A sinopse nos conta que depois de se mudar para Podlasie, na Polônia, a psicóloga Julia se torna testemunha involuntária e participante de acontecimentos dramáticos na fronteira com Belarus. Consciente dos riscos e das consequências jurídicas, ela se junta a um grupo de ativistas que ajudam refugiados acampados nas florestas. Ao mesmo tempo, uma família síria que foge da guerra civil e o seu professor afegão, sem saberem que são instrumentos de uma fraude política, tentam chegar às fronteiras da União Europeia. Na Polônia, o destino irá uni-los a Julia e ao jovem guarda de fronteira Jan.
Diria que o trabalho da diretora e roteirista Agnieszka Holland foi mais uma primorosa pesquisa de guerras para composição de suas ideias, pois já fez filmes sobre todo tipo de ditaduras, de guerras, de refugiados e aqui ela quis ir por um lado mais tenso em cima da situação humanitária, conseguindo mostrar tanto um viés de quem está trabalhando, quanto de quem se vê no meio do conflito, e também do lado dos que estão tentando ajudar e dos que querem ajudar, ou seja, abriu uma gama até que grande na sua apresentação inicial capitular, até que chega na figura final de Julia, que aí sim a história se desenvolve um pouco mais. Ou seja, facilmente eu criticaria sua escolha de dividir o filme em capítulos, mas dentro da ideia da narrativa, isso acabou funcionando para não precisar fazer apresentações soltas, e que também o público captasse a ideia melhor, ou seja, foi um grande acerto. Claro que o filme vai ser indigesto para muitas pessoas, pois é triste ver toda a situação, mas algo que infelizmente me incomodou foi fazer o longa em preto e branco, pois colorido a trama teria muito mais impacto visual, e o resultado iria para outros rumos, mas não chega a ser ruim, apenas não teve muita funcionalidade a escolha.
Sobre as atuações, diria que todos fizeram atos bem expressivos, cada um de uma maneira para que fossem extremamente convincentes em seus atos, de modo do lado da família todos entregaram momentos fortes, conseguiram chamar atenção para seus momentos conectados, de tal forma que vou dar o destaque para Dalia Naous com sua Amina, mais pela força nos trejeitos de uma mãe ao ver que seu filho sumiu no meio do caos, e isso só piora depois, com sua finalização sendo bem impactante nos seus trejeitos. Ainda dentro do primeiro grupo, é Behi Djanati Atai entregou bem sua generosa Leila como uma senhora imponente que vê uma oportunidade e segue nela, mas que tem tantos percalços em seu caminho que precisou se expressar bastante na tela. Do lado dos guardas, Tomasz Wlosok foi bem preciso com seu Jan, estando com o conflito aonde tem seu trabalho explosivo, mas também vivendo com sua mulher grávida acaba tendo um pouco de humanidade em alguns atos, sendo bem forte algumas de suas cenas. Do lado dos ativistas, o destaque é Monika Frajczyk com sua Marta, agindo com rapidez, e sabendo transpassar as emoções com dinâmicas bem encaixadas e chamativas, até ir além em alguns momentos bem marcantes. E claro para não me alongar muito ainda tivemos a psicóloga Julia vivida por Maja Ostaszewska que mudou toda sua vida para virar ativista e ajudar os demais, tendo atos marcantes e cheios de expressividade. Fora ainda muitos outros bons atos, mais soltos e criativos, valendo um leve destaque para a interação da família com os jovens no penúltimo ato, gerando até uma conexão jovial bem bonita na tela.
Visualmente o longa entrega a maioria dos atos no meio da floresta entre a Polônia e Belarus, mostrando o jogo de empurra-empurra entre as polícias dos dois países com os refugiados sem ter para aonde ir, tentando asilo, mas sofrendo o descaso, apanhando, gastando dinheiro para não conseguir nada, vemos as mobilizações dos ativistas para tentar ajudar eles nesse meio, vemos a casa isolada de Julia que acaba virando uma base dos ativistas, e claro alguns atos em hospitais e delegacias, tudo bem representado para vermos todas as nuances e elementos na tela, mas que poderia ser ainda mais impactante colorido, pois embora quisessem dar o lance da falta de vida que acontece no meio da floresta, o resultado com sangue e todas as cores impactariam muito mais na tela.
Enfim, é um filme que beirou a perfeição, que vai impactar muitos e outros nem conseguirão ver tudo, mas que vale demais assistir, refletir e pensar em tudo o que anda ocorrendo no mundo, pois já foram os países do Oriente Médio, agora está sendo com a Ucrânia, e sabe-se lá aonde irá ocorrer muitos outros conflitos com suas zonas de exclusões mundo afora, então fica a dica para conferir na próxima quinta, e eu fico por aqui hoje agradecendo demais o pessoal da A2 Filmes por enviar a cabine de imprensa para que eu conferisse. Então abraços e até amanhã com mais dicas meus amigos!
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