Abigail

4/20/2024 02:50:00 AM |

Costumo dizer que o terror é um dos gêneros que mais permitem coisas estranhas, pois o diretor pode fazer cenas nojentas sem que os fãs reclamem, pode colocar personagens bobos e sem noção alguma, podem inventar coisas irreais, e tudo mais que acaba funcionando para quem gosta de ver muito sangue e tensão na telona. Dito isso, fazia tempo que não via um longa sem saber absolutamente nada dele, pois hoje com as redes sociais é difícil não pipocar algum spoiler cênico, e até mesmo os trailers acabam entregando muita coisa antecipada de uma trama, e milagrosamente fui conferir "Abigail" sem nem ter visto o pôster, apenas com os horários do longa nas mãos, e a fácil expectativa de ser melhor do que a bomba que havia assistido na sessão anterior, e agora vendo o trailer praticamente já é entregue tudo logo de cara, então vou tentar não dar spoilers, mas quem apertar o play logo abaixo já vai saber todo o rumo que as coisas pegam, sendo um exemplar mais simples de "O Homem Nas Trevas", pensando no estilo de bandidos se fod****, mas com um ser um pouquinho mais imponente e bizarro por trás da matança.

A sinopse nos conta que um peculiar grupo de criminosos aceita mais um típico trabalho. Dessa vez, a proposta é sequestrar uma bailarina de doze anos, que também é filha de um dos mais poderosos homens do submundo. Enquanto o contratante do grupo pede um resgate de 50 milhões de dólares para o pai da garota, o grupo só precisa observar a criança por uma noite em uma mansão isolada. No entanto, quando os raptores começam a desaparecer, um por um, logo descobrem da pior forma que estão trancados dentro de casa com uma garotinha nada normal.

O mais bacana é que a dupla de diretores já vem entrosada de um bom tempo com tramas de terror com algumas sacadas cômicas, e dessa forma puderam se esbaldar ao máximo em um longa que de cara já tem uma pegada mais trash, ou seja, Matt Bettinelli-Olpin e Tuler Gillett se jogaram nos litros e litros de sangue cenográfico e brincaram com as possibilidades do ambiente, com as personalidades dos criminosos e até mesmo na bailarina que adora dançar e brincar, de tal forma que o filme flui rápido, diverte e mostra situações bem dinâmicas e intensas que por vezes até dá alguns sustos, mas de modo geral você acaba mais rindo de alguns atos bizarros do que ficando com algum medo, e olha que o bichão é bem feio. Ou seja, passa longe de ser um trabalho que os diretores acabarão ficando famosos por ter feito ele, mas que contando com uma boa entrega cênica e tudo se passando só em uma locação bem recheada de ambientes, o resultado acaba surpreendendo.

Quanto das atuações, diria que a jovem Alisha Weir entregou tudo e mais um pouco para sua Abigail, e mesmo usando próteses faciais para os momentos mais tensos, conseguiu entregar trejeitos marcantes e chamativos, fazendo tudo com muito estilo e desenvoltura, dançando graciosamente e principalmente se divertindo em cena, ou seja, fez o pacote completo de uma vilã jovial e bem encaixada. Melissa Barrera também trabalhou sua Joey com uma presença bem intensa, sabendo ser explosiva sem sair do eixo, e criando possibilidades expressivas mesmo nas cenas mais bizarras possíveis, o que acabou sendo a mais centrada e também intensa entre os protagonistas. Dan Stevens fez de seu Frank, um personagem estiloso no começo, não se jogando muito para o que a trama previa, mas depois que começa a surtar se joga e acaba trabalhando bem solto para que seu personagem fosse importante dentro da trama. Ainda tivemos bons atos com Kevin Durand entregando um Peter como um brutamontes bobão, mas bem colocado, Giancarlo Esposito em algumas cenas simples, mas bem marcantes com seu Lambert, Angus Cloud entregando em seu último trabalho antes de morrer um Dean que parecia estar sob efeito de drogas, mas que tem alguns atos bem marcados, William Catlett até entregou com personalidade seu Rickles, mas não foi muito além, sendo então que quem se entregou realmente entre os secundários foi Kathryn Newton com sua Sammy sendo simples, mas imponente nos atos que acaba transformada e antes transtornada.

Visualmente a trama tem uma pegada bem clássica de filmes do estilo, numa mansão cheia de elementos de várias épocas antigas, rebuscada de um visual até que meio gótico, bem puxado para tons escuros de preto e marrom, contando com biblioteca, uma piscina bem nojenta, um hall aonde passam a maior parte jogando sinuca e bebendo, além claro de fugas pelos corredores e paredes, além de um quarto, um palco simples, porém bem montado, e claro toda a cena de sequestro inicial cheia de tecnologias e intensidades do estilo, mostrando que a equipe de arte se preparou bem para dois estilos de filmes e não desapontou. Fora a quantidade de sangue cenográfico que gastaram para as explosões, tendo pedaço voando até na câmera, ou seja, mandaram bem demais no estilo trash!

Enfim, é um filme que até comete algumas falhas, não é nada que você saia da sessão achando ter visto o melhor longa do gênero, mas que não desaponta dentro do estilo terror cômico, aonde você vai rir de algumas situações, se assustar com algumas aparições repentinas, e sair contente ao menos com o resultado, sendo simples, porém bem efetivo dentro da proposta que desejavam entregar, então acaba valendo a recomendação para quem curte o gênero. E é isso pessoal, consegui fazer o texto sem dar spoilers, mas quem quiser dar o play no trailer por sua conta e risco de estragar a surpresa da trama, fica a dica, do contrário vá conferir sem saber muito da trama, que acaba ficando ainda mais legal o resultado. Eu fico por aqui hoje, mas esse final de semana ainda tenho muitos longas para conferir, então abraços e até logo mais.


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