seja, um trabalho simples, mas muito bem feito.

Enfim, é um filme bem gostoso de acompanhar, nada que você fale "nossa que filme surpreendente", mas correto e que mostra bastante que o esporte é algo que oculta muita coisa do público para o seu bem financeiro maior. Como disse no começo o maior problema do filme é o excesso de repetições, mas ainda assim é um longa que vale o ingresso para quem gosta de dramas bem trabalhados. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas ainda faltam muitos longas para conferir, então abraços e até breve.

Leia Mais

A Bruxa (The Witch)

3/04/2016 09:54:00 PM |

Faz tempo que estão nos prometendo longas de terror que almejam qualidade e requinte, sem se preocupar com que o público saia horrorizado com o que verá, aonde seja trabalhado algum estilo simbólico envolvente de muita religiosidade, e que de certa forma cause algum estilo de impressão mais artística do que os longas feitos para assustar somente. Porém, "A Bruxa" foi tão bem vendido pelo marketing, que sinceramente esperava sair horrorizado, com todos os pelos ouriçados e com pensamentos impuros após a sessão, e cá estou tomando um milkshake tão tranquilo quanto tivesse visto "Os Ursinhos Carinhosos". Não digo que algumas cenas não sejam fortes e tal, mas garanto que você irá sair bem tranquilo da sala, mesmo que veja na sessão da meia-noite no shopping, e o estacionamento esteja completamente escuro para procurar seu carro.

O longa nos situa na Nova Inglaterra, no ano de 1630, aonde o casal William e Katherine leva uma vida cristã com suas cinco crianças em uma comunidade extremamente religiosa, até serem expulsos do local por sua fé diferente daquela permitida pelas autoridades. A família passa a morar num local isolado, à beira do bosque, sofrendo com a escassez de comida. Um dia, o bebê recém-nascido desaparece. Teria sido devorado por um lobo? Sequestrado por uma bruxa? Enquanto buscam respostas à pergunta, cada membro da família seus piores medos e seu lado mais condenável.

Um ponto inegável sobre o filme é o do diretor e roteirista Robert Eggers ter estreado nos cinemas com algo tecnicamente perfeito, pois embora o longa não assuste, o filme usou e abusou de uma fotografia incrível e uma cenografia mais perfeita ainda, colocando a trama dentro de situações altamente de vislumbre para que quem quisesse se envolver com a ambientação, conseguisse sair bem feliz com o que verá na telona, e certamente isso que apaixonou os críticos que gostam de mais simbologia do que passar medo em filmes de terror. Pois assim como outros longas que procuram mostrar rituais e seitas, o filme é forte para quem acredita nisso, e diferentemente de outros terrores psicológicos e que acabam assustando você por algum motivo, o filme não vai fazer com que perca o sono, e muito menos apavore com algo mostrado (claro que o choque nas cenas aonde nos induzem a imaginar pedofilia é algo apavorante, mas já tivemos coisa pior nos cinemas) e assim sendo, mesmo o diretor tendo acertado a mão no estilo de conduzir a trama, ele poderia ter feito algo mais assombroso e que fizesse o público se borrar de medo. Mas... como o marketing do longa está sendo tão imenso, a sala de uma sessão de fim de tarde estava abarrotada, e conversando com o pessoal do cinema, ontem na estreia também lotou as duas sessões com um público bem curioso para um longa de terror, e a maioria comum sai reclamando do que viu.

Sobre as atuações, o que posso dizer de antemão é que arrumaram uns atores no mínimo curiosos e que por falarem tanto de religião durante o filme inteiro, acabam nos assustando com seus semblantes e devoções. Anya Taylor-Joy conseguiu transmitir bem a personalidade da jovem Thomasin, e trabalhando com expressões de espanto frente à tudo que ocorria, seus momentos acabaram sendo cruciais para segurar a tensão da trama, claro que se o filme seguisse de onde acabou seria algo muito melhor, mas aí teríamos um longa somente dela, e a coisa seria bem outra. Ralph Ineson fez de seu William, um daqueles personagens tradicionalíssimos de época, de modo que certamente se viajássemos no tempo e aparecêssemos no ano de 1630 encontraríamos diversos Williams preocupados com sua fé e com sua plantação, sempre orando para que a família seja salva de seus pecados, e o ator incorporou isso como mote de seu semblante e agradou bastante no que fez. Kate Dickie chega a ser incômoda frente aquelas mulheres que preferem não acreditar no que está na frente dela, mas acredita no impossível, e trabalhando de forma mais contida, a atriz tem uma ou duas cenas para tentar algum destaque para sua Katherine, e por incrível que pareça ela consegue chamar atenção nas suas duas últimas cenas. Agora se temos de dar algum destaque para alguém do filme, com toda certeza é Harvey Scrimshaw, pois o jovem segurou um semblante misterioso e forte em todas as cenas de seu Caleb, e no momento que precisou dar seu show de expressão, acabou fazendo algo que poucas vezes vimos um ator tão jovem fazer, e sendo praticamente sua estreia, podem marcar seu nome, pois veremos muito mais proveniente dele. Quanto dos gêmeos no filme, Mercy e Jonas, interpretados por Ellie Grainger e  Lucas Dawson, o que posso dizer é que mesmo que o filme falasse que eles não foram amaldiçoados, certamente ninguém falaria que eles eram normais, pois estavam com o demo no corpo de tão agitados que foram em todas as cenas.

Como disse no começo do texto, o ponto forte da trama sem dúvida alguma é o visual da trama, pois arrumaram uma locação perfeita bem próxima de um bosque e com uma casinha bem simples, alguns animais, tudo iluminado à base de velas, figurinos típicos da época bem volumosos feitos à base de peles de animais, objetos cênicos estranhos, animais não muito amigáveis e tudo mais, acabaram contribuindo para uma trama densa e bem própria do que o filme pedia. E aliado à isso, a equipe de fotografia usou o tom cinza quase que em teor predominante para deixar o filme quase que envolto em uma névoa densa, mas sem usar do artifício de fumaça, o que foi um grande acerto, e claro que o contraste das velas fez com que o filme acabasse trabalhando uma perspectiva alaranjada em diversos momentos, o que agrada bastante.

Assim como todo longa de terror que se preze, o filme trabalha e muito com a sonoridade da trilha subindo o tom nas cenas que acreditam ser mais fortes, então do nada a trilha vai ficando mais alta até você acreditar que algo forte vai rolar, e nada acontece!!! Mas no geral, ao menos serviu para termos um bom ritmo, pois mesmo não assustando, o longa não cansa o público.

Enfim, não é um filme ruim, muito pelo contrário, a trama consegue envolver bem, mesmo que não assuste nada. Sendo assim, novamente, um filme vendido mais pelo marketing em cima dele do que realmente pelo que vale. Recomendo ver só se gosta de filmes de época, pois se for com sede de ver algo aterrorizador, vai sair bem frustrado da sessão, mas indo ver um suspense de época é capaz que saia feliz com o resultado. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas já vou para uma outra sessão, e amanhã cedo publico o que achei do outro filme, então abraços e até breve.

Leia Mais

Kung Fu Panda 3 em 3D

3/04/2016 12:31:00 AM |

Nunca fui um aficionado pela série "Kung Fu Panda", pois embora trabalhe bem a mensagem de superação e de busca por objetivos maiores em alguém completamente fora dos padrões, a beleza dos longas infantis sempre acabam soando bobas demais na trama, e nessa terceira continuação, acabaram largando ainda mais para trás uma montagem de algo que convença o público a querer ver a trama sem ser o colorido e algumas piadas (que já estão no trailer). Não digo que é um filme ruim, pois diverte, mas trabalharam tanto na composição digital nesses últimos quatro anos para que os personagens parecessem quase reais, que esqueceram de fazer uma boa história para mostrar isso, e assim sendo, tudo acaba passando tão rápido que se perguntarem realmente qual o mote dessa vez, para qualquer um que saia do cinema sem ser uma criança, a pessoa não vai lhe saber dizer.

O longa nos mostra que desta vez, Mestre Shifu tem como principal ensinamento fazer com que Po aprenda a técnica de dominação do Chi, uma espécie de “energia vital”. Porém, o atrapalhado panda acaba se desconcentrando com a chegada do pai de sangue, o panda Li, que o carrega para a vila secreta dos pandas – aguçando o ciúme do Sr Ping, o “pai” ganso de Po. Em paralelo, o poderoso touro Kai, O Coletor, um centenário inimigo do Mestre Oogway, reúne forças para voltar para o mundo dos vivos e tomar o que ele acha que é dele por direito. Caberá a Po e seus amigos impedir o maléfico plano do vilão.

Embora tenham mantido os roteiristas originais desde o primeiro filme, o longa vem trocando de direção constantemente, sendo substituído os principais por artistas das equipes de animação, e embora isso seja algo saudável por segurar pessoas que já conheciam a ideia base, é notável que o estilo do filme tem mudado demais. Claro que é notável o crescimento das perspectivas da trama, sempre querendo dar uma ambiência mais própria e colocando certos questionamentos na cabeça do protagonista que muita gente deve fazer para crescer, e além disso melhoraram, e muito os traços da computação dos personagens, dando um design bem bacana de assistir, porém esqueceram da trama infantil gostosa de ver e se empolgar, pois mesmo colocando diversas piadas a trama não flui de forma bacana. Os pequenos até vão curtir a alta quantidade de cores, mas ao sair da sala não vão sair procurando bichinhos de pelúcia novos do filme, nem vão querer brinquedos da série, e muito menos querer rever o filme, pois apenas foi algo legal ali, e depois vão voltar para casa e esperar algo novo para ver, ou até mesmo já empolgar no desenho da TV. E isso é a maior falha que uma animação pode ter, pois precisam da empolgação para manter a franquia, e se o primeiro filme motivou e muito o público que pediu um segundo, no segundo o resultado foi bom, mas já diminuiu a perspectiva, agora acredito que nem se a Dreamworks quiser farão um quarto filme(virá um filho de Po?).

Como disse melhoraram demais as texturas da trama, tanto que os pelos de alguns pandas quando colocados em primeiríssimo plano ficam até fofinhos de tocar com a tecnologia 3D, a qual devo salientar que quem for assistir veja, pois o resultado ficou bem trabalhado, com coisas saindo da tela e profundidades de campo incríveis em diversas cenas. Além disso, o reforço que a trama necessitava de mais personagens bonitos, foi compensado com diversos pandas cada um com sua qualidade, o que poderia ser mais focado (como acontece nos Smurfs, mas tempo de tela é algo difícil de trabalhar). Ou seja, de certa forma se cansaram dos personagens principais dos outros longas, e os deixaram bem em segundo plano, aparecendo bem pouco, e colocaram diversos outros que não empolgam por ficarem também em segundo plano, e Po não é suficientemente capaz de segurar a trama toda para si, além de novamente termos um vilão ruim de agradar, pois Kai até possui poderes fortes, mas é daqueles que assim como brincam em diversas cenas: "Quem é Kai? O que ele faz? Da onde proveio? Amanhã nem vou saber mais quem é Kai!). Talvez se tivessem brincado mais com o lance dos pais diferentes, meio que causando um embate entre eles, e segurando um drama familiar maior com os pandas, a trama teria um frescor e agradaria bem mais, mas apenas a busca pelo Shi ficou algo bobinho demais. Outra coisa que faltou mais, foi colocarem uma dublagem mais animada e com piadas próprias como costuma acontecer, afinal ficou parecendo que pegaram o texto e traduziram sem dar vida para que os dubladores interpretassem também, ou seja, o que fica bacana de ver nas piadas acabou ficando bem de lado.

Ou seja, faltou mais dinâmica com os novos personagens para que o longa empolgasse. Porém por outro lado, na questão cenográfica, posso dizer com toda certeza, que a equipe de design gráfico pesquisou demais diversas locações para criar alguns lugares lindos de ver na telona, e desde a vila dos pandas até a terra dos espíritos, tudo foi tão bem produzido em tons pasteis trabalhando os degradês das cores que realmente dão uma certa paz interior. E claro que junto disso, procuraram contrastar bem as demais cores principalmente nas diversas pelagens em preto e branco dos pandas para que o filme envolvesse os pequenos, e muito verde e azul para realçar a profundidade do 3D.

Enfim, é um filme bem feito, mas que pecou demais nos quesitos principais para termos uma animação que desse mais frutos do que apenas uma sessão de cinema. Como disse vale a pena para passar um tempo no cinema com as crianças, já que não temos tantas opções no momento, mas que certamente passa longe de ser uma boa opção, isso passa. Ou seja, recomendo ele somente se não tiver outras opções, pois a diversão toda já está nos trailers, e claro quem for, vá nas sessões em 3D, pois ao menos nesse quesito não pecaram tanto. Bem é isso pessoal, esse foi apenas o início dessa semana que veio diversos outras estreias para conferir, então abraços e até bem breve.

Leia Mais

Amor em Sampa

3/02/2016 01:50:00 AM |

Acho interessante quando um roteirista possui uma ideia mirabolante de mostrar seu amor por algo(uma pessoa, um período da história, um determinado local e até mesmo uma cidade), ainda mais quando a proposta de melhoria para a cidade no caso é algo bacana de se ver. Mas, quando transformam isso em algo novelesco demais, chega a doer só de pensar, e "Amor em Sampa" funcionaria completamente como uma novela ou série de vários capítulos em horário nobre na Globo (afinal tem um elenco completo de diversas atrações da emissora), mas como filme apenas chega a incomodar as situações mostradas na telona. Não digo que é algo ruim, mas poderia ser algo completamente mais leve e agradável de ver, principalmente pelo musical interessante que foi colocado para os personagens, e que por mais incrível e estranho sem muitas rimas, funciona. Ou seja, não é um filme ruim, mas não funciona como cinema, a menos que você goste de novelas na telona.

O longa nos mostra que Cosmo é um taxista que ama rodar por São Paulo. Um dia, ao encontrar Mauro em um bar, recebe uma proposta inusitada: gravar depoimentos de passageiros em seu táxi, nos quais as pessoas falariam sobre o que gostam em São Paulo. A ideia faz parte de uma campanha publicitária idealizada por Mauro, que pretende levantar a auto-estima do paulistano em relação à cidade. Paralelamente, a aspirante a atriz Carol e sua amiga Mabel chegam atrasadas a um teste para uma peça teatral. Lá conhecem Matheus, um diretor mulherengo que logo se interessa por ambas. Há ainda a empresária Anis, que trava um duelo de poder com o ambicioso Lucas, e também o casal formado por Raduan e Ravid, que pretende em breve oficializar a união.

De certa forma podemos dizer que é um filme bem família, não tanto pelo conteúdo mostrado, já que nas entrelinhas há coisas que vemos muito nas novelas, mas que teria idade para ver, mas sim pela família Lombardi/Riccelli, afinal temos o roteiro de Bruna Lombardi que é casada com o diretor Carlos Alberto Riccelli, que são pais do outro diretor Kim Riccelli, e todos são os protagonistas da trama!!! Não digo que isso é ruim, pois a história que Bruna fez foi boa, e sua atuação está bem interessante (principalmente por mostrar que está inteirona com um corpão que muitas mulheres irão invejar totalmente), e a direção dos Riccelli também está correta dentro da perspectiva de uma novela musical, mas incomoda demais ficar tudo preso a isso. Enfim, a ideologia é muito boa, mas ficou histórias demais flutuando, interligadas por algo, mas que não conseguem fazer a comoção como um longa deveria fazer, portanto o trabalho da equipe foi bem feito, mas certamente para a mídia errada, quem sabe se trabalharem mais a ideia e transformarem numa serie mais longa com cada grupo mais desenvolvido, aí sim teremos algo interessante para ver e ficar feliz.

É fato ver o quanto o elenco todo se dispôs para a trama, pois cantar situações é muito mais difícil do que cantar uma canção, mas algumas canções embora tenham ficado bem encaixadas com a trama, aparentavam estar soltas demais, e isso de certa forma incomoda demais em um musical. Vamos começar pelo diretor e protagonista da primeira parte Carlos Alberto Riccelli, que para quem não o conhece tanto, nem sente o fator direção impregnado no seu modo de atuar, mas quem for ao cinema sabendo disso, verá que a todo momento seu taxista Cosmo se policia para estar bem no enquadramento, além de fazer as caras certas para a câmera de um modo um pouco forçado demais, e isso não é errado, pois um diretor pode pedir isso para o ator, mas infelizmente soou falso e não comum como aconteceria numa situação usual, que é o que o longa desejava. Rodrigo Lombardi foi do seu modo, um publicitário com uma proposta bem louca atrás de seu objetivo de tanto conseguir transformar Sampa num lugar mais verde, quanto de conseguir um amor para seu Mauro, e por mais duro que tenha ficado no seu momento de cantoria, ele foi bem tranquilo e agrada, mas poderiam ter cortado mais cenas dele atrás do amor no roteiro, pois algumas soaram falsas demais com a rapidez que tudo ocorreu, ou como disse, numa serie mais alongada poderiam trabalhar melhor isso. Eduardo Moscovis colocou seu Lucas com uma determinação tão forte e impactante, que de certa forma até torcíamos para que ele desse muito certo com a protagonista de alguma maneira, e essa persuasão é algo bem interessante de ver, mas ocorreu com ele o mesmo problema de Lombardi, mas de uma forma diferente, pois não é mostrado o que ele realmente é e quer com a empresa, e isso só em algo mais alongado daria para ser mostrado. Bruna Lombardi como disse acima está mais linda do que nunca, e chega a ser até um incômodo colocarem a empresária Anis, super-bem-sucedida como uma mulher mais linda ainda, não que isso seja ruim, mas é muita coisa favorável para uma única pessoa, e ela fez boas expressões e encaixou muito bem na personalidade que a personagem pedia, mas volto a ser repetitivo, pois merecia mais tempo com ela em cena. Embora caricato demais, o personagem de Tiago Abravanel, Raduan, ele combinou bem com o personagem de Marcelo Airoldi, formando um par até que interessante de ver, mas soou exagerado demais e um pouco jogado na trama para ambos, e isso não é legal de ver, mas o show musical que deram foi algo muito bom de ver. O triângulo Bianca Müller, Letícia Colin e Kim Riccelli embora seja algo comum de ver no mundo das artes, soou estranho demais pelo estilo do diretor de teatro aparentar não ser mulherengo e terem colocado isso para forçar o estranhamento, e claro que quando só estão as meninas com os "quase" as sacadas funcionavam bem melhor. E para fechar tenho de dar um certo destaque para a personagem de Miá Mello, pois São Paulo está lotado de Lara's e ela fez tão bem que chega a impressionar seu estilo de atuação, que havia ficado faltando no longa em que foi protagonista, mas aqui agradou e muito no que fez.

Sobre o visual cenográfico, estamos falando de São Paulo, que é quase um país inteiro em uma cidade, então são tantos lugares bons para filmar que poderiam ter escolhido até alguns melhores, mas no contexto geral mostraram bem a ala mais rica da cidade, digo isso, pois a periferia ficou bem isolada, sendo quase inexistente na trama (diria quase 99,9% inexistente). Porém trabalharam bem nos lugares em que foram, colocando diversos elementos cênicos pertinentes à cada cena, para que o filme tivesse um conteúdo maior, e volto a afirmar, que o filme merecia ser mais ampliado, e aí sim veríamos menos erros em tudo, como acabei apontando no texto inteiro. E claro que a equipe de fotografia trabalhou bem, reduzindo em diversos momentos o campo visual para dar efeitos de fundo, e isso é legal de ver, mas as cenas abertas foram tão bonitas de ver, que poderiam ter mantido mais o estilo e agradar mais.

Enfim, não posso dizer em momento algum que é algum ruim de ver no cinema, mas é um filme controverso, que como disse não chega a funcionar como cinema mesmo, mas talvez mais para frente vejamos ele como um espetáculo maior e com isso acabaremos ficando mais contentes com o que iremos ver, mas aqui o encaixe geral foi bem errado e não posso recomendar muito a trama, mesmo que alguns momentos tenha me agradado bastante. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas amanhã volto para conferir a última estreia da semana nos cinemas, então abraços e até breve.

Leia Mais

Presságios de Um Crime (Solace)

3/01/2016 01:19:00 AM |

Se quando vi "Dois Coelhos" já apostei todas minhas fichas que o diretor iria bem longe, já posso começar a escolher meus números dos sorteios, pois acertei na mosca. Claro que antes de mais nada, o jovem diretor Afonso Poyart chegou aonde chegou por seu próprio suor, e "Presságios de um Crime", seu primeiro longa nos EUA, posso dizer com uma felicidade imensa, que é um filmaço com todas as letras. Claro que possui defeitos, assim como a maioria dos thrillers policiais, aonde falhas costumam servir de base para que críticos esculachem os filmes, mas ao trabalhar acertadamente com o que deu certo em seu longa de estreia (flashes rápidos misturados com cenas em slow) com a premissa de um serial killer que se acha correto com o que está fazendo (quase uma lembrança da minha saga predileta "Jogos Mortais", claro que aqui com uma ideologia um pouco diferenciada, não sendo vingativa como era Jigsaw) ficou tão perfeita, que para esse Coelho que adora esse estilo de filme, certamente vou falar bem quando me pedirem indicação, e digo mais, esse é o modelo de sucesso de um filme policial bem feito. Portanto Parabéns Poyart pela ótima estreia em Hollywood, e que venha com mais projetos do estilo, abaixo vou falar mais de cada detalhe bom do longa.

O filme nos mostra que dois detetives do FBI, Joe Merriwether e Katherine Cowles perseguem um serial killer conhecido por matar suas vítimas com um objeto perfurante na nuca, sem deixar vestígios na cena do crime. Diante da ausência de provas, Joe pede ajuda ao seu amigo pessoal, o Doutor John Clancy, um poderoso vidente que vive isolado desde a morte de sua filha. Aos poucos, este novo investigador ajuda os policiais a entender a mente do assassino, até fazer uma descoberta importante: o homem responsável pelas mortes também é um vidente, ainda mais esperto que John. Pior do que isso, ele está sempre um passo à frente nas investigações.

Você deve ter lido a sinopse e pensado: "nossa, já contaram tudo aqui", mas não, tudo isso já estava no trailer, e o longa é mais trabalhado do que apenas isso. Embora seja um roteiro não muito elaborado, o filme foi extremamente bem dirigido por Afonso Poyart e montado com uma precisão cirúrgica pelo também brasileiro Lucas Gonzaga, parceiro de Poyart em "Dois Coelhos". E a dupla conseguiu trabalhar de uma forma bem determinada tanto para criar o clima de suspense que a trama pedia, quanto para não usar do estilo óbvio sequencial tranquilo que estamos acostumados a ver. Claro que ao trabalhar algumas polêmicas na trama, e não colocar uma linguagem mais difícil fez com que algumas pessoas reclamassem muito do que viram no filme, mas para quem gosta de ver em detalhes cada peça do mistério sendo colocada na sua frente em close maior, é um prato cheio para se degustar, e particularmente, me empolga tanto ver isso que por sorte a sala não estava tão cheia, porque eu ria, chacoalhava as mãos e tudo mais juntamente conforme o longa ia me mostrando mais detalhes, e isso com toda certeza é um acerto perfeito para quem gosta de bons filmes, quando você se conecta com a trama.

Um bom thriller policial, pede um elenco que saiba segurar a trama, e isso o filme não nos negou em momento algum, pois Anthony Hopkins pode estar com 200 anos que ainda vai ser uma pessoa mega-misteriosa, e aqui seu Clancy é daqueles que ao mesmo tempo ajuda a investigação, mas que também ficamos com os dois pés atrás de sua índole, e o ator trabalhou muito bem, colocando suas expressões na medida certa para que o impacto fosse lentamente incorporado no decorrer do filme, ou seja, entregou tudo que sabe fazer bem nas mãos do diretor, e o resultado agrada bastante. Abbie Cornish é uma mulher muito bonita, e que soube trabalhar a petulância da detetive Cowles como ninguém, até ser derrubada em uma sequência textual de Hopkins que se fosse num teatro brasileiro com certeza algum fanfarrão gritaria nóhhh e o público aplaudiria, mas a moça se manteve bem, e principalmente, trabalhou suas expressões em três boas fases, o que agrada bastante de ver num único filme. Collin Farrell entregou para o público o assassino Charles como alguém que podemos até torcer de certa forma, e digo mais, uma série com o personagem agradaria e muito no estilo de outras existentes, pois o ator foi bem nas expressões, e não decepcionou em nada, mesmo com poucas aparições. E para fechar o quarteto principal, claro que não esqueceria de falar de Jeffrey Dean Morgan que incorporou o detetive Joe com um certo ar mais leve do que o comum, pois geralmente o estilo de policiais que fazem esse trabalho são mais estourados e aqui trabalhou de forma tão calma que chega a ser até estranho de ver, mas soube comover bem nos momentos mais dramáticos e agradou também.

O conceito visual foi bem trabalhado por inserir elementos chaves do mistério completo da trama, pois se você observar determinado elemento botado em detalhe em alguma cena, pode crer que em breve ele será apresentado em close para a explicação completa do próximo crime ou de como foi o crime, e com toda certeza a equipe artística sofreu e muito para que não houvesse furos nas cenas, já que muitas das cenas são repetidas várias vezes, e para ocorrer problemas nesse estilo é um pulo. Mas cada cena foi bem trabalhada, com muitos elementos, sempre procurando variar bem as cores para que a assimilação fosse mais fácil, e com o decorrer da história já vamos matando todos os detalhes, o que é algo legal de acontecer, portanto, agradou bastante tanto as locações da trama, quanto a boa cenografia desenvolvida para incorporar cada momento. A fotografia poderia ter trabalhado mais com sombras, e mesmo na cena aonde é citado uma sombra, acabou falhando um pouco e quase não é percebido o detalhe, mas várias cenas noturnas e internas trabalharam bem os tons para envolver o público e dar conexão sempre com a cena seguinte.

Enfim, é um ótimo filme que como disse, até possui alguns defeitos, mas a maior reclamação que posso fazer é ele ser um pouco simples demais, já que daria para trabalhar de forma mais elaborada e ainda agradar o público em geral também, porém tirando esse detalhe, é um daqueles filmes que você fica preso do começo ao fim e nem vê a hora passar. E dessa forma com toda certeza recomendo o filme tanto pela qualidade, quanto por ser mais um brasileiro se dando bem lá fora. Ficarei na torcida por uma boa bilheteria para que o diretor volte com mais longas, afinal dois filmes, dois acertos, não é para qualquer um. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas ainda faltam duas estreias para conferir nessa semana, e a próxima já vem aí com muitas estreias também, então abraços e até breve.

Leia Mais