Jorge da Capadócia

4/07/2024 02:57:00 AM |

Quando vi o pôster de "Jorge da Capadócia" em um cinema acabei ficando curioso pela produção, afinal andamos numa onda de muitos longas religiosos, e um dos santos que mais vejo seguidores, estátuas e tudo mais é São Jorge, mas nunca soube muito dele sem ser o lance do dragão que já ouvimos em muitas canções e lendas, então demoraram até que demais para trazer algo sobre ele para os cinemas, até aí tudo bem, mas quando recebi o convite para a cabine de imprensa não tinha notado o principal, que era um filme nacional, quase que em sua totalidade brasileiro!!! Ou seja, minhas preces andam sendo ouvidas e finalmente andamos tendo longas de vários nichos, para que possamos parar de falar "estou indo conferir um longa nacional" e sim, "vamos conferir um suspense" ou "vamos ver uma trama religiosa hoje?", e vocês não tem ideia da felicidade que sinto quando vou conferir uma obra de época com tanto estilo, bem produzida e com uma entrega tão presente que funcione para conhecermos mais um personagem bíblico tão imponente, e feita por mãos brasileiras. Claro que a trama tem uma pegada por vezes meio que novelesca, com algumas facetas que daria para polir melhor, mas tudo é tão grandioso e bem feito, que nem parece que foi concebido com uma equipe de produção bem enxuta, ou seja, vá aos cinemas à partir do dia 18/04 para conferir a história de um soldado romano que brigou com um imperador para que pudesse seguir com sua fé cristã ao rejeitar tirar a fé de outros moradores da Capadócia.

A sinopse nos conta que em 303 D.C., após ter vencido mais uma grande batalha, Jorge é condecorado como novo capitão do exército, quando o Imperador Diocleciano inicia sua última grande perseguição aos cristãos no império romano. Diante das cruéis ordenações impostas ao povo e a pressão para que se rendam aos deuses cultuados no império, Jorge, um homem acima de tudo, agora se vê diante de seu maior desafio ser fiel à sua fé e as suas convicções ou sucumbir às ordens do imperador Diocleciano.

Não conhecia o diretor Alexandre Machafer, afinal seu longa anterior, "O Filho do Homem", acabou não chegando em todas as cidades, ainda mais no interior, mas agora nas mãos de uma grande distribuidora com certeza esse novo longa irá rodar o país todo, e acredito em um grande sucesso, afinal como disse no começo, São Jorge é um dos santos que mais tem devotos no país, e incrivelmente é o primeiro longa sobre o santo no mundo todo, ou melhor sobre o homem que foi Jorge antes de efetivamente virar santo com tudo o que sofreu, e por mais que seja algo que me incomode demais, o diretor também é o protagonista da trama, e foi muito corajoso para fazer todas as cenas mais fortes da trama sem um dublê, virando de cabeça para baixo, sendo enterrado, e muito mais, o que acaba não desapontando e ficando muito bom de ver. Fora esse detalhe, outra boa sacada do diretor foi não fazer um longa tradicionalmente mais lento de diálogos, como costuma ser tramas religiosas e longas novelescos comuns em nosso país, mostrando conhecimento de obras mundo afora, que acabam se desenvolvendo melhor, e agrada mais quem realmente quer ver cinema, ou seja, ele consegue nos envolver bem com a trama atuando e dirigindo, e mais do que isso entrega algo novo dentro do conceito de tramas religiosas no país.

E já que comecei a falar da atuação do diretor Alexandre Machafer, diria que conseguiu ser imponente de personalidade e com trejeitos diretos, mas com emoção no olhar, para que seu Jorge fosse marcante e conseguisse ser amplo na ideia toda, de tal forma que não fica no básico, mas se entregando até mesmo em cenas complexas como as que disse acima nas tentativas de matar que o imperador usou contra ele, ou seja, mostrou a que veio sem deixar que o ritmo caísse por precisar se dirigir. Já Roberto Bomtempo já fez muita TV e até outros filmes e novelas religiosas, e aqui seu Imperador Diocleciano é direto e sem nuances para atos calmos, de forma que poderia até ser um pouco mais explosivo em alguns atos, mas ao menos foi marcante como deve ser alguém no papel. Diria que Ricardo Soares fez um Octávio calmo demais para um conselheiro imperial, pois faltou demonstrar mais personalidade e voz, ficando muito em segundo plano em alguns atos, mas não atrapalhou e assim fez o que precisava em suas cenas. Outro que conseguiu se destacar bastante foi Augusto Garcia com seu Paulo, sendo bem direto e conectado com o protagonista, trabalhando olhares mais sérios e chamando a câmera para si em muitos atos. Quanto das mulheres vale claro destacar Miriam Freeland como Alexandra, esposa do imperador, e Cyria Coentro como Kira, mãe de Jorge, principalmente pelos atos de fé de ambas.

Agora sem dúvida alguma os aplausos ficam para a equipe de arte que conseguiu criar um épico filmando muitas cenas na Fortaleza de Santa Cruz em Niterói-RJ, e claro muitas externas na Capadócia, de tal forma que a composição cênica trabalhou algumas batalhas mais fechadas, muitas cenas dentro do palácio do imperador, contando com muitos figurinos, espadas, lanças, além de casas no meio das pedras, o que acabou dando um charme e um visual bem diferenciado, isso sem falar no dragão bem interessante que a computação gráfica acabou criando como uma boa metáfora para as lutas do protagonista, ou seja, um trabalho minucioso com luzes de tochas e detalhes precisos.

Enfim, o longa está longe de ser uma grandiosa obra de arte, tendo sim alguns defeitos clássicos de tramas que entram em vieses mais novelescos, tendo alguns desenvolvimentos secundários que poderiam ser eliminados, mas não é nada que tenha custado algo para a trama, pois ela ainda assim funciona muito bem, só faltando talvez um pouco mais de comoção para ficar perfeito, valendo bastante a recomendação para todos verem nos cinemas à partir do dia 18/04. Então fica a dica, e eu fico por aqui agradecendo o pessoal da Palavra e da Paris Filmes pela cabine, e volto amanhã com mais textos, então abraços e até lá. 


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