A Verdadeira Dor (A Real Pain)

1/31/2025 09:22:00 PM |

Costumo dizer que a duração de um filme não é determinada realmente como o tempo de tela, mas sim o quanto acaba fazendo o público sentir o que é mostrado na tela, de tal forma que muitos filmes sobre a memória judaica ou até outros dramas mais sentimentais acabam ficando alongados demais na tela, e esse é o caso de "A Verdadeira Dor", pois tendo apenas 90 minutos pareceu ter umas três horas ou mais, virando mais do que apenas uma excursão pelos ambientes de uma Polônia moderna, mas que ainda simboliza o Holocausto, virando uma grande DR entre primos bem diferentes entre si. Ou seja, é daqueles filmes que precisamos realmente sentir as sensações como os personagens para que o filme nos transporte para o ambiente, senão acaba sendo tão comum quanto bonito de ver, o que é uma pena, pois tem estilo e boa desenvoltura dos personagens.

A trama acompanha David, um pai reservado e pragmático, e Benji, seu primo excêntrico e boêmio. Apesar de suas diferenças, eles embarcam juntos em uma viagem à Polônia para homenagear a avó recentemente falecida, participando de uma excursão que revisita memórias do Holocausto e conecta o grupo às raízes familiares. Durante a jornada, antigas tensões entre os primos ressurgem, transformando a viagem em uma experiência emocionalmente intensa. À medida que exploram o passado da família e enfrentam as diferenças que os separam, David e Benji são forçados a confrontar suas próprias escolhas e perspectivas de vida.

Diria que o diretor e roteirista Jesse Eisenberg fez bem em segurar o longa como protagonista também, pois seria bem difícil passar a essência que desejava na tela para qualquer outro ator, de modo que a quebra de estilo por parte de seu parceiro cênico acaba funcionando bem demais, ao ponto que o roteiro pareceu ser escrito para Kieran, que com seu jeitão diferente e ousado acaba se soltando por completo e leva a leveza do personagem para uma complexidade até maior do que o texto em si sobre saber pensar sobre como o passado influenciou ou não as pessoas ali dispostas. Ou seja, ao mesmo tempo que a trama parece igual a vários outros filmes de pós-Holocausto, acaba sendo diferenciado e interessante pela proposta em si, tanto que vem sendo indicado à vários prêmios como Roteiro Original.

Agora para falar das atuações, precisamos pensar como falei no começo, entrando em cena como os personagens em si, de modo que Jesse Eisenberg trabalhou seu David de um modo até que bem singelo e simples, mas do tipo que foi para a viagem sem querer ir, e isso pesa bastante no resultado, de modo que ele já não é mais tão jovem para parecer um garotão na tela, e assim o personagem poderia ser mais denso e trabalhado ao invés de seco e monótono. Já Kieran Culkin está merecendo cada prêmio que tem ganho como Melhor Ator Coadjuvante com seu Benji totalmente solto e direto, ousado em chamar para si os diversos atos mais complexos, e com traquejos tão amplos acaba agradando demais com o que faz em seu surto solitário. Quanto aos demais vale um leve destaque para Will Sharpe com seu James e Kurt Egyiawan com seu Eloge, mas mais pela profundidade dos personagens do que pelos atores em si.

Visualmente não diria que o filme consegue impactar como imaginado no roteiro, pois vemos lugares densos que possivelmente já viram muita dor e sentimentos, mas que dentro da entrega acaba sendo simples demais, mesmo mostrando lugares antigos impressos dentro de uma modernidade atual e casual.

Enfim, é daqueles longas que poderiam ir para tanta rumos, mas que não consegue emocionar como deveria, ficando algo morno demais, que até é bonito de conferir, mas que amanhã já iremos esquecer dele. O longa está com duas indicações ao Oscar e muitos outros prêmios mundo agora, mas recomendaria ver apenas por esse motivo. E é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas vou conferir o principal concorrente do Brasil aos prêmios e volto mais tarde para falar dele, então abraços e até logo mais.


0 comentários:

Postar um comentário

Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...