Com esse longa, o diretor Pablo Larraín encerra sua trilogia das mulheres do século XX, aonde tivemos "Spencer" e "Jackie", e mais do que apenas trabalhar a personagem, ele conseguiu colocar a ópera como um elemento presente na trama, ao ponto que seu filme fica quase como a construção de uma cadência entre os momentos icônicos bem divididos na tela, que talvez incomode alguns que não pegarem a referência, além de um grande detalhe de trabalhar apenas um período bem fechado de dias, e não a vida completa da mulher, que claro temos alguns flashbacks, mas sem ir muito além. Claro que é um filme que tem uma pegada bem densa, afinal óperas são densas, e mesmo tendo um período curto da vida da personagem mostrado na tela, o diretor conseguiu extrair muito da protagonista para que o longa não dependesse praticamente de mais ninguém, pois mesmo vendo eles ao redor e tendo suas devidas participações bem conectadas, o filme é dele e de Jolie, aonde até parece que está realmente cantando, mas seria impossível alcançar o timbre da cantora, então apenas dublou.
E já que comecei a falar das atuações, não sei como Angelina Jolie se inspirou para chegar na personificação de Maria Callas, mas vemos na tela uma imponente mulher, com postura firme e desenvolta, tendo as devidas nuances expressivas durante o canto, mas também sendo fina e marcante, e falando em finura, como bem sabemos a cantora morreu ultra-magra, e a atriz ficou seca para o papel, impressionando em tudo o que fez, além de ser densa e chamativa, ou seja, fez o que precisava para lembrarem dela no papel. Pierfrancesco Favino e Alba Rohrwacher entregaram dois papeis lindos e marcantes com seus Ferrucio e Bruna, que acompanharam os últimos momentos com a cantora quase como uma cela, vivendo reclusos, fazendo as vontades dela, e os atores souberam ser singelos para se destacar sem sobrepor a protagonista, dando carinho e emoção com desenvoltura e simbolismo cênico, ou seja, foram além do que precisavam fazer. Agora quem caprichou na maquiagem e visual ficando praticamente idêntico foi Haluk Bilginer que praticamente reencarnou Aristóteles Onassis, de tal forma que valeria o diretor ter trabalhado mais seu personagem na tela, pois foi perfeito no pouco que entregou, e principalmente marcou a vida da cantora. Outro ator que teve atos interessantes foi Kodi Smith-McPhee com seu Mandrax, mas aí o erro foi do roteiro e não do ator, pois não deveria se apresentar logo de cara pelo nome, mas ir fazendo o filme e ao final soltar o nome para que tudo ficasse mais claro e brilhante, mas o jovem já disse ter futuro e soube ser simples e bem colocado na trama.
Visualmente o longa caprichou em cenas no apartamento imponente, com as diversas mudanças de lugar do piano gigante, algumas cenas na cozinha, outras no quarto/camarim com uma penteadeira tradicional cheia de luzes e muitas roupas, tivemos a cena icônica de queima das roupas, meio que jogada, mas bem feita para ser um marco, várias cenas em teatros com interpretações de algumas das óperas com banda e tudo mais, e alguns bons passeios por cafés e ruas clássicas de Paris, com uma fotografia bonita de se ver, e também tendo alguns atos em preto e branco, de modo que o diretor soube brincar com o pouco que tinha em suas mãos.
Enfim, é um filme interessante pela proposta, e claro para conhecermos a voz marcante de muitas óperas que já ouvimos e sequer sabíamos quem tinha dado um show com elas, que talvez pudesse ter sido mais trabalhado para mostrar realmente a vida inteira, mesmo que de forma rápida para conhecermos mais da personagem, mas ainda assim é um bom resultado na tela, que volto a frisar ser meio lento e denso com as canções marcantes, que quem estiver com sono ou não for acostumado vai acabar dormindo na sala, e assim sendo fica a ressalva. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.
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