TeleCine Play - Esperando os Bárbaros (Waiting For The Barbarians)

10/25/2021 01:02:00 AM |

Quem me conhece um pouco sabe que não gosto muito de ver os trailers e nem ler nada sobre o filme que vou ver, mas já disse isso algumas vezes e acho que isso só funciona bem com os longas do cinema, pois no streaming anda dando um pouco de problema essa tática, tanto que diria que foi um domingo bem fraco de longas vistos com duas tramas bem medianas, e olha que nesse segundo filme do dia o elenco é daqueles de tirar o chapéu, e nem isso ajudou a fazer com que "Esperando os Bárbaros" explodisse para algo intenso e marcante. Diria que o filme tem uma boa essência de transformar a ideia de quem é realmente os bárbaros ou vilões na História, se o povo nômade que vivia no deserto e nas montanhas com suas tribos, ou se os soldados que iam atrás deles e os torturavam ao máximo para saber suas intenções, e com essa sacada ou saques vistos, a trama tenta conturbar essa ideia através de uma síntese até que interessante de ver, mas que falta um pouco de explosão, e nas cenas mais tensas meio que tudo é largado de lado sem ir a fundo. Ou seja, é um bom filme até, mas sabemos que tudo foi mais intenso nessa época, e talvez um retrato mais potente e menos carinhoso chamaria mais atenção e impactaria bem mais.

A sinopse nos conta que em uma pequena província ocidental do Reino Unido vive um magistrado muito dedicado ao seu trabalho. No entanto, quando o Coronel Joll, famoso por seus "interrogatórios" e torturas, chega da capital para investigar os bárbaros, ele começa questionar a sua lealdade em relação ao Império.

Diria que o diretor colombiano Ciro Guerra pegou um roteiro muito grande de trabalho e quis segurar a onda completa apenas com duas mãos, pois sendo embasado no livro de J.M.Coetzee, que inclusive adaptou seu livro para um roteiro cinematográfico, não foi devidamente reduzido para que coubesse em algo próximo de duas horas, e com isso vemos cenas devidamente trabalhadas com essência, e outras muito aceleradas, parecendo inclusive que os cortes estavam meio que perdidos com tudo o que passava na tela, não sendo um filme integralmente funcional, e assim vemos alguns atos bem preparados e outros que faltam pedaços, o que não é legal de ver. Ou seja, podemos pensar de duas formas, a primeira que falharam na edição para encurtar o filme e o resultado ficou estranho, ou pensar que o diretor não conseguiu ser criativo o suficiente para que seu filme tivesse uma fluidez mais interessante, e acredito bem mais nessa segunda hipótese, já que necessitou quebrar a trama em capítulos, e alguns deles meio que interligados quase sem sair do lugar, o que é deveras estranho e meio que falho de ver. Sendo assim faltou personalidade para que o diretor entregasse um algo a mais na tela, e isso é bem ruim de ver acontecer.

Quanto das atuações, Mark Rylance costuma entregar sempre atos marcantes com seus personagens, mas aqui seu Magistrado é meio inseguro demais, fazendo interações que poderiam ser até mais fortes de uma maneira meio que sensível e aberta, o que é incomum de ver, e isso pesou um pouco para que seus atos fossem mais chamativos, mas ainda assim teve alguns atos mais diretos e interessantes que até poderiam ter ido além, ou seja, ficou muito no meio do caminho, que é algo incomum de ver ele fazendo. Já Johnny Depp veio com sua excentricidade para seu Coronel Joll, usando um par de óculos de sol que parecia uma coruja (algo que dificilmente veríamos acontecer naquela época!), mas sendo bem direto no que desejava, e impactando pelo seu estilo de interrogatórios com tortura no nível máximo, mostrando insensatez e força de uma maneira bem ríspida e marcante, o que até poderia ter sido mais usado, pois é um tremendo ator e chamaria bastante atenção nas demais cenas. Da mesma forma Robert Pattinson entregou seu Mandel com muita rispidez e com atos até extremamente grossos de atitudes, sendo daqueles oficiais marcantes e que torcemos para alguém socar no filme, pois seu estilo é direto e isso é um grande acerto, mostrando trejeitos duros e certeiros. Ainda tivemos Sam Reid bem colocado como um tenente incisivo em atos da guarda bem colocado, e Gana Bayarsaikhan fazendo uma garota bárbara machucada que o protagonista passa a ajudar, mas que fez atos singelos e bem marcantes pela essência do olhar da cegueira, e foi bem no que fez.

Visualmente o longa é bem interessante por mostrar uma fortaleza que lembra algo da época feudal, com várias famílias vivendo e trabalhando ali, servindo a guarda da cidade e produzindo chás, carnes e azeitonas com símbolos bem marcados até a chegada dos guardas imperiais que passam a usar tudo a mais, fazer seus interrogatórios controversos, e com isso depósitos de comida passam a ser prisões e calabouços com muito sangue para todo o lado, cenas fortes também mais próximas do final com os bárbaros sendo amarrado por cabos de formas diferentes, toda uma interação imensa no deserto com cenas bem amplas, e claro bons figurinos e ambientes marcantes como a sala do protagonista aonde juntava elementos para sua coleção, ou seja, um trabalho bem grandioso que a equipe de arte foi bem no que fez.

Enfim, é uma trama que certamente dava para ir muito além se não quisessem abrir tanto a ideia e capitular, mas sim criando a desenvoltura dos interrogatórios e torturas, o desenvolvimento da garota que ficou para trás pelo que aconteceu, a ida rápida e tensa para o deserto e a volta mudando tudo de uma forma conflituosa, mas foram querer desenvolver cada momento com muita simbologia e se perderam um pouco no ritmo e no estilo, o que fez com que o filme ficasse morno e mediano demais, não sendo algo que valha a recomendação, mesmo não sendo ruim por totalidade. E sendo assim eu fico por aqui com esse domingo meio frouxo com dois filmes sem muito chamariz, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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